Aula 2.0 LCF 5874 2015

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Curso de Manejo de Florestas Nativas Tropicais PG em Recursos Florestais, ESALQ 2010

SISTEMAS SILVICULTURAIS DESENVOLVIDOS


NAS FLORESTAS TROPICAS ÚMIDAS

Edson Vidal,
Departamento de Ciências florestais
ESALQ/USP
Programa da aula de hoje
• Apresentar e analisar os principais sistemas
silviculturais aplicados nas florestas tropicais
úmidas
• Sintetizar as tendências da silvicultura
moderna
A SILVICULTURA: DEFINIÇÃO

Conjunto de técnicas aplicadas para alcançar os objetivos


definidos pelo plano de manejo

Silvicultura clássica geralmente centralizada na produção


madeireira
 Promover a regeneração natural das espécies
madeireiras
 Aumentar a taxa de crescimento
 Diminuir a mortalidade
 Aumentar a densidade das espécies madeireiras

Silvicultura das florestas tropicais foi influenciada por


conceitos europeus de silvicultura = Domesticação
OS DIFERENTES NÍVEIS DO PLANO DE MANEJO
Conjunto de técnicas aplicadas para alcançar os objetivos
definidos pelo plano de manejo
PLANO DE MANEJO (duração do ciclo)
• Utilização sustentável dos recursos florestais
• Zoneamento da vegetação por tipo de ecossistemas
• Características da áreas mapeadas
• Diagnóstico sócio-econômico
• Mapas 1:50.000

PLANO ESTRATÉGICO (5-10 anos)


Delimitação das UPA, áreas protegidas
Classificação da vegetação (tipo de floresta (terra
firme, várzea, montanha)
Avaliação do volume em cada UPA
Sistemas de exploração
Planejamento das estradas
Mapas 1:25.000

PLANOS EXPLORAÇÃO
PO 1 PO 2 PO 3 PO 4 TRATAMENTOS
OPERACIONAIS
ANUAIS SILVICULTURAIS
Estrutura das Atividades do Manejo Florestal

Fonte: IFT
1 – Verificar 2 – Determinar 3 – Verificar
Início documentação engenheiro pendências Ibama/
da Terra responsável Secretarias

4 – Determinar a 5 – Demarcar
6- Divisão da
UPA que será área a ser
área em UTs
explorada no ano explorada

7 - Abertura de
picadas

10 - Determinar 14 – Sortear
9 – Fazer Parcelas
Microzoneamento Equação de
Volume 8 - Inventário Permanentes
100%

13 – Fazer 16 – Locar
Mapas de parcelas
Hidrografia 11- Calcular 12- Plotar Permanentes
Inventário Árvores no mapa

15 – Fazer 17 - Inventário
planejamento de das parcelas
18 – Definir
estradas permanentes
Destino das
Árvores

20 – Submeter
19 - Escrever
POA
Projeto ao Ibama / Fim
Secretarias
o de Florestas Tropicais (Edson Vidal) 30/03/2012
Um sistema silvicultural consiste em uma série de
tratamentos ordenados com o objetivo de sustentar,
desenvolver e aumentar a regeneração
HISTÓRIA DA SILVICULTURA
NOS TRÓPICOS: ANTES 1900

 Índia e a Ásia (Indonésia) foram pioneiros na área da


silvicultura nos trópicos

 Introdução da teka em Java pelos Indianos (século 15)

 Silvicultura da Teka pelos Holandeses na Indonésia


(Plantações)

 Silvicultura dominada pela Teka exclusivamente na


região asiática
HISTÓRIA DA SILVICULTURA NOS
TRÓPICOS: 1900-1950

 Conceito europeu da silvicultura com o objetivo a


domesticação das florestas naturais (florestas
heterogêneas  florestas homogêneas mais produtivas)

 Mudança radical depois da segunda guerra:


Exploração mecanizada
Desaparecimento das colônias
HISTÓRIA DA SILVICULTURA NOS TRÓPICOS:
1950-PRESENTE

 Era da silvicultura moderna com apoio da pesquisa científica

 Período de experimentação de sistemas inspirados da silvicultura


européia (1950-1980) baseados no Shelterwood Systems

 Poucas destas experimentações foram aplicadas em escala


operacional

 Abandono progressivo dos sistemas monocíclicos (Shelterwood


Systems) para sistemas policíclicos (seletivos)

