Cartilha IPTU

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IPTU

IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE


PREDIAL E TERRITORIAL URBANA

1. O QUE É IPTU?
É o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
cobrado pelos municípios1 por lançamento de ofício e devido
em razão da propriedade, domínio útil ou posse de bem imóvel
(prédio ou terreno) localizado em área urbana2.
Para fins de IPTU, a área urbana será definida em lei municipal,
desde que seja de expansão urbana (urbanizável) ou observe
o requisito da existência de ao menos dois melhoramentos de
infraestrutura urbana.
Segundo o art. 32, § 1º do Código Tributário Nacional (“CTN”),
são considerados melhoramentos de infraestrutura urbana: (I)
meio-fio ou calçamento, com canalização de água pluvial; (II)
abastecimento de água; (III) sistema de esgotos sanitários; (IV)
rede de iluminação pública para distribuição domiciliar; e (V)
posto de saúde ou escola primária a, no máximo, três quilômetros
de distância do imóvel.
Em relação à área urbanizável, ainda que (I) não existam
quaisquer das melhorias destacadas acima; e (II) a área não seja
denominada “área urbana”; poderá o município considerar uma
área geográfica como tal. Essa possibilidade depende de dois

1
Art. 156, I, da Constituição de 1988.
2
Art. 32 do Código Tributário Nacional.
IPTU

fatores: previsão de lei municipal e aprovação de loteamento


destinado à habitação, à indústria ou ao comércio no local.
Segundo o art. 182, § 2º da Constituição de 1988 (“CF/88”),
a propriedade urbana deve cumprir sua função social. O proprie-
tário deve exercer seu direito observando o interesse coletivo.
A progressividade do IPTU visa a materializar tal orientação.

2. CÁLCULO DO IPTU
2.1. Base de cálculo
A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel (art. 33
do CTN), definido como o valor de compra e venda à vista em
condições normais de mercado.
Para aferição do valor venal seria necessária a efetiva avalia-
ção individual de cada imóvel pelo município. Contudo, consi-
derando a impossibilidade prática dessa aferição, os municípios
passaram a lançar mão das denominadas plantas genéricas de
valores (“PGV”) como procedimento administrativo para definir
o valor venal a ser utilizado como base de cálculo do imposto.3
Em regra, os municípios utilizam-se de critérios objetivos e
técnicos para fixação da planta genérica de valores, de modo
que as áreas urbanas são subdivididas em zonas, com atribuição
de valor por metro quadrado (“v/m²”).
Para fixação do v/m² no Município de São Paulo4, por exemplo,
são utilizados fatores (I) de profundidade; (II) de esquina; (III) de
tipo de terreno (encravado, fundo, interno); (IV) de condomínio

3
O STF pronunciou-se sobre a possibilidade de cobrança do IPTU mediante planta
de valores, declarando-a legítima desde que instituída por lei em sentido formal
(STF, RE 648.245, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 24/02/2014).
4
Arts. 45 a 67 do Anexo ao Decreto 59.579 de 03 de julho de 2020.
IPTU

(proporção entre valor venal de terreno e de construção); (V)


de obsolescência, referente à idade do imóvel; e (VI) de tipos e
padrões de construção, definidos de acordo com a finalidade e
disposição do imóvel (residencial/comercial, horizontal/vertical,
número de pavimentos e m²).
O cálculo do IPTU poderá ser progressivo em razão do tempo,
valor, localização e uso do imóvel (CF, art. 156, § 1º e art. 182, § 4º).
A progressividade do IPTU corresponde ao aumento do im-
posto conforme os imóveis sejam mais valiosos;5 ou em razão
da localização, tempo e aproveitamento inadequado, pelo dis-
tanciamento da função social da propriedade6.
No caso de propriedade urbana que descumpra a função social
– como imóveis não edificados, subutilizados ou não utilizados,
sem aproveitamento adequado e que não cumpram os prazos e
obrigações sobre apresentação de projeto, início e conclusão de
obras – os municípios podem exigir o parcelamento ou edificação
compulsórios, IPTU progressivo no tempo ou desapropriação
mediante pagamento em títulos da dívida pública.
Dessa forma, além dos critérios mencionados para fixação
da base de cálculo, aplicam-se, também, alíquotas, descontos
e acréscimos diferenciados de acordo com a localização, valor,
aproveitamento e finalidade do imóvel.
Por fim, caso o contribuinte discorde da base de cálculo utili-
zada, a maioria dos municípios possibilita o pedido administrativo
de revisão de valor venal, como é o caso de Campo Grande/MS,
Fortaleza/CE, Manaus/AM e São Paulo/SP.

5
Aspecto fiscal, conforme disposto no art. 156, § 1º, da Constituição.
6
Aspecto extrafiscal, conforme disposto no art. art. 182, § 4º, da Constituição.
IPTU

2.2. Alíquota
Definida a base de cálculo e os critérios da progressividade
do imposto, cabe ao legislador municipal estabelecer a alíquota
e forma de cálculo do IPTU.
Em regra, os municípios estabelecem alíquotas diferentes
para imóveis residenciais e não residenciais, conforme se verifica
nos exemplos abaixo:
• Campo Grande/MS
• 1% (edificados);
• entre 1% e 3,5% (não edificados);
• Curitiba/PR
• entre 0,20% e 1,10% (residenciais);
• entre 0,35% e 1,80% (não residenciais);
• entre 1% e 3% (territoriais);
• Distrito Federal
• 0,3% (residenciais);
• 1% (comerciais ou em construção);
• Goiânia/GO
• entre 0,20% e 0,55% (residenciais);
• entre 0,50% e 1% (não residenciais);
• entre 1% e 4% (imóveis vagos ou não edificados);
• Porto Alegre/RS
• entre 0,40% e 0,85% (residenciais);
• entre 0,80% e 1% (não residenciais);
IPTU

• Recife/PE
• entre 0,60% e 1,4% (residenciais);
• entre 1% e 2% (não residenciais);
• Salvador/BA
• entre 0,10% e 1% (residenciais);
• entre 1% e 1,5% (não residenciais);
• entre 1% e 3% (terrenos);
• São Paulo/SP
• 1% (residenciais);
• 1,5% (não residenciais).

3. QUEM DEVE RECOLHER O IPTU?


O contribuinte do IPTU é o proprietário do imóvel, o titular
do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.7
Nos termos do art. 130 e 131 do CTN, o recolhimento do
IPTU é uma obrigação propter rem (própria da coisa). Ou seja,
deve acompanhar o bem ainda que os fatos imponíveis sejam
anteriores à alteração da titularidade do imóvel.
O art. 25 da Lei 8.245 de 18 de outubro de 1991 (Lei do Inquilinato)
permite atribuir ao locatário o dever de pagamento de tributos.
Trata-se, todavia, de uma relação entre particulares. O locatá-
rio não é, por essência, contribuinte do IPTU. A sua legitimidade
processual para discutir o imposto perante o município já foi,
inclusive, rechaçada pela jurisprudência8. Contudo, mediante a
alteração cadastral do contribuinte, é possível vincular o locatário

7
Art. 34 do Código Tributário Nacional.
8
Conforme súmula 614, do STJ.
IPTU

à cobrança periódica do IPTU como “possuidor”, simplificando


o cumprimento da obrigação tributária.
Além disso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu, sob
a sistemática de recursos repetitivos, que tanto o promitente
comprador do imóvel (possuidor a qualquer título) quanto seu
proprietário/promitente vendedor (aquele que tem a propriedade
registrada no Registro de Imóveis) são contribuintes responsáveis
pelo pagamento do IPTU.9

4. PRAZO PARA PAGAMENTO DO IPTU:


O fato gerador do IPTU ocorre no dia 1º de janeiro de cada
ano, cabendo aos municípios instituir a data de vencimento do
imposto, que pode ser recolhido à vista com desconto ou par-
celado, de acordo com a legislação local10.
Em geral, as legislações locais estabelecem prazos diferentes
para recolhimento do IPTU. Por esse motivo, é importante ficar
atento ao prazo estabelecido pelo município de localização do
imóvel e consultar a respectiva legislação sobre eventuais juros,
correção monetária e multa por recolhimento fora do prazo.
No município de Fortaleza, por exemplo, o pagamento em
atraso implica multa de 0,33% ao dia, limitada a 10% do valor
do imposto, acrescido de juros e correção monetária.
Caso não concorde com a cobrança, é facultado ao contribuinte
apresentar impugnação, de acordo com as regras de cada município.

