ConteúdosMatemáticos Medeiros 2022
ConteúdosMatemáticos Medeiros 2022
ConteúdosMatemáticos Medeiros 2022
Caicó, RN
Fevereiro de 2022
LETÍCIA DE AZEVÊDO MEDEIROS
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Maroni Lopes
Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
_______________________________________________________
Prof. Dr. Francisco de Assis Bandeira
Membro Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
_______________________________________________________
Prof. Esp. Jonimar Pereira de Araújo
Membro Externo
Escola Estadual Professor Antônio Aladim de Araújo - EEAA
_______________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Thiago Lopes Bernardino
Suplente interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
RESUMO
Imagem 1: Alunos se alinhando para formar uma matriz do tipo 8x1 .......................................... 34
Imagem 2: Alunos resolvendo questões no quadro ....................................................................... 35
LISTA DE GRÁFICOS
1 INTRODUÇÃO
Desse modo, para responder a essa pergunta de pesquisa foram traçados os seguintes
objetivos:
Objetivo Geral
Analisar as causas das dificuldades na aprendizagem matemática que alunos do ensino
médio apresentam.
Objetivos específicos
1
Bolsista do Projeto PIBID/Bolsista residente do Programa Residência Pedagógica.
11
Sabe-se que se trata de um estudo amplo que requer tempo, e, que está se desenvolvendo
um trabalho de conclusão de curso de graduação, desse modo, optou-se por realizar um
questionário com alunos de uma escola pública da Cidade de Caicó – RN, no sentido de
compreender-se por meio de suas falas como percebem as dificuldades com os conteúdos da
disciplina de matemática. Como ressaltado por Pacheco e Andreis (2018, p. 106):
Assim sendo, a escuta dos estudantes pode trazer alguns indícios dessas dificuldades.
No que se refere a intervenção prática, se deu por meio das atividades propostas no
Programa Residência Pedagógica. Como a pesquisadora participa deste projeto de ensino, e
atualmente atua na Escola Estadual em Tempo Integral José Augusto (EETIJA), realizou-se
esta análise com os alunos que estão cursando o ensino médio na referida escola.
O estudo se justifica pelo fato de que para haver avanços no processo de ensino e
aprendizagem é preciso investigar onde estão os principais problemas e assim buscar possíveis
soluções. Assim, necessita-se conhecer as dificuldades dos alunos de modo a refletir sobre sua
atuação em sala de aula e rever seus conceitos, métodos, planejamento, erros e acertos.
Com o interesse de apresentar o texto ao leitor destaca-se que este foi organizado em
seis capítulos, descritos a seguir:
Capítulo 1: Traz uma breve introdução do texto, onde consta a pergunta de pesquisa, a
justificativa e os objetivos do estudo.
Capítulo 2: Apresenta os argumentos teóricos, fazendo uma análise da literatura
consultada sobre o assunto, além de propor a utilização de outras metodologias em sala de
aula, buscando dar novos significados a disciplina de matemática e mostrar aos alunos que
este componente curricular é comumente usado em seu cotidiano. Também retrata um pouco
sobre as experiências vivenciadas pela autora durante o PRP.
12
Esta seção será dividida em dois subtópicos, sendo que no primeiro busca-se tratar
sobre algumas causas dos problemas de aprendizagem em matemática apresentadas pelos
alunos do ensino médio e no segundo pretende-se retratar sobre a experiência vivenciada pela
pesquisadora durante a participação no Programa Residência Pedagógica.
Tendo em vista as experiências vivenciadas pela discente em sala de aula, bem como, as
pesquisas analisadas tratando do tema em questão, serão apontados neste tópico algumas das
principais causas das dificuldades matemáticas dos alunos do ensino médio: as primeiras
experiências do aluno com a matemática, a falta de incentivo familiar, os métodos utilizados
pelo professor e o déficit nos conteúdos matemáticos do ensino fundamental.