 Exploração de impacto reduzido aparece como o maior progresso


na silvicultura tropical

 Novos conceitos de uso-múltiplo, de manejo sustentável


CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS
SILVICULTURAIS

Sistemas Monocíclicos = uniformes


 Baseado no shelterwood systems
 Homogeneização da florestas em povoamento pouco
diversificado e dominado por espécies comerciais
 Estimulação da regeneração natural das espécies
comerciais
 Povoamento de mesma idade

Sistemas Policíclicos
 Baseado no diâmetro mínimo de corte DMC
 Danos ao dossel limitados
 Impacto menor na composição florística
SISTEMAS MONOCÍCLICOS :
SHELTERWOOD SYSTEMS

The Uniform Shelterwood System

The Group System

The Irregular shelterwood system

The Wedge System

The Tropical Shelterwood System

The Strip Systems


UNIFORM SHELTERWOOD SYSTEM

Floresta heterogênea

Estabelecer condições favoráveis a regeneração das Desbastes sementeiros


espécies comerciais

Povoamento Porta sementes


(seeding)
Estabelecer condições favoráveis ao crescimento das
mudas oferecendo mais luz
Desbastes secundários

Estágio Secundário

Preparar o corte final e perenizar o povoamento eqüino Desbastes secundários

Estágio Final
EXEMPLO DE TROPICAL SHELTERWOOD SYSTEM:
MUS (MALAYSIAN UNIFORM SYSTEM)

Justificativa e Base do sistema:

 Diversificação das espécies comercias não limitadas as espécies


de madeira pesada

 Novo interesse para espécies de madeira leve que pertencem a


família das dipterocarpáceas

 As dipterocarpáceas são espécies de luz reagindo positivamente


nas aberturas do dossel

 Estoque de mudas de dipterocarpáceas suficiente

 Exploração de uma vez reduz os custos


DESCRIÇÃO DO MUS

Descrição:
ano-1 até –2: (Depois de um ano de boa produção de sementes)
Eliminação das arvores dos estratos médios e inferiores e se fosse
necessário das árvores do dossel sem valor comercial
Antes do ano-3: Eliminação de Eugessonia tritis

Anos –11/2;-1/2: Inventário da regeneração das espécies comerciais e das árvores


comerciais > 45 cm

Anos n atè n+1: Derruba final (além do ano 2) com DMC de 45 cm


Depois da derruba Eliminação por anelagem e envenenamento de todas as árvores
sem valor comerciais até 5 cm de DAP, corte de cipós

Anos 2-3 Corte das arvoretas de espécies não comerciais e corte e


envenenamento de cipós

Anos 10,20,30,40 Inventários e eliminação dos competidores e corte de cipós se


necessário
EXEMPLO DE TROPICAL SHELTERWOOD SYSTEM
NA AMERICA LATINA: O STRIP SYSTEM DO PERU
EST OVEST

Palcazu
Extração das toras com bois
Falta de saída de mercado (logística)
EXEMPLO DE TROPICAL SHELTERWOOD SYSTEM NA
AFRICA: O TSS DE UGANDA

Base do TSS em Ghana e na Africa em Geral


A maioria das espécies comerciais são especies de luz
A principal é o mogno africano Khaya spp, mas também outras espécies como
Terminalia spp, Nauclea diderrichii
Regeneração e crescimento favorecidos por abertura importante do dossel

Princípio do TSS aplicado em Ghana

Ano -2: Corte de cipós e envenenamento das árvores não desejáveis com
DAP > 7 cm
Ano 0: Derruba dos mognos com DAP > 1,1m e outras espécies
madeireiras com DAP > 50 cm
Ano + 10 Diagnóstico da regenerção, seguido de tratamentos silviculturais
(liberação, refinamento)
Ano +20, 30 Liberação + refinamento
O SISTEMA SELETIVO

Clareira da Clareira da
derruba derruba

Derruba baseado em um DMC


Estrutura heterogênea mantida depois da exploração
EXEMPLO DE SISTEMA SELETIVO:
O PSLS DAS PHILIPPINAS
(Philippines Selective Logging System)

Bases:
Florestas de dipterocarpáceas
Especies primárias heliófilas
Volume extraído 80-100 m3/ha

Descrição:
60% dos remanescentes (20-70 cm) devem permanecer como
arvores potenciais da futura exploração
DMC = 50 cm (Dipterocarpaceas)
Tratamentos pos-exploração TSI (Timber Stand Improvement)
EXEMPLO DE SISTEMA SELETIVO DA INDONÉSIA