9
STJ, REsp 1.111.202/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, julgado
em 10/06/2009, DJe 18/06/2009.
10
A título exemplificativo, os Municípios de Belém/PA e Natal/RN possibilitam o
pagamento de IPTU à vista com desconto de 10% e 16%, respectivamente, ou em até
10 parcelas. O Município de Cuiabá/MS possibilita o pagamento à vista, também com
desconto de 10%, ou em até 8 parcelas, sendo o valor mínimo de cada parcela R$ 57,26.
IPTU

Importante destacar que a impugnação não interrompe


o vencimento do IPTU, apenas suspende a sua exigibilidade.
Assim, após o processamento, havendo decisão desfavorável ao
contribuinte, este deverá efetuar o pagamento do imposto com
acréscimo de juros de mora.

a) Prazo para cobrança do IPTU


O IPTU é sujeito ao lançamento de ofício, cobrado pelos muni-
cípios por meio de carnê com os respectivos prazos de pagamento.
Caso o contribuinte não efetue o pagamento do imposto, os
municípios poderão exigi-lo administrativamente11 ou judicialmente
a partir do vencimento indicado. Nesse momento inicia-se o prazo
prescricional para a cobrança do IPTU, conforme definido pelo STJ12.
Decorridos cinco anos sem a ocorrência das causas suspen-
sivas ou interruptivas13, o débito é extinto pela prescrição (art.
156, inciso V, do CTN).

11
A Fazenda pública possui interesse e pode efetivar o protesto da CDA, docu-
mento de dívida, na forma do art. 1º, parágrafo único, da Lei 9.492/1997, com a
redação dada pela Lei 12.767/2012. (STJ, REsp 1.686.659/SP, Tema 777, Rel. Min.
Herman Benjamin, 1ª Seção, julgado em 28/11/2018, DJe 11/03/2019).
12
STJ, REsp 1.641.011/PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Seção, julgado
em 14/11/2018, DJe 21/11/2018.
13
[CTN] Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos
termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão
de medida liminar em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar
ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento.
[CTN] Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco
anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição
se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o
devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em
reconhecimento do débito pelo devedor.
IPTU

5. QUESTÕES CONTROVERTIDAS:
a) Atualização anual
Conforme mencionado, os municípios utilizam a PGV como
base para cálculo do IPTU, com o fim de se aproximar do valor
de mercado de compra e venda à vista dos imóveis (valor venal).
Entretanto, o uso do valor incluído na PGV não supera em
definitivo o problema de desconexão da realidade com a ava-
liação individual.
Em vista do aumento anual realizado pelos municípios sem
critério, com o fim de alcançar o valor de compra e venda à vista
dos imóveis, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, com
eficácia de repercussão geral14, a possibilidade de atualização
anual do valor dos imóveis, independentemente de edição de lei,
desde que tal atualização não exceda os índices inflacionários.
Nesse sentido, a PGV deve ser instituída por lei, com ajustes
posteriores por ato administrativo ou decreto somente no to-
cante à correção monetária. Tais ajustes afastam o custo infla-
cionário, não capturando propriamente as variações decorrentes
de melhoramentos urbanos ou da falta destes.
Com base no julgamento do STF, alguns municípios alteraram
suas legislações locais. O Município de São Paulo, por exemplo,
promulgou lei limitando o aumento do IPTU nominal até o per-
centual de 10% para imóveis residenciais ou 15% para imóveis
comerciais entre exercícios, a partir de 2015.15
Contudo, o que surgiu como limite tornou-se padrão. O
aumento de IPTU anual tem sido inercial, até o limite definido
na lei, sem observância dos índices inflacionários (na maioria

14
STF, RE 648.245, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2013.
15
Art. 9º, I e II, da Lei 15.889/2013.
IPTU

das vezes menor do que o limite nominal estabelecido) e sem


ter havido efetiva valorização imobiliária.

b) Fator de obsolescência
Dentre os fatores utilizados para fixação da base de cálculo
do IPTU, encontra-se o fator de obsolescência, correspondente
à idade de construção do prédio. Quanto mais antigo o prédio,
menor o fator e, portanto, o valor do IPTU.
Os contribuintes argumentam que a uniformização do fator de
obsolescência por “prédio”, utilizada pelos municípios, fere o caráter
pessoal do IPTU e sua gradação segundo a capacidade econômica.
Isso porque um prédio pode ter várias estruturas e imóveis com
proprietários distintos. Há, por exemplo, inúmeras galerias, lojas e
serviços de conveniência que convivem de forma autônoma com
unidades residenciais, em projetos de arquitetura de uso misto.
Por outro lado, pode ser questionável a constitucionalidade
de dispositivo legal permitindo que uma reforma parcial possa
resultar em mudança brusca nos fatores de obsolescência da
totalidade desses imóveis.
Assim, há mitigadores a esse efeito. No Município de São
Paulo16 é possível realizar o cálculo do fator de obsolescência
pela média ponderada da área impactada por reforma, ou seja,
de forma proporcional à parte reformada vs. a não reformada17.
Recomenda-se consultar a legislação de cada município para
verificar a existência de fator de obsolescência e a possibilidade
de uso da média ponderada.

16
Art. 16, § 3º, da Lei 10.235/1986.
17
(Percentual do prédio não reformado multiplicado pelo fator de obsolescên-
cia correspondente à real idade do imóvel) + (percentual do prédio reformado
multiplicado pelo fator de obsolescência correspondente à real idade do imóvel).
IPTU

c) Imóvel urbano x imóvel rural


A localização urbana é requisito espacial para a incidência do
IPTU em detrimento do Imposto Territorial Rural (ITR).
Cabe às leis municipais definir a diferença entre área urbana
e área rural, para fins de incidência de um ou de outro imposto,
observado o requisito de ao menos duas melhorias dentre aquelas
previstas no art. 32, § 1º do CTN para caracterizar a área urbana.
As exceções para essa regra de diferenciação entre imóvel
urbano e rural são (I) área urbana por equiparação; e (II) ativi-
dade rural em imóvel urbano.
No caso de área urbana por equiparação, a lei municipal pode
considerar urbanas as áreas de loteamentos aprovados pelos
órgãos competentes, destinados à habitação (ex: condomínios re-
creativos), à indústria ou ao comércio (ex: condomínios logísticos),
mesmo que localizados fora das zonas definidas como urbanas.
Essa hipótese independe das melhorias mencionadas acima.18
A manifestação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA) é requisito necessário à alteração de uso do solo
rural para fins urbanos. A atuação do INCRA é vinculada: cumpridos
os requisitos formais, será cancelado o registro no Sistema Nacional
de Cadastro Rural (SNCR) e o imóvel se torna apto a receber a
inscrição municipal, com a correspondente incidência do IPTU.
Em vista do impacto econômico que a mudança do ITR para
o IPTU pode gerar, recomenda-se, para os condomínios de lotes,
o faseamento das aprovações e a adequação do cronograma de
desenvolvimento à velocidade de vendas. Assim, a implantação

18
Enunciado da Súmula 626 do STJ: “A incidência do IPTU sobre imóvel situado em
área considerada pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está
condicionada à existência dos melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN.”
IPTU

de um loteamento não gerará grande estoque ao loteador sujeito


ao elevado valor do IPTU.
Recomenda-se, ademais, verificar e buscar normas de isenção
do imposto na fase de implantação dos loteamentos, muito comuns
em municípios vocacionados para esse tipo de empreendimento.
Em relação à atividade rural em imóvel urbano, caso este seja
destinado à finalidade de exploração extrativa vegetal, agrícola, pe-
cuária ou agroindustrial, ainda que localizado em zona urbana com
as melhorias necessárias, o imóvel sujeita-se à incidência do ITR.19

d) IPTU antes da conclusão da obra (predial x territorial)


A cobrança do IPTU antes da plena existência da propriedade
imobiliária urbana é prática questionável utilizada por diversas
municipalidades.
Em loteamentos, é comum a cobrança do IPTU antes do
Termo de Verificação de Obra Final (TVOF) ou ato administrativo
análogo que implique a aprovação das obras do loteamento.20
Como nesse momento os lotes são mera potencialidade, al-
guns contribuintes questionam a incidência do IPTU por ausência
de critério material. Há precedentes do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo afastando o imposto nesse caso.21
Hipótese análoga é a calibração do “IPTU predial” em de-
trimento do “IPTU territorial” antes da lavratura do alvará de
conclusão de obra, ou habite-se. Geralmente, o IPTU predial tem

19
Nos termos do art. 15, do Decreto-Lei 57/1966, conforme julgamento do RE
140.773-5 (STF, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno, DJ 04.06.1999).
20
Art. 16, da Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Lei 6.766/1979.
21
Os casos tratam, em sua maioria, da vedação à cobrança retroativa tentada
pelos municípios relativamente ao período entre a aprovação do loteamento e a
sua efetiva entrega. Por todos: TJSP. Apelação 1037450-84.2015.8.26.0114, 15ª
Câmara de Direito Público, Des. Rel. Raul de Felice, DJe 17/03/2017.
IPTU

carga mais agravada e somente deveria incidir após a expedição


do habite-se, quando a unidade imobiliária passa a existir efeti-
vamente como bem imóvel urbano.
No município de São Paulo, por exemplo, o empreendedor
imobiliário tem a obrigação de prestar a declaração tributária
de conclusão de obra (DTCO) como ato antecedente ao habite-
-se. Em razão de tal ato declaratório, o município tem lançado
o IPTU predial antes do habite-se, com lastro na declaração de
existência do imóvel pelo contribuinte.
Nos termos do art. 110 do CTN, a lei tributária não pode alterar
definições de direito privado. Em que pese haver precedentes fa-
voráveis esparsos, a esmagadora maioria dos julgados do TJSP são
favoráveis à cobrança do IPTU predial após a declaração de conclusão.22
Dessa forma, a inexistência da propriedade predial antes do
habite-se é elemento suficiente para o contribuinte requerer a
declaração de inexigibilidade do IPTU predial.

e) IPTU sobre imóveis com restrição de uso


Identifica-se em diversas localidades a concessão de isenção
ou de descontos23 no valor do IPTU relativamente a imóveis com
restrições de uso, e.g. em decorrência de tombamentos.

