Direito Penal Parte Geral
Direito Penal Parte Geral
Direito Penal Parte Geral
a) Aspecto formal ou estático: Direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos
comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa
sanções a serem aplicadas. Define crimes e comina pena.
Esse campo de regulação, segundo Hassemer estaria entre o direito penal e o direito
administrativo e entre o direito civil e o direito público, atuaria no combate especialmente em
matéria de drogas, crimes econômicos e ecológicos de modo prioritariamente preventivo.
Sendo assim, tal sistema, por ser muito mais flexível em relação às garantias materiais e
formais, disporia de sanções menos intensas que as penais tradicionais, renunciando
definitivamente à imposição das penas privativas de liberdade. Para começar necessita-se de
instrumentos eficientes contra as pessoas jurídicas, distintos do direito penal clássico que está
totalmente voltado para o indivíduo, para a pessoa física, ou seja, deve ser feito um
reaparelhamento dos órgãos responsáveis pela apuração dos fatos. O que Hassemer propõe é
um direito cujas penas sejam mais brandas, mais que ao mesmo tempo sejam efetivas, ou seja,
aplicadas de fato.
“A sociedade da atualidade, ‘do risco’ é, pois, uma sociedade que se põe por seus próprios atos
em perigo.”
a) Função Mediata
I) Controle social. (ao lado dos demais ramos do direito)
II) Limitação ao poder de punir do Estado.
Obs.: Ao mesmo tempo em que o Estado o controla o cidadão, evitando suas práticas
criminosas. De outro lado, é necessário também limitar seu próprio poder de controle,
evitando-se a hipertrofia da punição.
b) Função Imediata
I) 1ª corrente: Proteger bens jurídicos. Roxin e o Funcionalismo Teleológico.
II) 2ª corrente: Assegurar o ordenamento jurídico, assegurar a vigência da norma. Jakobs e o
Funcionalismo Sistêmico, defende o sistema.
Obs.: O direito de punir é monopólio do Estado, a justiça privada pode caracterizar o crime
de exercício arbitrário das próprias razões. 345 CP.
Exceção: Artigo 57 do Estatuto do Índio: Sanção penal imposta pelo índio, desde que não
possuam caráter cruel ou infamante, proibida a pena de morte em qualquer caso.
Obs.: O TPI não é exceção ao direito de punir do Estado, pois ele não impede e nem
concorre com o Estado Brasileiro no seu direito de punir, ele apenas complementa no caso
de o Estado Brasileiro não punir, possui caráter subsidiário.
Obs.: Direito Penal Simbólico: É aquele que produz uma satisfação retórica da opinião
pública. Explora o medo e a sensação de segurança, mas se revela ineficaz.
Há criminalização de condutas sem quaisquer fundamentos criminológicos e de política
criminal, cumprindo apenas uma função simbólica.
Obs.: Direito Penal Subterrâneo: Trata-se do exercício arbitrário da lei pelos agentes da
administração pública, em que a atuação ocorre à margem dos ditames legais, por meio do
cometimento dos mais variados delitos, como sequestro, tortura, execuções sumárias,
dentre outros.
d) As velocidades do Direito Penal: O tempo que o Estado leva para punir o autor de uma
infração penal. (Silva Sanches)
1ª velocidade: Infrações penais mais graves. Portanto, o Estado vai punir a infração com
pena privativa de liberdade, então o processo é demorado, pois vai garantir todos os
direitos do cidadão.
3ª velocidade: Mescla das duas primeiras velocidades. Punição com pena privativa de
liberdade, e para determinados crimes, permite a flexibilização de direitos. Crimes graves!
Direito Penal do Inimigo de Jakobs.
3. FONTES DO DIREITO PENAL: Lugar de onde vem (material) e como se exterioriza (formal) o
Direito Penal.
Doutrina Clássica: Imediata é Lei. Fontes Mediatas são costumes e princípios gerais do
Direito.
I) Fontes Imediatas
Lei: É a primeira fonte formal imediata. É o único instrumento normativo capaz de criar
infrações penais e cominar sanções!
Constituição Federal: Fonte formal imediata. Muito embora não possa criar infrações
penais, mas possui os chamados mandados constitucionais de criminalização, que
vinculam o legislador, reduzindo sua margem de atuação e obriga-os a proteger certos
temas (bens ou interesses). Ex: Crime de Racismo. Estes são explícitos. Existem também os
implícitos: São os imperativos de tutela, com a finalidade de evitar a intervenção
insuficiente do Estado. Ex: Direito à vida, seria um mandado implícito de criminalização do
homicídio.
Por que a CF não pode criar tipos penais, se é superior a lei? Em razão de seu processo
moroso de alteração.
Princípios: Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamentos em
princípios. Ex: Princípio da Insignificância, que é causa de atipicidade.
Atos Administrativos: São fontes formais imediatas quando complementam a norma penal
em branco. Ex: Portaria 344/98 da ANVISA que revela o conceito do que é droga ou não.
Doutrina
Interpretação autêntica (legislativa): É aquela fornecida pela própria lei. Ex: Artigo 327 de
CP, conceito de funcionário público para fins penais.
Teleológica: Busca a intenção objetivada na lei. Volunta Legis. Ex: Crime de entrar com
celular em presídio abarcam também todos os seus acessórios.
Restritiva: A interpretação reduz o alcance das palavras da lei para corresponder à vontade
do texto.
EXTENSIVA: Amplia-se o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do
texto. Casos em que o legislador disse menos do que queria dizer.
Ex: Conceito de arma no crime de roubo, bigamia abrange poligamia.
2ª corrente: LFG: Não se admite em prejuízo do réu. Na dúvida, o juiz deve interpretar a
favor do réu.
3ª corrente: Zaffaroni: Admite que em regra deve ser proibida a interpretação extensiva
que prejudique o réu. Mas caso a sua proibição resultar em escândalo por sua notória
irracionalidade, deve ser admitida. Ex: Arma no Art. 157, não é somente instrumento
bélico, mas também faca, madeira, lâmina etc.
- PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS: O Direito Penal deve servir
apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes. (Roxin)
O que é um bem jurídico? Ente material ou imaterial reputado como essencial para a
coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade.
Exemplo: O Direito Penal não tem que proteger determinada religião, deve ser respeitada a
liberdade de crença.
→ A noção positivista de bem jurídico parte da ideia de que o bem jurídico se reduz a um
elemento da própria norma, porque somente a lei expressa os objetos jurídicos ao encerrar
a vontade declarada do Estado.A visão neokantiana exprime o bem jurídico como um valor
que se identifica com a própria finalidade da norma, considerando-o como elemento de
todos os pressupostos do complexo cultural de que emana o direito. Tanto na visão
positivista quanto na visão neokantiana, o bem jurídico é visto como um pressuposto
formal da incriminação, trabalhando com os dados existentes na ordem jurídica, sem
questioná-los.
O que Espiritualização do Direito Penal? Expansão da tutela penal para abranger bens
jurídicos de caráter COLETIVO e DIFUSO. Ex: Tutela penal do meio ambiente, crimes contra
a ordem econômica, consumidor. “Administrativização, Desmaterialização ou
Dinamização.”
→ Parte da doutrina defende que o princípio da intervenção mínima foi recepcionado pela
CF através da cláusula geral prevista pelo § 2º do art. 5º, tendo sua raiz no art. 8º da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Paris, 1789), ao proclamar que a lei deve
estabelecer penas estrita e absolutamente necessárias.
O paciente dá mostras de fazer das práticas criminosas o seu modus vivendi, uma vez que
possui extensa lista de inquéritos policias e ações penais, várias, inclusive, pela suposta
prática de outros furtos. No caso, aplicação do princípio da insignificância poderia significar
um verdadeiro estímulo à prática destes pequenos furtos, já bastante comuns nos dias
atuais, o que contribuiria para aumentar, ainda mais, o clima de insegurança vivido pela
coletividade. (lnfo STF 706).
STF/STJ entendem não ser possível a aplicação no furto qualificado, também não há
reduzido grau de reprovabilidade.
STF/STJ não admitem nos crimes contra a fé pública, mais precisamente moeda falsa.
STF/STJ admite nos crimes contra a Adm Pública praticados por particulares.
STF admite contra a Adm Pública. STJ não.
STF/STJ não admitem no porte de drogas para uso próprio e nenhuma forma de tráfico.
STF/STJ admitem nos crimes ambientais.
No crime do art. 183 da Lei n. 9.472/97, a prova pericial é necessária para que se constate,
in loco, se a rádio comunitária operava ou não com potência efetiva radiada acima do
limite de segurança. Diante da ausência de perícia, não se pode comprovar a materialidade
do crime. Logo, é possível absolver o réu porque não ficou constatada a lesão aos bens
jurídicos penalmente tutelados. Restará ao Poder Público adotar apenas as medidas
administrativas contra a rádio clandestina. (Info STF 738).
O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma regra geral
(uma tese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou não do princípio da
insignificância deve ser feita caso a caso. (Info STF 793).
Nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo "dólar-cabo", não é
possível utilizar o valor de R$ 10 mil como parâmetro para fins de aplicação do princípio da
insignificância. (Info STJ 578)
Nucci: “Parece-nos que a adequação social é, sem dúvida, motivo para exclusão da
tipicidade, justamente porque a conduta consensualmente aceita pela sociedade não se
ajusta ao modelo legal incriminador, tendo em vista que este possui, como finalidade
precípua, proibir condutas que firam bens jurídicos tutelados. Ora, se determinada conduta
é acolhida como socialmente adequada deixa de ser considerada lesiva a qualquer bem
jurídico, tornando-se um indiferente penal.”
Francisco de Assis Toledo: “Não se deve, contudo, confundir “adequação social” com
“causa de justificação”, pecado que o próprio Welzel confessa ter cometido inicialmente. A
ação socialmente adequada está desde o início excluída do tipo, porque se realiza dentro
do âmbito de normalidade social, ao passo que a ação amparada por uma causa de
justificação só não é crime, apesar de socialmente inadequada, em razão de uma
autorização especial para a realização da ação típica.”
Obs.: Embora tenha sido adotado o Direito Penal do Fato, mas que considera circunstâncias
relacionadas ao autor, especificamente quando da análise da pena. Ex: Art. 59 e
Reincidência.
"Partindo-se da premissa de que não há delito sem ofensa ao bem jurídico, jamais poderá
incidir qualquer sanção penal sem a constatação de um resultado jurídico (da lesão ou
perigo concreto de lesão ao bem jurídico)."
Perigo abstrato: O risco de lesão é presumido por lei, não se admite prova em sentido
contrário. Ex: Embriaguez ao volante, Arma desmuniciada.
Perigo concreto: Aqui o risco deve ser demonstrado. Com vítima determinada ou
difusa.
Obs.: Parte da doutrina entende que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Porém,
o STF entende que representa uma proteção eficiente do Estado.
Previsto no Art. 1º do CP, Art. 5º, II da CF. Nullum crimen, nulla poena sine lege.
LEGALIDADE = Reserva Legal (não há crime sem lei) + Anterioridade (lei deve ser anterior)
a) Não há crime ou pena sem LEI. Reserva legal: lei ordinária (regra) ou lei complementar.
Obs.: Medida Provisória não pode criar crime, mas podem versar sobre Direito Penal não
incriminador. Ex: extinguir a punibilidade ou abrandar penas.
Obs.: Leis Delegadas e Resoluções também não podem criar infrações penais e cominar
penas.
b) Não há crime ou pena sem LEI ANTERIOR. Proibição da retroatividade maléfica da lei penal.
c) Não há crime ou pena sem LEI ESCRITA. Proibição do costume incriminador. Para que serve
o costume no Direito Penal? Ele é importante na interpretação. Ex: “Repouso noturno” O
código não explica o que é.
d) Não há crime ou pena sem LEI ESTRITA. Proibição da utilização da analogia para criar tipo
incriminador. Somente é admitida a analogia em benefício do réu e a lacuna seja
involuntária.
Ex: Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico. Pergunta-se: Abrange Sinal de TV?
1ª corrente: Abrange
2ª corrente: Não abrange, pois seria analogia incriminadora.
Ex2: Associação para o tráfico não é equiparado a hediondo.
Em síntese: Não há crime sem lei anterior, escrita, estrita, certa, necessária. “LACEEN”
Lei Penal Completa: Dispensa complemento valorativo (dado pelo juiz na análise do caso
concreto – tipo aberto) ou normativo (dado por outra norma – norma penal em branco).
Lei Penal Incompleta: Depende de complemento valorativo ou normativo.
TIPO ABERTO: Espécie de lei penal incompleta, pois depende de complemento valorativo,
aquele que é dado pelo juiz na análise do caso concreto.
Ex: Crimes culposos são descritos em tipos abertos, pois o legislador não enuncia as formas
de negligência, imprudência e imperícia, ficando a critério do magistrado na análise do caso
concreto.
Obs.: Para não ofender o princípio da legalidade, a redação típica do tipo aberto deve trazer
o mínimo de determinação.
Obs.: Norma penal em branco ao quadrado: Neste caso, a norma penal requer um
complemento que, por sua vez, deve também ser integrado por outra norma. É o caso do
art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada
de preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido
no Código Florestal, que, dentre várias disposições, estabelece uma hipótese em que a área
de preservação permanente será assim considerada após declaração de interesse social por
parte do Chefe do Poder Executivo.
“Actio libera in causa (Direito Penal) Ação de se deixar ficar num estado de
inconsciência, com o fito de praticar um delito. A teoria da actio libera in causa
foi adotada na Exposição de Motivos original do CP de 1940, de modo que
considera-se imputável quem se põe em estado de inconsciência ou de
incapacidade de autocontrole, seja dolosa ou culposamente, e nessa situação
comete o crime. Percebe-se que, ao adotar tal orientação, o CP adotou a
doutrina da responsabilidade objetiva, pela qual deve o agente responder pelo
crime. Como se vê, tal teoria leva em conta, por definição, os aspectos
meramente objetivos do delito, sem considerar o lado subjetivo deste. Com a
reforma da Parte Geral do CP, introduzida pela L. 7.209, de 11.7.1984,
apregoou-se a abolição de quaisquer resíduos de responsabilidade objetiva,
mas o fato é que alguns destes ainda remanescem na legislação penal, como
ocorre nos casos de embriaguez culposa ou voluntária completa, e da rixa
qualificada pelo resultado morte ou lesão corporal, em decorrência de
participacão na rixa FONTE:(CP, art. 137, parágrafo único).” - Mirabete, Júlio
Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo, Atlas, 1º v., 4ª ed., 1989, pp. 222-
3).
Como decorrência do principio da legalidade, aplica-se em regra, a lei penal vigente ao tempo
da realização do fato criminoso. Tempus Regit Actum
→ A lei penal pode ser revogada durante o período de sua vacatio legis.
- TEMPO DO CRIME
a) TEORIA DA ATIVIDADE – Considera-se praticado o crime no momento de sua conduta.
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado.
Obs.: O momento do crime é também o marco inicial para saber a lei que, em regra, vai reger
o caso concreto.
b) Novatio legis in pejus/Lex Gravior: Conduta atípica passa a ser punida mais
severamente. Ex: Prescrição de crimes com pena máxima inferior a 1 ano era 2 anos,
passou a ser 3 anos. Então a norma que definia 2 anos será ultra-ativa.
SÚMULA 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
c) Novatio legis in mellius/Lex Mitior: Por qualquer modo favorece o réu. Ex: Diminui a
pena, diminui o tempo de prescrição. Retroage e não respeita a coisa julgada. Ex: 229
Que passou de prostituição para prostituição ligada a exploração sexual, diminuiu o
espectro do tipo.
SÚMULA 611 STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das
execuções a aplicação de lei mais benigna.
2ª corrente: Não pode, pois a lei ainda não possui eficácia jurídica.
d) Abolitio Criminis: Ao tempo da conduta o fato era típico, mas lei posterior gera
supressão da figura criminosa. A conduta deixa de ser típica. Ex: Adultério. A lei
descriminalizadora vai retroagir para beneficiar o réu.
Obs.: A Abolitio Criminis é desdobramento lógico do princípio da intervenção mínina, que deve
ser analisado sob dois ângulos:
1ª corrente: Não, pois ao combinar as duas leis, o juiz estaria criando uma terceira lei. Lex
Tertia. HUNGRIA
2ª corrente: Sim, se o juiz pode aplicar o todo de uma lei, também pode aplicar parte.