Bases:
Florestas de dipterocarpáceas
Espécies primárias heliófilas
Volume extraído 80-100 m3/ha

Descrição:
Ano - 3: Delimitação de unidades de produção de 5 anos
Ano - 2: Inventario 100 %, todas as espécies comerciais com DAP > 20 cm
Ano - 1: Infraestrutura de exploração (Estrada, acampamento, estufa para mudas)
Ano 0: Derruba das dipterocarpáceas com DAP > 50 cm ou 60 cm
Ano + 1: Inventário pós-exploração, refinamento da regeneração
Ano + 2: Enriquecimento por mudas de espécies madeireiras
Ano + 3: Espera
Ano + 4: Liberação
Ano + 5: Refinamento periódico a cada 5 anos
EXEMPLO DE SISTEMA SELETIVO:
O SISTEMA CELOS NO SURINAME

 Sistema seletivo de alta intensidade


 20 m3/ha, 8-10 árvores/ha
 Aumentar o crescimento das espécies madeireiras (2 m3/ha/ano;
ciclo de 20 – 25 anos)
 EIR para limitar os danos
 3 Tratamentos silviculturais cada 7 anos visando eliminar apr. 40 %
da area basal (Árvores não desejáveis de DAP > 20 cm)
TRATAMENTOS SILVICULTURAIS
Derruba e extração da madeira
Primeiro e mais importante tratamento no sistema seletivo
Fatores principais para a recuperação da floresta
Liberação
Eliminar as árvores competindo com as da futura colheita
Tratamento individual, local e especifico
Refinamento
Tratamento sistemático
Eliminação de todas as árvores não desejáveis a partir de um DAP
mínimo (20 ou 40 cm)
Saneamento
Eliminação das árvores do passado com problema sanitário, muito
danificadas pela exploração

D+d Dist. Min.


Enriquecimento
(cm) (m)
- Em faixas (3, 5, 10m)
- Em clareiras naturais 20-39 3
- No sub-bosque Liberação 40-59 5
(Wadworth 1997)
Corte de Cipos 60-79 7
- Sistemático (a partir de 2 cm) 80-99 8
- Nas áreas mais densas >100 9
TÉCNICAS SILVICULTURAIS

APLICAÇÃO ARBORICIDA

ANELAMENTO
EXEMPLOS DE PRODUTOS
QUÍMICOS UTILIZADOS
A EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO

Origens:
 Departamento florestal do Queensland (Aust.)
 Amazônia (Imazon, IFT)
 Ásia: Sabah e Indonésia (Borneo)
 África (Costa de Marfim e Camarões)

Objetivos:
 Minimizar os danos ao povoamento
 Minimizar os danos ao solo
 Minimizar os danos ao ecossistema (área de proteção, caça proibida)

Hipótese:
 Reduzindo os danos a floresta regenera melhor
 O período do ciclo é também reduzido
PRINCÍPIOS DA EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO

Inventários pré-exploratórios das


árvores comerciais para ser
derrubadas
 Características de cada árvore
(diâmetro, qualidade de fuste etc..)
 Mapeamento das árvores
 Delimitação das áreas de
proteção
 Corte de cipós

Planejamento
 Arrastes
 Estradas

CONTROLE DAS OPERAÇÕES


LIÇÕES APRENDIDAS SOBRE A EIR

• A Exploração de Impacto Reduzido (EIR) = o maior progresso no


manejo das florestas tropicais e um critério essencial da certificação
• Estudos recentes apresentaram dúvidas na capacidade destas
técnicas para garantir ciclos de cortes sucessivos sem alteração da
diversidade e da produção (Sist et al. 1998, Sheil and Vanheist 2000,
Jennings et al. 2001, Sist et al. 2003)
• Princípios silviculturais utilizados: DMC 45-55 cm + ciclo de 25-30
anos = Critérios de seleção que satisfazem a indústria madeireira mas
não as exigências ecológicas das espécies madeireiras
• Exigências das certificadoras mudam em relação aos progressos do
nosso conhecimento sobre a ecologia das espécies/ecossistema

Há a necessidade de definir novas praticas silviculturais baseadas


sobre o nosso conhecimento das características e das exigências
ecológicas das espécies madeireiras
EVOLUÇÃO GERAL DOS SISTEMAS SILVICULTURAIS
NAS FLORESTAS TROPICAIS ÚMIDAS