22
Por todos: TJSP, Apelação 1016329-52.2016.8.26.0053, 18ª Câmara de Direito Público,
Rel. Ricardo Chimenti, j. 07/02/2019. O entendimento se pauta (I) na situação fática
(existência de um prédio no momento da declaração, ainda que sem habite-se); e (II)
na existência de previsão legal favorável à cobrança segundo esses parâmetros. (art. 2º,
§ 1º, II, “a”, da Lei Municipal 6.989/66 c/c art. 9º, I, “a”, da Lei Municipal 15.406/2011)
23
E.g.: (I) Belo Horizonte/MG: art. 9º da Lei Municipal 5.839/1990, prevê isenção
para imóveis tombados; (II) Curitiba/PR: art. 88, da LC 40/2001, autoriza o Prefeito
do Município a conceder isenções de até 100% a imóveis considerados Patrimônio
Histórico Cultural; (III) Florianópolis/SC: art. 225, VI, da LC 07/97, autoriza o Prefeito
do Município a conceder isenções de até 100% a imóveis tombados; (iv) Salvador/BA:
art. 4º da Lei Municipal 9.215/2017, autoriza o Prefeito do Município a remitir dívidas
de IPTU de imóveis históricos do centro da cidade incluídos no Programa Revitalizar; (v)
IPTU

Todavia, a questão carece de um regramento geral e unifor-


me, especialmente no tocante a outras restrições urbanísticas e
ambientais, como limitação ao direito de construir e manutenção
de áreas de proteção ambiental.
A diferenciação de alíquotas do imposto de acordo com o uso
do imóvel24 não foi aplicada, até o momento, sobre o prisma da
restrição de uso. O CTN tampouco traz formulação que permita
graduar a incidência do IPTU de acordo com restrições ao uso do
imóvel. O assunto reclama a elaboração de legislação nacional,
e.g. mediante acréscimos ao art. 33 do CTN.
Os Tribunais Estaduais têm afastado a incidência do IPTU em
casos de substancial restrição do direito de propriedade, espe-
cialmente em decorrência de legislação ambiental.25
No âmbito dos Tribunais Superiores, há diversos casos que
deixaram de ser julgados por se tratar de questão de fato, tendo
sido mantidas as decisões das cortes estaduais. Todavia, a Primeira
e a Segunda Turma do STJ já se pronunciaram no sentido de
que a restrição à utilização da propriedade em vista de área de
preservação permanente em loteamento não afasta a incidência
do IPTU.26 A questão está longe de ser pacífica na jurisprudência.
O contribuinte que tiver imóvel com restrições de uso de
caráter urbanístico ou ambiental deve buscar embasamento no
âmbito da legislação local e em prova pré-constituída da restri-

São Paulo/SP: Lei 12.350/1997, institui o PROCENTRO, que consiste no estímulo para
a restauração de fachadas de imóveis tombados no centro da cidade em contrapartida
à isenção do IPTU.
24
Art. 156, § 1º, II, da CF.
25
TJDF. Apelação 20120111734519. Rel. Des. Ana Catarino. 3ª Turma Cível. J.
06/11/2013. DJ 27/01/2014; TJSP. Apelação 1002941-23.2018.8.26.0244. Rel.
Des. João Alberto Pezarini. 14ª Câmara de Direito Público. J. 19/03/2021.
26
STJ, REsp 1.482.184/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, DJe 24/03/2015;
STJ, REsp 1.128.981/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, DJe 25/03/2010.
IPTU

ção de seu direito de propriedade para implementar medidas


visando ao afastamento ou à redução do IPTU.

f) Legitimidade ativa para questionar IPTU


São partes legítimas para postular em juízo e discutir a inci-
dência do IPTU todos aqueles definidos em lei como sujeitos pas-
sivos (contribuintes ou responsáveis) da incidência do imposto.27
O art. 34 do CTN define como contribuinte o proprietário do
imóvel, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qual-
quer título. Os arts. 130 e 131 do CTN afirmam que os créditos
tributários subrogam-se na pessoa do adquirente, responsável
pelos tributos relativos aos bens adquiridos.
Portanto, como verso e anverso de uma moeda, todo aquele
que seja passível de responsabilização pelo IPTU, nos termos dos
dispositivos destacados acima, são dotados, em contrapartida,
da legitimidade ativa ad causam para discutir o imposto em juízo.

g) Alteração de dados cadastrais


Considerando a omissão de compradores em relação ao dever
de alterar o cadastro dos imóveis, é comum a cobrança do IPTU
de proprietário que vendeu o imóvel.
Isso se verifica especialmente na operação de grandes incor-
poradores, cujos adquirentes, em grande parte dos casos, deixam
de alterar o imóvel para seu nome no cadastro municipal após o
recebimento das chaves.
A prova da alienação, mediante apresentação da matrícula regis-
trada, é suficiente para afastar a cobrança do proprietário vendedor.
A exceção de pré-executividade vem sendo acolhida como recurso,
de modo que tal postulação em juízo independe da garantia da ação.

27
STJ, REsp 752.815/SP, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ 15/03/2007.
IPTU

Destaque-se que, no caso de anulação da cobrança, é direito


do município lançar novamente o imposto contra o proprietário
correto, nos termos do art. 149, VIII, do CTN, desde que respei-
tado o prazo decadencial.
Recomenda-se ao vendedor, individual ou incorporador imo-
biliário, que crie vínculos contratuais, como cláusula penal, que
induzam o comprador a transferir o imóvel para o seu nome,
evitando transtornos na gestão do IPTU.

h) Alienação Fiduciária
A alienação fiduciária é negócio jurídico no qual o devedor
fiduciante transfere a propriedade resolúvel e posse indireta
de um imóvel, como garantia ao credor fiduciário. O devedor
fiduciante permanece com a posse direta do imóvel.
Após a quitação da obrigação, a propriedade resolúvel do cre-
dor fiduciário retorna à propriedade plena do devedor fiduciante.
Em decorrência da transferência de posse e propriedade
resolúvel, os municípios passaram a atribuir a responsabilidade
do IPTU tanto ao devedor fiduciante quanto ao credor fiduciário.
Com fundamento no art. 27, § 8º da Lei 9.541/1997, acrescido
do art. 1.368-B do Código Civil, o STJ decidiu que a responsabili-
dade do credor fiduciário pelo pagamento das despesas condo-
miniais se dá no momento da consolidação de sua propriedade
plena quanto ao bem dado em garantia, ou seja, quando de sua
imissão na posse do imóvel.28
Em que pese o precedente do STJ tenha se limitado a men-
cionar “despesas condominiais”, os dispositivos mencionados
dispõem sobre a responsabilidade de IPTU e despesas condo-

28
STJ, REsp 1.731.735/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em
13/11/2018, DJe 22/11/2018.
IPTU

miniais da mesma forma, abrindo margem para aplicação do


mesmo entendimento em relação à responsabilidade do IPTU.
Os Tribunais de Justiça de Goiás e Paraná, têm se manifestado
nesse mesmo sentido em relação à responsabilidade do IPTU.
Em se tratando de propriedade resolúvel, não há responsabili-
dade do credor fiduciário enquanto a dívida for adimplida pelo
fiduciante, nos termos do artigo 27, § 8º da Lei nº 9.541/97.29 A
questão também vem sendo debatida pelo Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo e não há consenso sobre o tema.
A 15ª Câmara de Direito Público entende que o credor fi-
duciário somente responde pelo pagamento do IPTU incidente
sobre o imóvel se houver a consolidação da propriedade plena
para si, tornando-se, portanto, o possuidor direto do imóvel.30
Por outro lado, a 14º Câmara de Direito Público tem entendido
que o credor fiduciário detém a propriedade resolúvel do bem
e que se insere no conceito de contribuinte do imposto.31

29
TJGO, Apelação 0192832-56.2015.8.09.0051, 6ª Câmara Cível, Rel. Des.
Fausto Moreira Diniz, DJ de 16/06/2020; TJGO, Agravo de Instrumento 5206974-
65.2017.8.09.0000, 4ª Câmara Cível, Rel. Nelma Branco Ferreira Perilo, DJe de
16/02/2018.TJPR, Apelação 0001468-05.2019.8.16.0101, 3ª Câmara Cível, Rel.
Des. Juiz Osvaldo Nallim Duarte, julgado em 29.10.2020..
30
TJSP, Agravo de Instrumento 2136881-52.2020.8.26.0000; Rel. Eurípedes Faim;
Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 23/02/2021;
TJSP, Agravo de Instrumento 2203594-09.2020.8.26.0000; Rel. Silva Russo; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2295657-53.2020.8. 26.0000; Rel. Raul De Felice; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 10/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2225227-76.2020.8.26.0000; Rel. Raul De Felice; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 11/03/2021; TJSP;
Agravo de Instrumento 2148688-69.2020.8.26.0000; Rel. Eurípedes Faim; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 02/03/2021.
31
TJSP, Agravo de Instrumento 2195495-50.2020.8.26.0000; Rel. Ricardo Chimenti;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 23/02/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2190623-89.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
IPTU

Há, ainda, casos em que é possível verificar divergências


dentro de uma mesma Câmara. Alguns julgadores entendem
que o credor fiduciário será responsável pelo pagamento do IPTU
incidente sobre o imóvel apenas quando for imitido na posse di-
reta do bem.32 Em contrapartida, há decisões sustentando que o
credor fiduciário detém a propriedade resolúvel e a posse indireta
do bem imóvel, e, pois, ostenta qualidade de sujeito passivo.33O
tema ainda deve ser debatido pelos tribunais superiores e, até
que haja consolidação do entendimento jurisprudencial, é reco-
mendável que os contribuintes acompanhem o tema e tomem
as devidas precauções na realização de suas operações.

