Ensino Religioso 8º Ano EF
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ATIVIDADE 01 - (Objetivo: Conceituar o que é adolescência.)
a) Educador leia o texto com os educandos e depois oriente-os a responder as questões a seguir.
A adolescência é uma das fases mais complicadas da vida. Várias mudanças acontecem tanto no aspecto
físico quanto no emocional.
A puberdade chega, o corpo se transforma e começa a preparação para a fase adulta. Nesse período, muitos
questionamentos rodeiam os pensamentos dos jovens, que passam a descobrir o mundo fora dos muros da
escola e de casa.
Os pais, vistos até então como detentores da verdade, se tornam alvos de questionamentos. “Esse é o
momento em que o filho adolescente mantém sempre um clima de discordância em relação à opinião dos pais. É
a maneira que todo jovem lida com a insegurança e a necessidade de autoafirmação, tão comum nesse período
do desenvolvimento”, explica a psicóloga Maria Lúcia Putini Barsuglia.
As atitudes se devem à fase de transformação pela qual os adolescentes passam. Eles estão deixando de ser
crianças para se tornarem adultos. “Isso só é possível através de alguns rompimentos. Como a própria história
nos mostra, toda mudança significativa é antecedida por uma revolução”, diz a especialista.
Mas como agir com os filhos nessa época? Nada como a boa e velha conversa, aconselha a psicóloga. Ela
garante que o diálogo mostrará ao jovem que ele sempre terá um porto seguro em casa. “Os pais devem
compreender que se trata de uma fase do desenvolvimento necessária e inevitável, para que seus filhos possam
se tornar verdadeiramente adultos. É preciso que os pais cheguem numa boa medida de estabelecimento entre
limites e liberdades, tarefa nada fácil”, diz Maria Lúcia.
Apesar dos alardes, não é todo mundo que passa por essa fase difícil. Enquanto existem os rebeldes sem
causa, há também aqueles que enfrentam as mudanças de maneira mais calma ou mais reclusa. “Cada um
viverá a sua ‘revolução particular’ com as armas que dispõe, ou seja, tudo será vivido de acordo com as
experiências acumuladas e vividas no contexto familiar, individual e social”, finaliza a psicóloga.
A) Os pais devem ter pulso firme e controlar seus filhos o tempo todo.
B) O diálogo ainda é uma ótima saída para o conflito entre os adolescentes e seus pais.
C) Os pais devem ficar alheios às transformações por que seu filho está passando.
D) Ao cuidar de seus filhos adolescentes tente aceitar, tanto quanto possível, as suas solicitações e na hora de tomarem
suas próprias decisões, decida por eles.
A) a atitude ou postura do ser humano perante essas transformações e mediante as influências transmitidas apenas
pelo meio escolar a que pertence.
B) a etapa final do desenvolvimento humano, entre a infância e a velhice.
C) o momento em que o corpo se transforma e começa a preparação para a fase adulta. Muitos questionamentos
rodeiam os pensamentos dos jovens, que passam a descobrir o mundo fora dos muros da escola e de casa.
D) a fase de transição entre a juventude e a maturidade, que se estende dos 10 aos 30 anos para o homem, e dos 18
aos 25 para a mulher.
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ATIVIDADE 02 - (Objetivo: Debater sobre a ideia de corpo difundida na sociedade contemporânea.)
1) Educador leia com os educandos a opinião do cantor e compositor Herbert Viana e depois oriente-os para
responder as questões abaixo.
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2) ASSINALE a afirmativa que traduz a concepção do corpo segundo o texto de Herbert Viana.
a) Educador prepare em uma caixa várias palavras-chave, tais como: responsabilidade, direito, respeito, desejo,
necessidade, medo, consequência, dever, conquista, segurança... (pode-se acrescentar outras palavras de
acordo com a necessidade do grupo).
b) Junto de cada palavra selecionada pelo grupo deverá estar escrito LIBERDADE, conforme exemplos abaixo.
RESPONSABILIDADE
RESPEITO
DIREITO
DESEJO
MEDO
(LIBERDADE)
(Disponível em OSMANDO, José & RODRIGUES, Jader. Com dinâmicas de grupo também se aprende. Petrópolis: Vozes, 2011.)
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ATIVIDADE 04 - (Objetivo: Questionar o desrespeito aos direitos das crianças.)
01) Educador trabalhe a ilustração abaixo com os educados falando sobre os direitos das crianças.