A partir disto já se nota que a família pode interferir na motivação do aluno, podendo
auxiliar positivamente no processo de ensino e aprendizagem, se for participativa na vida
estudantil, observando seus avanços e dificuldades, ou podem influenciar nas dúvidas e receios
apresentados pelo aluno. Ainda de acordo com Pacheco e Andreis (2018, p. 108):
A família tem um papel importante na vida escolar dos alunos, logo sua atuação é
extremamente necessária para obter-se um bom rendimento escolar. Assim, o papel não
é só dos educadores, pois a família também faz parte do processo de aprendizagem do
aluno, uma vez que as atitudes da família influenciam na forma como o aluno interioriza
novas concepções.
14
Esta situação é bem comum e necessita ser analisada, as dificuldades destes alunos
acabam sendo frequentemente ignoradas, por já terem passado do nível onde as mesmas
deveriam ter sido sanadas e também porque o professor tem um programa de conteúdos a
cumprir, em um tempo não tão favorável, fazendo com que ele não possa revisar todos estes
conceitos que deveriam ter sido aprendidos durante o ensino fundamental.
Dessa forma, as dúvidas surgidas ainda neste nível de ensino vão sendo empurradas para
os próximos, e no ensino médio estas dúvidas se multiplicam, pois para aprender os conteúdos
mais avançados seria necessário possuir uma boa base matemática do ensino fundamental.
Outro ponto relevante nessa discussão se refere as questões metodológicas. Compreende-
se que as metodologias utilizadas pelo professor são capazes de estimular ou desestimular o
estudante, dependendo da forma como é planejada e aplicada. De acordo com Carrijo e Santos
(2020, p. 155):
Porém, é importante ressaltar que há muitos problemas externos que podem dificultar o
trabalho do professor e, consequentemente, a aprendizagem do aluno. Loureiro (2014, p. 8)
destaca que:
De uma maneira geral as condições objetivas que encontramos para realizar um trabalho
de qualidade na escola pública não são lá das mais favoráveis: salas de aula lotadas (por
vezes 40, 50 alunos), salário muito abaixo daquilo que sabemos que merecemos,
ausência de um plano de cargos e salários que dê motivação para o professor continuar
estudando e progredindo na carreira, jornada de trabalho excessiva, tempo de
planejamento abaixo do necessário, entre outros.
Em concordância com Silva (2006, p. 89), “os alunos não são todos iguais, nem tábula
rasa a ser preenchida. Eles adquirem conhecimentos através de suas vivências e experiências
dentro e fora da escola. Isso faz com que cada um lide de maneira diferente com conteúdos e
conceitos.” Dessa forma, os alunos podem compreender os conceitos matemáticos fazendo
relações com situações presentes no seu dia a dia e conhecimentos prévios utilizados por eles
nestas situações. Conforme Carrijo e Santos (2020, p. 157) “o ensino de Matemática torna-se
importante para o aluno na medida em que este consegue estabelecer conexões entre ela e seu
cotidiano.”
Agora falando sobre o papel do professor em propiciar estas conexões, Pacheco e Andreis
(2018, p. 108) apontam que “cabe ao professor criar situações práticas em que os alunos se
motivem e criem o gosto pela Matemática. Para isso, o professor deve ser altamente criativo e
cooperador, reunindo habilidades que estimulem os alunos a pensar, propiciando sua autonomia.”
Contudo, vale destacar que é necessário ser cuidadoso ao tentar contextualizar a
matemática e criar situações práticas, pois sem as análises e planejamentos devidos pode acabar
criando contextos sem sentido algum para o aluno, o que apenas faria aumentar o desinteresse
pela disciplina. Ainda conforme Pacheco e Andreis (2018, p. 108-109):
A falta de uma visão mais concreta sobre a Matemática faz com que os professores
utilizem situações irreais de contextualização. [...] Quando a Matemática não possui
aplicações do cotidiano, sua aplicação deve ser apresentada dentro da própria
Matemática, ou a partir de sua origem e o porquê de se estudar tal assunto.
Entretanto, esta inserção de novas tecnologias no ensino da matemática precisa ser bem
planejada pelo professor, assim como qualquer novo recurso que se for utilizar. É necessário
aprender suas funcionalidades e refletir sobre as vantagens e desvantagens, antes e depois de sua
aplicação.