6. IMUNIDADES
Nos termos do art. 150, VI, da Constituição, o IPTU não incide
sobre (I) imóveis que integram o patrimônio da União, Estados,
Municípios, Distrito Federal, bem como suas autarquias e fundações
mantidas pelo Poder Público; (II) templos de qualquer religião ou

Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2254949-58.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 22/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2182288-81.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021; TJSP;
Agravo de Instrumento 2178278-91.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021
32
TJSP, Agravo de Instrumento 2195495-50.2020.8.26.0000; Rel.: Ricardo Chimenti;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 10/12/2020; TJSP,
Apelação 1004717-35.2018.8.26.0090; Rel. designado Roberto Martins de Souza;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 19/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2007693-69.2021.8.26.0000; Rel. Roberto Martins de Souza;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 01/03/2021.
33
TJSP, Agravo de Instrumento 2182667-22.2020.8.26.0000; Rel. Ricardo Chimenti;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 04/02/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2168416-96.2020.8.26.0000; Rel. Henrique Harris Júnior;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/02/2021
IPTU

culto; (III) imóveis integrantes do patrimônio de partidos políticos


(inclusive suas fundações), entidades sindicais dos trabalhadores e
de instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos.34
Para caracterização da imunidade, devem ser cumpridos
os seguintes requisitos (art. 14 do CTN): (I) o imóvel deve ser
integrante do patrimônio da entidade e utilizado em suas fina-
lidades essenciais; (II) a entidade não deve distribuir parcelas
de seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer título; (III) os
recursos da entidade devem ser aplicados integralmente no
país, na manutenção de seus objetivos institucionais; e (IV) a
escrituração de suas receitas e despesas deve ser mantida em
livros com as formalidades que assegurem sua exatidão.
No caso de locação a terceiros, o STF definiu que esses imóveis
devem permanecer imunes, desde que o valor dos aluguéis seja
integralmente aplicado nas atividades para as quais as entidades
foram constituídas.35
Os meios para análise do cumprimento dos requisitos da imuni-
dade podem ser definidos pelos municípios que, em regra, exigem
a apresentação de requerimento anual com toda a documentação
comprobatória necessária. O reconhecimento da imunidade não
exime o proprietário de cumprir suas obrigações acessórias.

7. CURIOSIDADES
7.1. Imóveis tombados
O tombamento de imóveis tem como objetivo preservar
imóveis de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental
e até mesmo afetivo para a população, impedindo que sejam
destruídos ou descaracterizados.

34
Art. 150, VI da Constituição Federal.
35
Súmula vinculante 52, do STF.
IPTU

O proprietário de imóvel tombado não pode demoli-lo e


deve pedir autorização ao órgão competente da prefeitura para
realizar alterações na construção.
Por esses motivos, é muito comum que os imóveis tombados
sejam isentos de IPTU de forma condicionada ou absoluta.
No Município de São Paulo, por exemplo, foi instituído o Programa
de Reabilitação da Área Central de São Paulo (PROCENTRO)36, que
concede isenção ou redução de IPTU de forma condicionada, pelo
prazo de 10 anos, aos proprietários ou patrocinadores de obras
de recuperação externa ou conservação de imóveis tombados.
Já o Município de Belo Horizonte prevê a isenção absoluta de
IPTU para imóveis tombados, sem estabelecer qualquer condição
para utilização do benefício.37
Consulte a legislação do município de situação do imóvel
tombado para verificar se há hipótese de isenção ou redução
de IPTU nesse caso.

7.2. Área de preservação permanente


Nos termos do art. 3º, II, do Código Florestal, as áreas de
preservação permanente (APPs) são protegidas com a função
ambiental de preservar recursos hídricos, paisagem, estabilidade
geológica e a biodiversidade, bem como facilitar o fluxo de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar da população.
Os imóveis localizados em APPs sujeitam-se a diversas restri-
ções administrativas, que implicam a limitação ao pleno exercício
do direito de propriedade.38 Por este motivo, diversos municípios

36
Instituído pela Lei 12.350/1997.
37
Art. 9º da Lei Municipal 5.839/1990.
38
Nos termos do art. 1.228 do Código Civil, o direito de propriedade consiste
na faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de
quem injustamente a possua ou detenha.
IPTU

como São Paulo, Florianópolis e Vitória reconhecem a isenção


de IPTU desses imóveis.
Na ausência de lei municipal concedendo o benefício, a juris-
prudência do STJ tem se mostrado desfavorável aos contribuintes,
conforme destacado no item “5.d.”39 Não obstante, em vista do
entendimento favorável de cortes estaduais; bem como da proba-
bilidade de que recursos dessa natureza sequer alcancem o STJ por
sua natureza fática, recomenda-se que, na ausência de benefício
expresso para APPs em lei municipal, a via judicial seja buscada.

7.3. Imóveis afetados por enchentes


Imóveis que foram afetados por enchentes, ou desastres
naturais semelhantes (como alagamentos), têm direito à isenção
de IPTU em vários municípios como Belo Horizonte, São Paulo,
São Carlos e Campo Grande.
Em regra, há limite no valor da isenção. No Município de São
Paulo, por exemplo, há limite de R$20 mil do imposto devido
por imóvel, enquanto no Município de São Carlos esse limite
pode chegar até R$25 mil.
Para ter direito à isenção, os contribuintes devem efetuar o
pedido acompanhado dos documentos exigidos pelo município.
Em Belo Horizonte, por exemplo, utiliza-se da Defesa Civil para
gerar um laudo técnico que deve indicar qual o valor da quantia
a ser isenta com base nos danos do imóvel.
A isenção se justifica pelo fato de que muitas vezes os ala-
gamentos e enchentes são fruto da má administração pública

39
STJ, AgInt no AREsp 1.544.906/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma,
julgado em 18/02/2020, DJe 25/05/2020; STJ, REsp 1.801.830/PR, Rel. Min.
Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 09/05/2019, DJe 21/05/2019; STJ, REsp
1.482.184/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, julgado em 17/03/2015,
DJe 24/03/2015; STJ, AgRg no REsp 1.469.057/AC, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, 2ª Turma, julgado em 14/10/2014, DJe 20/10/2014.
IPTU

no planejamento urbano relativo ao tratamento de fenômenos


naturais, ocasionando gastos dos contribuintes com reparos e
manutenção dos imóveis.

7.4. Imóveis sociais


Muitos moradores dos centros urbanos construíram suas mora-
dias em meio a condições precárias de subsistência ou participam de
programas sociais. Para atender essa parte da população, é comum
a concessão de descontos ou isenção de IPTU pelos municípios.
Em alguns casos, as normas locais que preveem tais isen-
ções ou descontos fazem referência ao imóvel social objeto de
projetos federais, como Casa Verde e Amarela, ou à habitação
de interesse social (HIS) do Estatuto da Cidade. Na maioria dos
casos, fixam valores predeterminados como sujeitos à isenção.
A título exemplificativo, apresenta-se o tratamento da matéria
em algumas localidades:
• Campo Grande/MS: são isentos imóveis cujo valor venal seja
de até 10.000 Dez mil UFIR (=R$37.000,00);
• Curitiba/PR: são isentos imóveis de até 70,00m² de área
construída, padrão simples e valor venal de até R$ 140.000,00,
bem como edificações construídas pela COHAB;
• Distrito Federal: são isentos os imóveis construídos no programa
PRO-DF e PRO-DF II, os imóveis destinados ao Programa
Habitacional para Pessoa com Deficiência, desde que a renda
familiar não seja superior ao salário-mínimo vigente;
• Goiás/GO: são isentos os imóveis cujo valor venal não exceda
R$60.000,00 ou cujo valor venal não exceda R$100.000,00
no caso de o proprietário estar desempregado, esta última
faixa é excepcional em razão da pandemia da COVID-19;
• Porto Alegre/RS: são isentos os imóveis cujo valor venal não
exceda 3.325 UFMs (=R$14.830,16 em 2021);
IPTU

• Recife/PE: são isentos os imóveis em vilas populares


construídos pela COHAB/PE ou pelo Serviço Social Agamenon
Magalhães durante a amortização do imóvel; imóveis de até
20.000 UFIRs (=R$74.000,00 em 2021) têm descontos de 50%
ou 25% a depender da renda do proprietário;
• Rio de Janeiro/RJ: são isentos imóveis residenciais cujo valor
venal não exceda R$ 63.686,00;
• Salvador/BA: imóveis residenciais se sujeitam à alíquota
progressiva com 07 faixas distintas: mínima de 0,1% (imóvel
de até R$31.361,52), à máxima de 1% (imóveis a partir de
R$351.532,31);
• São Paulo/SP: são isentos imóveis residenciais cujo valor
venal seja de até R$ 160.000,00, ou outro imóvel até R$
90.000,00, que não seja garagens ou estacionamentos.