(Retirado de www.google.com.br)
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a) Das imagens acima qual (is) dela(s) estão desrespeitando os direitos das crianças? Por quê?
b) Quais os direitos que estão sendo desrespeitados?
c) O que poderia ser feito para que imagens como essas não fossem mais vistas?
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ATIVIDADE 05 - (Objetivo: Refletir sobre as principais violações de direitos humanos identificadas no cotidiano.)
1) Educador realize com os aprendizes uma atividade sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente – (ECA) e sobre a
Declaração Universal dos Direitos Humanos – (DUDH). Seguem as orientações.
2) O Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser impresso uma adaptação feita pelo Estúdio Maurício de Souza – (Disponível
em http://www.fundacaofia.com.br/ceats/eca_gibi/capa.htm - acesso em 14/11/10). A Declaração Universal dos Direitos
Humanos pode ser uma adaptação feita pelo Frei Betto.
3) Depois peça aos educandos para escreverem também os direitos dos outros que lhes custa aceitar e reconhecer os
direitos que são violados com maior frequência.
4) Organize a turma em 05 grupos para discutir as anotações que fizeram.
b) Após a discussão, a partilha será feita através da troca dos trabalhos entre os grupos e a síntese das conclusões
posteriormente.
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5) Retome alguns parágrafos do ECA e da DUDH.
6) Nos mesmos grupos analise o que o ECA e a DUDH preveem e o que efetivamente é colocado em prática em relação à
educação, saúde, ir e vir, discriminação, violência, convivência familiar e ao trabalho.
7) Cada grupo poderá fazer a mesma discussão e verificar as conclusões semelhantes e diferentes ou, discutir eixos
diferentes e, depois, cada grupo explica para o restante da turma o que foi concluído.
8) Elabore uma fanzine –uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do
poder econômico do respectivo editor (faneditor). Engloba todo o tipo de temas, assumindo usualmente, mas não
necessariamente, uma determinada postura política, com especial incidência em histórias em quadrinhos, ficção
científica, poesia, música, cinema, jogos de computador e videogames, etc.
9) Elabore um mural - tem como característica ser uma comunicação dirigida essencialmente ao público interno, o que lhe
permite a veiculação de dados reservados somente a esse público. Outro fato é que o veículo pode ser buscado como
fonte de novidades, já que a sua atualização é mais rápida do que a dos demais veículos de comunicação. É considerado
ainda um espaço dinâmico para a divulgação de eventos internos, e externos, além de contribuir para melhorar a
integração social dos frequentadores, por ser atualizado periodicamente. Maior que os demais veículos de comunicação,
o Mural oferece cobertura mais ampla e variada das informações. Trata-se de uma das ferramentas mais simples da
comunicação e que exige menor verba. Pode ser afixado na parede, em forma de cartaz, ou em suportes com o tamanho
adequado aos papéis.
10) Educador realize um plenário para a apresentação da síntese das discussões e da revista e mural.
Educador explique para o educando que quando preencher a cruzadinha abaixo irá descobrir, juntando as letras em
destaque, a palavra cujo conceito é: “... a participação do adolescente em atividade que extrapolam os âmbitos de seus interesses
individuais e familiares e que podem ter como espaço a escola, os diversos âmbitos da vida comunitária; igrejas, clubes,
associações e até mesmo a sociedade em sentido mais amplo, através de campanhas, movimentos e outras formas de
mobilização que transcendem os limites de seu entorno sócio- comunitário.” (Costa, 1996:90)
1) É um molusco marinho da classe Cephalopoda e da ordem Octopoda, que significa "oito pés". Possui oito braços com fortes
ventosas dispostas à volta da boca. Como o resto dos cefalópodes, tem um corpo mole, mas não tem esqueleto interno e nem
externo. Como meios de defesa, possui a capacidade de largar tinta camuflagem e autotomia de seus braços.
2) É a capital da Itália e situa-se na região do Lácio. Conhecida internacionalmente como A Cidade Eterna pela sua história
milenar.
3) É conhecida pela sua lentidão, possui hábitos diurnos e gregários (vivem em bandos) passa o seu tempo em busca de
alimentos, principalmente os de cores vermelhas e amarelas. Ela não possui dentes, no lugar tem uma placa óssea que
funciona como uma lâmina para poder comer os alimentos. É um animal muito resistente, esperto, dócil, atento, calmo,
paciente e manso, aceita ser afagado, e o melhor para algumas pessoas: não faz barulho.