17
Considerando tudo o que foi citado é possível ver que o professor dispõe de um leque de
possibilidades para utilizar outros métodos em suas aulas, além do tradicional. Porém, é preciso
buscar uma formação continuada, estudar sobre novos recursos e estar disposto a refletir
constantemente sobre sua atuação como professor a procura de melhorar o processo de ensino e
aprendizagem de seus alunos.
Como já foi mencionado anteriormente, tanto o questionário que foi aplicado com alunos
do ensino médio, quanto a intervenção prática realizada, foram feitos na Escola Estadual em
Tempo Integral José Augusto (EETIJA), por meio da atuação da discente no Programa
Residência Pedagógica. Portanto, neste tópico será relatado sobre a experiência vivida durante o
projeto, bem como, as contribuições trazidas para a formação da pesquisadora e para os alunos
atendidos.
Em outubro de 2020, iniciou-se as atividades do Programa Residência Pedagógica (PRP)
no curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus
Caicó. De antemão, deve-se ressaltar que o projeto se desenvolveu a maior parte do tempo de
forma remota, por causa da pandemia de covid-19. No entanto, este fato também se tornou
importante para a prática docente da autora, pois, foi possível observar como os professores
precisam se reinventar e fazer adaptações na medida do que está acontecendo ao nosso redor.
Somente a partir de outubro de 2021 os residentes começaram a ministrar aulas
presencialmente, obviamente, seguindo todas as orientações dos protocolos de biossegurança da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Até este momento os participantes do projeto
haviam lecionado as aulas de modo remoto2, enfrentando os vários desafios trazidos por este
sistema, desde a pouca frequência e participação dos discentes ao trabalho estressante de forma
online.
Além de ministrar aulas e participar das reuniões, os residentes assistiram várias
formações, principalmente no início do projeto, as quais trouxeram conhecimentos
imprescindíveis, principalmente sobre ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas de
forma educativa. É importante ressaltar que estas ferramentas não apresentam relevância somente
2
Modelo de ensino emergencial adotado em escolas e universidades brasileiras.
18
nas aulas online, pois sabe-se que a tecnologia é algo presente na vida de todos, e, que crianças e
jovens são muito adeptos destas inovações. Portanto, entende-se que já está mais do que na hora
destas tecnologias fazerem parte da educação, em específico, da educação pública, de modo que o
distanciamento das mesmas pode tornar o ensino extremamente tradicional e desatualizado. Além
disso, a inserção de tecnologias seria uma maneira do ensino estar mais próximo do cotidiano dos
estudantes.
No tocante as aulas lecionadas, no segundo módulo do projeto, a preceptora3, Maria
Deusa de Araújo, observou a falta de compreensão dos alunos em conteúdos basilares. Isto estava
afetando as aulas, pois para avançar nos conteúdos do ensino médio necessita-se ter aprendido
assuntos como: operações com números decimais, frações, potenciação, radiciação e equações
do 1º e 2º grau.
Em razão disso, a professora solicitou aos residentes que fossem ministradas aulas com
estes conteúdos no turno vespertino e cada dupla de residentes ficaria responsável pela turma a
qual já estava acompanhando. No caso da pesquisadora, foi a 1ª série “A”, atuando juntamente
com o residente Jarlyson César Silva Pereira4. Apesar de ter obtido uma baixa frequência dos
discentes, estas aulas foram extremamente interessantes para os residentes, pois eles tiveram
que lecionar em outro cenário, o sistema remoto, fazendo com que realizassem pesquisas
sobre novas estratégias de ensino que pudessem garantir o aprendizado do aluno. Além disso,
tiveram um bom retorno dos alunos que assistiram as revisões, já que a preceptora notou uma
melhora no aprendizado deles.
Ao longo destas aulas procurou-se trazer recursos que chamassem a atenção dos
alunos, por exemplo a Plataforma Kahoot e o Google Forms, e apresentou-se os conteúdos
com slides interativos, que eram disponibilizados para os alunos após as aulas, tentando fazer
com que eles interagissem, respondessem perguntas, para que assim eles conseguissem
deduzir as respostas e alcançar a compreensão.