7.5. Isenção de IPTU para aposentados e pensionistas


Os aposentados e pensionistas são isentos de IPTU em várias
localidades. Os requisitos para isenção devem ser estabelecidos
por cada município.
No Município do Rio de Janeiro, por exemplo, será isento do
IPTU o aposentado ou pensionista que não receba rendimentos
acima de três salários-mínimos e que seja titular exclusivo e
proprietário de um único imóvel utilizado para moradia, com
área construída de até 80 m². Para concessão do benefício no
Distrito Federal aplicam-se os mesmos requisitos, com pequenas
alterações: (I) além do aposentado e pensionista, o beneficiário
em programa de assistência ao idoso também será isento do
IPTU, desde que cumpridos os demais requisitos; (II) o limite
de rendimentos será de dois salários-mínimos; e (III) a isenção
aplica-se à imóveis de até 120 m².
Consulte a legislação do município de situação do bem para
verificar se há hipótese de isenção de IPTU nesse caso.
IPTU

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE APELAÇÃO Ação declaratória de inexis-
SÃO PAULO tência de relação jurídico-tributária c.c.
anulatória de débitos fiscais IPTU dos exer-
Registro: 2021.0000203169 cícios de 2016 a 2019 - Sentença proce-
dente. Incidência sobre lotes, que tiveram
ACÓRDÃO cancelada a matrícula por decisão judicial,
incluídos em “Área de Relevante Interesse
Vistos, relatados e discutidos es-
Ecológico/Zona de Vida Silvestre” (ARIE/
tes autos de Apelação Cível nº 1002941-
ZVS). Limitações administrativas com sig-
23.2018.8.26.0244, da Comarca de Iguape, em
nificativa restrição ao direito de proprie-
que é apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE
dade. Decreto Municipal nº 30.817/89 que
ILHA COMPRIDA, é apelado DANIEL SOARES
autoriza construção de edificações apenas
DE OLIVEIRA (JUSTIÇA GRATUITA).
destinadas à “... realização de pesquisas e
ao controle ambiental”. Sentença manti-
ACORDAM, em sessão permanente e
da. Precedentes desta Corte. Recurso não
virtual da 14ª Câmara de Direito Público do
provido.
Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a
seguinte decisão: Negaram provimento ao
Cuida-se de apelação em face de sen-
recurso. V. U., de conformidade com o voto
tença (fls. 149/153) que julgou procedente
do relator, que integra este acórdão.
pedido para declarar inexistência de relação
jurídico-tributária de IPTU1 incidente sobre
O julgamento teve a participação dos
imóveis incluídos em área de preservação
Desembargadores OCTAVIO MACHADO DE
ambiental, bem como anular os lançamentos
BARROS (Presidente) E MÔNICA SERRANO.
dos exercícios 2016 a 2019, tornando, ainda,
insubsistentes lançamentos futuros.2
São Paulo, 19 de março de 2021.
Por força da sucumbência, ao Município
JOÃO ALBERTO PEZARINI foi imposto o pagamento das custas, despesas
Relator processuais e honorários advocatícios fixados
Assinatura Eletrônica em 10% sobre o valor corrigido da condenação.

Voto nº 33239 [DIGITAL]


Apelação nº 1002941-23.2018.8.26.0244
Apelante: Município de Ilha Comprida 1
Loteamento denominado Balneário Gizelle III, especi-
Apelado: Daniel Soares de Oliveira ficamente os lotes 31 e 32, da quadra 17.
Comarca: Iguape 2
Valor da causa em 14.6.2018: R$ 3.850,80.
IPTU

Sustenta devido o tributo, tendo em de Ilha Comprida/SP, que se encontra-


vista desnecessidade de benfeitorias em áreas vam registrados na matrícula de número
de expansão urbana, nos termos do art. 32, 14.052, junto ao Cartório de Registro da
§2º do CTN, alegando, ainda, que a criação Comarca de Jacupiranga-SP, encontra-se
da Área de Proteção Ambiental não afeta o inserido em Área de Relevante Interesse
direito dos proprietários dos lotes. Ecológico/Zona de Vida Silvestre (ARIE/
ZVS).” (destacamos)
Aduz que o exercício da posse do imóvel
também constitui fato gerador do IPTU, sendo
Cabe, aqui, transcrever trecho do
irrelevante, no caso, ter havido cancelamento
Decreto Municipal nº 30.817/89, que classifi-
da matrícula imobiliária.
cou o local onde situados os lotes como Zona
Pede reforma. de Vida Silvestre, declarada Área de Relevante
Interesse Ecológico:
Contrarrazões às fls. 180/192. É o
relatório. “Art. 12 - Na Área de Relevante Interesse
Ecológico não será permitida qualquer ati-
O recurso não merece provimento.
vidade degradadora ou potencialmente cau-
Afigura-se incontroverso que os lotes sadora de degradação ambiental.
submetidos à incidência do IPTU estão locali-
zados em Área de Proteção Ambiental (APA), § 1º - Na Área de Relevante Interesse
conforme Decreto Estadual nº 26.881/87. Ecológico proibido o porte de armas de
fogo e de artefatos ou de instrumentos de
Tal não impede, por si só, o surgimento
destruiçãoda natureza.
da obrigação tributária, pois o fato gerador do
imposto, à luz do art. 32 do CTN, é a proprie-
§ 2º - Na Área de Relevante Interesse
dade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel.
Ecológico somente será permitida a cons-
Desse modo, o afastamento da exação trução de edificações destinadas à realiza-
está condicionado ao impedimento substancial ção de pesquisas e ao controle ambiental,
do exercício do direito de propriedade, diante desde que aprovadas pelos Municípios.”
das restrições administrativas impostas. (destacamos)
É o caso dos autos.
Assim, havendo significativa restrição
Como bem anotado pelo Juízo: ao direito de propriedade, decorrente de
proteção ambiental, mostra-se inviável a
“(....) conforme informação apresentada pela
incidência do IPTU.
Fundação Florestal, o loteamento denomi-
nado Balneário Gizelle III, especificamente
os lotes 31 e 32, da quadra 17, na cidade
IPTU

Nesse sentido, precedentes desta Zona de Vida Silvestre (ARIE-ZVS) da APA


Câmara, em casos análogos, do Município de da Ilha Comprida - Proibição de qualquer
Ilha Comprida: tipo de atividade degradadora ou potencial-
mente causadora de degradação ambiental,
“Apelação. Ação declaratória de inexistência
como moradia, plantação ou supressão de
de relação jurídico- tributária com pedido
vegetação - Decreto Estadual 30.817/89,
cumulado de repetição de indébito. Imposto
art. 12 - Limitações administrativas que
predial e territorial urbano. Imóvel sito em
impedem o exercício dos direitos inerentes
loteamento cancelado. Unidade de pro-
à propriedade - Esvaziamento econômico
teção integral de refúgio da vida silvestre.
do bem - Transcrições imobiliárias, ade-
Impossibilidade de supressão de vegeta-
mais, canceladas por sentença com trânsito
ção e de uso do imóvel para construção
em julgado - Cobrança do IPTU afastada
de moradia ou exploração econômica.
- Repetição do Indébito - Cabimento, respei-
Esvaziamento dos poderes inerentes ao di-
tada a prescrição quinquenal - Procedência
reito de propriedade. Cobrança do tributo
da ação, invertidos os ônus sucumbenciais
inadmissível. Recurso denegado. Repetição
- Sentença reformada - Recurso provido.”4
de indébito. Correção monetária pelo mesmo
índice utilizado pelo Fisco na cobrança de
Assim, de rigor a manutenção da sen-
tributos, desde o desembolso das quantias.
tença atacada.
Juros moratórios, de um por cento ao mês, a
partir do trânsito em julgado desta decisão. Em consequência do não provimento do
Precedentes do Supremo Tribunal Federal apelo, cabe a fixação de honorários recursais,
e do Superior Tribunal de Justiça. Matéria nos termos do artigo 85, § 11 do CPC e em
de ordem pública. conformidade com o Enunciado administrativo
nº 7, do C. STJ.
Reconhecimento de ofício.”3
Assim, majora-se em 1% (um por cento)
“APELAÇÃO CÍVEL - Ação Declaratória de a verba honorária. Posto isso, nega-se provi-
Inexigibilidade (de Débito Tributário) c.c. mento ao recurso.
Repetição de Indébito - IPTU - Município João Alberto Pezarini
de Ilha Comprida - Alegada restrição decor-
rente de proteção ambiental - Sentença de Relator
improcedência - Imóvel totalmente inserido
em Área de Relevante Interesse Ecológico da