4) A sua função é evitar o gol, evitando que o clube adversário marque pontos. Justamente por ser a sua função diferente da dos
demais jogadores, é protegido por regras específicas. Enquanto os demais jogadores são proibidos, na maioria dos desportos,
de utilizar alguma(s) parte(s) do corpo, este pode utilizar de qualquer parte do corpo para evitar que o clube adversário atinja o
gol. Mas essa permissão é restrita a uma área delimitada em torno da trave.
5) Fatia de pão francês embebida no leite ou no vinho, passada por ovos batidos e frita. Servida polvilhada com açúcar e canela
em pó e regada levemente com vinho do porto.
6) Deusa do amor e da beleza. Esposa de Hefáistos e amante de Ares, a quem deu vários filhos (entre eles Fobos = Medo, e
Demos = Terror). Era também mãe de Eros.
7) É um clube de futebol brasileiro, fundado em 1912, com sede no interior de são Paulo. Eleito pela FIFA como o melhor clube
das Américas do século XX. É o único clube brasileiro a conquistar, num mesmo ano (1962), um título estadual, um nacional,
um continental e um mundial. O clube é conhecido no mundo inteiro por ter revelado o "Atleta do Século" (nomeado em 1999
pelo COI.)
8) É considerada a rainha das frutas tropicais, pelo sabor e suculência. In natura pode ser degustada de várias maneiras e com
facilidade proporcionando prazer a quem a consome. Excelente fonte de vitaminas, sais minerais e fibras dietéticas. É
encontrada em todo país durante todo o ano.
9) É um vegetal muito rico em Cálcio, Fósforo e Ferro, minerais importantes à formação e manutenção de ossos e dentes e à
integridade do sangue. Contém ainda vitamina A, indispensável à boa visão e à saúde da pele; e vitaminas do Complexo B,
que tem por funções proteger a pele, evitar problemas do aparelho digestivo e do sistema nervoso. Esta hortaliça é um ótimo
remineralizante para o organismo, é laxante pela sua grande quantidade em fibras, e boa para a asma e bronquite. Além
disso, é muito boa para combater as enfermidades do fígado, como a icterícia e os cálculos biliares, assim como os cálculos
renais, as hemorroidas, e as menstruações difíceis ou dolorosas.
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ATIVIDADE 07 - (Objetivo: Atualizar o debate sobre o resgate do valor da pessoa humana.)
1) Educador oriente os educandos a lerem a poesia de Thiago de Mello e depois oriente-os no desenvolvimento da atividade.
MÃO DO LIXO
(Tiago de Mello)
a) Como você definiria dignidade através do poema? Converse com seus colegas e anote a resposta no
caderno.
b) Pesquise a Declaração Universal dos Direitos do Homem e compare com a poesia. Quais os direitos do
homem que estão sendo desrespeitados? Por quê?
c) Qual é o valor dado ao ser humano segundo a poesia?
a) Nas palavras do poeta: “Que transformam pão em lixo com meus dedos no monturo sinto-me lixo também.
Diante disso, poderá se sentir um ser humano completo?
b) A Constituição brasileira de 1988 é considerada uma das mais avançadas nos Direitos Sociais. Você conhece
a nossa Constituição? Pesquise os artigos 6º e 7º e estabeleça um paralelo com a Declaração dos Direitos do
Homem e a poesia de Thiago de Mello.
c) Pesquise em revistas e jornais algumas notícias sobre o respeito e desrespeito à dignidade da pessoa
humana e traga para a sala de aula para construirmos um mural ilustrativo.
d) Conforme a sua preferência musical, pesquise uma música que aborde o tema estudado e apresente-a aos
seus colegas.
e) O grupo vai eleger uma das músicas que considerar mais significativa e, a partir das informações, debates,
reflexões e pesquisas, elaborar uma paródia para ser apresentada à turma.
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ATIVIDADE 08 - (Objetivo: Discutir os sentidos culturais das manipulações do corpo a partir de exemplos da história
da arte e da cultura atual.)
1) Educador leia e analise com os educandos a reportagem publicada pela Revista Veja e depois a resenha do livro Uma
história do Corpo na Idade Média, de Jacques Le Goff depois oriente-os para realizar a atividade.
Bem feitas e bem indicadas, as cirurgias estéticas representam um ganho para a autoestima. Mas a falta de bom senso está à
vista de todo mundo.