Já no terceiro módulo5 a pesquisadora e sua dupla no projeto, Jarlyson, foram
designados a acompanhar as atividades da turma da 2ª série “B”, nesta etapa começaram a
3
Professora supervisora do Programa Residência Pedagógica que atua na Escola Estadual de Tempo Integral José
Augusto.
4
Aluno da Licenciatura em Matemática – CERES/ Caicó – RN, bolsista do Programa Residência Pedagógica.
5
Vale destacar que para o presente edital, o qual está em desenvolvimento, as atividades foram divididas em três
módulos. Sendo o primeiro de outubro de 2020 a março de 2021, o segundo de abril de 2021 a setembro de 2021, e o
terceiro de outubro de 2021 a março de 2022.
19
ministrar aulas presencialmente. Esta volta às aulas presenciais foi extremamente importante
para o desenvolvimento do projeto, visto que, até esta data haviam ministrado aulas
remotamente e sentiam falta da interação que as aulas presenciais proporcionam. Entre as
aulas presenciais ministradas destaca-se a do dia 22 de novembro de 2021, pois foi notável a
interação dos alunos e o aprendizado gerado. Esta aula trata-se da intervenção prática realizada
a qual será relatada posteriormente.
O conjunto destas experiências está formando aos poucos os profissionais que estes
discentes serão um dia e tem-se plena convicção que estes profissionais estarão sempre em
construção, pois assim é o professor, alguém que necessita se reinventar e se adaptar a novos
cenários, sempre em busca de conhecimento e de como transmitir o que aprende.
Cumpre lembrar que, além das atividades de ensino o Programa possibilita realizar
pesquisa, participar e apresentar trabalhos em eventos. O que no caso da autora aconteceu em
dois momentos: I Seminário PIBID/PRP do Nordeste e no Encontro Integrado dos Programas
de Ensino da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, além da publicação dos textos
nos anais dos dois eventos. Sendo os anais do I Seminário Pibid/PRP do Nordeste no formato
de e-book. A apresentação dos artigos: Dificuldades de aprendizagem em matemática: uma
análise por meio das vivências no programa residência pedagógica e Contribuições das aulas
de revisão: um exemplo com conteúdos matemáticos do ensino fundamental para alunos do
ensino médio possibilitou discutir com outros pesquisadores sobre as dificuldades dos
estudantes em conteúdos da disciplina de matemática, o que veio a contribuir com a escrita do
texto.
Tendo em vista o que foi citado, o Programa Residência Pedagógica prepara os
residentes para ser não somente bons profissionais da educação, mas sim professores
pesquisadores, que estarão sempre em busca de novos métodos que possam auxiliar para uma
melhor educação.
Obviamente, o fato de boa parte do projeto ter se desenvolvido remotamente trouxe
muitas adversidades, porém, sabe-se que a vida do professor nunca foi fácil. Esta é uma
profissão que exige muita dedicação e disposição para aprender e inovar, portanto, é
importante presenciar e sentir na pele desde já os vários obstáculos que estes profissionais
enfrentam: aluno sem interesse pela aula, reclamações, cobranças de resultados, falta de
preparo para situações novas, escassez de tempo, entre outros aspectos que impactam no
20
processo de ensino e de aprendizagem. Dessa forma, mesmo durante esse momento incomum,
o projeto trouxe significativas contribuições a formação docente dos participantes.
Sendo assim, os graduandos em Matemática Licenciatura, futuros professores,
precisam conhecer a quantidade de problemas que serão enfrentados, mas, saber que apesar de
tudo, ser professor é uma das profissões mais admiráveis que se pode existir, um profissional
que enfrenta inúmeras dificuldades em benefício do aprendizado de seus alunos.