3
Apelação nº 0003813-60.2015.8.26.0244; Rel. Geraldo 4 Apelação nº 1004890-48.2019.8.26.0244; Rel. Silvana
Xavier; j. 09/09/2020. Malandrino Mollo; j. 27/01/2021.
IPTU

PODER JUDICIÁRIO A propósito, confira-se os seguintes


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE julgados:
GOIÁS
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE
BUSCA E APREENSÃO. CONTRARRAZÕES
AGR AVO DE INSTRUMENTO Nº
RECURSAIS NÃO CONHECIDAS POR
5206974.65.2017.8.09.0000
INTEMPESTIVIDADE. CONTRATO DE
4ª CÂMARA CÍVEL FINANCIAMENTO COM ALINEAÇÃO
AGRAVANTE : HARLEY FABRÍCIO SANTOS FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. AUSÊNCIA
MARTINS AGRAVADA : PATRÍCIA COSTA DO PAGAMENTO INTEGRAL DO
NEVES DÉBITO. APLICABILIDADE DA TEORIA
RELATORA : Desembargadora NELMA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
BRANCO FERREIRA PERILO PREQUESTIONAMENTO. NECESSIDADE
AFASTADA. I. São intempestivas as contrar-
razões protocoladas fora do prazo legal de
VOTO
15 (quinze) dias, previsto no art. 1.019, inciso
II do CPC e, portanto, delas não se conhece.
Presentes os pressupostos objetivos (?) Agravo de instrumento conhecido e pro-
e subjetivos de admissibilidade, conheço do vido. (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC)
agravo de instrumento. 5127235-43.2017.8.09.0000, Rel. Fernando
Conforme relatado, cuida-se de agra- de Castro Mesquita, 3ª Câmara Cível, jul-
vo de instrumento interposto por HARLEY gado em 13/11/2017, DJe de 13/11/2017, g.)
FABRÍCIO SANTOS MARTINS contra a decisão
Embargos de Declaração em Apelação
proferida pelo Juiz de Direito da 8ª Vara Cível
Cível. Alegação de cerceamento de defe-
da Comarca de Goiânia, Dr. Claudiney Alves
sa em decorrência da ausência de juntada
de Melo, que, nos autos da ação de imissão na
das contrarrazões ao recurso de apelação
posse ajuizada em face de PATRÍCIA COSTA
cível. Inocorrência. Intempestividade. As
NEVES, ora agravada, indeferiu a tutela de
contrarrazões ao recurso de apelação cí-
urgência.
vel foram protocolizadas fora do prazo
Primeiramente, ressalta-se que as ale- de 15 (quinze) dias, previsto no artigo 508
gações feitas nas contrarrazões (Evento nº do Código de Processo Civil, razão pela
14) não serão apreciadas, uma vez que foram qual não devem ser conhecidas, ante a sua
apresentadas intempestivamente, confor- patente intempestividade. (?) Embargos
me se depreende da certidão consignada no de Declaração conhecidos e rejeitados.
Evento nº 11. (TJGO, 2ª Câmara Cível, Apelação Cível nº
347473-46.2008.8.09.0051, Rel. Des. Carlos
IPTU

Alberto França, 2ª Câmara Cível, julgado em § 1o Para a concessão da tutela de urgência,


29/04/2014, DJe 1536 de 07/05/2014, g.) o juiz pode, conforme o caso, exigir caução
real ou fidejussória idônea para ressarcir os
Pois bem. danos que a outra parte possa vir a sofrer,
Importa salientar que o agravo de ins- podendo a caução ser dispensada se a parte
trumento constitui recurso secundum even- economicamente hipossuficiente não puder
tum litis, devendo limitar-se ao exame do oferecê-la.
acerto ou desacerto do que ficou decidido pelo
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedi-
dirigente processual, não podendo exceder
da liminarmente ou após justificação prévia.
o seu limite para matéria não apreciada pelo
julgador, sob pena de supressão de instância.
§ 3o A tutela de urgência de natureza ante-
No recurso em tela, é alvo de apreciação, cipada não será concedida quando houver
a decisão interlocutória em que o juiz a quo perigo de irreversibilidade dos efeitos da
indeferiu a tutela de urgência pleiteada pelo decisão.
autor/agravante.
Portanto, para o deferimento da ante-
O deferimento ou denegação de limina-
cipação da tutela, incumbe ao autor, cumu-
res reside no poder discricionário do julgador,
lativamente, demonstrar a probabilidade de
informado pelo princípio do livre convenci-
seu direito e o perigo de dano ou o risco ao
mento motivado, e ocorre após a análise e
resultado útil do processo.
adequada avaliação dos elementos acostados
aos autos, com o escopo de perquirir os requi- Quanto à ação de imissão na posse,
sitos autorizadores da medida. Carlos Roberto Gonçalves leciona que:
Destarte, compete ao órgão revisor o O atual Código de Processo Civil não tratou
mister da aferição desses requisitos e reformar da ação de imissão na posse. Nem por isso
a decisão que indefere a liminar somente se ela deixou de existir, pois poderá ser ajui-
for ilegal ou abusiva. zada sempre que houver uma pretensão
à imissão na posse de algum bem. A cada
Ademais, o artigo 300 do Código de
pretensão deve existir uma ação que a
Processo Civil estabelece que:
garanta (CC, art. 189). Nas aquisições de
Art. 300. A tutela de urgência será conce- bens ocorrem, com frequência, situações
dida quando houver elementos que eviden- que ensejam a imissão: o vendedor sim-
ciem a probabilidade do direito e o perigo de plesmente se recusa a entregar o imóvel,
dano ou o risco ao resultado útil do processo. ou nele reside um terceiro, que não aceita
a ocupação.
IPTU

(...) sua imissão na posse do bem. 5. Recurso


especial não provido. (STJ, 3ª Turma, REsp
Tendo por fundamento o domínio, a ação 1238502/MG, Relª. Minª Nancy Andrighi,
de imissão de posse é dominial. O estatu- DJe 13/06/2013)
to revogado, embora a situasse entre as
possessórias, acabava por considerá-la APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE IMISSÃO
ação dominial ao exigir que a inicial fosse DE POSSE (DECRETO-LEI Nº 70/1966).
instruída com o título de propriedade. É, PROPRIEDADE COMPROVADA POR
portanto, ação de natureza petitória, pois o ESCRITURA PÚBLICA. FORÇA PROBANTE
autor invoca o jus possidendi, pedindo uma NÃO INFIRMADA PELO RECORRENTE.
posse ainda não entregue. (In Direito Civil AÇÃO POPULAR EM TRÂMITE NA JUSTIÇA
Brasileiro, Vol. V, 4ª ed., Editora Saraiva: FEDERAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO.
São Paulo, p. 157) DESNECESSIDADE. LITIGÂNCIA DE MÁ-
FÉ NÃO CONFIGURADA. MAJORAÇÃO
Nesse sentido, manifestam-se o DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA
Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de FASE RECURSAL.
Justiça de Goiás:
SENTENÇA MANTIDA. I - Dominante o
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL
entendimento de que a ação de imissão de
CIVIL . RECURSO ESPECIAL .
posse é adequada ao proprietário do bem
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.
adquirido via arrematação em procedimen-
S Ú M U L A 2 8 2/S T F. D I S S Í D I O
to regular (leilão extrajudicial) e pretende
JURISPRUDENCIAL. SIMILITUDE FÁTICA
reaver a posse de quem injustamente o
NÃO DEMONSTRADA. EXECUÇÃO
detenha. II - Presentes os pressupostos au-
DE SENTENÇA. IMISSÃO NA POSSE.
torizadores, não há como obstar o direito
CARTA DE ARREMATAÇÃO. REGISTRO.
dos autores de imitirem-se na posse da res
NECESSIDADE. (?) 3. A pretensão de quem
legalmente adquirida. (?) VI - Apelo des-
objetiva a imissão na posse fundamenta-se
provido. (TJGO, Apelação (CPC) 0393659-
no direito de propriedade. Visa à satisfação
83.2015.8.09.0051, Rel. Eudélcio Machado
daquele que, sem nunca ter exercido a posse,
Fagundes, 3ª Câmara Cível, julgado em
espera obtê-la judicialmente. 4. Logo, na
17/11/2017, DJe de 17/11/2017)
medida em que a transferência da proprie-
dade imobiliária ocorre com o registro do
APEL AÇ ÃO CÍVEL . EXECUÇ ÃO
título aquisitivo - no particular, a carta de
EXTRAJUDICIAL. ARREMATAÇÃO.
arrematação - perante o Registro de Imóveis,
IMISSÃO NA POSSE. TERCEIRO OCUPANTE.
somente depois da prática desse ato é que
REGULARIDADE DO ATO.
o arrematante estará capacitado a exigir
IPTU