Pouco tempo atrás, a escritora americana Stacy Schiff desfrutava uma linda tarde ao lado de um amigo
francês que visitava Nova York pela primeira vez. No fim do dia, porém, ele mostrou-se intrigado. Queria saber o que
havia acontecido com as pessoas mais velhas na cidade. Seus rostos eram esticados demais, lustrosos demais. Em
Paris, disse ele, os velhos pareciam velhos – e não havia nada de errado nisso. A idade do amigo francês de Stacy: 8
anos. Sim, até mesmo uma criança mais observadora pode perceber que algo de estranho vem ocorrendo. E não só
em Nova York, é claro. Basta ir a shoppings e restaurantes de qualquer grande cidade brasileira, como São Paulo,
Rio de Janeiro e Belo Horizonte, para deparar com pessoas de pele alaranjada (sessões de bronzeamento artificial
podem dar esse efeito), maçãs do rosto salientes, testa estirada, lábios inflados e dentes branquíssimos, de uma
alvura inexistente na natureza. É um contingente que, pelo jeito, tende a aumentar, graças aos avanços técnicos e ao
barateamento dos procedimentos estéticos. Ficou mais fácil, enfim, fazer uma intervenção atrás da outra – e isso dá
vazão à obsessão doentia pela manutenção da beleza e juventude. "O resultado dessa obsessão são bizarrices
produzidas por falta de bom senso não só dos pacientes, como dos próprios médicos", diz o presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo, João de Moraes Prado Neto.
Não há nada de errado em querer consertar uma falta de acabamento congênito, melhorar a silhueta
castigada pelo excesso de comida e pelo sedentarismo ou atenuar as marcas do tempo. É uma forma perfeitamente
compreensível e legítima de conservar (ou restaurar) a autoestima. Um nariz menos adunco, uma ruguinha
cancelada, uns quilinhos aspirados – e eis que a beleza deixa de ser apenas a promessa de felicidade, para citar a
frase do escritor francês Stendhal. A questão é quando se exagera na dose. Tem-se aí uma patologia. Pessoas que
não se cansam de encontrar defeitos ao espelho (na maioria das vezes, inexistentes) e, para corrigi-los, perseguem
compulsivamente um padrão estético inatingível sofrem do que os médicos chamam de transtorno dismórfico
corporal. Descrito em 1987 pela Associação Americana de Psiquiatria, o distúrbio, nos casos mais graves, causa
ansiedade e depressão profundas – e pode levar a pessoa a deformar-se nas mãos de cirurgiões inescrupulosos.
Por vender a ideia de que é possível ter o corpo dos sonhos, o rosto perfeito, a cirurgia plástica é uma das
áreas mais lucrativas da medicina. Isso é bom porque favorece o desenvolvimento constante de novas tecnologias. E
os avanços tornaram os procedimentos acessíveis a uma quantidade enorme de pessoas. O lado sombrio é que a
busca por um ideal de beleza inatingível e pela eterna juventude alcançou proporções preocupantes. "A
popularização da cirurgia plástica nos últimos anos motivou tanto os cirurgiões quanto os pacientes a pensar no corpo
não como algo que pode, mas que deve ser melhorado", disse a VEJA o professor de comunicação John Jordan, da
Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos. Em uma cultura obcecada pela aparência (na verdade,
por uma aparência pasteurizada) e juventude, as pessoas que não têm a intenção de mexer no próprio corpo passam
por desleixadas. Esse tipo de distorção já motivou campanhas, entre os americanos, contra a obsessão pela plástica.
Em uma delas, uma mãe exibe um cartaz ao lado das duas filhas, com a seguinte frase: "Eu não preciso de cirurgia
plástica porque quero que minhas filhas se pareçam comigo".
A concepção do corpo, o lugar que ocupa na sociedade e sua presença no imaginário sofreram modificações com o
decorrer da história, e Le Goff e Truong entendem que há uma grande lacuna histórica no que se refere ao corpo na
Idade Média. A escolha deste período histórico, para os autores, deve-se, entre outros fatores, ao fato de que a Idade
Média provocou uma revolução nos conceitos e nas práticas corporais desde o triunfo do cristianismo, nos séculos IV
e V; porque a Idade Média aparece como a matriz do nosso presente mais do que qualquer outra época, ajudando-
nos a compreender melhor nosso tempo, tanto por suas convergências surpreendentes como por suas irredutíveis
divergências; porque é na Idade Média que as instituições farão uso das metáforas do corpo e o irão modelar.