É vedada a incidência da causa de diminuição do art. 33, § 4°, da Lei 1 1.343/06, combinada
com as penas previstas na Lei 6.368/76, no tocante a crimes praticados durante a vigência
desta norma. (Info 727 STF)
Súmula 501 STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado
da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Obs.: A doutrina observa que, por serem de curta duração, se não fossem ultra-ativas,
não teriam força intimidativa.
Obs.: Tais leis não se sujeitam aos efeitos da Abolitio Criminis, salvo se lei posterior for
expressa nesse sentido.
-LEI INTERMEDIÁRIA: Se for mais benéfica, tem duplo efeito. Possui retroatividade e
ultra-atividade.
→ Preceptivas são aquelas normas que obrigam ao agente a agir, frente determinada situação,
para impedir a lesão, ou exposição a perigo de lesão, de um bem jurídico. Violando-se tais
normas, surgem os delitos omissivos. Existem ainda as proibitivas e as permissivas.
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir o interesse de dois ou mais Estados
igualmente soberanos, gerando um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei penal
no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional.
e) JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL: Aplica-se a lei do país em que ele for encontrado.
Obs.: Embarcações e aeronaves brasileiras públicas são extensões do território nacional, onde
quer que se encontrem.
Obs.: Quando estrangeiros, em território brasileiro, desde que privados. Públicos são extensão
do território estrangeiro.
Obs.: Embaixada não é extensão de território, pois não são mencionadas pelo CP ou CF. Mas,
são invioláveis.
→ Vale lembrar que as sedes das embaixadas não são extensões de territórios estrangeiros no
Brasil – localizam-se em território nacional, e, se alguém que não goza da imunidade praticar
algum crime em seu âmbito, inevitavelmente será processado nos termos da legislação penal
brasileira.
Jangada construída com pedaços das duas embarcações, nacionalidade ativa (doutrina).
Embarcação pública colombiana atracada em porto brasileiro, crime dentro da embarcação: lei
da Colômbia. Mas se o marinheiro desce e pratica crime no Brasil? Se ele desceu a serviço de
seu país, lei da Colômbia. Se não desceu a serviço, lei do Brasil.
Obs.: Navio português privado indo para o Uruguai, quando esta de passagem no mar
territorial brasileiro, ocorre homicídio, qual lei aplica? Pelo CP, lei brasileira. Mas, lei posterior,
de 93, estabelece que nesses casos há a “passagem inocente”, devendo utilizar o mar
territorial brasileiro somente como caminho para seu destino. Aplica-se a aeronaves? Não há
previsão expressa, mas a doutrina entende que abrange.
- LUGAR DO CRIME
CONDICIONADA:
CONDIÇÕES (cumulativas):
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado (Princípio da dupla
tipicidade)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição: Estão no Art. 77 do Estatuto do Estrangeiro. Pena não superior a um ano.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Obs.: Os AGENTES CONSULARES têm essa imunidade? Eles têm imunidade funcional
relativa, ou seja, são imunes nos crimes cometidos no exercício da função.
Obs.: A imunidade é irrenunciável, pois esta é inerente ao cargo e não a pessoa, mas pode
haver renúncia por parte do Estado de origem, sendo sempre expressa.
O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava
ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele
não se utilizou da arma tão somente para praticar o assassinato. Ex: a instrução demonstrou
que João adquiriu a arma de fogo três meses antes de matar Pedro e não a comprou com a
exclusiva finalidade de ceifar a vida da vítima. (Info STF 775).
O STJ, tratando também do conflito aparente de normas, decidiu que o estelionato não é
absorvido pelo roubo na situação em que o agente tentou efetuar saque utilizando uma
folha de cheque que ele mesmo havia subtraído. A falsificação da cártula, no caso, não é
mero exaurimento do crime antecedente, porquanto há diversidade de desígnios e de bens
jurídicos lesados. (Info STJ 562).
Crime tipificado no CP não pode ser absorvido por infração descrita na Lei de Contravenções
Penais. (lnfo STF 743)
Conceito formal: Aquilo que assim esta rotulado em uma norma penal incriminadora,
sob ameaça de pena.
Conceito material: Comportamento humano causador de relevante e intolerável lesão
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal
Conceito Analítico: Elementos estruturais que compõem a infração penal. Fato típico
ilícito e culpável.
Obs.: Para LFG a partir da lei de drogas (art. 28) o Brasil adota 3 espécies pois tal crime
não tem privativa de liberdade, e seria um delito sue generis. Tese afastada pelo STF, o
art. 28 foi despenalizado e não descriminalizado.
Obs.: A diferença entre crime e contravenção não é ontológica (ser), mas sim axiológica
(valor). Fatos mais graves são crimes e os menos graves, contravenção. Tal rótulo é
valorado pelo Legislador. Posse/porte era contravenção até 1997 e passou a ser crime.
Obs.: Sustenta a doutrina que a contravenção penal vias de fato (21) depende de
representação, pois a lesão dolosa leve que é mais grave depende, e a vias de fato não, o
que seria ilógico. Os Tribunais Superiores afastam essa tese, aplicando o 17 da LCP.
Obs.: Competência: Justiça federal não julga contravenção, nem em casos de conexão. Os
processos serão separados e a contravenção será enviada a justiça estadual. A justiça
federal só julga contraventor em caso de prerrogativa de função no tribunal federal. Ex:
Juiz federal que pratica jogo do bicho.
SUJEITO ATIVO: É a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física capaz e
com 18 anos completos pode ser sujeito ativo do crime.
Obs.: E pessoa jurídica? A CF no art. 255 § 3º prevê que sim. Trata-se de um mandado
constitucional de criminalização, obedecido pela lei dos crimes ambientais.
1ª corrente: A pessoa jurídica não pode praticar e nem ser responsabilizada criminalmente
por crimes, por ser um ente desprovido de vontade. Tal dispositivo apenas reafirma que as
pessoas naturais possuem tal responsabilidade. Juarez Cirino do Santos. Societas
delinquere non potest.
2ª corrente: Apenas pessoa física praticam crime. Entretanto, nos crimes ambientais,
havendo relação objetiva entre o autor do fato típico e a empresa (representante legal,
por ex) Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Serão responsabilizadas a
pessoa física e a jurídica. Fernando Galvão
3ª corrente: Pessoa Jurídica é um ente autônomo e pode praticar e responder pelos crimes
ambientais. A CF autoriza expressamente. É certo, porém, que a sua responsabilização esta
associada à atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio (dolo
ou culpa).
Obs.: Para o STJ e o STF a dupla imputação não é necessária, pois a punição da PJ ficaria
condicionada a responsabilização da PF, o que seria uma afronta ao dispositivo
constitucional.
1ª corrente: Por serem entes de natureza e propósitos diferentes, não podem receber o
mesmo tratamento, especialmente na esfera penal. Não se poderia admitir o Estado na
qualidade de delinquente, seria o Estado punindo a si mesmo. PJD Público não age em
interesse e benefício da entidade, mas da coletividade, o que inviabilizaria a sua
responsabilidade penal.
Crime comum: O tipo não exige qualidade ou condição especial do agente. Admite co-
autoria e participação. Ex: Homicídio.
Crime próprio: O tipo exige qualidade ou condição especial do agente. Admite co-autoria e
participação. Ex: Peculato.
→ O crime de mão própria é aquele que somente pode ser praticado pela pessoa
expressamente indicada no tipo penal;
SUJEITO PASSIVO: É a pessoa que sofre as consequências da infração penal. Pode ser PF,
PJ ou mesmo um ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica.
Comum: O tipo não exige qualidade ou condição especial do ofendido. Ex: Homicídio
Obs.: Quando o crime é próprio no sujeito ativo e passivo é chamado de Crime Bi-próprio.
Obs.: Morto não pode ser sujeito passivo de crime, pois não é titular de direitos. No caso
de calúnia contra o morto, o sujeito passivo é a sua família.
Nem os animais, que podem apenas ser objeto. O sujeito passivo seria seu dono (furto) ou
a coletividade (crime ambiental).
Obs.: Pode o homem ser ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo? Não, eis que ninguém
poderá ser responsabilizado pela conduta que não excede a sua esfera individual. Princípio
da Alteridade, o direito penal não pune a auto-lesão por este motivo. Rogério Greco
entende que a rixa é uma exceção, onde quem participa é sujeito ativo e passivo.
É possível crime sem objeto material? De acordo com Flávio Monteiro de Barros, os
crimes de mera conduta não possuem objeto material (reingresso de estrangeiro expulso).
Os formais podem ou não ter (ex: falso testemunho). Todos crimes materiais tem objeto
material, pois o resultado necessariamente deve produzir-se sobre uma pessoa ou coisa.
Obs.: Alguns tipos protegem mais de um interesse jurídico, são os crimes pluriofensivos.
Ex: Roubo (patrimônio e incolumidade pessoal). Não é possível existir crime sem objeto
jurídico, pois a criminalização é norteada pelo principio da exclusiva proteção de bens
jurídicos. O direito penal tem como missão imediata tutelar bens jurídicos indispensáveis a
convivência humana!
ATENÇÃO: Não se pode confundir o crime pluriofensivo com o crime complexo. O primeiro
é aquele que tutela mais de um interesse jurídico, o segundo, é a junção de dois
comportamentos, sendo que o segundo pode ou não ser fato típico.
Crime multitudinário: É aquele praticado pela multidão em tumulto. Ex: Briga em estádio.
Crime vago: É aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de
personalidade jurídica, como a família ou a sociedade. Ex: tráfico de drogas.
Crime de mera suspeita, sem ação ou de mera suposição: O agente não realiza conduta
penalmente relevante. Ao contrário, ele é punido em razão da suspeita despertada pelo
seu modo de agir. Essa modalidade, idealizada na Itália por Vicenzo Manzini, não
encontrou amparo seguro na doutrina.
No Brasil, pode ser apresentada como exemplo a contravenção penal tipificada pelo art. 25
do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais (posse não justificada de
instrumento de emprego usual na prática de furto
Crime inominado: É o que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal,
embora não definido em lei como infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o
princípio da reserva legal veda a analogia in malam partem em âmbito criminal.
Crime habitual: Crime habitual próprio é o que somente se consuma com a prática
reiterada e uniforme de vários atos que revelam um criminoso estilo de vida do agente.
(Exercício ilegal da medicina e curandeirismo). De seu turno, crime habitual impróprio é
aquele em que uma só ação tem relevância para configurar o tipo, ainda que a sua
reiteração não configure pluralidade de crimes, a exemplo do que se verifica no delito de
gestão fraudulenta, previsto no art. 4.º, caput, da Lei 7.492/1986 – Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional
Crime subsidiário: É o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais grave. É o
caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP, art. 250).
Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de reserva”.
Crime mutilado de dois atos ou tipos imperfeitos de dois atos: É aquele em que o sujeito
pratica um delito, com a finalidade de obter um benefício posterior. Ex.: falsidade
documental para cometer estelionato. O resultado pretendido exige uma ação
complementar (a falsificação do documento e a circulação do documento no tráfego
jurídico).
Crime de resultado cortado: São aqueles onde o agente deseja que um resultado externo
ao tipo se produza, porém, sem sua intervenção direta. Um exemplo é a extorsão
mediante sequestro, tipificada no artigo 159 do CP.
Obs.: Os delitos acima são espécies de delitos de intenção (também denominados delitos
de transcendência interna).
Crime falho ou tentativa perfeita: É a denominação doutrinária atribuída à tentativa
perfeita ou acabada, ou seja, aquela em que o agente esgota os meios executórios que
tinha à sua disposição e, mesmo assim, o crime não se consuma por circunstâncias alheias
à sua vontade.
Trata-se de um “não crime”, que se divide em três espécies: a) crime putativo por erro de
tipo; b) crime putativo por erro de proibição, também conhecido como “delito de
alucinação”; e c) crime putativo por obra do agente provocador.
Crime remetido: É o que se verifica quando sua definição típica se reporta a outro crime,
que passa a integrá-lo, como no uso de documento falso (“fazer uso de qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302” – CP, art. 304).
Crime obstáculo: É aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime
autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e dos petrechos
para falsificação de moeda (CP, art. 291).
Crimes de impressão: Nos dizeres de Mário O. Folchi, são aqueles que provocam
determinado estado de ânimo na vítima. Dividem-se em:
a) crimes de inteligência: são praticados mediante o engano, como o estelionato (CP, art.
171);
c) crimes de sentimento: são os que incidem nas faculdades emocionais, tal como a injúria
(CP, art. 140).
Crimes parcelares: São os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade
delitiva, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código
Penal.
Crime de colarinho azul: São crimes de rua, referem à cor dos macacões utilizados pelos
operários norte-americanos da década de 1940. São praticados pelas pessoas de classes
sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis, andarilhos e
mendigos
Crimes de catálogo: Esta classificação surgiu em Portugal, e diz respeito aos delitos
compatíveis com a interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio
de investigação ou de produção de provas durante a instrução em juízo.
Crime de plástico: Existem condutas que sempre foram reprimidas em qualquer sociedade
com um mínimo de organização, como o homicídio, o roubo, o estupro, etc. São chamados
crimes naturais, previstos no passado, sendo punidos hoje, e certamente, serão objetos de
censura no futuro (…). Contrapõem-se a esse modelo os crimes de plástico, que são
condutas que apresentam um particular interesse em determinada época ou estágio da
sociedade organizada, de acordo com as necessidades políticas do momento, tal como
ocorre atualmente nos crimes contra relações de consumo, os crimes contra o meio
ambiente e os delitos de informática, etc.
SUBSTRATOS DO CRIME
Descritivos: Relacionados com tempo, lugar, modo de execução, objeto material. São
elementos percebidos pelos sentidos. Ex: Matar alguém.
Normativos: Demandam juízo de valor do interprete. Não são percebidos pelos sentidos.
Ex: Revelar alguém, sem justa causa, segredo...
Obs.: Os elementos normativos do tipo legal devem ser representados conforme seu
significado comum, segundo uma valoração paralela na esfera do leigo, e não em sua
definição jurídica, caso contrario somente juristas seriam capazes de dolo.
Negativos Elementos indicando a finalidade que não deve animar o agente. Ex: oferecer
drogas sem objetivo de lucro.
FATO TÍPICO = Fato humano indesejado, que norteado pelo principio da intervenção
mínima, consiste numa conduta causadora de um resultado, ajustando-se a um tipo
penal.
a) CONDUTA
Obs.: Em razão deste axioma, existe doutrina negando a possibilidade de PJ praticar crime.
Obs.: Conduta não se confunde com ato reflexo. O direito penal não se interessa por atos
reflexos. A conduta é movimento voluntário e o ato reflexo involuntário.
Deve-se a esta doutrina, que não se confunde com a Escola Positiva, o conceito clássico de
delito, afastado de qualquer contribuição filosófica, psicológica ou sociológica.
Conferiu tratamento exageradamente formal ao comportamento humano definido como
delituoso, de forma que a conduta seria um mero MOVIMENTO CORPORAL que produz uma
modificação no mundo exterior. A conduta, portanto, era meramente objetiva, vinculada ao
resultado pela relação de causalidade.
Fato típico: Conduta. MOVIMENTO humano voluntário que produz uma modificação no
mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Tem vontade, mas não tem finalidade. Seria uma
forma sem conteúdo, ou um fantasma sem sangue.
Obs.: De acordo com a teoria causalista, a conduta é composta de vontade, movimento
corporal e resultado, porém, a vontade não esta relacionada com a finalidade do agente,
elemento este analisado somente na culpabilidade.
Obs.: O causalista quer observar a conduta pelos sentidos, daí a distinção entre tipos normais
e anormais. O tipo normal é composto somente de elementos objetivos descritivos,
percebidos pelos sentidos. O tipo anormal é composto também de elementos não objetivos,
normativos e subjetivos, porque esses elementos não podem ser percebidos pelos sentidos,
demanda juízo de valor.
Ao conceituar conduta como “movimento humano” esta teoria não explica de maneira
adequada os crimes omissivos, bem como os delitos sem resultado.
Não há como negar a presença de elementos normativos e subjetivos do tipo. (que demandam
juízo de valor, tais como documento, motivo torpe etc.).
Premissas básicas:
Com essa orientação neokantiana, todos os elementos do conceito clássico de crime sofreram
um processo de transformação, a começar pelo conceito de ação, cuja concepção, puramente
naturalística, constituía o ponto mais frágil do conceito clássico de crime, especialmente nos
crimes omissivos, nos crimes culposos e na tentativa, conforme demonstraremos logo adiante.
A tipicidade, por sua vez, com o descobrimento dos elementos normativos, que encerram um
conteúdo de valor, bem como o reconhecimento da existência dos elementos subjetivos do
tipo, afastaram definitivamente uma concepção clássica do tipo, determinada por fatores
puramente objetivos.
→ Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo (colorido), pelo
fato de existir no dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados
psicológicos, um elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a
ilicitude do fato)
Obs.: Não se prende aos métodos das ciências exatas, não depende somente dos sentidos.
Admitem-se elementos não objetivos descritivos no tipo penal. A palavra comportamento
abrange os crimes omissivos.
Tipicidade: Perde a natureza descritiva e livre de valor para admitir elementos normativos.
Culpabilidade: Dolo e culpa, não como espécies, mas elementos autônomos. Reprovação do
autor pelo formação de vontade contrária ao dever ser: Se o comportamento proibido pode
ser reprovado, então pode ser atribuído à culpabilidade do autor. (Consciência do injusto).
Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado, não devem integrar a
culpabilidade. Dolo e a culpa migram para o fato típico, mais precisamente para a conduta.
Aqui a conduta é um ato com conteúdo, ao contrário das teorias causalista e Neokantista.
Obs.: O fato típico passa a ter duas dimensões. Objetiva: Conduta, resultado, nexo causal e
tipicidade penal. Dimensão subjetiva: dolo e culpa.
Tipicidade: Ação humana adequada ao tipo legal em suas dimensões objetiva e subjetiva.
Ilicitude: Afirmada nas proibições e excluída nas permissões.
Obs.: No Brasil, existe a Teoria Finalista bipartite, que entende que o fato típico e a ilicitude
são os únicos substratos do crime, sendo a culpabilidade mero pressuposto para a aplicação da
pena (Mirabete, Damásio, Cleber Masson etc.). (POSICIONAMENTO MPSP!)
A pretensão dessa teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas acrescentar-lhes
uma nova dimensão, qual seja, a relevância social do comportamento.
Obs.: Dolo e culpa integram o fato típico, mas são novamente analisados no juízo da
culpabilidade.
Ilicitude
Culpabilidade
O conceito de socialmente reprovável é muito vago, noção muito ampla e arriscada para ser
incorporada ao Direito Penal.
-TEORIAS FUNCIONALISTAS. O Direito Penal tem uma missão, uma função. Conduta, portanto,
deve ser compreendida de acordo com a missão conferida ao Direito Penal. Busca adequar a
dogmática penal aos fins do Direito Penal.
Crime:
Fato Típico: Conduta: Comportamento humano voluntario causador de relevante e intolerável
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Ilicitude
Claus Roxin privilegia um conceito bipartido do delito, em que se consideram seus elementos
fundamentais dois juízos de valor: o injusto penal (fato típico + ilicitude) e a responsabilidade,
que inclui a culpabilidade.
→ O funcionalismo da Escola de Munique, liderada por Claus Roxin, apregoa que a teoria do
delito não pode ficar alheia aos postulados político-criminais que norteiam o Direito Penal e
descreve a necessidade da penetração da política criminal na dogmática.
Crime:
Ilícito
Culpabilidade
O delinquente autor de determinados crimes não é ou não deve ser considerado como um
cidadão, mas como um cancro societário, que deve ser extirpado.
Características:
→ Qual dessas teorias o Brasil adotou? O Código Penal adotou a teoria finalista, para a
maioria da doutrina. O Código Penal Militar é declaradamente causalista. Art. 33. A doutrina
moderna, no entanto, trabalha com as premissas funcionalistas de Roxin, salvo a
reprovabilidade.
Características da conduta
1. Caso Fortuito ou Força maior: Força maior é fato da natureza que ocasiona
acontecimento. O caso fortuito tem origem em causa desconhecida. Não há
comportamento voluntário, então não há conduta.
2. Involuntariedade: Ausência de capacidade de dirigir sua conduta de acordo com uma
finalidade predeterminada.
a. Inconsciência completa: Sonambulismo e hipnose.
b. Movimentos reflexos: Reação automática do organismo.
3. Coação física irresistível: Vis Absoluta. O coagido é impossibilitado de determinar seus
movimentos de acordo com sua vontade. A coação moral irresistível exclui a
culpabilidade, pois é inexigibilidade de conduta diversa.
Dolo: Vontade consciente dirigida a realizar, ou aceitar realizar, a conduta descrita no tipo
penal. Dolo é elemento subjetivo implícito na conduta
Obs.: A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrange o resultado e demais
circunstâncias da infração.
Obs.: Se o dolo exige conhecimento das circunstâncias de fato do tipo legal, então o erro sobre
circunstâncias de fato do tipo legal exclui o dolo. (Erro de Tipo)
Elementos do dolo:
Obs.: Há doutrina conceituando dolo como sendo a vontade livre e consciente. MAS, a
liberdade da vontade não é elemento do dolo, e sim circunstância a ser analisada na
culpabilidade, mais precisamente na exigibilidade de conduta diversa. Dolo é somente
vontade consciente.
→ O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria psicológica do dolo, segundo a qual dolo
é a consciência e a vontade de concretizar os elementos do tipo penal.
-TEORIAS DO DOLO
b) Teoria da Representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver previsão do resultado
como possível e ainda assim decide prosseguir com a conduta. Previsão + Prosseguir. Não é
adotada, pois abrange a culpa consciente.
d) Teoria da Probabilidade: Conforme as lições de José Cerezo Mir, "se o sujeito considerava
provável a produção do resultado estaremos diante do dolo eventual. Se considerava que a
produção do resultado era meramente possível, se daria a imprudência consciente ou com
representação".
Espécies de Dolo
Vamos exemplificar.
Uma questão afirma: João, maior e capaz, deseja contratar os serviços de prostituição de
Ana, adolescente que ele sabe ter 17 anos, mediante pagamento de R$ 200,00. Nesta
situação, podemos reconhecer o dolo?
SEGUNDO OS FINALISTAS A RESPOSTA É SIM. Nesta situação o dolo natural pode ser
reconhecido, pois temos uma vontade consciente de praticar uma conduta (contratar os
serviços de prostituição). O dolo integra o tipo e está carreado à conduta que se deseja
praticar.
d.1) Dolo Alternativo: Prevê uma pluralidade de resultados e dirige sua conduta para
realizar qualquer um deles. Dolo alternativo objetivo diz respeito ao resultado em face
da mesma vítima e Dolo alternativo subjetivo diz respeito a diversas vítimas de um
mesmo resultado.
d.2) Dolo Eventual: Prevê uma pluralidade de resultados, dirige sua conduta para
realizar determinado resultado, mas assume o risco de provocar o outro. Ex: Quero
ferir ou matar
i) Dolo específico: O agente atua com vontade de realizar a conduta com um fim
específico, que é elementar do tipo específico.
Obs.: Adotada a Teoria Finalista, esta distinção de dolo genérico e específico é inócua,
eis que o dolo genérico é dolo e o específico é apenas o elemento subjetivo explícito já
que o dolo é elemento implícito.
j) Dolo geral ou erro sucessivo: O agente, supondo já ter alcançado um resultado por
ele visado, pratica NOVA AÇÃO que efetivamente o provoca.
l) Dolo de segundo grau: Dolo necessário. Espécie de dolo direto, porém, para realizar
um resultado, ele necessariamente precisa provocar consequências secundárias,
inerentes ao meio escolhido. Dolo de consequências necessárias.
Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntaria que realiza um evento ilícito
não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou
excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ter sido evitado pelo agente
caso empregasse a cautela necessária.
Elementos da culpa:
6. Tipicidade: Não se pune a conduta culposa, salvo quando houver expressa disposição
legal.
Espécies de culpa:
a) Culpa consciente (com previsão / ex lascívia): O agente prevê o resultado, mas espera
que não ocorra, acredita sinceramente que pode evitá-lo com suas habilidades ou
com a sorte ou ainda porque subestima o perigo. Mais que previsibilidade, há
previsão, mas o resultado continua involuntário.
c) Culpa própria ou propriamente dita: O agente não quer e não assume o risco de
produzir o resultado.
d) Culpa imprópria, por equiparação, por assimilação, por extensão: É aquela em que o
agente, por erro evitável, imagina certa situação de FATO que, se presente, excluiria a
ilicitude. É a chamada DESCRIMINANTE PUTATIVA. Provoca intencionalmente
determinado resultado típico, mas responde por culpa, por política criminal. ERRO DE
TIPO PERMISSIVO.
Obs.: A culpa imprópria é a única modalidade de que admite tentativa, porque a estrutura do
crime é dolosa.
Obs.: “Culpa de empreendimento”: Quem não sabe, deve se informar; Quem não pode, deve
se omitir.
Princípio da confiança: É a expectativa, por quem se conduz nos limites do risco permitido, de
comportamentos alheios adequados ao dever de cuidado, exceto indicações concretas em
contrário. Este princípio não pode prevalecer contra crianças, idosos, doentes ou outras
situações de injustificável expectativa de comportamento adequado.
→ O direito penal não admite culpa presumida, devendo ser sempre comprovada.
Elementos
Crítica: Nos crimes qualificados pelo resultado, a imputação do resultado mais grave
pressupõe – alem da culpa – a definição do resultado mais grave como produto específico do
risco criado pela ação dolosa do autor ou a previsibilidade do resultado mais grave como
consequência provável da ação, sob pena de inconstitucionalidade por violar os princípios da
culpabilidade e proporcionalidade. Se não houver previsibilidade, que é um dos elementos do
delito culposo, o resultado não poderá ser atribuído.
a) Essencial: O erro recai sobre os dados principais do tipo penal. Se avisado do erro, para
de agir criminosamente. Art. 20 “caput” CP. O agente ignora ou erra sobre elemento
constitutivo do tipo legal. Ex: Caçador que atira em urso, que na verdade, era seu
amigo fantasiado de urso (alguém).
As consequências dependem, mas em todo caso o dolo é excluído, eis que o erro essencial
implica exclusão do elemento consciência do dolo:
→ O erro de tipo, seja escusável ou inescusável, sempre exclui o dolo. De fato, como o dolo
deve abranger todas as elementares do tipo penal, resta afastado pelo erro de tipo, pois o
sujeito não possui a necessária vontade de praticar integralmente a conduta tipificada em lei
como crime ou contravenção penal. Por essa razão, Zaffaroni denomina o erro de tipo de “cara
negativa do dolo".
→ O erro de tipo exclui o dolo, tendo em vista que o autor da conduta desconhece ou se
engana em relação a um dos componentes da descrição legal do crime, seja ele descritivo ou
normativo.
b) Acidental: o erro recai sobre os dados secundários do tipo. Se avisado do erro, corrige
os caminhos da conduta, para continuar agindo ilicitamente.
1. Sobre o objeto: Não tem previsão legal. O agente se confunde quanto ao objeto material
(coisa) por ele visada, atingindo objeto diverso.
Consequência: Não exclui dolo e nem culpa. Não isenta de pena. Considera-se o objeto
efetivamente atingido. (Teoria da Concretização).
2. Erro Sobre a pessoa: Art. 20 §3º. Equivocada representação do objeto material diverso
(pessoa visada) pelo agente. Em decorrência do erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa.
Consequência: Não exclui dolo e nem culpa. Não isenta de pena. Responderá como se
praticado o resultado em relação a pessoa visada e não a efetivamente atingida.(Teoria da
Equivalência)
Obs.: Na situação em que “A” quisesse matar seu pai, mas, representando equivocadamente o
alvo, matasse seu tio, e seu pai já estivesse morto naquele momento, considera-se a hipótese
de que estivesse vivo e pudesse ter sido alvo da conduta, o que acarreta a responsabilidade
penal por parricídio.
3. Erro na execução ou Aberratio Ictus. Art. 73. Por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, atinge pessoa diversa da pretendida.
Consequência: Não exclui dolo e nem culpa. Não isenta de pena. Se tiver resultado único,
atingindo somente a pessoa diversa da pretendida, responderá como se tivesse atingido a
pessoa visada e não a efetivamente atingida. (Teoria da Equivalência). Se tiver resultado duplo
ou unidade complexa, responderá pelos dois crimes em concurso formal próprio.
Aberratio Ictus por Erro no uso dos meios de execução: Existe erro no golpe. Inabilidade. A
vítima visada está no local. Se acaba matando os dois, responde por 2 homicídios, sendo que o
segundo, pode ser doloso ou culposo.
a) aberratio com resultado único, chamada de unidade simples, prevista na 1.ª parte do art.
73;
b) aberratio com resultado duplo, chamada de unidade complexa, prevista na 2.ª parte do art.
73.
No primeiro caso (unidade simples), o agente, em lugar de atingir a vítima desejada, alcança
terceiro não visado. Aplica-se a regra do art. 20, § 3.º, do Código Penal, ou seja, levam-se em
consideração as qualidades da vítima almejada. Assim, se a pessoa atingida e morta for o pai
do agente, não responderá este por parricídio, pois o sujeito visado lhe era estranho.
Por outro lado, se a vítima virtual (não alcançada) for o pai do agente, embora tenha este
matado pessoa diversa, há parricídio, respondendo com a agravante prevista no art. 61, II, e,
do Código Penal.
Apesar de se aplicar o art. 20, § 3.º, a aberratio ictus não se confunde com o erro quanto à
pessoa. Este caso diz respeito ao agente que erra quanto à identidade da vítima: pensa estar
vendo Caio, quando na realidade trata-se de Mélvio; diante dessa confusão, termina atingindo
Mélvio. O erro na execução, por sua vez, tem outra conotação: o agente está vendo, com
certeza, Caio e atira nele, errando o tiro, que atinge Mélvio. Portanto, apesar de a solução ser
a mesma, são duas hipóteses diversas.
No segundo caso (unidade complexa), o agente atinge não somente a vítima desejada, mas
também terceiro não visado. Responde pela regra do art. 70 (concurso formal). Lembre-se de
que, neste caso, vale o que já foi mencionado acerca do concurso formal ser perfeito ou
imperfeito.
a) A atira em B para matar, mas acerta e mata C = homicídio doloso consumado como se fosse
contra B;
e) A atira em B para matar, ferindo-o, mas termina matando C = homicídio consumado contra
B em concurso formal. Defendíamos, anteriormente, a punição de A somente por um
homicídio consumado contra B. A lesão corporal ficaria absorvida. “Alteramos nosso
entendimento, inclusive para estar de acordo com a existência de responsabilidade penal
objetiva no caso de aberratio ictus. Se há dois resultados, querendo ou não o agente atingir
mais de um, deve responder por ambos. Assim, a regra do art. 73 fica bem aplicada, quando o
agente atinge quem não desejava (1.ª parte), respondendo como se tivesse atingido a vítima
almejada, bem como, em concurso formal (2.ª parte), quando atinge também a pessoa que
pretendia. Nessa ótica, conferir Paulo José da Costa Júnior, Comentários ao Código Penal, 7.
ed., p. 254; Crime aberrante, p. 28;” (Guilherme de Souza Nucci)
f) A atira em B para matar, fazendo-o, mas também fere C = homicídio consumado contra B em
concurso formal.
Obs.: Para a teoria da concreção (ou concretização), o dolo pressupõe sua concretização num
determinado objeto, motivo pelo qual, se o agente atinge pessoa diversa da pretendida, não
age com dolo quanto à pessoa realmente atingida. Logo, se pretendia matar B, vem a matar C,
responde, segundo esta teoria, por homicídio tentado contra B e homicídio culposo contra C
em concurso formal.
Obs.: Se o erro na execução envolver coisa, deve ser tratado como erro sobre o objeto.
Obs.: No erro sobre a pessoa o agente representa mal e executa bem, no erro na execução
(aberratio ictus) o agente represente bem e executa mal.
Obs.: A regra deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grave que o resultado
produzido, hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na forma tentada.
Ex: Quer matar com pedrada o fulano, mas atinge o seu veículo, responderá pela tentaviva de
homicídio.
5. Erro sobre o nexo causal. Também não tem previsão legal. O agente produz o resultado
desejado, mas com nexo causal diverso do pretendido.
Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Mediante um só ato, provoca o resultado visado,
porém com outro nexo. Ex: A empurra B para morrer afogado, mas B bate a cabeça e morre de
traumatismo craniano.
Dolo geral ou Aberratio Causae: Mediante uma pluralidade de atos, provoca o resultado
pretendido com outro nexo. Ex: A dispara (nexo visado) contra B, imaginando estar morto,
joga no mar, e B morre afogado (nexo real). Vigora o princípio unitário, respondendo o agente
por um só crime
Há polêmica no tocante à incidência da qualificadora:
Para uma primeira corrente, deve ser considerado o meio de execução que o agente desejava
empregar para a consumação e não aquele que, acidentalmente, permitiu a eclosão do
resultado naturalístico. (Capez/Sanches)
Entretanto, para um segunda corrente é preciso levar em conta o meio que efetivamente
levou à consumação do crime, e não aquele visado pelo agente.