21
Esse estudo se insere nas concepções de pesquisa qualitativa, que conforme Garnica
(2004) é um meio fluído, dinâmico, que não apresenta regras e resultados pré-estabelecidos. O
autor defende que o pesquisador não é neutro ao realizar suas compreensões e conclusões. “A não
neutralidade do pesquisador que, no processo interpretativo, vale-se de suas perspectivas e filtros
vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar” (GARNICA, 2004, p.86).
Desse modo, este estudo é descritivo e explicativo. Concorda-se com Gil (2002, p. 42)
quando este define uma pesquisa explicativa:
Essas pesquisas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou
que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais
aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.
direção e da vice direção, sala dos professores, secretaria, sala de depósito e coordenação
pedagógica.
Sobre os alunos atendidos pelo Programa Residência Pedagógica, nas aulas online notava-
se dificuldades em participar das aulas, a maioria não possuía internet de qualidade, o que muitas
vezes os impedia de assistir as aulas completas e com devida atenção. Outro problema é que por
eles estarem em casa não havia um local adequado para estudar, e qualquer coisa poderia causar
distração, além disso, alguns precisavam desempenhar outras atividades enquanto assistiam as
aulas, como tarefas domésticas. Considerando estes fatores, foi criado um grupo do WhatsApp,
onde os residentes se mantinham disponíveis em outros horários para que quando os alunos
tivessem tempo de olhar os materiais das aulas disponibilizados, pudessem entrar em contato para
tirar dúvidas.
É fato que a interação se tornou mais fácil com a volta as aulas presenciais, porém
observa-se que os alunos, em sua maioria, não são muito participativos em aulas de exercícios,
por exemplo, já em aulas que envolvem dinâmicas, jogos, ou outras metodologias que necessitam
da participação ativa deles, há uma maior motivação para interagir e aprender.
Agora tratando sobre os questionários aplicados com os alunos da EETIJA, deve-se
ressaltar que o questionário foi elaborado no Google Forms, que se trata de uma ferramenta onde
se pode criar formulários e enviá-los por meio de um link. Desse modo, à medida que os alunos
da EETIJA foram respondendo, a pesquisadora pôde ter acesso a suas respostas
instantaneamente. Além disso, o próprio site já gera gráficos de acordo com as respostas
fornecidas pelos discentes, o que facilita a análise dos dados.
No momento da elaboração das questões, foi decidido quais seriam de múltipla escolha e
quais seriam abertas, tendo em vista o tipo de pergunta. Infelizmente, apenas 50 dos 164 alunos
do ensino médio da escola se disponibilizaram a participar do estudo. Este processo ocorreu em
um período de três semanas, onde em duas semanas apenas dezesseis alunos haviam respondido,
por isto, foi preciso entrar em contato com os alunos individualmente para atingir os 50
questionários respondidos6.
A seguir apresenta-se uma tabela com a quantidade de alunos, por turma, atendidos na
escola:
6
Em nossa compreensão trazia uma visão melhor da percepção dos alunos sobre a temática em discussão:
dificuldades de aprendizagem em matemática.
23
Nesta seção será discutido sobre as respostas dadas pelos alunos por meio da análise dos
questionários e com base no referencial teórico que fundamenta esta pesquisa. O modelo do
questionário que foi enviado para os alunos do ensino médio da instituição já citada está
disponível no Apêndice A deste trabalho. Foi composto por 10 questões, sendo dividido da
seguinte forma: as três primeiras questões tratam dos dados de identificação dos alunos, e, as
outras sete se referem as perguntas sobre as opiniões deles em relação a matemática, o nível de
aprendizagem ou dificuldade, o motivo das dificuldades e o que eles mudariam nas aulas deste
componente curricular.
A primeira pergunta identifica a turma do ensino médio a qual o aluno pertence, tendo
respondido 15 alunos da 1ª série, 22 alunos da 2ª série e 13 alunos da 3ª série, respectivamente,
equivalente a 30%, 44% e 26% do total de estudantes que responderam ao questionário (Gráfico
1).