Os autores partem da hipótese de que algumas “técnicas” vão traçando uma história para e no corpo, e que
mesmo a vergonha, o constrangimento e o pudor têm uma história. É necessário, portanto, sair de uma perspectiva
natural desses acontecimentos para um olhar político sobre o “civilizar o corpo”. E mostrar suas tensões na Idade
Média, o qual era “glorificado e reprimido, exaltado e rechaçado”, das quais o cristianismo foi um dos grandes
responsáveis.
Os autores mostram como a Igreja buscava controlar os gestos corporais. O esperma e o sangue eram
repugnados. Houve um intenso trabalho da Igreja no sentido de estabelecer a diferença entre o sangue de Cristo e o
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sangue “impuro” dos homens, inclusive o sangue menstrual da mulher. O sexo era controlado até mesmo entre os
casais, cujo objetivo único era o de procriar. No entanto, citando Paul Veyne e Michel Foucault, os autores explicam
que já havia um ‘puritanismo da virilidade’ antes da guinada decisiva do alto Império Romano (séculos I-II) em direção
ao cristianismo. De alguma forma, o cristianismo foi o operador de uma reviravolta que já vinha sendo preparada, a
qual condenava a luxúria, a gula e o excesso de bebida e de alimentação. O corpo, simbolicamente, era atravessado
pela tensão entre o jejum sexual e alimentício da Quaresma com os excessos do Carnaval. Para os autores, no
entanto, esta tensão estendia-se a todos os níveis do corpo.
O cristianismo também operou outra reviravolta: o choro e as lágrimas tornaram-se uma dádiva, uma renúncia
da carne e que compensava o que era proibido, ou seja, os líquidos relacionados ao “pecado”. O riso, por sua vez,
passou a ser relacionado ao demônio. Com o corpo dividido entre cabeça/espírito e ventre/carne, o riso foi silenciado
dos séculos IV ao X, aproximadamente.
O amor não era um fundamento da sociedade medieval. A palavra, inclusive, significava paixão devoradora e
selvagem. Na Idade Média desenvolveu-se um erotismo animalizado, cuja presença de floresta e de campos na
sociedade moldou a realidade e o imaginário social, o que foi bastante combatido pela Igreja. À época medieval
também não interessavam a mulher grávida e a criança. Este quadro mudou quando a Igreja passou a promover o
nascimento de Jesus, dando ao sacramento do batismo, um gesto corporal, um imenso valor. Foi a figura do pai que
sofreu um declínio, desaparecendo também das representações artísticas da Natividade.
Como a expectativa de vida era baixa, a velhice era objeto de uma tensão “entre o prestígio da idade e da
memória e a malignidade da velhice, a feminina em particular”. A doença também não escapava à relação entre
corpo e espírito. Nesta imbricação houve muita polêmica, porque havia os que defendiam a doença ligada ao corpo e
aqueles que viam a doença como um castigo pelos pecados. Por isso, em geral, os milagres atribuídos aos santos
são milagres de curas. E neste sentido, a Igreja foi uma “crítica teórica da novidade”. A medicina buscava meios para
atenuar os sofrimentos físicos, mas mesmo assim permaneceu bastante estagnada, porque era inaceitável considerar
o corpo sem a alma. A medicina era antes uma medicina da alma. Houve, todavia, importantes inovações técnicas,
principalmente na área cirúrgica.
Foi a partir do tratado “dos cuidados devidos aos mortos”, de Agostinho, escrito em 421 e 422, que a Igreja
inaugurou sua “carta funerária para o Ocidente”. A Igreja passou a se encarregar dos mortos, ritualizando e
regulamentando a morte. A morte passou a ser individualizada. A presença dos mortos ganhou muitos significados na
Idade Média. As narrativas com espectros passaram a ser difundidas pela Igreja após serem acusadas de
supersticiosas e pagãs. O discurso cristão passou a apresentar o corpo dos mortos glorificado juntamente com a
alma. Houve a redenção do corpo morto que era desprezado em vida. Mas uma questão atormentou teólogos e
provocou muita polêmica na Idade Média: os corpos dos eleitos ficarão nus ou vestidos no paraíso? Em geral optou-
se pela nudez. Pela nudez codificada, civilizada. A partir da segunda metade do século XII, surgiu um terceiro lugar
além do céu e do inferno: o purgatório, uma espécie de “sala de espera” para os pecadores comuns.
As piores descrições dos sofrimentos e dos castigos infernais eram corporais, principalmente a danação, que
priva o condenado de ver a Santíssima Trindade. Diversificaram-se os suplícios e procurou-se adaptar o castigo à
falta cometida. A Igreja tentou negar o corpo, mas pela necessidade de dar “visibilidade” ao inferno, deu forma e
volume aos corpos, não os excluiu.