→ QUESTÕES IMPORTANTES
1. Erro de tipo é matéria de direito penal, logo, não reflete na competência.
2. Erro de subsunção: O agente decifra equivocadamente o sentido jurídico do seu
comportamento. Ex: pensa que cheque era documento particular, mas é público. Não
há falsa percepção da realidade e nem desconhece a ilicitude do seu comportamento.
Não exclui dolo nem culpa, nem isenta de pena, é irrelevante para o tipo penal.
Responde pelo crime, mas pode incorrer na atenuante genérica.
Ex2: Cliente adultera comanda deixada pelo garçom, se o seu conceito jurídico de
documento fosse que estes seriam escritos de forma predeterminada, seria erro de
subsunção.
Pode incidir em elementos normativos do tipo, conforme demonstrado acima, mas
também em elementos descritivos, mas é mais raro. Ex: A pensa que dano exige
destruição da coisa e esvazia o pneu do carro de B.
3. Erro determinado por terceiro : Há um erro induzido. Médico que, com intenção de
matar, induz enfermeira a ministrar dose letal do medicamento ao doente. O médico
responderá por homicídio doloso na condição de autor mediato. A enfermeira em
regra não pratica crime, pois é mero instrumento de execução do crime, podendo ser
responsabilizada se agiu com dolo ou culpa.
4. Delito putativo por erro de tipo: O agente quer praticar um crime, mas pratica um fato
atípico sem querer, por estar ausente uma elementar do tipo legal. Ex: Mulher ingere
medicamento abortivo pensando estar grávida, mas não está.
5. Delito putativo por erro de proibição : Também chamado de delito de alucinação ou
erro de proibição ao revés. Este instituto consiste na conduta praticada por um agente
que imagina estar infringindo uma norma de proibição penal, quando na realidade sua
conduta não é proibida pelo direito.
6. Tipo penal de intenção ou de tendência interna transcendente: Caracterizam-se por
propósitos que ultrapassam o tipo objetivo. Há a exigência de uma finalidade
específica Ex: Sequestrar com o fim de...
7. Tipo penal de tendência: Caracterizam-se por uma tendência afetiva do autor que
impregna a ação típica. Agarrar com violência os seios de uma mulher pode configurar
crime sexual (tendência lasciva), injúria (intenção de ofender) ou lesão corporal (dolo
de ferir).
8. Tipo penal de atitude: Caracterizam-se pena existência de estados anímicos que
informam a dimensão subjetiva intensificam ou agravam o crime. Ex: Crueldade,
traição, má-fé.
CRIME COMISSIVO: É uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo incriminador. É uma
ação que viola um tipo proibitivo. Ex: Matar alguém
→ Nos crimes omissivos não há nexo causal entre a omissão e o resultado, uma vez que do
nada, nada surge. O que determina a ligação entre a conduta omissiva e o resultado é o nexo
estabelecido pela lei (normativo),
Do próprio tipo penal, crime omissivo próprio puro: a omissão esta descrita no próprio tipo
penal. Ex: Omissão de Socorro Art. 135 O dever de agir é genérico, atinge a todos. Tem por
fundamento a solidariedade humana entre os membros da sociedade, que gera o dever
jurídico geral de agir.
De cláusula geral, crime omissivo impróprio, impuro ou comissivo por omissão: o agente
responde por crime comissivo (praticado por ação), mas em razão de omissão. Tem por
fundamento a posição de garantidor do bem jurídico atribuída a determinados indivíduos, que
gera um dever jurídico especial de agir. Ex: mãe que não alimenta o filho e o mesmo morre,
responde por Homicídio (doloso ou culposo). O dever não é genérico, é jurídico, decorre de
cláusula geral.
Obs.: Crimes ‘omissivos por comissão’: Caso em que alguém estava obrigado a agir, mas é
impedido por terceiro. Assim, por exemplo, o filho que, interessado no recebimento da
herança, impede que o médico salve a vida de seu pai: o médico se omitiu por ação do filho.
Nestes crimes, há nexo causal entre a conduta e o resultado, admitindo-se a tentativa. Note-
se, todavia, haver quem sustente se tratar, na verdade, de crimes propriamente comissivos,
pois a causa efetiva do resultado é a conduta do agente, não a omissão de quem foi impedido
de atuar. Obs.: ADMITE TENTATIVA! Se a mãe deixa de amamentar o filho para que ele morra,
mas terceiro intervém e alimenta o bebê, a mãe responderá por tentativa de homicídio.
É possível:
1) PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO, EM CRIME COMISSIVO (art. 13, parág. 2º, CP). Ocorre
quando o agente podia e devia agir para evitar o resultado, mas se omitiu, aderindo ao crime
de outrem. ex: policial que podia e devia agir, se omite, deixando de evitar um furto.
O dever de agir está acrescido do dever de evitar o resultado, está previsto no Art. 13 §2º
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. Ex: Pais para os filhos. Abrange
também o dever contratual. Ex: Guia turístico em relação aos turistas, salva-vidas em relação
aos banhistas. -DEVER LEGAL-
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Ex: Sujeito que
atropela um transeunte e não providencia socorro. -INGERÊNCIA-
Obs.: E se o agente desconhece que tem o dever de agir? Incorre em erro mandamental ou
erro de mandado.
Obs.: Crime de CONDUTA MISTA: Tipo penal composto de ação seguida de omissão. Ex:
Apropriação de coisa achada.
→ Os crimes omissivos próprios e impróprios admitem tanto o dolo quanto a culpa. Exemplo
de crime omissivo próprio culposo: art. 13 do Estatuto do Desarmamento;
b) RESULTADO
Obs.: Qual o resultado que integra o crime? Para a maioria, é o naturalístico. Assim, para a
teoria naturalística, há crime sem resultado (formais e mera conduta). Para a teoria jurídica ou
normativa não existe crime sem resultado.
c) NEXO CAUSAL
Como saber se o fato foi determinando para o resultado? “Teoria da eliminação hipotética dos
antecedentes acusais”, Teoria de Thyrén. Causa é todo fato que, suprimindo mentalmente, o
resultado não teria ocorrido como ocorreu ou no momento em que ocorreu.
Obs.: Atualmente não se devem confundir questões de causalidade com imputação. Causação
do resultado é processo natural e imputação é processo valorativo.
Duas espécies:
Requisitos
Obs.: Situações em que o risco é diminuído também não podem ser atribuídas ao autor.
Exemplo em que a pessoa desvia a viga da cabeça para o ombro de outra, ou o bombeiro que
atira uma criança pela janela, ela se machuca, mas não morre incendiada. Há quem sustente
ser Estado de Necessidade, mas Juarez Cirino aduz que uma não se pode presumir como típica
uma conduta que melhora a situação do bem jurídico protegido.
Podem ser consideradas como “risco” aquelas ações que, por meio de uma prognose póstuma
objetiva, geram uma possibilidade de lesão ao bem jurídico.
Prognose, pois se refere à situação do agente no momento da ação; póstuma, porque será
feita pelo magistrado depois da prática do fato; e objetiva, pois parte do conhecimento de um
homem prudente (homo medius) na mesma hipótese analisada. Em síntese, será perigosa a
ação que, aos olhos de um observador objetivo dotado dos conhecimentos especiais do autor,
situado no momento da prática da ação, gere real possibilidade de dano para um determinado
bem.
Obs.: Ausentes um dos requisitos, não haverá nexo normativo e consequentemente não
haverá causa. Deixa de lado a relação de causalidade puramente material para se valorar a
natureza jurídica. Isto é: se a ação do autor não cria risco do resultado, ou se o risco criado
pelo autor não se realiza no resultado, então o resultado não pode ser imputado ao autor.
A teoria de Jakobs se estrutura por conta dos contatos que temos com outras pessoas, sem os
quais não e possível viver em sociedade e mais, apresenta como necessários também ao
convívio em sociedade os contatos anônimos, ou seja, aqueles contatos dos quais você não
sabe com quem ira se relacionar.
Os elementos são:
1) Risco Permitido: É aquele que a sociedade aceita como válido por ter em sua essência a
condição de manter os contatos sociais e, por conseguinte, a vida em sociedade
2) Princípio da Confiança: Se o indivíduo agiu dentro do seu papel, ele confiará que o próximo
também o fará, pois, não é possível que se controle a toda hora e todo momento as ações dos
demais
3) Proibição de Regresso: Aquele que agiu dentro e conforme de seu papel social de nada
poderá ser responsabilizado, mesmo que fosse possível evitar o resultado ilícito, pois, o
resultado poderá ser obtido de outra forma pelo indivíduo de má-fé.
Obs.: Direito Penal Quântico: O Direito Penal Quântico consiste no direito penal que não se
contenta com a mera relação de causalidade (relação física de causa e efeito), mas também
com elementos indeterminados, como o chamado nexo normativo e a chamada tipicidade
material, a serem aferidos pelos operadores do direito diante da análise do caso. É a prova de
que o direito penal moderno não se contenta com a mera relação de causa e efeito, pois há
elementos indeterminados que precisam ser observados. Dessa maneira, pode-se conceituar o
Direito Penal Quântico na existência de uma imprecisão no Direito que se afasta da dogmática
penal e se aproxima da política criminal.
-CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS
A lei prevê e pune a simples inação, bastando o agente não agir. O nexo é estabelecido pela
lei, é nexo normativo. A responsabilidade penal não é naturalística e sim jurídica, derivada da
norma
a) Nos omissivos próprios: A lei prevê e pune a inação na qual estará incurso o agente pelo
simples fato de não ter atuado na forma determinada. Em regra não exige resultado
naturalístico, mas os resultados naturalísticos podem ser majorantes ou qualificadora como
ocorre na omissão de socorro.
b) Nos omissivos impróprios: Possuem resultado material. A lei não tipifica a conduta
omissiva, mas estabelece regras para punir o agente que pratica crime comissivo por omissão.
O agente não causa diretamente o resultado, mas permite que ele ocorra, abstendo-se de agir
quando deveria e poderia fazê-lo. Ex: Mãe deixa de amamentar o filho, que morre.
Obs.: Teoria da Condição Regular: A não realização da ação excludente do resultado constitui
a ligação legal com o resultado, equivalente à causa do resultado.
d) TIPICIDADE
Para a doutrina tradicional, a tipicidade penal é mera tipicidade formal, ou seja, ajuste perfeito
entre fato e norma, subsunção do fato a norma. Para a doutrina moderna a tipicidade
engloba a tipicidade formal e material, a subsunção exige também um juízo de valor,
consistente na relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Obs.: O princípio da insignificância exclui a tipicidade material. Logo, não haverá tipicidade
penal, não haverá fato típico e não haverá crime.
Ex: Oficial de justiça que apreende bens, sua conduta é apoiada pelo Direito. Formalmente,
existe furto (ou roubo) e até mesmo materialmente. Para a doutrina tradicional o fato seria
típico, que não seria crime por excludente de ilicitude (exercício regular do direito). Zaffaroni
é mais prático, a conduta sequer é típica, ante a ausência de tipicidade.
a) Adequação típica imediata ou direta: Opera-se uma adequação entre fato e norma penal
sem depender de dispositivo complementar.
b) Adequação típica mediata ou indireta: Opera-se a adequação entre fato norma com o
auxílio de uma norma de extensão. Ex: Tentativa, concurso de pessoas.
Normativos: Não se extrai da mera observação, depende de uma interpretação, isto é, requer
que se faça um juízo de valor. Ex: Alheia/Motivo fútil.
TIPO DERIVADO: cria novos limites para as penas. EXEMPLO: latrocínio, que tem um vínculo
com o caput.
TIPO AUTÔNOMO: é o tipo vinculado com outro crime, mas que descreve requisitos típicos
totalmente autônomos. O tipo autônomo tem existência própria. EXEMPLO: o infanticídio,
que possui todas as características dos requisitos típico, não há uma dependência descritiva
em relação a outro dispositivo (homicídio). EXEMPLO2: Associação para o tráfico em
detrimento do 288.
TIPO FECHADO: é o que não exige nenhum juízo de valor. EXEMPLO: homicídio
TIPO COMPLEXO: Com o advento da teoria finalista da ação (Welzel) o dolo e a culpa foram
retirados da culpabilidade e passaram a integrar o fato típico. Com isso, o injusto que sob a
égide da teoria causalista era puramente objetivo, agora passou a ter elementos subjetivos
(volitivos). Isso significa que, quando em um tipo complexo não estiver presente qualquer um
dos dois elementos (objetivo ou subjetivo) o fato será atípico. Em outras palavras: não há fato
típico cuja descrição apresente apenas elementos objetivos, ou apenas elementos subjetivos.
Sendo ainda mais claro, o ordenamento jurídico penal brasileiro não pune a conduta
desprovida de vontade, o que significa dizer que não há responsabilidade penal objetiva no
Brasil (princípio da responsabilidade subjetiva). Também podemos afirmar que não se pune o
agente apenas pela vontade, sem que uma conduta se materialize (Direito Penal do fato que
se contrapõe ao Direito Penal do autor). Obs.: Lembrar do princípio da materialização ou
exteriorização do fato.
Obs.: Não confundir com CRIME COMPLEXO (dois crimes em um – latrocínio, p.ex.)
1ª corrente: É ilicitude, pois a teoria geral do direito, crime constitui um fato jurídico, e a
expressão antijurídico causa contradição.
Obs.: O CPP, alterado em 2008, estabeleceu que o juiz deve absolver o acusado quando
existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre sua existência. Na dúvida, o juiz deveria condenar, pois o ônus da prova
é da defesa. Agora, em caso de dúvida fundada, o acusado deve ser absolvido.
Teoria das áreas livres ou neutras: Segundo a teoria dominante não existem áreas jurídicas
livres no âmbito das definições legais de crimes porque todo comportamento típico ou é ilícito
ou justificado, mas estudos recentes indicam a possibilidade de uma terceira hipótese: em
conflitos relacionados com situações de perigo comum ou colisão de deveres: Ex: Pai que
somente pode salvar um dos dois filhos que, simultaneamente, estão se afogando, morrendo o
outro.
Existem teorias monistas para fundamentar as excludentes: teoria da maior utilidade que
dano, teoria da ponderação do valor, teoria do interesse preponderante.
Obs.: Assim como nas ações típicas, nas ações justificadas também se exige o elemento
subjetivo, qual seja, o conhecimento da situação justificante (Roxin/Greco), alguns autores
entendem também ser necessária a vontade de defesa ou proteção. (Welzel).
-ESTADO DE NECESSIDADE:
Art. 24 Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Requisitos:
a) PERIGO ATUAL:
Risco presente, real, gerado por fato humano, animal ou natureza. Perigo iminente não
autoriza a descriminante. O perigo não tem destinatário certo.
2ª corrente: Diante do silêncio, o perigo é autorizado, pois é difícil definir o quando o perigo é
atual ou iminente.
Obs.: Embora haja divergência, a doutrina majoritária (p/ o CESPE) considera o perigo
iminente como autorizador do estado de necessidade. Como dito a divergência é grande, pois
o perigo iminente é aplicado para a legitima defesa e não para o estado de necessidade, prova
disso é a redação dos arts. 24 e 25 do CP.
Obs.: O perigo pode ser determinado por acontecimentos naturais, fenômenos sociais e
também comportamentos humanos, desde que não constituam agressão injusta da LD.
1ª corrente: Ser causador voluntário é ser causador doloso do perigo. Resumindo, a expressão
que não provocou por sua vontade quer dizer não ter provocado dolosamente a situação de
perigo. Ex: o agente que culposamente causa incêndio em cinema pode matar as pessoas para
se salvar. (Greco, Hungria, Noronha)
2ª corrente: Ser causador voluntário é ser causador doloso ou culposo, pois se transforma em
garantidor. (Mirabete, Cirino)
Desde que possível de ser enfrentado, porque o Direito não pode exigir renúncia à vida ou
aceitação de graves lesões à saúde ou o corpo.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo
1ª corrente: Entende-se por dever legal apenas o derivado de mandamento legal. Salva vidas
não teria dever, pois é contratual.
2ª corrente: Dever legal abarcar dever jurídico, abrangendo o dever contratual. NUCCI
Obs.: Para Juarez Cirino, os magistrados não estariam justificados a decidir deste ou daquele
modo lesivo ao dever, sob alegação de ameaça de morte, por exemplo.
O único meio para salvar o direito próprio ou alheio é o comportamento lesivo. A fuga é o
caminho preferido que prevalece sobre a agressão ao bem jurídico.