Compreende-se, com base nos dados analisados, que o maior número de alunos
envolvidos com a pesquisa, e que se disponibilizaram a responder o questionário foram os da
segunda série em virtude da pesquisadora atuar enquanto bolsista do Programa Residência
25
Pedagógica na referida série, de modo que os alunos tem mais proximidade, participam das aulas
e se sentem confortáveis para expor suas opiniões.
A segunda questão, trata da idade dos envolvidos, assim, a pergunta foi: qual a idade dos
alunos, obtendo os seguintes dados: três deles com 15 anos; dezesseis alunos estavam com 16
anos, dezoito têm 17 anos, doze alunos possuem 18 anos e um aluno tem 19 anos. A seguir são
apresentados esses dados por meio de uma tabela.
É possível observar que se tem alunos que vão desde os 15 anos até os 19 anos. Podendo
ser os mais novos que estão cursando as primeiras séries do ensino médio e os mais velhos
cursando as terceiras séries, ou seja, concluindo a educação básica. Porém, não é plausível
afirmar com certeza, tendo em vista que não foram atreladas a série a idade, são repostas
separadas.
No que se refere a terceira pergunta, esta indaga sobre o gênero dos estudantes, sendo 22
alunos do sexo masculino, 25 do sexo feminino, 2 pessoas marcaram a opção “prefiro não dizer”
e 1 pessoa não respondeu (Gráfico 2).
26
matemática e espanhol tiveram três alunos que ressaltaram gostar mais dessas disciplinas; inglês
ficou com 4 votos, história e educação física obtiveram 10 votos; geografia apareceu com 6
votos; 8 alunos escolheram biologia e sociologia não teve nenhum voto (Tabela 3).
A sexta pergunta questiona sobre qual disciplina os alunos sentem mais dificuldade na
escola. Como pode ser visto na tabela a seguir, 26 alunos responderam que sentem mais
dificuldade em matemática, 10 em física, 8 em química, 5 em português e 1 em espanhol.
Compreende-se por meio das falas dos alunos participantes do estudo e das pesquisas
consultadas que parte das dificuldades na disciplina de matemática está atrelado as questões
metodológicas.
A oitava pergunta questiona em quais conteúdos matemáticos os alunos sentem mais
dificuldade, tendo quatro opções para marcar: Números e operações (conjuntos, operações,
porcentagem, juros, análise combinatória, equações, Progressão Aritmética, Progressão
Geométrica, chances e possibilidades.); Geometria, grandezas e medidas; Estatística e
probabilidade e Álgebra e funções. Vale ressaltar que os alunos podiam marcar mais de uma
opção (Veja a Tabela 5).
Como pode se ver na tabela a primeira opção teve 34 votos, a segunda ficou com 26
votos, a terceira com 20 votos e a última obteve 26 votos. É importante destacar que apenas 18
alunos escolheram somente 1 opção, ou seja, a maioria marcou mais de uma alternativa,
inclusive 11 alunos marcaram todas as opções.
Estas respostas refletem o quanto os alunos do ensino médio sentem dificuldades nos
conteúdos matemáticos, mesmo que muitos sejam vistos ainda no ensino fundamental, anos
finais. Estas dúvidas e até um certo receio da matemática continua persistindo, e aumentando,
conforme o nível de ensino avança. De acordo com Silva (2006, p. 104):
Analisar os erros cometidos pelo aluno pode contribuir para a reconstrução de conceitos
mal estruturados, não se deve utilizar o erro como elemento responsável pelo saber
matemático do aluno. É preciso analisá-lo e usá-lo como ponte para esta reconstrução.
Usá-lo como uma estratégia de ensino, e não como um quantificador do conhecimento.
30
A penúltima questão é sobre a opinião dos alunos sobre as causas das dificuldades
apresentadas na disciplina de matemática. Segundo Carrijo e Santos (2020, p. 155-156)
“conhecer essas dificuldades possibilitará aos professores de matemática, condições de melhor
analisar o desempenho de seus alunos a fim de propor alternativas para melhor conduzir o
trabalho pedagógico com eles.”