Os movimentos e os gestos corporais eram centrais na vida social na Idade Média, acentuando a tensão de
uma sociedade na qual o corpo oscilava entre o glorificado e o desprezado. A nudez, por exemplo, encontrava-se no
limiar entre a inocência anterior ao pecado original e a luxúria. Houve uma significação na passagem da nudez à
roupa, principalmente nos personagens iminentes da sociedade, e a nudez tornou-se cada vez mais associada à
selvageria. A beleza feminina dividia-se entre Eva, “a tentadora”, e Maria, “a redentora”, personagens que
constituíram os polos da beleza feminina na Idade Média.
Os esportes na Idade Média eram praticados, embora não apresentem “nem o caráter de referência à
sociedade de organização institucional, nem as condições econômicas que foram as do esporte na Antiguidade ou
quando de seu renascimento, no século XIX”. Os exercícios físicos na Idade Média foram uma contribuição ao
processo de civilizar o corpo.
Os autores mostram como na Idade Média se enraíza o uso da metáfora do corpo para designar uma
instituição, seja na religião, na ciência, na literatura. Há um trabalho político em associar certos órgãos e lados com
melhor e pior, superior e inferior. O coração tornou-se o lugar do sofrimento, por exemplo, enquanto o fígado foi
associado às partes inferiores, vergonhosas. A mão repousou sobre uma grande tensão: representava a proteção e o
comando ao mesmo tempo em que era um instrumento de penitência, de trabalho inferior.
O discurso político também se apropriou da metáfora do corpo, utilizada com mais entusiasmo no século XII,
principalmente nos tratados. De modo geral, a cabeça foi associada a permanecer ou a se tornar líder do corpo
político. A metáfora corporal estendeu-se também à cidade, cuja idéia é a da “necessidade solidária entre o corpo e
os membros” representando um conjunto funcional de solidariedades das quais o corpo foi o modelo.
Le Goff e Truong conseguem abordar as práticas políticas institucionais com relação ao corpo e desconstruir
noções cristalizadas na sociedade atual. É certo que o corpo não foi ignorado por algumas instituições que, cientes
de sua importância, tiveram o cuidado de controlá-lo, de civilizá-lo. A obra consegue, sem dúvida, atentar para um
perigoso jogo político com relação ao esquecimento do corpo na história.
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02) Inicie a atividade comparando os dois textos:
a) Como o corpo é visto em cada um dos textos. Há similaridade? Diferenças? Aspectos intrigantes? O quê?
b) Hoje o corpo é visto como um instrumento de comunicação? E na Idade Média?
c) Qual é a ideia que prevalece no primeiro texto, e no segundo?
d) Qual é o padrão de beleza hoje? E na Idade Média?
e) O corpo contribui para a formação de identidade do indivíduo? Como?
03) Educador mostre para os educandos o desenho de Leonardo da Vinci (1452-1519) chamado O Homem Vitruviano, que retrata
uma figura humana no interior de um quadrado e de um círculo. Trata-se de uma imagem icônica do movimento cultural da
Renascença. Discuta esse trabalho do eclético italiano, trazendo à tona as ideias centrais do Renascimento – (veja
esquemas.) Lembre que para realizar essa obra Da Vinci se baseou no trabalho do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio
(75-25 a.C.). Vitrúvio escreveu que a arquitetura deveria tomar a natureza e suas proporções perfeitas como ponto de partida
para a construção de ambientes.
a) A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, de 1632, e O Homem Vitruviano, de 1490: realismo e perfeição na representação dos
músculos e proporções do corpo marcaram uma revolução na arte. Da Vinci, como grande parte dos artistas
renascentistas, revolucionou a arte e a cultura europeias ao retomar essas ideias de proporção sustentadas no
antropocentrismo. Assinale como o desenho relaciona o corpo com duas formas matemáticas perfeitas — o quadrado e o
círculo —, simbolizando o primor e a harmonia da figura humana. Peça que os alunos comparem a criação de Da Vinci
com a tela de Rembrandt (1606-1669) A Lição de Anatomia do Dr. Tulp. Oriente-os a perceber características como o
realismo e o apuro na representação dos músculos e das proporções do corpo e a forma como o pintor holandês busca
retratar um procedimento médico.
b) Em seguida, debata com os educandos outros exemplos famosos de imagens do corpo humano na arte contemporânea,
como Les Demoiselles D’Avignon, de Pablo Picasso (1881-1973), ou O Grito, de Edvard Munch (1863-1944). Estimule-os
a pensar nas representações mais atuais, já sem a preocupação com a proporção ou o realismo.
c) Incentive-os a desenhar figuras humanas (por exemplo, o colega ao lado), tentando seguir os estilos realista e cubista.