TEORIA DIFERENCIADORA: Se o bem jurídico sacrificado tiver valor menor ou igual ao bem
salvaguardado, será estado de necessidade justificante (excludente de ilicitude); Se tiver valor
maior que o bem protegido, será estado de necessidade exculpante (excludente de
culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa). O CPM adotou a teoria diferenciadora.
TEORIA UNITÁRIA: Não reconhece o estado exculpante, somente o justificante. Se busca evitar
mal maior, sacrificando direito igual ou de menor valor que o bem protegido, invoca-se a
discrinante. Se o bem jurídico sacrificado for mais valioso, haverá redução de pena. O CP
adotou a teoria unitária.
É requisito subjetivo, o agente tem que saber que esta salvando direito próprio ou alheio.
Obs.: Requisitos furto famélico: Fato praticado para mitigar a fome, único e derradeiro
recurso, subtração de coisa que mate a fome e insuficiência de recursos.
Requisitos:
a) AGRESSÃO INJUSTA:
Conduta humana contrária ao direito que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém.
Não significa necessariamente fato típico, exemplo, reagir diante de furto de uso. Inimputáveis
podem cometer agressões injustas
Dolosa ou culposa?
2ª corrente: Deve haver destinatário certo, senão não configura LD. SANCHES
Obs.: O agente pode combater a injusta agressão, não se exige a fuga do local.
Obs.: Para Roxin, não se deve conceder a ninguém um direito ilimitado de legitima defesa face
à agressão de um inimputável, mas apenas naquelas em que a reação, o combate é inevitável.
Trata-se de uma limitação ético-social da legítima defesa. Ex: Não pode agredir uma criança
que tenta agredir com um bastão.
Obs.: Legitima defesa real o ataque existe efetivamente existe, exclui a ilicitude. Na legitima
defesa putativa, o ataque é fantasiado e não exclui a ilicitude, mas sim a culpabilidade, por
inexigibilidade de conduta diversa (se inevitável).
Obs.: Defender-se de ataque de animal não provocado é EN. Se foi provocado pelo dono ou
alguém é LD.
b) ATUAL OU IMINENTE:
Não se admite LD contra agressão passada (vingança) ou futura (mera suposição). Atual esta
ocorrendo e iminente esta prestes a ocorrer. Se for futura e certa a reação é considerada
legítima defesa antecipada, exclui a culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. Ex:
Sujeito que é ameaçado por Fernandinho Beira-Mar, que ao saber que o mesmo adquire uma
arma, o mata.
ROXIN: Iminência é o momento final da preparação, que integra o critério da defesa eficaz,
inseparável do conceito de legitima defesa. Ex: a aproximação do agressor com um porrete na
Mao para agredir ou o movimento da Mao do agressor em direção a arma.
Obs.: É possível que haja a agressão injusta por omissão, por exemplo, mãe que se recusa a
amamentar o filho, será possível agir em legítima defesa da criança e obrigar a mãe a
amamentá-la.
Obs.: Para Juarez Cirino, a legítima defesa de outrem depende da vontade de defesa do
agredido, em atenção ao princípio da proteção individual, o agredido pode ser contra arma de
fogo ou temer represálias, por exemplo. Mas a vontade presumida do agredido já é suficiente.
Obs.: LD subjetiva: Após o termino da agressão, o agente por erro justificável, supõe persistir
e acaba por exceder em sua reação, excesso exculpável. Trata-se de causa supralegal de
inexigibilidade de conduta diversa, que exclui, portanto, a culpabilidade.
-ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Não tem dispositivo próprio tratando de seus
requisitos. O agente público no desempenho de suas atividades, não raras vezes é obrigado
por lei (sentido amplo) a violar um bem jurídico. O agente deve ter conhecimento que pratica
a ação em ECDL.
Obs.: MIRABETE entende ser exclusivo de agente público, a maioria discorda. Ex: o advogado
processado por falso testemunho porque se recusou a depor sobre fatos envolvendo segredo
profissional pode invocar o ECDL.
Obs.: Adotada a Tipicidade Conglobante, a conduta do agente público sequer é típica, já que
seu ato decorre de determinação legal, portanto, ato normativo.
Obs.: Ofendículos: Aparato preordenado para a defesa do patrimônio. Animal pode ser
considerado ofendículo.
1ª corrente: LD
2ª corrente: ERD
Requisitos:
a) O dissentimento não pode integrar o tipo penal : Não pode ser elementar do tipo, pois
seria fato atípico. Ex: Mulher que consente transar, não pode ser estupro.
Obs.: Doutrina moderna vislumbra que o bem pode ser disponível, desde que não contrarie a
moral e os bons costumes. A doutrina tradicional entende ser possível somente para bem
indisponível.
a) causa de exclusão da tipicidade: se o tipo penal exige o dissenso da vítima enquanto um dos
requisitos objetivos formais necessários à completude da figura incriminadora, é claro que o
válido consentimento do ofendido exclui a tipicidade. Exemplo: crimes de violação de domicílio
— artigo 150 do Código Penal (se alguém permite ou tolera que terceiro ingresse em sua casa,
ausente estará a tipicidade da conduta) e estupro — artigo 213 do Código Penal (se a mulher
consente na relação sexual, inexiste tipicidade);
Situação 1) O agente supõe agir sobre o manto de uma justificante em razão de erro quanto à
sua EXISTÊNCIA ou seus LIMITES. Ex: Fulano que toma um tapa e acredita poder dar um tiro
no seu agressor. Fulano que acredita poder agredir a esposa que o trai em defesa de sua
honra. Deve ser equiparado a erro de proibição (ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO OU ERRO DE
PERMISSÃO).
Situação 2) O agente engana-se quando aos pressupostos fáticos do evento. Ex: Fulano se
depara com pessoa sacando objeto de seu bolso e o mata pensando que era uma arma, mas
era celular. Deve ser equiparado a erro de tipo. Ele imaginou uma situação que nunca existiu.
(ERRO DE TIPO PERMISSIV O).
CULPABILIDADE
Conceitua-se a culpabilidade como o juízo de reprovação que recai na conduta típica e ilícita
que o agente se propõe a realizar. Trata-se de um juízo relativo à necessidade de aplicação da
sanção penal.
-TEORIAS DA CULPABILIDADE
Na prática, se um motorista exemplar atropela um suicida, o fato seria um fato típico e ilícito,
somente não se pune porque faltaria dolo e culpa.
O dolo permanece normativo: aloja em seu bojo a consciência atual da ilicitude, isto é, o
conhecimento acerca do caráter ilícito do fato.
c) TEORIA NORMATIVA PURA, EXTREMA OU ESTRITA: Rompe com o Causalismo, é da doutrina
Finalista. Migra-se o dolo e a culpa para o Fato Típico, mais precisamente na conduta. Dentro
da culpabilidade, portanto, só ficam elementos normativos, a imputabilidade, a ECD e a
potencial consciência da ilicitude. Para as teorias psicológicas, a consciência da ilicitude
integrava o dolo, era a vontade de praticar a conduta sabendo que ela ilícita. Outra coisa é
saber se a conduta ilícita, que é a potencial consciência da ilicitude.
O dolo passa a ser natural, isto é, sem a consciência atual da ilicitude. Com efeito, o dolo é
levado para a conduta, deixando a consciência da ilicitude na culpabilidade. Aquele vai para o
fato típico, esta permanece onde estava.
Além disso, a consciência da ilicitude, que no sistema clássico era atual, isto é, deveria estar
efetivamente presente no caso concreto, passa a ser potencial, ou seja, bastava tivesse o
agente, na situação real, a possibilidade de conhecer o caráter ilícito do fato praticado, com
base em um juízo comum.
Na prática, se um motorista exemplar atropela um suicida, o fato sequer é típico, porque não
havendo dolo nem culpa, não há conduta.
Cuida-se, portanto, de uma variante da teoria normativa pura. Porém, a distinção entre tais
teorias repousa unicamente no tratamento dispensado às descriminantes putativas.
-ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
Menor não pratica crime e sim ato infracional análogo a tal crime.
2. Doença mental: Adotado o critério biopsicológico, quando ao tempo da conduta ele era
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão da doença mental. Semi-
imputável possui parcial culpabilidade, por isso que é condenado, porém com pena diminuída
O inimputável é absolvido, mas submetido à medida de segurança, chamada absolvição
imprópria, que possui natureza jurídica de sentença condenatória.
Obs.: A absolvição imprópria gera reincidência? Para a maioria da doutrina não, porque a lei
diz pena e condenação, mas para Frederico marques sim.
O sistema adotado entre nós é o vicariante. Podemos concluir que o sistema de sanções penais
pode ser resumido da seguinte forma:
* Imputáveis: pena;
Voluntária: O agente quer ingerir e quer se embriagar, mas não quer cometer crime.
Fortuita: Ele não quer ingerir a substância. Exclui a culpabilidade se COMPLETA. Se parcial
enseja condenação com diminuição de pena.
Patológica: Doença, que no caso concreto pode ser tratada como anomalia psíquica, podendo
excluir a culpabilidade ou diminuir a pena. O viciado é doente mental, mesmo sem estar no
efeito do álcool ou droga, pode ter a culpabilidade afastada.
→ Importante distinção deve ser feita. A embriaguez preordenada é tida como teoria actio
libera in causa, ou seja, o ato transitório é revestido de dolo ao passo que o ato posterior é
revestido de inconsciência. Em outras palavras: "vou beber para praticar o crime, porque de
outro modo não tenho coragem". A embriaguez voluntária não se confunde em hipótese
alguma com a preordenada, pois a voluntária o agente não bebe como fator desinibitório para
empreitada criminosa, seu ato transitório não é revestido de dolo (consciência e vontade).
Obs.: A emoção e a paixão não excluem a culpabilidade, exceto no caso em que se tornem
doenças mentais.
Obs.: Quando a coação é para cometer crime o coator responde pelo crime cometido pelo
coato em concurso formal com o crime de tortura, decorrente do constrangimento a que foi
submetido o coagido.
3. Obediência hierárquica: Pressupõe serviço público e a ordem do superior deve ser não
manifestamente ilegal. Porque se for manifestamente ilegal, não excluirá a
culpabilidade. Se for manifestamente ilegal, exclui a culpabilidade do agente inferior,
responsabilizando-se o superior. Deve ser no caso concreto e individualizado, não um
ato genérico e abstrato.
Obs.: Mãe que não pode deixar de trabalhar e deixa as crianças sozinhas em casa age com
inexigibilidade de conduta diversa.
a) Desobediência civil: Estará isento de pena aquele que, por motivo de consciência ou crença,
praticar algum fato previsto como crime, desde que não viole direitos fundamentais
individuais. Exemplo: cita-se o caso do pai, testemunha de Jeová, que não permite a transfusão
de sangue no filho.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência
da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Indireto: O agente sabe que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva.
Ora supondo existir causa excludente de ilicitude, ora supondo estar agindo nos limites das
descriminantes.
Além do erro que afeta a ilicitude há o erro que afeta a compreensão da ilicitude, e ambos
resultam no erro de proibição. Compreensão é diferente de conhecimento. O conhecimento é
pressuposto da compreensão, mas não pode haver compreensão sem conhecimento. Se a não
compreensão da norma, a não internalização de seu valor, se dá em razão do conhecimento
cultural do agente, está-se diante de um erro de compreensão culturalmente condicionado.
São exemplos correntes na doutrina, o do esquimó por nós visitado, que nos oferece a mulher
perfumada de urina, que não aceitamos por ser extremamente árduo internalizar a regra de
conduta que evite a injúria que lhe fazemos e; o do indígena de uma comunidade que tem
seus próprios ritos para funerais e violar as nossas regulamentações sobre inumações, sendo
muito duro exigir-lhe que abandone suas regras para acolher as nossas e reprovar-lhe porque
não o tenha feito. Portanto, o erro de compreensão culturalmente condicionado se apresenta
na situação em que o agente, mesmo conhecendo a ilicitude do fato, não a compreende,
porque não internalizou os valores contidos na norma que o rege. E, não internaliza estes
valores porque desconhecidos ou incompatíveis com aqueles pertencentes à sua cultura.
O Código Penal do Peru trata dessa hipótese sob o título de erro de compreensão
culturalmente condicionado:
Quem, que por sua cultura ou costumes, comete um fato punível sem poder compreender o
caráter delituoso de seu ato ou determinar-se de acordo com essa compreensão, é isento de
responsabilidade penal. Quando, por igual razão, essa possibilidade tiver diminuído, a pena
será atenuada.
3. EXECUÇÃO: Maneira pela qual o agente atua exteriormente para realizar o crime
idealizado.
Nenhuma dessas teorias resolve integralmente essa questão. É necessário conjugá-los para se
obter maiores subsídios para a identificação da idoneidade do ato executório. O critério
material é muito vago, ele que analisa a questão sob o prisma do perigo ao bem jurídico, não
fixa o momento em que se dá o ataque ao bem jurídico. O critério objetivo formal identifica o
exato instante do perigo ao bem jurídico, usando como referencial o “ núcleo do tipo” “.
Entretanto essa teoria peca no exagero de aguardar a execução da ação típica para só então
atribuir ao ato o caráter executório”.
A teoria objetiva individual faz distinção entre o início da execução do crime e o início da
execução da ação típica. Este coincide com o começo da realização do “núcleo do tipo” ao
passo que o início da execução do crime, abarca aqueles atos que conforme o plano do autor
são imediatamente anteriores ao começo da execução da ação típica. Essa teoria também é
alvo de críticas, pois sua aplicação depende da descoberta do plano do autor, tarefa às vezes
muito complexa.
O correto seria conjugar todos esses critérios indagando-se ainda quanto à eficiência causal do
ato praticado em relação ao fim colimado pelo agente. Persistindo a dúvida sobre o ato sem
preparatório ou executório, o magistrado deve considerá-lo preparatório.
TENTATIVA / CRIME MANCO: Hipótese de adequação típica mediata onde o crime não se
consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. Norma de extensão temporal que
amplia a proibição para alcançar fatos humanos realizados de forma incompleta.
Obs.: Tentativa não é crime autônomo, eis que não possui pena autônoma. É forma
incompleta de violação da mesma norma de execução completa.
Elementos do crime tentado: Início da execução, não consumação por circunstâncias alheias a
vontade do agente, dolo de consumação, resultado possível.
-TEORIAS DA TENTATIVA
2.ª) Teoria sintomática: Idealizada pela Escola Positiva de Ferri, Lombroso e Garofalo, sustenta
a punição em razão da periculosidade subjetiva, isto é, do perigo revelado pelo agente.
Possibilita a punição de atos preparatórios, pois a mera manifestação de periculosidade já
pode ser enquadrada como tentativa, em consonância com a finalidade preventiva da pena.
Obs.: Exceção a teoria objetiva são os crimes de atentados ou de empreendimento, são os que
se punem a tentativa com a mesma pena da consumação. Ex: 352 Evasão mediante violência
contra a pessoa ou Votar ou tentar votar mais de uma vez em lugar de outrem.
Obs.: Qual crime que só se pune a tentativa? Sendo a consumação fato atípico? Tentar
desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.
Tentativa perfeita, acabada, CRIME FALHO: Apesar de o agente praticar todos os atos
executórios, não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
Tentativa FALHA: É a interrupção dos atos executórios por falha interna do agente, que
acredita não poder prosseguir, quando, em verdade, poderia. Ex.: o autor da subtração,
ouvindo o barulho da sirene de uma ambulância, acredita tratar-se da polícia, largando o furto
em andamento.
Obs.: Liszt atribuiu a nomenclatura de ponte de ouro, eis que conduz o agente ao campo da
licitude. O arrependimento posterior é conhecido como ponte de prata, pois não possui um
benefício tão grande quanto a ponte de ouro, mas reduz a pena. (ponte de diamante = delação
premiada).
Obs.: Não é compatível com crimes culposos, salvo na culpa imprópria. O motivo é simples:
nessa modalidade de delito o resultado naturalístico é involuntário, não sendo lógico imaginar,
portanto, um resultado que o agente desejava produzir para, em seguida, abandonar a
execução que a ele conduziria ou impedir a sua produção.
É possível a comunicabilidade?
Essa última posição é dominante, pois a conduta do partícipe é acessória, dependendo sua
punição da prática de um crime, consumado ou tentado, pelo autor, responsável pela conduta
principal. E se este não comete nenhum crime, impossível a punição do partícipe.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à PESSOA, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Obs.: De acordo com a maioria, crimes culposos ainda que violentos, admitem a incidência.