INVIABILIDADE DE DISCUSSÃO. 1) - Ao Insta ressaltar que os artigos 26, caput


arrematante de imóvel é lícito ajuizar ação e §7º, 27, caput, e 30, caput, da Lei nº 9.514/97
de imissão na posse contra o alienante ou dispõem que:
contra o terceiro ocupante. 2) - Questões
Art. 26. Vencida e não paga, no todo ou
sobre a regularidade do leilão não podem
em parte, a dívida e constituído em mora
ser oposta ao adquirente de boa-fé, sobre-
o fiduciante, consolidar-se-á, nos termos
tudo na ação em que este pretende apenas
deste artigo, a propriedade do imóvel em
sua imissão na posse do imóvel decorrente
nome do fiduciário.
de leilão extrajudicial. 3)- Sendo a imissão
na posse consequência natural da arrema- (?)
tação obtida por meio de execução extra-
judicial, é direito do legítimo proprietário § 7o Decorrido o prazo de que trata o §
obtê-la. (?) 6) - Apelação conhecida e des- 1o sem a purgação da mora, o oficial do
provida. (TJGO, 4ª Câmara Cível, Apelação competente Registro de Imóveis, certifi-
Cível nº 248900-75.2005.8.09.0051, Rel. cando esse fato, promoverá a averbação,
Des. Kisleu Dias Maciel Filho, DJe 2403 de na matrícula do imóvel, da consolidação
11/12/2017) da propriedade em nome do fiduciário, à
vista da prova do pagamento por este, do
Na decisão recorrida, o juiz a quo pon- imposto de transmissão inter vivos e, se for
derou que: o caso, do laudêmio.

Analisando a petição inicial e os documen- Art. 27. Uma vez consolidada a propriedade
tos carreados aos autos, observo inexistir em seu nome, o fiduciário, no prazo de trin-
comprovação, ao menos nesta cognição ta dias, contados da data do registro de que
sumária, de que a requerida esteja se re- trata o § 7º do artigo anterior, promoverá
cusando a desocupar o imóvel indicado. público leilão para a alienação do imóvel.
Ademais, tendo o autor adquirido o imóvel
há quase um ano, e estando a conceder Art. 30. É assegurada ao fiduciário, seu
60 dias de prazo para desocupação, resta cessionário ou sucessores, inclusive o ad-
afastado o perigo da demora. quirente do imóvel por força do público
leilão de que tratam os §§ 1° e 2° do art. 27,
Nestes termos, indefiro a liminar requestada. a reintegração na posse do imóvel, que será
concedida liminarmente, para desocupação
In casu, verifica-se que a decisão re-
em sessenta dias, desde que comprovada,
corrida deve ser reformada, haja vista que os
na forma do disposto no art. 26, a conso-
requisitos para a antecipação da tutela estão
lidação da propriedade em seu nome. (g.)
preenchidos.
IPTU

Logo, tratando-se de imóvel objeto de Frisa-se que com o fim da relação con-
contrato de financiamento garantido por alie- tratual existente entre a agravada e o Banco
nação fiduciária, arrematado em leilão extra- Santander (Brasil) S/A e após a recorrida ter
judicial fundado na Lei nº 9.514/97, impõe-se, sido notificada extrajudicialmente pelo recor-
nos termos do artigo 30 desse Diploma legal, rente para desocupar o imóvel, sua posse se
a concessão de medida liminar para deso- tornou injusta.
cupação do bem, no prazo de 60 (sessenta)
Salienta-se que o imóvel está devida-
dias, desde que comprovada a consolidação
mente individualizado, haja vista que, na carta
da propriedade no patrimônio do credor fi-
de arrematação, consta que se trata de imóvel
duciário, em virtude do não pagamento, pelo
matriculado sob o nº 224.738 do 1º Cartório
devedor fiduciante regularmente constituído
de Registro de Imóveis da Comarca de Goiânia,
em mora, das parcelas já vencidas do vínculo.
com propriedade consolidada conforme Av. 04,
No caso em testilha, a garantia fiduciá- constituído por um apartamento nº 904 da
ria foi anotada no registro imobiliário do bem Torre 03, com direito ao Boxe de Garagem nº
descrito nos autos em 18/01/2012, como se vê 422, do Residencial Vivaz, situado em Goiânia/
na Certidão da Matrícula do Imóvel presente GO, na Avenida Antônio Fidélis, no Parque
no Evento nº 01 dos autos de origem. Amazônia, com área total de 98,7711m2, sendo
75,2500m2 de área total privativa (62,7500m2
Diante da ausência da purgação da
do Apto e 12,5000 m2 do Boxe).
mora pela devedora/agravada, a propriedade
do imóvel foi consolidada em nome do credor No tocante ao perigo da demora, vis-
fiduciário (Banco Santander (Brasil) S/A) lumbra-se que restou configurado, tendo
em 30/08/2016 e, em 19/01/2017, foi regis- em vista que o recorrente tem que arcar
trada a carta de arrematação, transferindo com o Imposto sobre Propriedade Predial e
a propriedade do bem para o recorrente em Territorial Urbana (IPTU) sem poder usufruir
decorrência da arrematação do imóvel em de seu imóvel.
leilão extrajudicial.
Além disso, não há risco de irreversibi-
Nada há, pois, a obstaculizar a imissão lidade da tutela antecipatória, haja vista que,
do recorrente na posse do imóvel em questão, em caso de improcedência do pleito inicial, há
que advém da condição de proprietário do a possibilidade de recondução da agravada ao
arrematante, a qual lhe confere a faculdade imóvel, bem como ressarcimento de eventuais
de usar, gozar e dispor da coisa, bem como prejuízos sofridos.
o direito de reavê-la do poder de quem quer
À vista disso, o deferimento do pedido
que injustamente a possua ou detenha, nos
liminar é medida que se impõe.
termos do artigo 1.228, caput, do Código Civil.
Esse é o entendimento desse Sodalício:
IPTU

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE caso, demonstradas pelo autor/agravado, a


IMISSÃO NA POSSE C/C PERDAS E DANOS. titularidade do domínio, a individualização
IMÓVEL ALIENADO FIDUCIARIAMENTE E do bem e a injusta posse em poder da reque-
ARREMATADO EM LEILÃO EXTRAJUDICIAL rida/agravante, tem-se o direito daquele
POR TERCEIRO. AGRAVO INTERNO de ser imitido na posse do imóvel. IV - Ao
CONTRA DEFERIMENTO DE LIMINAR. examinar o caderno processual observa-se
PREJUDICADO. NULIDADE DA INTIMAÇÃO que a probabilidade do direito do autor, ora
DA ARREMATAÇÃO EXTRAJUDICIAL. agravado, está evidenciada pelas cópias da
QUESTÃO NÃO EXAMINADA NO ATO escritura pública de compra e venda por
IMPUGNADO. AUSÊNCIA DE INTERESSE. meio do qual ele demonstra que adquiriu o
DECISÃO QUE DEFERIU MANDADO imóvel, do recibo de arrematação, da notifi-
LIMINAR DE IMISSÃO NA POSSE EM FAVOR cação extrajudicial da recorrente para sua
DO AUTOR ARREMATANTE MANTIDA. desocupação e do registro da matrícula do
PROVA DA PROPRIEDADE. (?) II - O objeto imóvel, instando a recorrente a desocupá-lo,
do agravo de instrumento deve cingir-se à a fim de que aquele possa exercer os direitos
legalidade ou ilegalidade da decisão agra- inerentes à propriedade do bem arrema-
vada, eis que se trata de recurso "secundum tado. V - Desse modo, a decisão recorrida,
eventum litis", pelo que não tem interesse a que deferiu ao autor/agravado a liminar
agravante em recorrer da decisão alegando de imissão na posse não se mostra despro-
nulidade da intimação do leilão extrajudi- porcional ou mesmo ilegal, pelo que deve
cial, posto que não foi objeto de exame pelo ser mantida. Agravo conhecido em parte e
ato impugnado. Trata-se de matéria discu- nessa parte desprovido. Agravo regimental
tida em ação anulatória própria manejada prejudicado. (TJGO, Agravo de Instrumento
pela recorrente, cuja distribuição foi cance- (CPC) 5310390- 49.2017.8.09.0000, Rel. Luiz
lada, com posterior manutenção da sentença, Eduardo de Sousa, 1ª Câmara Cível, julgado
ante o improvimento do apelo interposto. em 30/11/2017, DJe de 30/11/2017, g.)
Não se conhece do recurso nessa parte. III - O
objeto do agravo é restrito à legalidade da Agravo de Instrumento. Ação de imissão de
decisão, relativamente à presença ou não posse. Imóvel adquirido em leilão. Decisão
dos requisitos autorizadores da imissão do concessiva da tutela de urgência. Convicção
autor/agravado na posse do imóvel. Com do Julgador. Inexistência de mácula na de-
efeito, nas demandas em que a posse de cisão. Manutenção da decisão recorrida.
imóvel é reivindicada, com fundamento no I- A concessão ou denegação da tutela de
domínio, para a imissão do requerente na urgência é ato do prudente arbítrio e livre
posse do bem é necessária a comprovação convencimento do juiz, ante a presença dos
de ser ele o seu proprietário. No presente requisitos autorizadores para tanto (proba-
IPTU