Durante a elaboração do questionário foram colocadas 5 alternativas: a disciplina é
muito difícil; há muitas fórmulas e regras; falta de compreensão nos conteúdos do ensino
fundamental; pouco entendimento nos enunciados dos problemas matemáticos e falta de
relação dos conteúdos matemáticos com o cotidiano dos alunos. Além disso, havia a opção
“Outros”, onde os alunos poderiam acrescentar outros motivos pelos quais eles acreditam
haver tantas dificuldades nesta disciplina e, como na questão anterior, também poderiam
marcar mais de uma opção. As respostas podem ser vistas na tabela a seguir:
conhecimentos uns com os outros, e, ainda incentivar o aluno a resolver questões no quadro
com o auxílio do professor.
Com base no que foi sugerido, o próximo tópico será destinado a falar sobre uma
intervenção prática feita pela pesquisadora envolvendo outras metodologias de ensino durante
a aula que podem ser utilizadas em busca de melhorar o aprendizado dos alunos e fazê-los
compreender verdadeiramente a importância e aplicabilidade matemática.
33
5 INTERVENÇÃO PRÁTICA:
Ambos os grupos foram bem-sucedidos nas resoluções, inclusive alguns alunos ficaram
tão entusiasmados com a metodologia que resolveram até mais do que foi pedido, fazendo
também outras operações com matrizes.
Para finalizar, havia uma questão que mostrava a aplicabilidade do conteúdo no dia a dia e
foi construída uma tabela de notas no quadro com a participação dos alunos. Depois disso
utilizou-se estas notas para construir uma matriz.
36
Também foi encaminhada uma videoaula sobre todos os conceitos utilizados na atividade
de revisão para que os alunos pudessem assistir e estudar em outros horários, reforçando o que foi
aprendido. O link desta videoaula consta nas referências bibliográficas.
Por meio dessa experiência pode-se notar que é possível utilizar outras metodologias na
disciplina de matemática e gerar aprendizado de forma eficaz. Percebe-se que os alunos se
sentiram instigados em participar da atividade e conseguiram compreender o conteúdo em
questão de uma forma mais divertida e atrativa. Dessa forma, a intervenção realizada se encaixa
nas concepções das metodologias ativas. Monteiro e Gomes (2020, p. 16) apontam que estas
metodologias “trazem para o ambiente escolar uma maior interatividade entre os alunos, melhora
a comunicação deles com o professor, este deixa de ser o centro da aula e passa a mediar o
conhecimento.”
Vale destacar que esta atividade foi desenvolvida no primeiro horário do turno vespertino e
no segundo horário a professora preceptora, Maria Deusa, ensinou multiplicação de matrizes e
aplicou uma atividade do livro com os alunos. Foi notável a diferença de participação entre as
duas atividades, já que boa parte da turma pareceu desestimulada em responder a atividade do
livro, enquanto na dinâmica estavam bem participativos.
Outro fator constatado foi as dificuldades em conteúdo do ensino fundamental ao tentarem
responder as questões. Embora tendo entendido o processo necessário para multiplicar matrizes,
os alunos se confundiam em conceitos básicos como: multiplicação por 0 e regra de sinais. Isto
mostra que muitas vezes os alunos tendem a errar mesmo quando aprenderam o processo para
responder questões sobre determinado conteúdo, justamente por não dominar assuntos vistos
anteriormente.
Sendo assim, as duas aulas foram de extrema importância para confirmar o que está sendo
discutido neste trabalho. O professor necessita rever sua metodologia de ensino, estar em
constante formação, buscando atualizações sobre a educação matemática e precisa-se analisar
estes problemas apresentados pelos alunos do ensino médio em assuntos do ensino fundamental,
pois isto pode prejudicar imensamente a aprendizagem.
37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário dialogar mais com os alunos, deixá-los fazerem suas próprias observações
diante das aulas, relacionar situações matemáticas com o próprio cotidiano, isto faz com que os
alunos tenham uma nova visão diante da disciplina. De acordo com Silva (2006, p. 92):
exercem suas funções e tempo para poderem buscar novos métodos de ensino e preparar suas
aulas de forma eficiente.