Obs.: De acordo com a maioria, a violência imprópria não impede o benefício. Roubo com
emprego de sonífero.
Obs.: A reparação ou restituição deve ser integral. Se parcial, somente se a vítima concordar.
Obs.: A recusa da vítima não impede o benefício, não há tal exigência na lei.
Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se aos
demais co-autores, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução a ser aplicada, conforme a
atuação de cada agente em 'relação à reparação efetivada. (lnfo STJ 531).
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Exclui a TIPICIDADE)
TEORIA SINTOMÁTICA: Com a sua conduta, o a agente demonstra ser perigoso, razão pela
qual deve ser punido, ainda que o crime se mostre impossível. Direito Penal do Autor.
TEORIA OBJETIVA: Crime é conduta e resultado. A execução deve ser idônea, trazer a
potencialidade do evento, se inidônea, configura-se crime impossível
Teoria Objetiva Pura: Não há tentativa mesmo que a inidoneidade seja relativa.
Monossubjetivo: Crime de concurso eventual. Pode ser praticado por uma ou várias pessoas.
Ex: Homicídio
Obs.: A adesão posterior à consumação pode configurar crime autônomo. Ex: Favorecimento
Real
Requisitos
Obs.: Faltando liame subjetivo, desaparece o concurso, podendo configurar autoria colateral
ou incerta.
Autoria Incerta: Surge no campo da autoria colateral, quando mais de uma pessoa é indicada
como autora do crime, mas não se apura com precisão qual foi a conduta que efetivamente
produziu o resultado. Como não se apurou quem produziu a morte, não se pode imputar o
resultado naturalístico para “A” e “B”. Um deles matou, mas o outro não. E, como não há
concurso de pessoas, ambos devem responder por tentativa de homicídio.
Autoria desconhecida: Cuida-se de instituto ligado ao processo penal, que ocorre quando um
crime foi cometido, mas não se sabe quem foi seu autor. Exemplo: “A” foi vítima de furto, pois
todos os bens de sua residência foram subtraídos enquanto viajava. Não há provas, todavia, do
responsável pelo delito. É nesse ponto que se diferencia da autoria incerta, de interesse do
Direito Penal, pois nela conhecem-se os envolvidos em um crime, mas não se pode, com
precisão, afirmar quem a ele realmente deu causa.
4. Identidade de infração penal.
TEORIA MONISTA: Todos respondem pelo mesmo crime. Teoria monista mitigada: na medida
de sua culpabilidade.
TEORIA DUALISTA: Um crime para o executor e outro para os que não realizam o núcleo.
Autor e partícipe.
Para caracterizar o concurso de agentes, basta que duas ou mais pessoas concorram para a
prática delituosa, não sendo necessária a identificação dos corréus. Essa causa de aumento
pode ser reconhecida mesmo nas hipóteses em que o crime ("in casu", roubo) tenha sido
supostamente cometido na companhia de inimputável. (Info STJ 472).
O paciente condenado por roubo armado seguido de morte responde como coautor, ainda
que não tenha sido o responsável pelos disparos que resultaram no óbito da vítima. (Info 466
STJ).
→ A teoria do domínio do fato não se aplica, segundo a doutrina, aos delitos de dever,
aos culposos e aos delitos de mão própria.
Não diferencia autor e partícipe Diferencia o partícipe Diferencia autor e partícipe, mas n
explica a autoria mediata
Autoria intelectual: Planeja o crime para ser executado por outras pessoas
Autor mediato: Vale-se de um não culpável ou pessoa sem dolo e culpa para executar.
Obs.: Somente se aplica aos crimes dolosos, porque é a única forma que se admite controle
finalístico sobre o fato. Não há possibilidade de o agente utilizar outrem como seu instrumento
para a prática de um delito cujo resultado sequer assumiu o risco de produzir.
Autoria por determinação: Trazido pelos professores Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique
Pierangeli, é aquele que se vale de alguém para cometer crimes, que também não realiza a
conduta típica por ser crime de mão própria. É o mesmo conceito de autoria mediata.
Autoria por convicção: O agente conhece a norma, mas a descumpre por razões de
consciência política/religiosa/filosófica etc. Ex: Pai garantidor testemunha de Jeová que não
autoriza transfusão de sangue em seu filho. (Pode-se alegar, em tese, cláusula de consciência,
para excluir a culpabilidade).
Obs.: Neste caso, entende o STJ que os pais não são autores, respondendo somente os
médicos que deixarem de realizar o procedimento, pois também são garantidores.
FORMAS DE CONCURSO
Obs.: Há co-autoria em crimes culposos, mas não participação. Só existe participação dolosa.
Ex: Tício vai à padaria comprar pão e informa ao padeiro que irá envenenar o pão e dar para
sua esposa, Marta, com a intenção de matá-la. Há participação do padeiro? Ora, punir a
conduta do padeiro não parece adequado a proteger o bem jurídico no caso concreto. Isso
porque, se o mesmo se recusasse à venda, Tício somente iria à padaria situada no mesmo
quarteirão, compraria pão, o envenenaria, praticando o desejado homicídio contra Marta.
Vender o pão não melhora a situação do bem jurídico vida de Marta, pois que essa prestação
pode ser facilmente obtida em qualquer outro lugar.
→ As ações neutras podem ser definidas, na esfera do concurso de pessoas, como condutas de
intervenção no injusto penal alheio, gerando uma discussão sobre a incidência da imputação
objetiva no âmbito da participação punível. Não há ações neutras de per si, sendo que a
conduta do partícipe torna-se típica quando apresenta uma conexão de risco com a conduta
praticada pelo autor principal.
Não há distinção entre autor e partícipe. Há distinção entre autor e partícipe. Considera o desvio subjetivo. É utiliza
É a regra no CP como exceção. Ex.: Aborto c
consentimento
ESPÉCIES DE ACESSORIEDADE
c) EXTREMADA: somente se o fato for típico, ilícito e culpável. Se o autor for inimputável o
partícipe não será punido.
Art. 29 § 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
A) Circunstâncias: dados acessórios do crime que agravam ou atenuam a pena e cuja ausência
não excluem o crime.
Poderão ser:
B) Elementares: dados essenciais que compõem a própria descrição do fato típico e cuja
ausência exclui ou altera o crime.
Questão: O advogado que induz testemunha a mentir pratica qual crime? Para a doutrina, a
testemunha responderá por falso testemunho e o advogado pela participação. Entretanto, o
STF entende que responderão ambos por falso testemunho em coautoria (T. domínio do fato).
ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS
Desaparecendo uma elementar, o crime desaparecerá São dados acessórios que não interferem no crime
Quando agregada ao fato interfere no tipo Quando agregada ao fato interfere na pena
Subjetivas: motivo do crime; estado anímico do agente; Subjetivas: é a exceção. Caráter pessoal do agente. Em reg
condição pessoal do autor não se comunica, salvo se o partícipe souber da circunstânci
Obs.: A imposição da pena depende do devido processo legal, portanto, transação penal não é
pena! E sim medida despenalizadora.
-FUNDAMENTOS DA PENA
Obs.: Para Kant a pena é imperativo categórico de justiça, que é uma forma pré-concebida de
razão.
Ético-individual: Permite ao delinquente liberar-se de algum sentimento de culpa. O objetivo é
purificar o condenado e reconciliar com a divindade, exige um sincero arrependimento na
confissão.
-FINALIDADES DA PENA
ESCOLA CLÁSSICA – Carrara: A pena surge como forma de prevenção de novos crimes, defesa
da sociedade. É necessidade ética, para reequilíbrio do sistema: punitur quia peccatum est.
ESCOLA PENAL HUMANISTA – Lanza: A pena tem o objetivo de educar o culpado, nasce aqui a
ressocialização.
ESCOLA PENAL TÉCNICO JURÍDICA – Manzini: A pena surge como meio de defesa contra a
perigosidade do agente, tem por objetivo castigar o delinquente.
ESCOLA MODERNA ALEMÃ – Von Lizst: Instrumento de ordem e segurança social, função
preventiva geral e negativa (coação psicológica).
Obs.: Para Hegel a pena é a negação da negação do Direito, a pena anula o crime no mundo
normativo, e assim reafirma o direito. Com a prática do crime, o infrator propõe uma nova
ordem racional que contraria a ordem jurídica, a pena anula essa proposta do criminoso,
reafirmando a ordem jurídica.
Sob o enfoque da prevenção especial negativa, a pena deve servir para inibir a reincidência.
Funda-se a idéia de inocuização do condenado, afastando-o do convívio social. Não se
confundindo com a prevenção especial positiva, onde a preocupação é a ressocialização do
delinquente.
Por fim, temos os ecléticos, responsáveis pela reunião das teorias absolutas e preventivas.
Entendem que não é possível dissociar uma e outra finalidade da pena, porque a imposição da
sanção penal é sempre um castigo e um meio para prevenir (prevenção geral e especial). É a
teoria adotada no Brasil, polifuncionalidade da pena ou tríplice finalidade.
Obs.: Na fase da sentença não se tem a pretensão de fazer da decisão um exemplo para outros
possíveis infratores, em nome da prevenção geral, sob pena de violação do princípio da
individualização da sanção penal. A preocupação do juiz deve ser o delinquente.
-JUSTIÇA RESTAURATIVA: Tem adquirido cada vez mais importância no cenário jurídico-penal,
pois, baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da infração penal,
quebra a dualidade da função da pena (retribuição e prevenção), dando maior importância à
restauração do cano causado. Ex: 9.099/95 e a alteração do CPP que permitiu ao juiz criminal
fixar na sentença condenatória fixar valor mínimo indenizatório à vítima.
-PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA
Princípio da Legalidade: É composto por Reserva Legal + Anterioridade. Não há pena sem lei
anterior aos fatos.
É absoluto ou relativo?
1ª corrente: Relativo, eis que a perda de bens (confisco) pode ser estendida aos sucessores.
Gêmeos Xifópagos: Entende o doutrinador Bento de Faria que a decisão deve ser proferida em
favor da liberdade. Em sentido contrário, Flávio Monteiro de Barros entende que haverá uma
sentença condenatória, mas o cumprimento da pena ficará suspensa até a prescrição do crime
ou até que o outro irmão seja agente ativo de outro, eventual e posterior, crime praticado.
Obs.: Traficante privilegiado pode receber pena de 1 ano e 8 meses, existe tese do MP de que
esta pena esta aquém do necessário para tutelar o bem jurídico saúde pública.
b) Plano concreto: o julgador, antes de estabelecer a reprimenda, deverá observar, dentro dos
limites estabelecidos pela lei, as circunstâncias e as características da prática da infração penal,
para, somente após, aplicá-la em concreto
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: A ninguém pode ser imposta uma pena ofensiva à
dignidade humana, vedando-se reprimenda indigna, cruel, desumana ou degradante.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
Obs.: Para Zaffaroni, morte não é pena, eis que não observa as finalidades de prevenção e
ressocialização. Rogério Sanches entende que há sim a finalidade da prevenção.
Obs.: Para a doutrina, existem outras duas exceções de pena de morte, a lei do abate e a lei de
crimes ambientais, que encerra as atividades da pessoa jurídica, configurando sua “morte”.
b) de caráter perpétuo;
Súmula 527 STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
c) de trabalhos forçados;
No Brasil nenhum preso pode ser obrigado a cumprir pena mediante trabalhos forçados. Essa
pena proibida não se confunde, de modo algum, com o trabalho estabelecido na Lei de
Execução Penal (Lei n° 7.21 0/84) , que, embora seja obrigatório (art. 31) e constitua dever do
preso (art. 38, V) , não é pena, possui finalidade educativa e produtiva (art. 28), sendo, ainda,
remunerado (art. 29).
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: (Rol
Exemplificativo)
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
O legislador ordinário, atento à CF, anuncia 3 espécies de penas: PPL (Reclusão, detenção,
prisão simples).; PRD e Multa.
Previstas nos artigos 43 a 48, do Código Penal, as penas restritivas de direito podem ser:
prestação de serviços à comunidade, limitação de fins de semana, interdição temporária de
direitos, prestação pecuniária, perda de bens e valores.
-PENA DE MULTA
Também estabelecida no artigo 32 do Código Penal, a pena de multa tem seu regramento no
artigo 49 e seguintes do Código Penal. Advertimos, desde já, que a pena de prestação
pecuniária não se confunde com a pena de multa.
Obs.: Penas não previstas no Código Penal mas que não violam a CF. Ex: Pena de advertência
(lei de drogas); Degredo (designar durante algum tempo lugar fixo de residência para o
condenado; Desterro (Proibição de habitar no lugar de sua residência ou residência da vítima).
-APLICAÇÃO DA PENA
Corno garantia do cidadão, não há pena sem prévia cominação legal, devendo o legislador, na
sua criação, observar a proporcionalidade da resposta estatal em relação ao bem jurídico
tutelado.
Praticada a infração penal, nasce para o Estado o direito de aplicar a sanção abstratamente
cominada, forma de retribuir o mal causado e meio (supostamente eficaz) de inibir a
reincidência. Para tanto, exige-se o devido processo legal, que se encerra com a sentença, ato
judicial que impõe ao acusado a pena individualizada de acordo com a gravidade do crime e as
condições pessoais do condenado.
Obs.: Transação penal não é pena, logo, não gera titulo executivo e não pode ser executada.
Devendo o MP retomar o processo e oferecer a denúncia.
Fixação da Pena Privativa de Liberdade: O primeiro passo após a condenação é calcular a pena
a ser aplicada, e o Brasil adotou o sistema trifásico, também chamado de Nelson Hungria,
previsto no artigo 68 do CP.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
O fato de o crime de corrupção passiva ter sido praticado por Promotor de Justiça no
exercício de suas atribuições institucionais pode configurar circunstância judicial
desfavorável na dosimetria da pena. Isso porque esse fato revela maior grau de
reprovabilidade da conduta, a justificar o reconhecimento da acentuada culpabilidade, dadas
as específicas atribuições do promotor de justiça, as quais são distintas e incomuns se
equiparadas aos demais servidores públicos “latu sensu”. (Info STJ 552).
Em ação penal decorrente da prática de corrupção passiva praticada por membro vitalício do
Ministério Público Estadual, não é possível determinar a perda do cargo com fundamento no
art. 92, I, a, do CP. As regras sobre a perda do cargo de membro do Ministério Público
estadual estão previstas na Lei 8.625/93, que, por ser norma especial, prevalece sobre o
Código Penal (norma geral). (Info STJ 552).
Ainda que condenado por crime praticado durante o período de atividade, o servidor público
não pode ter a sua aposentadoria cassada com fundamento no art. 92, I, do CP, mesmo que
a sua aposentadoria tenha ocorrido no curso da ação penal. O rol do art. 92 do CP é taxativo
e nele não está prevista a perda da aposentadoria. (Info STJ 552).
O método trifásico tem por objetivo viabilizar o direito de defesa, explicando para o réu os
parâmetros que conduziram o juiz na determinação da reprimenda.
ATENÇÃO: O CP não fixou o quantum para as circunstâncias judiciais, ficando a critério do juiz,
que deve sempre fundamentar a sua decisão. A jurisprudência sugere 1/6 de aumento para
cada circunstância desfavorável, a doutrina sugere 1/8.
Segundo decidiu o STJ, compensa-se a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d",
do CP) com a agravante de ter sido o crime praticado com violência contra a mulher (art. 61,
II, "f", do CP).(Info STJ 568)
É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP) com a
agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV). (Info STJ 577)
2ª corrente: Aplica-se por analogia o 67 (circunstâncias e agravantes), só podendo ser aplicado
se favorecer o réu.
Culpabilidade: Não se confunde com a culpabilidade substrato do crime. Aqui significa o maior
ou menor grau de reprovabilidade da conduta do agente, de acordo com o STJ.
Antecedentes: Representa a vida pregressa do agente. Fatos posteriores ao crime não são
considerados nesta etapa.
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem
ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. (Info STF 772).
O fato de o réu já ter praticado atos infracionais anteriormente não pode ser considerado
para fins de reincidência nem se caracteriza como maus antecedentes. No entanto, tais atos
infracionais podem servir para justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva
como garantia da ordem pública. (Info STJ 554).
Somente as condenações definitivas que não configuram reincidência que podem gerar maus
antecedentes, ou seja, aquelas praticadas após 5 anos do término do cumprimento da pena.
O fato de a vítima não ter contribuído para o delito é circunstância judicial neutra e não
implica o aumento da sanção. (Info STJ 532).