Discuta as diferentes motivações dos artistas de cada época. No Renascimento, buscava-se a retomada dos estilos
clássicos greco-romanos e, no realismo, a exaltação da forma humana e da matemática (por exemplo, com uso da
perspectiva linear). Posteriormente, os artistas passaram a se importar mais com o questionamento da arte em si, com a
crítica das formas realistas, procurando revelar a subjetividade e o inconsciente, fugindo da idéia de que a pintura era
apenas uma maneira de retratar a natureza.
d) Verifique se conhecem alguém que já se submeteu a uma cirurgia plástica e se sabem os motivos da intervenção. Tente
reunir, com base nos relatos apresentados, o que estimula as pessoas — entre as quais um número crescente de jovens
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— a alterar o próprio corpo. Aceitação social? Deformações congênitas? Pura vaidade? Será que as experiências da
classe ajudam a entender os porquês desse fenômeno?
e) Logo após, focalize alguns ídolos da cultura pop internacional atual, como Pamela Anderson, ou celebridades que
encarnam ideais de beleza, como as atrizes Nicole Kidman e Angelina Jolie. É possível que todo mundo consiga ter o
mesmo nariz ou boca dessas personalidades? Questione o fato de que a mídia (televisão, cinema, revistas) propaga
imagens ideais de beleza que não correspondem à aparência da maioria das pessoas. Quais os ídolos que os garotos
buscam imitar? E as meninas? Será que homens e mulheres fazem plástica pelos mesmos motivos?
f) Cite exemplos contemporâneos de uso da modificação corporal como forma de arte e de crítica à nossa cultura.
g) Indague os sentidos sociais e culturais que as alterações corporais têm para além da beleza estética. Seios maiores ou
dentes mais brancos são também signos de poder e status sociais.
h) Assinale que a modificação corporal é algo universal nas culturas humanas. Os caiapós são famosos por sua
ornamentação e suas pinturas na pele. Nas Filipinas, alguns grupos até hoje tornam seus dentes pontiagudos como
símbolo de beleza e status. Finalize a conversa mostrando que cada período histórico e cada cultura específica possuem
uma forma única de se expressar por meio do corpo.
1) Educador explique para os educandos o significado das placas abaixo, ressalte que elas existem para por limites nas ações
dos motoristas.
2) Diga aos educandos que em tudo o que fazemos, precisamos de limites. Quando nascemos, aprendemos, desde
cedo a conviver com limites e estes nos servem para que, em fase adulta, saibamos até onde podemos ir. Essa
lógica é aplicada em nossa vida pessoal, profissional, individual ou coletiva.
3) Peça para que crie uma história sobre OS LIMITES NECESSÁRIOS EM NOSSA VIDA usando todas as placas
acima.
4) Os educados deverão recortar as placas e colá-las em suas histórias.
5) Criar um momento para a leitura e exposição dos trabalhos.
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ATIVIDADE 10 - (Júri Simulado- Objetivo: Analisar os limites da liberdade.)
a) Educador o tema deve ser planejado e estudado com antecedência pelo grupo. O sucesso do Júri deve-se a isto.
b) Estabelece-se as regras fundamentais de participação das equipes (acusação e defesa).
c) Todos os participantes receberão cópia da Folha-guia: “Dois casos”.
d) O grupo será divido em:
Juiz - educador.
Acusação - grupo A.
Defesa - grupo B.
Ré – liberdade.
Jurados - grupo C.
Plateia - grupo D.
e) No banco dos “réus,” encontra-se as ideias de que a liberdade pode ser cerceada arbitrariamente ou pode ser
pedida para ser cerceada.
f) Todo o desenrolar do júri tem que partir das ideias sugeridas pelos dois casos. Cada grupo deverá ficar
responsável por um deles.
g) Os argumentos para a acusação e defesa far-se-ão a partir da análise dos dois casos postos para o julgamento –
(Folha-guia: “Dois casos”.)
h) O grupo deverá apresentar seus argumentos:
i) A etapa seguinte será destinada a apresentação do material. Cada grupo disporá de pelo menos cinco
minutos para mostrar slides, gravuras, depoimentos em entrevistas gravadas ou escritas.
j) Concluídas as interrogações e apresentação do material inicia-se o Julgamento.