Outro problema já citado e bastante comum são as dificuldades dos alunos do ensino
médio em conteúdos do ensino fundamental. Dessa forma, seria relevante analisar como o ensino
da matemática está ocorrendo neste nível de ensino mais baixo, para haver tantas dúvidas por
parte dos alunos que chegam ao ensino médio, muitos apresentando problemas de aprendizagem
em assuntos dos anos iniciais do ensino fundamental.
Neste caso, aponta-se a necessidade dos professores unidocentes, responsáveis por
ministrar todas as disciplinas para os alunos de 1º ano a 5º ano do ensino fundamental, estarem
mais bem preparados, já que fornecer um professor para cada disciplina neste nível de ensino
aumentaria bastante os gastos com a educação. Loureiro (2008, p. 53) sugere que “sejam
realizadas formações nas quais os unidocentes recebam treinamento de professores especialistas
de Matemática sobre novos recursos e metodologias de ensino para o trabalho no Ensino
Fundamental.”
Sendo assim, levando em consideração a fundamentação teórica deste estudo, as
experiências em sala de aula da pesquisadora e as opiniões dadas pelos alunos através do
questionário, tem-se que é de suma importância haver um maior diálogo entre o professor e o
aluno, analisar os erros e acertos de ambos para assim tentar melhorar o processo de ensino e
aprendizagem matemática. Também é imprescindível analisar o déficit em assuntos do ensino
fundamental, pois isto se torna uma das fontes de problemas apresentados pelos alunos do ensino
médio com a matemática.
39
7 REFERÊNCIAS
CARRIJO, Fátima Araújo; SANTOS, Elton Castro Rodrigues dos. Refletindo acerca das
dificuldades de aprendizagem em matemática. Revista Scientific Magazine, Ano: XIX, nº 125,
p. 149-165, São Paulo, 2020. Acesso em 13 de janeiro de 2022.
DICASDEMAT Sandro Curió. Aprenda Matriz Rápido I Matrizes. Youtube, 04 jun. 2019.
Disponível em: <Aprenda Matriz Rápido I Matrizes - YouTube>. Acesso em 19 de novembro de
2021.
FUZATTO, Licia; ARIAS, Alexandre Peres. A importância da tecnologia para fins educativos
matemáticos no Ensino Médio. Caderno Intersaberes, v. 9, n. 22, 2020. Disponível em: <A
importância da tecnologia para fins educativos matemáticos no Ensino Médio | Caderno
Intersaberes (cadernosuninter.com)>. Acesso em 18 de julho de 2021.
GIL, Antonio Carlos et al. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Acesso em 03 de setembro de 2021.
PACHECO, Marina Buzin; ANDREIS, Greice da Silva Lorenzzetti. Causas das dificuldades de
aprendizagem em Matemática: percepção de professores e estudantes do 3º ano do Ensino
Médio. Revista Principia, João Pessoa, v. 38, p. 105-119, 2018. Disponível em: <Revista
Principia - Divulgação Científica e Tecnológica do IFPB>. Acesso em 13 de julho de 2021.
40
8 APÊNDICES
4. Você já foi reprovado em alguma disciplina durante sua vida estudantil? Se sim, em qual?
Português
42
Matemática
Inglês
Física
História
Geografia
Química
Biologia
Filosofia
Educação Física
Sociologia
Arte
Espanhol
Português
Matemática
Inglês
Física
História
Geografia
Química
Biologia
Filosofia
Educação Física
Sociologia
Arte
Espanhol
8. Em quais conteúdos matemáticos você têm mais dificuldade? Observação: Você pode escolher
mais de uma opção.
9. Porque você acha que muitos alunos apresentam dificuldades no aprendizado dos conteúdos
trabalhados na disciplina de Matemática? Observação: Você pode escolher mais de uma opção.
10. O que você mudaria nas aulas de matemática para facilitar a aprendizagem? (Pode ser tanto na
questão das metodologias utilizadas pelos professores, como nos métodos de avaliação)
44
Agora vamos construir uma tabela de notas e depois organizar os dados em uma
matriz.