bilidade do direito e perigo de dano ou risco PERMANÊNCIA INJUSTIFICADA DOS


ao resultado útil do processo), conforme RÉUS NA POSSE DO IMÓVEL SUB JUDICE.
dispõe o artigo 300 do Código de Processo REQUISITOS DA MEDIDA LIMINAR
Civil/2015. Para o Tribunal reformar a deci- PREENCHIDOS. DECISÃO MANTIDA.
são agravada, atinente à concessão da tutela AUSÊNCIA DOS VÍCIOS CATALOGADOS
de urgência de natureza antecipada, deve NO ART. 535 DO CPC. Os aclaratórios têm
o agravante demonstrar que ela padece de por objetivo precípuo expungir da decisão
ilegalidade, abusividade ou teratologia, o atacada eventual obscuridade, contradição
que não ocorreu na espécie. II- Probabilidade ou omissão, finalidade essa não afastada
do direito e perigo do dano ou de risco ao nem mesmo para fins de prequestionamento.
resultado útil do processo. Caracterização. In casu, restou claro no acórdão que deve
Tem-se por caracterizados os requisitos ser mantida a decisão por meio da qual se
autorizadores da concessão da tutela de antecipou os efeitos da tutela, nos autos da
urgência postulada, ante a constatação ação de imissão de posse originária, porque
de que os agravantes adquiriram o imóvel os agravados provaram o seu domínio sobre
em litígio em leilão ocorrido no ano de 2011 o imóvel sub judice, arrematado em proces-
e ainda não ingressaram na posse direta so executivo extrajudicial - cuja alegada
deste, além de estarem sofrendo os efeitos nulidade os agravantes, até agora, não
da execução de IPTU do bem em questão. demonstraram. Assim, salta aos olhos a
Considera-se, ainda, que a decisão judicial verossimilhança do alegado, demonstrada
que possibilitou a manutenção de posse da por meio de prova pré-constituída e ine-
agravante no imóvel foi revogada pela sen- quívoca, além do fundado receio de dano
tença que julgou improcedentes os pedidos irreparável ou de difícil reparação, pois os
formulados na ação de anulação de ato e ne- recorridos vêm sendo injustamente impedi-
gócio jurídico, inexistindo ato judicial válido dos pelos agravantes de exercer os direitos
que lhe garanta a posse do bem. Assim, im- que decorrem da propriedade. Logo, ausen-
positiva a manutenção da decisão agravada. tes quaisquer dos vícios catalogados no art.
Agravo de Instrumento conhecido e despro- 535 do CPC, ficam rejeitados os aclaratórios
vido. (TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) opostos. (TJGO, 2ª Câmara Cível, Agravo de
5139594-25.2017.8.09.0000, Rel. Carlos Instrumento nº 127489-72.2015.8.09.0000,
Alberto França, 2ª Câmara Cível, julgado Rel. Des. Zacarias Neves Coelho, DJe 1843
em 21/06/2017, DJe de 21/06/2017, g.) de 07/08/2015, g.)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO


AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DE INSTRUMENTO. AÇ ÃO DE
IMISSÃO DE POSSE. ANTECIPAÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE. ANTECIPAÇÃO
TUTELA. COMPROVAÇÃO DO DOMÍNIO.
IPTU

DA TUTELA. PROVA INEQUÍVOCA DA Cível, Agravo de Instrumento nº 206822-


VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E 10.2014.8.09.0000, Relª. Desª. Elizabeth
FUNDADO RECEIO DE DANO IRREPARÁVEL Maria da Silva, DJe 1589 de 22/07/2014, g.)
OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO. REQUISITOS
DEMONSTRADOS. INEXISTÊNCIA DE Ante o exposto, conheço do agravo de
ARGUMENTO OU FATO NOVO. instrumento e dou-lhe provimento para refor-
mar a decisão recorrida, a fim de deferir a tutela
DECISÃO MANTIDA. 1. Como a ação de
de urgência para que o autor/recorrente seja
imissão na posse possui natureza dominial,
imitido na posse do imóvel arrematado, de-
a prova inequívoca da verossimilhança das
vendo a desocupação se dar no prazo máximo
alegações do autor consiste na comprovação
de 60 (sessenta) dias, conforme estabelece o
da propriedade do imóvel e de que terceiros
artigo 30, caput, da Lei nº 9.514/97.
encontram-se na posse do bem. 2. A impos-
sibilidade de exercer os poderes de senhor É como voto.
e possuidor sobre o bem arrematado em Desembargadora NELMA BRANCO
leilão extrajudicial promovido pela Caixa FERREIRA PERILO
Econômica Federal gera fundado receio
de dano irreparável ou de difícil repara- Relatora
ção ao adquirente, principalmente tendo
que arcar com as prestações do mútuo
assumido para sua aquisição. 3. É asse- AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
gurada ao adquirente do imóvel por força 5206974.65.2017.8.09.0000
do público leilão de que tratam os §§ 1º e 4ª CÂMARA CÍVEL
2º do art. 27 da Lei federal nº 9.514/1997, a AGRAVANTE : HARLEY FABRÍCIO SANTOS
reintegração na posse do imóvel, que será MARTINS AGRAVADA : PATRÍCIA COSTA
concedida, liminarmente, para desocupa- NEVES
ção em sessenta dias, desde que comprova- RELATORA : Desembargadora NELMA
da, na forma do disposto no artigo 26 do BRANCO FERREIRA PERILO
referido Diploma Legal, a consolidação da
propriedade. Inteligência do artigo 30 da EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Lei federal nº 9.514/1997. 4. Caso o autor AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE.
da demanda demonstre o preenchimento CONTRARRAZÕES INTEMPESTIVAS. NÃO
dos requisitos exigidos pelo artigo 273 do CONHECIDAS. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
Código de Processo Civil, o deferimento da DE IMÓVEL. PURGAÇÃO DA MORA.
antecipação da tutela é medida que se impõe. INOCORRÊNCIA. CONSOLIDAÇÃO DA
(?) 6. Agravo regimental conhecido e despro- PROPRIEDADE DO BEM EM NOME DO
vido. Decisão mantida. (TJGO, 4ª Câmara CREDOR FIDUCIÁRIO. ARREMATAÇÃO
IPTU

EM LEILÃO PÚBLICO EXTRAJUDICIAL que arcar com o Imposto sobre Propriedade


DEVIDAMENTE REGISTRADA. TUTELA DE Predial e Territorial Urbana (IPTU).
URGÊNCIA. PRESENÇA DOS REQUISITOS
DO ARTIGO 300 DO CPC. DEFERIMENTO AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO
DO PLEITO. I. Não se conhece das alega- E PROVIDO.
ções formuladas em contrarrazões quando ACÓRDÃO
são apresentadas intempestivamente. II.
Para a concessão da tutela de urgência VISTOS, relatados e discutidos estes
mister a presença concomitante dos requi- autos de AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
sitos do artigo 300 do CPC, quais sejam, a 5206974.65.2017.8.09.0000, figurando como
probabilidade do direito e o perigo de dano agravante HARLEY FABRÍCIO SANTOS
ou risco ao resultado útil do processo. III. Em MARTINS e agravada PATRÍCIA COSTA NEVES.
alienação fiduciária de imóvel, sobrevindo a ACORDAM os integrantes da Primeira
letargia do devedor fiduciante quando evi- Turma Julgadora da Quarta Câmara Cível do
denciada a mora e devidamente notificado Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás,
para purgá-la, consolidar-se-á a proprieda- na sessão do dia oito de fevereiro de 2018, por
de do imóvel em nome do credor fiduciário, unanimidade de votos, conhecer do agravo de
consoante a inteligência do artigo 26, caput instrumento e provê-lo, nos termos do voto
e § 7º, da Lei nº 9.514/97. IV. A arrematação da relatora.
devidamente registrada confere ao arrema-
tante a plena propriedade sobre o imóvel VOTARAM além da Relatora, os
arrematado, podendo o proprietário usar, Desembargadores Carlos Escher e Kisleu Dias
gozar e dispor da coisa, bem como reavê-la Maciel Filho.
do poder de quem quer que injustamente Fez sustentação oral em sessão anterior,
a possua ou detenha, nos termos do artigo o Dr. Adanair A. Ribeiro Júnior, em favor do
1.228, caput, do Código Civil. V. Segundo o agravado.
artigo 30 da Lei nº 9.514/97, é assegurada ao
O julgamento foi presidido pela
adquirente do imóvel por força do público
Desembargadora Nelma Branco Ferreira Perilo.
leilão, a reintegração na posse do imóvel,
que será concedida, liminarmente, para Esteve presente à sessão a Procuradora
desocupação em 60 (sessenta) dias. VI. A de Justiça Dra. Orlandina Brito Pereira.
impossibilidade de exercer os poderes de
Desembargadora NELMA BRANCO
senhor e possuidor sobre o bem arrema-
FERREIRA PERILO
tado em leilão extrajudicial gera fundado
receio de dano irreparável ou de difícil repa- Relatora
ração ao adquirente, principalmente tendo

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