Caso o Tribunal, na análise de apelação exclusiva da defesa, afaste uma das circunstâncias
judiciais (art. 59 do CP) valoradas de maneira negativa na sentença, a pena base imposta ao
réu deverá, como consectário lógico, ser reduzida, e não mantida inalterada. (Info STJ 573)
ATENÇÃO: Também não foi anunciado o quantum para esta etapa, ficando a critério do juiz,
que deve sempre fundamentar a decisão. Também se limita aos mínimos e máximos legais.
Súmula 231 STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
Caso o réu tenha confessado a prática do crime (o que é uma atenuante), mas seja reincidente
(o que configura uma agravante), qual dessas circunstâncias irá prevalecer? 1ª) Posição do STJ:
em regra, reincidência e confissão se COMPENSAM. Exceção: se o réu for multirreincidente,
prevalece a reincidência. 2ª Posição do STF: a agravante da REINCIDÊNCIA prevalece. (Info
STJ 555).
-AS AGRAVANTES
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime.
Exceções: quando constituem ou qualificam o crime; quando a pena base for fixada no
máximo; quando a atenuante for preponderante
Em regra, só incidem sobre os crimes dolosos, devendo ficar demonstrado que o agente tinha
conhecimento de sua existência. Salvo no caso da agravante de reincidência, também aplicável
aos culposos.
A maioria entende que o crime preterdoloso deve ser tratado como culposo, incidindo só a
reincidência. Sanches entende que deve ser tratado como doloso.
Obs.: Uma única vez foi aplicada além da reincidência, outras agravantes nos crimes culposos,
foi a agravante do motivo torpe (ganância), no caso do Bateau Mouche, navio superlotado no
Reveion do RJ.
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que
o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes,
embora nenhuma tenha sido alegada.
-A REINCIDÊNCIA
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem
ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. (Info STF 791)
Obs.: Estima-se que a reincidência em crimes apenados com pena privativa de liberdade seja
de 80%/95% enquanto que nas penas restritivas de direito seja de 7%/12%.
Obs.: Contravenção + Crime não gera reincidência por falta de previsão legal.
Obs.: Não há necessidade de homologação pelo STJ de sentença condenatória estrangeira para
caracterizar a reincidência:
Obs.: Após o período depurador a condenação não gera reincidência, somente maus
antecedentes.
A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da
extinção da pena, poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período
depurador, ainda será possível considerar a condenação como maus antecedentes? 1ª
corrente: SIM. Posição do STJ. 2ª corrente: NÃO. Posição do STF. (Info STF 799)
Obs.: Os militares impróprios (furto) são considerados para reincidência e crime militar próprio
seguido de novo militar próprio também gera reincidência.
Obs.: A prova da reincidência deve ser feita através de certidão cartorária. Contudo, o STJ tem
flexibilizado esta exigência, admitindo a comprovação através de folha de antecedentes
criminais. Nesse sentido: "A falta de certidão cartorária não impede a aplicação da agravante
da reincidência, o que pode ser feito com base na folha de antecedentes."
Reincidência real: Ocorre quando o agente comete novo crime após ter efetivamente
cumprido a totalidade da pena pelo crime anterior (e antes do prazo de cinco anos - período
depurador).
Reincidência ficta: O agente comete novo crime após ter sido condenado definitivamente, mas
antes de ter cumprido a totalidade da pena do crime anterior (o prazo da caducidade da
reincidência sequer começou a correr).
Súmula 241 STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante
e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Exceção: A não ser que sejam fatos distintos. Exemplo: uma condenação anterior em furto
para maus antecedentes e outra em estelionato para a reincidência.
Obs.: Parte considerável da doutrina compreende que a reincidência, por si só, gera bis in
idem, na medida em que pune novamente o agente por um fato pelo qual ele já foi
condenado, mas esta corrente é minoritária. STJ/STF entendem que a conduta do reincidente
merece maior reprovabilidade, preponderando o princípio da individualização da pena, que
é mandamento constitucional, não se pode punir o primário e o reincidente com a mesma
pena!
É possível a aplicação da agravante genérica do art. 61, II, "c", do CP (traição, emboscada,
dissimulação) nos crimes preterdolosos, como o delito de lesão corporal seguida de morte.
(Info STJ 541).
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível
em virtude de condição ou qualidade pessoal;
-AS ATENUANTES
Exceções: Quando a atenuante já constitui ou privilegia o crime; quando a pena base foi fixada
no mínimo;
Súmula 231 STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
Obs.: Parte da doutrina critica esta súmula, dizendo que esta súmula viola o princípio da
legalidade, porque não há previsão legal.
-PRINCIPAIS ATENUANTES
1) Ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na
data da sentença.
Obs.: A confissão policial não configura esta atenuante, se houve retratação em juízo, salvo se
utilizada para embasar fundamentar a sentença condenatória.
Súmula 545 STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
O fato de o denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo ter confessado a
subtração do bem, apesar de ter negado o arrombamento, é circunstância suficiente para a
incidência da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque mesmo
que o agente tenha confessado parcialmente os fatos narrados na denúncia, deve ser
beneficiado com a atenuante genérica da confissão espontânea. (Info STJ 569)
O fato de o denunciado por roubo ter confessado a subtração do bem, negando, porém, o
emprego de violência ou grave ameaça, é circunstância que não enseja a aplicação da
atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque a atenuante da
confissão espontânea pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é
imputado. Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a prática do roubo denunciado, pois
negou o emprego de violência ou de grave ameaça para subtrair o bem da vítima, numa
clara tentativa de desclassificar a sua conduta para o crime de furto. Nesse contexto, em que
se nega a prática do tipo penal apontado na peça acusatória, não é possível o
reconhecimento da circunstância atenuante. (Info STJ 569)
Ou seja, se confessa o tipo penal da denúncia, mas nega a qualificadora, incide a atenuante.
Porém, se nega o próprio tipo penal, na tentativa de desqualificar, não incide a atenuante.
3) Atenuantes inominadas.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Esta teoria parte da idéia de que a sociedade, muitas vezes, é desorganizada, discriminatória,
excludente, marginalizadora, criando condições sociais que reduzem o âmbito de
determinação e liberdade do agente, contribuindo, portanto, para o delito. Essa postura da
sociedade deve ser em parte compensada, arcando com parcela da reprovação.
A teoria é fortemente criticada no sentido de que parte da premissa que a pobreza é causa do
delito; pode conduzir à redução de garantias quando se trata de processar o rico e continua
ignorando a seletividade do poder punitivo.
Quem conta com alta vulnerabilidade (de sofrer a incidência do Direito penal), e esse é caso de
quem não tem instrução, nem status, nem condições de 'pagar advogado', nem família, nem
diploma etc., teria a sua culpabilidade reduzida (todas essas circunstâncias levariam a uma
diminuição de pena. Ao contrário, aquele que desfruta de baixa vulnerabilidade (quem conta
com status, boa educação, diploma etc.) teria mais intensa culpabilidade.
Obs.: O quantum das causas de aumento e diminuição possui previsão legal, seja na parte
geral, especial ou na legislação extravagante, e podem ser em quantidade fixa ou variável.
1) Duas causas previstas na parte geral. O juiz deve aplicar as duas. Deve, contudo, observar o
PRINCÍPIO DA INCIDÊNCIA ISOLADA (O segundo aumento recai na pena originária, e não na
aumentada).
3) Uma na parte geral + outra na especial: O juiz aplica as duas, observado o princípio da
incidência isolada.
1) Duas causas previstas na parte geral: O juiz deve aplicar as duas e observar o PRINCÍPIO DA
INCIDÊNCIA CUMULATIVA. (mais favorável)
2) Duas causas previstas na parte especial: No concurso de causas de aumento ou de diminuição
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
3) Uma na parte geral + outra na especial: O juiz deve aplicar as duas e observar o PRINCÍPIO DA
INCIDÊNCIA CUMULATIVA.
Quando o juiz se deparar com uma causa de aumento concorrendo com uma causa de
diminuição (não importando em qual parte do Código estão estampadas), deve aplicar as duas,
observando, na operação, o princípio da incidência cumulativa, além de primeiro aumentar e
depois diminuir.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A
de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§ 1º - Considera-se:
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8
(oito), PODERÁ, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
Obs.: PODERÁ, eis que a depender das circunstâncias, o juiz pode estabelecer regime mais
gravoso.
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.
ATENÇÃO: Se ele for reincidente, fechado! PODENDO ser o semi-aberto, desde que possua
circunstâncias judiciais favoráveis. (Súmula 269 STJ).
Quantum da pena;
Eventual reincidência;
Circunstâncias judiciais;
Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
Isto porque, o reincidente deveria pegar o regime mais rigoroso, vale dizer, o fechado.
Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.
Súmula 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.
Ex: o roubo em análise foi grave, pois praticado com arma de grosso calibre, contra vítima
idosa...
Se o juiz fixou a pena base no mínimo legal com fundamento no 59, ele pode fixar regime
inicial mais severo com base também no 59?
De acordo com a maioria, nada impede que o magistrado fixe a pena base no mínimo impondo
regime prisional mais grave, desde que fundamente a decisão.
Súmula 440 STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.
GUILHERME NUCCI discorda: "Pensamos ser muito difícil para o magistrado separar
completamente os requisitos do art. 59 em duas fases distintas, conseguindo argumentos
suficientes para dar pena mínima, ao mesmo tempo em que extrai outros para estabelecer
regime mais severo. Afinal, se o crime é grave - não pela simples descrição típica, mas pelos
aspectos fá ticos que envolve -, a pena não deveria situar-se no mínimo, atendendo-se ao
disposto nos elementos 'circunstâncias e consequências do crime' , previstos no art. 59.”
-DETENÇÃO
Aplicada pena superior a 4 (quatro) anos, o juiz sentenciante fixará o regime inicial semi-
aberto, seja o condenado primário ou reincidente, já que na Detenção não tem regime
fechado.
Quando imposta pena não superior a 4 (quatro) anos, o regime inicial poderá ser o aberto,
desde que primário o condenado.
Ou seja...a detenção não pode começar no regime fechado, mas pode ser cumprida no
fechado por meio da regressão.
Ao fixar o regime inicial de pena, o juiz deve observar o tempo cumprido em prisão provisória?
Ou seja... a partir de 2012, o juiz deverá observar a prisão provisória, anteriormente a isso não
havia tal necessidade, a detração só se aplicava na fase de execução penal.
Ex: Se o cara condenado a 8 anos e 1 mês, já cumpriu 90 dias de provisória, poderá pegar o
semi aberto ao invés do fechado.
ATENÇÃO: De acordo com Rogério Sanches, a detração só é capaz de permitir regime prisional
menos rigoroso se o tempo de prisão provisória coincidir com o requisito temporal da
progressão.
Ex: O sujeito ficou preso preventivamente 90 dias, ele foi condenado a 8 anos e 1 mês. Para
progredir, deveria cumprir 1/6 da pena, ou seja, 1 ano e 4 meses. Caso contrário, aquele que
aguardou o processo em liberdade seria prejudicado se comparado àquele que ficou preso
preventivamente.
É inviável aplicar o instituto da detração penal nos processos relativos a crimes cometidos
após a custódia cautelar. (Info STJ 476).
-PENAS ALTERNATIVAS
Fixada a pena privativa de liberdade e determinado o regime prisional para o seu inicial
cumprimento, deve o juiz verificar a possibilidade de SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR PENAS
ALTERNATIVAS OU MODIFICAR A SUA EXECUÇÃO.
Penas alternativas: Restritivas de direitos ou multa. Substituem, a PPL (de curta duração),
restringindo direitos do condenado.
Modificar a sua execução: Sursis ou livramento condicional. Mantêm a PPL, mas modificam a
sua execução (evitando prisão), mediante condições. São medidas alternativas.
-RESTRITIVAS DE DIREITOS
De acordo com a maioria da doutrina, a sanção alternativa deve ser compreendida como um
direito público subjetivo do réu, vale dizer, se presentes as exigências legais, impõe-se a sua
concessão.
Essas são as do CP, mas o Estatuto do torcedor, a lei de crimes ambientais e a lei de drogas
trazem outras penas restritivas de direito.
Características:
a) Autonomia: As PRDs não podem ser cumuladas com PPL. (Em regra)
b) Substitutividade: O juiz primeiro fixa a PPL anunciando seu regime prisional, depois, na
mesma sentença, substitui a privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Prazo de duração da PRD: Antes de 98 era o mesmo prazo da PPL. Contudo, após a alteração
de 1998:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
Obs.: Se houver concurso de crimes, deve-se levar em consideração o total das penas.
Obs.: Nos crimes de lesão corporal leve, ameaça e constrangimento ilegal admite-se a
substituição, em que pese o código penal vede para os crimes com violência ou ameaça, a lei
9.099/95 incentiva a substituição nesses casos, e valendo-se de uma interpretação sistemática,
deve ser aplicada. (Por óbvio, não se admite em casos de lei Maria da Penha).
Obs.: Na Lei dos crimes Ambientais deve ser inferior a 4 anos; Ou seja, no CP admite se for
exatos 4 anos, enquanto na LCA se for exatos 4 anos não será admitida a substituição.
Não cabe a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito quando o
crime for cometido com violência. (Informativo STF 702)
Obs.: Esta regra é relativizada pelo § 3º que diz que poderá ser haver a substituição se o réu
não for reincidente específico e se a medida for socialmente recomendável. (Princípio da
suficiência da pena alternativa, vale dizer, atingir os fins da pena)
ESQUEMATIZANDO...
Obs.: No caso de crime culposo independe da quantidade de pena. Quanto aos preterdolosos,
prevalece que deve observar os mesmos requisitos (Embora seja um crime doloso de resultado
culposo...).
Obs.: O CPM não prevê PRDs, e a omissão foi intencional, logo, não se admite a na analogia.
(Vale lembrar que no Direito Penal são necessários dois requisitos para analogia: benefício ao
réu e a omissão involuntária)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
ESQUEMATIZANDO...
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face
de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime
Ex: Foi condenado a 1 ano e descumpriu no 8º mês, ele irá cumprir os 4 meses restantes de
privativa de liberdade. (Detração)
Se compatíveis, não gera conversão. Ex: Regime aberto + prestação de serviços à comunidade.
Se não forem compatíveis, deve determinar a conversão da PRD em PPL e somar as duas PPL
pra ver quanto tempo de pena ele deverá cumprir.
-PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
Consiste no confisco de bens e valores do condenado em valor que não pode superar o lucro
aferido ou o prejuízo causado pelo crime, tomando-se como teto o que for maior . Há grande
divergência entre os autores sobre a possibilidade de a decretação da perda atingir ou não
bens lícitos do condenado, ou se apenas os bens de origem ilícita poderiam ser confiscados.
Obs.: Não se confunde com os efeitos da condenação de perdas dos produtos e proveitos do
crime. (Art. 91, II).
O trabalho desenvolvido pelo réu – ou melhor, as tarefas que lhe são atribuídas –, não é
remunerado (art. 30, LEP), posto que inexiste qualquer vínculo empregatício entre aquele e o
Estado. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação de liberdade, de forma que, imposta pena
igual ou inferior àquele limite, a substituição é admitida, em tese, somente pelas demais
espécies (art. 43, I, II, V e VI). O escopo primeiro de tal pena é a reinserção social do
condenado, sem que este sofra os dissabores que o cumprimento de eventual pena privativa
de liberdade poderia lhe trazer.
A reforma penal de 84 criou, como uma das espécies de penas restritivas de direitos, a
limitação de fim de semana, também chamada de prisão de fim de semana. Por ela o
condenado teria substituída, em certas condições, a pena privativa de liberdade fixada, pela
obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas, em casa de albergado
ou em estabelecimento adequado. A lei não fala em dias feriados, obrigando à sua exclusão.
-PENA DE MULTA
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse
salário.
1ª corrente: Analisar o artigo 68 (sistema trifásico). (Greco, Nucci, Paulo Queiroz, André
Estefam e Cleber Masson)
2ª ETAPA: Será fixado o valor do dia multa, mínimo de 1/30 e máximo 5x o salário mínimo.
1ª corrente: A multa irrisória não deve ser executada em juízo, já que o Poder Público arcará
em sua cobrança com valor superior ao que será ao final arrecadado, e o condenado sequer
suportará o caráter retributivo da pena.
2ª corrente: A cobrança em juízo é obrigatória. Pouco importa o seu valor: pena de multa é
pena, incidindo sobre ela os princípios da imperatividade da sua aplicação e da
inderrogabilidade de seu cumprimento. É a dominante.
Pagamento voluntário
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a
sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir
que o pagamento se realize em parcelas mensais.