k) Os jurados disporão de cinco minutos para avaliar o desempenho dos grupos (acusação e defesa) em
quatro itens.
l) Feita a avaliação dos grupos, o jurado votará o veredicto final cabendo ao juiz proferir a sentença.
m) Durante todo o desenrolar do Júri Simulado, o juiz deverá estar atento, anotando questões que formulará à
plateia. Depois de encerrado o Júri escolha um ou mais alunos da plateia para responderem, por escrito, de cinco
a dez questões sobre o tema apresentado.
n) Concluído o Júri o animador deverá apresentar uma exposição sobre o tema discutido, destacando a
contribuição de cada grupo participante e completando esclarecimentos a respeito de eventuais falhas e
omissões para a plena fixação do tema desenvolvido.
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FOLHA-GUIA: “DOIS CASOS”
Recentemente foi veiculado duas notícias de jornais que nos leva a refletir sobre o querer ou não de ser livre.
Uma senhora de 46 anos que trabalha como faxineira acorrentou à cama o filho dependente de crack e
chamou a polícia. A mulher não sabia o que fazer para proteger seu filho de 20 anos, que passou a roubar e ser
ameaçado de morte por causa do vício.
A faxineira alegava não ter-se dado conta de que submetia o filho a cárcere privado, cerceado sua liberdade,
o que configura um crime. “Faz seis meses que não sei o que é comer nem dormir direito, só aperreada com o
menino, com essa droga. Acorrentei porque não aguentava mais. Fiquei aliviada porque sabia que, dentro de casa,
ele não iria sair para pegar o que é dos outros”, contou. Ela começou a prender seu filho quando comprou a corrente.
O rapaz gritava para ser solto. Em algumas situações ela desatava as amarras e deixava o filho livre. Só que nesses
momentos ele aproveitava para consumir crack.
Diante dessa situação e com medo de perder seu filho para o mundo das drogas ela menteve-se firme e
optou em deixar o seu filho acorrentando, mesmo sabendo que estava tirando a liberdade dele.
Uma jovem de 19 anos, sem forças para lutar contra o vício, pede para a mãe acorrentá-la para ficar longe
das drogas. Há quase dois anos procura manter distância da polícia, hoje suplica à mãe para ser algemada. Essa foi
a única maneira que ela encontrou para evitar mais uma fuga desesperada rumo às bocas de fumo. "É mais forte do
que eu. Às vezes bate uma fissura que eu não consigo controlar. Se não estiver presa, meto o pé pra boca", conta a
menina, mostrando como fica presa nos momentos de desespero.
Resgatada pela mãe, a dona de casa de 43 anos, depois de mais uma temporada longe de casa, conta que já
perdeu a conta de quantas vezes fugiu para se drogar. "Só sei que foram muitas. No início fugia só para ir a bailes
funk. Depois que conheci o crack, comecei a passar dias, semanas e até meses sem voltar pra casa. Só vinha
embora quando minha mãe subia o morro para me buscar”. O vício, desde então, só piorou, e o contato com o crack
levou a menina a mergulhar ainda mais fundo nas drogas.
Filha de uma família de classe média, ela conta que dinheiro nunca foi o problema para comprar as pedras.
"Quando não conseguia pegar na carteira da minha mãe, saía com os traficantes da boca", revela. "Mas nunca aceitei
pagamento em droga. Exigia o dinheiro para que eu pudesse pagar com a minha própria grana", detalha a menina.
"Hoje estou limpa, mas ainda sinto o cheiro e o gosto do crack na boca. E isso me deixa louca. Quando
percebo que vou perder o controle, chamo a minha mãe e falo: 'mãe, estou surtando, quero ser algemada', e ela sai
correndo para pegar as algemas e me prender junto à cama". "Mas tem que esconder às chaves, porque, na fissura,
se eu encontro, fujo na hora", frisa a jovem.
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GABARITO
QUESTÃO 01
01 – LETRA B.
02 - LETRA C.
QUESTÃO 02
LETRA D.
QUESTÃO 04
Educador espera-se que os educandos respondam que todas as realidades mostradas pelas imagens estão
desrespeitando os direitos das crianças. Como por exemplo: direito à liberdade, respeito, dignidade, lazer, etc.
QUESTÃO 06
01 P O L V O
02 R O M A
03 T A R T A R U G A
04 G O L E I R O
05 R A B A N A D A
06 A F R O D I T E
07 S A N T O S
08 M A N G A
09 C O U V E
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