Sistemas uniformes  Sistemas policíclicos


 Custos altos
 Sistemas necessitando controle, monitoriamento,
pessoal qualificado
 Conversão das florestas em terras agrícolas
(Malásia, Africa)
 Exploração = o maior tratamento silvicultural
 Mudança radical da estrutura e florística da
floresta incompatível com as novas tendências de
preservação
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DOS ESTUDOS
REALIZADOS NA INDONÉSIA

Nas florestas de dipterocarpáceas, a capacidade da EIR em reduzir


os danos é limitada pela intensidade de corte (N> 8 árvores)
Uma intensidade de corte alta tem como conseqüências:
 Danos altos (> 50 % do povoamento)
 Estímulo a regeneração das pioneiras
 Estímulo ao crescimento das pioneiras e espécies de luz
 Aumento do ciclo de corte > 60 anos

Outros fatores importantes devem ser também considerados:


 Estrutura diamétrica das espécies
 As características da dinâmica das espécies (crescimento,
recrutamento e mortalidade)
 Os sistemas de reprodução

O planejamento e o controle da exploração NÃO SÃO


suficiente para garantir a sustentabilidade da produção
(quantidade e qualidade)
SUSTENTABILIDADE DA EIR
NAS FLORESTAS DA AMAZÔNIA

Principais características da floresta tropical úmida amazônica

1. Grande diversidade das espécies exploradas


Grupos taxonômicos diferentes (diferente da Ásia)
Comportamentos diferentes (diferentes em relação Ásia e
África)
Estrutura diamétrica e características ecológicas distintas

2. Espécies comerciais com baixa densidade

A EIR é adaptada ?
COMO AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE
 Avaliar a capacidade de reconstituição do povoamento

 Considerar espécies ou grupos de espécies

 Identificar a estrutura diamétrica de cada espécies ou grupo de


espécies

 Inventário a partir de 10 cm de DAP


 Simulação de dinâmica populacional
 Definir DMC adaptados a cada espécies ou grupo de
espécies

 Considerar a biologia da reprodução

 Dar uma atenção especial as espécies raras


SUSTENTABILIDADE NAS FLORESTAS AFRICANAS DA
BACIA DO CONGO

 Intensidade de corte baixa (1- 3


arvores/ha)
 Espécies comerciais = espécies de
luz com baixa densidade
 Estrutura diamétrica variável =
necessidade de definir DMC por
espécies ou grupos de espécies
 Calculo do Índice de reconstituição
em função das estruturas diamétricas e
dos parâmetros dinâmicos
NOVAS REGRAS DE EXPLORAÇÃO PARA A
FLORESTA AMAZÔNICA
PRINCÍPIOS 1: EIR como uma exigência básica de qualquer plano de manejo

PRINCÍPIO 2: Limitar a intensidade < 8 árvores/ha


- Na Amazônia a intensidade média é geralmente baixa (3-4 árvores/ha)
- Localmente intensidades altas podem se encontrar
- Tendência de aumentar a intensidade no sistema EIR
- A intensidade máxima deve ser avaliada na Amazônia

PRINCÍPIO 3: Diâmetro mínimo de corte deve ser adaptado as características


estruturais da população e densidade
Definir o DMC calculando a taxa de reconstituição
-Inventários pré-exploratório com DAP > 20 cm

PRINCIPÍO 4 : Limitar a superfície das clareiras < 600 m2


- Favorecer a regeneração e o crescimento das espécies primárias
- Validação é necessária

PRINCIPÍO 5 : Definir regras adequadas para espécies raras ou de baixa densidade

PRINCÍPIO 6: Abandonar tratamentos gerais como refinamento

PRINCÍPIO 7: Fornecer proteção clara para árvores de espécies-chave (ex: aquelas


que contém colméias de abelhas, figos, etc.)
SISTEMA DE SILVICULTURA NA INDONÉSIA

Regime de concessão

Exploração seletiva (árvores com DAP > 50 ou 60 cm)

Unidade de produção divididas em unidades de 5 anos

Inventários de todas as árvores comerciais com DAP > 20 cm


(100 %)

Inventários avaliados pelo departamento florestal 1 ano antes


da exploração

Autorização (80% do volume comercial em pé)

Re-enriquecimento se densidade de árvores remanescente <


25/ha
Manejo de Precisão - Modeflora

Modelagem Hidrológica Modelo de elevação


digital

Fonte: Embrapa Acre


Tela do GPS com
Tela do GPS com os pátios,
árvores a serem estradas e trilhas
colhidas de arraste.

Fonte: Embrapa Acre

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