2a corrente: a competência para a execução da pena de multa continua sendo do Juiz das
Execuções Criminais, bem como a legitimidade para a sua promoção continua sendo do
Ministério Público, mas o rito a ser seguido é o previsto na Lei de Execuções Fiscais (Súmula 2
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais) .
O Ministério Público não possui legitimidade para executar a pena de multa (Súmula 521-
STJ). No entanto, ele possui legitimidade para, antes do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória, propor medidas acautelatórias destinadas a garantir o pagamento da
multa (Info STJ 558).
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Multa substitutiva
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser
substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
Súmula 171 STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e
pecuniária, é defesa a substituição da prisão por multa.
Obs.: Na Lei Maria da Penha veda-se a substituição de pena que implique o pagamento isolado
de multa.
É um instituto de política criminal, que suspende por certo tempo (período de prova), a
execução da pena privativa de liberdade. Por ser condicional, fica o sentenciado em liberdade
sob determinadas condições. Nosso código adotou o sistema originário da França (embora a
Bélgica tenha sido a primeira a adotar). Daí a denominação sursis (isto é, suspenso), que
advém da expressão sursis l’exécution de la peine.
Trata-se de um benefício subsidiário, sendo indicado quando não couber a pena alternativa. O
instituto é aplicado na sentença condenatória, de modo que pressupõe reconhecimento
expresso da culpabilidade do agente.
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
Obs.: Embora esteja escrito poderá, trata-se de um direito público subjetivo do réu, de acordo
com a doutrina majoritária e o STJ.
Durante a suspensão condicional da pena, não corre prazo prescricional. (Info STF 744)
-SISTEMAS
Obs.: Na Inglaterra e nos Estados Unidos, a prática nesse assunto iniciou-se no mecanismo das
leis assistenciais dos menores infratores, estendendo-se, depois, ao Direito Penal comum,
como medida de política criminal igualmente proveitosa para o criminoso adulto. Segundo
este sistema, “o magistrado, sem aplicar pena, reconhece a responsabilidade penal do réu,
submetendo-lhe a um período de prova, no qual, em liberdade, deve ele comportar-se
adequadamente. Se o acusado não agir de forma correta, o julgamento é retomado, com a
consequente prolação de sentença condenatória e imposição de pena privativa de liberdade
1) Sursis simples
3) Sursis etário
4) Sursis humanitário
Requisitos: Razões de saúde, doença que não possa ser tratada no cárcere.
PRESSUPOSTOS E REQUISITOS
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, NÃO SUPERIOR A 2 (DOIS) anos, poderá
ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código
§ 2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de
idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46)
ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
Sursis especial:
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as
circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
cumulativamente:
-CAUSAS DE REVOGAÇÃO
1) Obrigatórias
Obs.: Não importa a infração penal cometida, desde que seja dolosa. Pode ser praticada antes
ou depois do período de prova. Revogação automática.
Obs.: Rogério Greco aduz que se a condenação for somente a pena de multa, não será causa
obrigatória de revogação.
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano;
ATENÇÃO: A primeira parte foi tacitamente revogada pela lei 9.268/96, que não mais permite
conversão de pena de multa em privativa de liberdade.
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (não presta serviço ou limitação de
fds)
2) Facultativas
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
Súmula 715 STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o LIVRAMENTO CONDICIONAL ou regime mais favorável de execução.
Súmula 441 STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional. (mas interrompe prazo para progressão)
Obs.: O tráfico privilegiado não é tipo autônomo então recebe os mesmos rigores dos crimes
hediondos.
-CONCURSO DE CRIMES
Dá-se o concurso de crimes quando o agente com uma ou várias condutas, realiza pluralidade
de crimes.
ATENÇÃO: Pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie: comissivos e omissivos; dolosos e
culposos; consumados e tentados; simples e qualificados; crimes e contravenções penais;
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-
se primeiro aquela.
Requisitos: Pluralidade de condutas; pluralidade de crimes.
Sistema do cúmulo material: Por intermédio deste sistema, o juiz primeiro individualiza a pena
de cada um dos crimes praticados pelo agente, somando todas ao final.
Obs.: Quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa
("sursis"), por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição por restritivas de
direitos (art. 69, § 1 °, do CP) .
Obs.: Sendo aplicadas duas penas restritivas de direitos, é possível que o condenado cumpra
ambas simultaneamente, desde que sejam compatíveis entre si. Não sendo, deverá cumpri-las
sucessivamente.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Requisitos: Unidade de conduta (pode ser dividida em vários atos); pluralidade de crimes.
Ex: Roubar 6 passageiros de um ônibus, para o STF, é uma conduta dividida em 6 atos.
Obs.: Se num único contexto duas pessoas têm seu patrimônio ameaçado, sendo que uma
delas foi efetivamente roubada, configura-se concurso formal de crimes em sua forma
homogênea. Porém, se a conduta do agente é direcionada a apenas um patrimônio, há crime
único, ainda que mais de uma pessoa seja submetida a violência ou grave ameaça.
Obs.: Se uma pessoa estiver na posse de bens de outra pessoa, será crime único também.
Sistema da exasperação. Neste, o juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para os
vários crimes praticados pelo agente. Em seguida, majora essa pena de um quantum
anunciado em lei, um sexto até a metade.
Obs.: A pena não pode ficar maior do que seria adotada no cumulo material.
B) Teoria da ficção jurídica: a continuidade delitiva é mera criação da lei, uma ficção (só existe
no campo abstrato da norma, pois na realidade, o que se vê são vários crimes praticados pelo
agente). Veja que não é possível considerar que todas as condutas delitivas são apenas partes
de um todo, sendo um crime único (como define a teoria anterior), porque se assim o fosse, o
legislador não apresentaria uma solução diversa de exasperação da pena, sendo que seria
aplicado a pena como ocorre na realização de qualquer crime. Essa é a teoria encampada pelo
nosso código penal.
C) Teoria da unidade jurídica ou mista: o crime continuado não é uma unidade real (primeira
teoria) e nem ficção jurídica, sendo uma realidade própria, uma figura própria, uma solução
jurídica criada para um fim específico. Não há unidade (1ª teoria) ou pluralidade (2ª teoria) de
crimes, mas sim um terceiro crime, o "crime de concurso", legalmente unificado pela unidade
do aspecto subjetivo.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-
lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Mesma espécie: Previsto no mesmo tipo, protegendo igual bem jurídico. Não cabe
continuidade delitiva entre roubo e latrocínio, pois protegem bens jurídicos diferentes.
Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei 7.492/86 (Lei dos Crimes
contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dos
Crimes de "Lavagem" de Dinheiro). Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois
os crimes descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/86 e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma
espécie. (Info STJ 569)
Condições de tempo: De acordo com a jurisprudência, até 30 dias. Exceto os crimes contra a
ordem tributária.
Maneira de execução: A lei exige semelhança e não identidade, que se traduz no modus
operandi de realizar a conduta delitiva.
Obs.: STJ: A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido da aplicação da teoria
OBJETIVA-SUBJETIVA, pela qual o reconhecimento da continuidade delitiva dependente tanto
do preenchimento dos requisitos objetivos (tempo, modus operandi, lugar, etc.), como do
elemento subjetivo, qual seja, a unidade de desígnios.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Obs.: A Súmula n° 605 do Pretório Excelso anuncia que "não se aplica continuidade delitiva aos
crimes contra a vida". Ocorre que a referida Súmula é anterior à reforma de 1984, que alterou
o artigo em comento (art. 71), autorizando a continuidade delitiva, mesmo nos crimes
cometidos com violência ou grave ameaça. Parece-nos, portanto, que o entendimento
sumulado está superado.
Obs.: O concurso de crimes influencia diretamente na aplicação da pena, devendo ser levado
em consideração para fim de fixação da competência, sendo assim, se desse somatório
resultar um apenamento superior a 02 (dois) anos, fica afastada a competência do juizado
Especial.
→ Esta Corte já se posicionou no sentido de que, nas situações em que configuradas as duas
hipóteses de aumento da pena concernentes ao concurso formal e à continuidade delitiva,
admite-se apenas uma exacerbação, qual seja, aquela relativa ao crime continuado, sob pena
de bis in idem. (STJ)
-MEDIDA DE SEGURANÇA
Prazo
Súmula STJ 527: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
Perícia médica
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de
ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.
Obs.: O fato não precisa ser típico, a exemplo de furto de uso ou furto insignificante, que
indicarão a continuação da periculosidade, devendo a decisão ser motivada, por óbvio.
Obs.: Não se trata de regressão, pois não tem finalidade punitiva, mas sim curativa.
E se o agente capaz na data da conduta, mas que desenvolve anomalia psíquica no curso da
execução da pena? Superveniência da doença mental.
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de
Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença
mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a
substituição da pena por medida de segurança.
Deve-se buscar, perante o juízo cível, a interdição do agente (figurando o Ministério Público
como legitimado ativo), demonstrando-se a necessidade da internação cível para a proteção
do paciente ou da sociedade.
Se o réu estava cumprindo pena privativa de liberdade pelo crime 1 e, em outra ação penal,
recebeu medida de segurança de internação pela prática do crime 2, isso não significa que a
pena privativa de liberdade que estava sendo executada deva ser convertida em medida de
segurança. Neste caso, após terminar de cumprir a medida de internação, não há óbice que
seja determinado o cumprimento da pena privativa da liberdade remanescente. Isso não viola
o sistema vicariante, considerando que este somente proíbe a imposição cumulativa ou
sucessiva de pena e medida de segurança referente a um mesmo fato. No caso concreto, eram
dois fatos distintos. (Info STJ 579)
-EFEITOS DA CONDENAÇÃO
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso,
porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos,
sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime
doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.
Obs.: A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos impede a
perda do cargo ou função pública.
-REABILITAÇÃO
É uma medida jurídica de política de criminal que garante ao condenado o sigilo do seu
processo e condenação, podendo também suspender determinados efeitos extra-penais
ordenados na sentença. Notam-se, duas finalidades da medida:
SIGILO DA CONDENAÇÃO
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões
fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à
condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos
expressos em lei.
Rogério Greco: Sendo assim, a Reabilitação não tem utilidade alguma, pois o artigo 202 da LEP
é mais vantajoso.
Cleber Masson: Entende que os dispositivos coexistem, "O sigilo assegurado pela reabilitação
é mais amplo, pois as informações por ele cobertas somente podem ser obtidas por requisição
(ordem), não de qualquer integrante do Poder Judiciário, mas exclusivamente do juiz criminal.
É o que se extrai do art. 748 do Código de Processo Penal"
O instituto presta-se para suspender tais efeitos. Entretanto, o art. 93, parágrafo único,
anuncia que, nas situações dos incisos I (perda de cargo, função pública o mandato eletivo) e II
(incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela) , a reabilitação é parcial,
vedando a reintegração na situação anterior.
Ou seja... Pode voltar a exercer função pública, mas não voltar ao mesmo cargo. Pode voltar a
exercer o poder familiar, mas jamais sobre o filho vítima do crime.
Obs.: A reabilitação não impede a reincidência de crime futuro, eis que não rescinde a
condenação, permanecendo todos os seus efeitos penais secundários.
-REQUISITOS DA REABILITAÇÃO
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de
prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado:
Obs.: O prazo é o mesmo para primário ou reincidente.
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de
o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o
pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
-PRESCRIÇÃO PENAL
Obs.: A tortura é prescritível pela CF, mas aparece como imprescritível em alguns tratados
internacionais ratificados pelo Brasil. Ex: Estatuto de Roma. Em razão deste fato, discute a
doutrina se a tortura seria prescritível ou não no Brasil. Não há decisões nos tribunais
superiores reconhecendo a imprescritibilidade da tortura na seara penal. (Na seara cível, o STJ
entendeu que as indenizações por torturas praticadas no regime militar são imprescritíveis).
Em abstrato: Artigo 109 CP. Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do delinquente, deve
anunciar até quando essa punição lhe interessa. Sendo incerto o quantum da pena que será
fixada, o prazo prescricional é resultado da combinação da pena máxima prevista
abstratamente no tipo e a escala do artigo 109.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime, verificando-se:
20 anos > 12
12 anos >4<8
8 anos >2<4
4 anos >1<2
Eventual sentença condenatória provisória é rescindida, vale dizer, não permite operar
qualquer efeito penal ou extrapenal.
O acusado não será responsabilizado pelas custas e terá direito a restituição integral da fiança.
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou
em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
tempo já houver sido PROPOSTA a ação penal. (Incluído em 17/05/2012)
ATENÇÃO: Proposta significa dizer oferecida ou aceita? Existem correntes nos dois sentidos.
Obs.: E no crime habitual? O STF decidiu que deve obedecer o termo inicial do 111,III
equiparando-se ao delito permanente, ou seja, da data em que cessar a atividade criminosa.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
Súmula 709 STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
II - pela pronúncia;
Reconhece haver prova da materialidade e indícios de autoria de crime doloso contra a vida.
Súmula 191 STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
venha a desclassificar o crime.
No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sentença
condenatória para um dos crimes e acórdão condenatório para o outro delito, tem-se que a
prescrição da pretensão punitiva de ambos é interrompida a cada provimento jurisdicional
(art. 117, § 1º, do CP). (Info STJ 568)
Retroativa:
Antes da sentença recorrível, não se sabe a quantidade da pena a ser fixada pelo juiz, razão
pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena máxima prevista em lei (teoria da pior das
hipóteses). Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando em julgado para a
acusação (ou sendo seu recurso improvido), não mais existe razão para se levar em conta
pena máxima, já que mesmo diante do recurso da defesa, é proibida a reforma para prejudicar
o réu. A pena aplicada na sentença passa a ser o novo norte, parâmetro para o artigo 109 do
CP.
§1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação
ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em
nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Obs.: Após 05/05/2010, não mais se considera a Prescrição Retroativa entre o recebimento da
inicial e a data do fato, sendo esta lei irretroativa, vez que é prejudicial ao réu.
Referido dispositivo é constitucional! O STF entendeu que a referida alteração foi exercida
dentro da liberdade que possui o legislador para reger o tema, não tendo havido ofensa a
qualquer princípio ou regra constitucional. A Corte ponderou que o sistema de justiça criminal
no Brasil ainda é pouco eficiente e que a taxa de esclarecimento de crimes é baixa, não se
conseguindo investigar, com eficiência, todos os delitos praticados. Isso demonstra que a lei
editada está de acordo com essa realidade fática e foi editada pensando nesse cenário. (Info
STF 771).
Superveniente ou Intercorrente:
Tal qual a prescrição da pretensão punitiva retroativa, a superveniente (ou intercorrente) tem
por base a pena concreta (a ser combinada com o artigo 109).
Diferença:
Ex: João é condenado por furto a pena de 1 ano e o juiz demorou 1 ano para julgar. A
prescrição em abstrato é de 8 anos. Se o MP recorre para aumentar a pena, ainda leva-se em
consideração a prescrição em abstrato, assim, o tribunal tem 7 anos para julgar o recurso, pois
ainda não houve trânsito em julgado para a acusação (pressuposto para prescrição retroativa e
superveniente).
O STF e o STJ afirmam que é inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais: a)
em virtude da ausência de previsão legal; b) porque representaria uma afronta ao princípio
da presunção de não-culpabilidade. (Info STF 788)
B) da pretensão executória (art. 110, caput, do CP), esta posterior ao trânsito em julgado,
impedindo o Estado de executar a punição (pena ou medida de segurança) imposta na
sentença definitiva, subsistindo, porém, os efeitos secundários da condenação.
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior (109), os quais se aumentam
de um terço, se o condenado é reincidente.
-TERMO INICIAL
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
-CAUSAS SUSPENSIVAS
-CAUSAS INTERRUPTIVAS
VI – pena reincidência
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos
A causa de redução do prazo prescricional constante do art. 115 do CP deve ser aferida no
momento da sentença penal condenatória. (Info 626 STF).
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que,
no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade
após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do
julgamento de apelação interposta contra a sentença. Existe, no entanto, uma situação em
que o condenado será beneficiado pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado
70 anos após a sentença: isso ocorre quando o condenado opõe embargos de declaração
contra o acórdão condenatório e esses embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo
prescricional será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento
dos embargos. (Info STF 822)
-Extinção da Punibilidade
→ O indulto e a graça são atos privativos do presidente da República. O indulto tem caráter
coletivo e espontâneo, enquanto a graça é individual e solicitada pelo interessado.
→ A anistia é ato do Congresso Nacional e pode ser própria, quando anterior à condenação; ou
imprópria, quando concedida após a prolação de sentença condenatória.
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;