Cartilha IPTU
Cartilha IPTU
Cartilha IPTU
1. O QUE É IPTU?
É o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
cobrado pelos municípios1 por lançamento de ofício e devido
em razão da propriedade, domínio útil ou posse de bem imóvel
(prédio ou terreno) localizado em área urbana2.
Para fins de IPTU, a área urbana será definida em lei municipal,
desde que seja de expansão urbana (urbanizável) ou observe
o requisito da existência de ao menos dois melhoramentos de
infraestrutura urbana.
Segundo o art. 32, § 1º do Código Tributário Nacional (“CTN”),
são considerados melhoramentos de infraestrutura urbana: (I)
meio-fio ou calçamento, com canalização de água pluvial; (II)
abastecimento de água; (III) sistema de esgotos sanitários; (IV)
rede de iluminação pública para distribuição domiciliar; e (V)
posto de saúde ou escola primária a, no máximo, três quilômetros
de distância do imóvel.
Em relação à área urbanizável, ainda que (I) não existam
quaisquer das melhorias destacadas acima; e (II) a área não seja
denominada “área urbana”; poderá o município considerar uma
área geográfica como tal. Essa possibilidade depende de dois
1
Art. 156, I, da Constituição de 1988.
2
Art. 32 do Código Tributário Nacional.
IPTU
2. CÁLCULO DO IPTU
2.1. Base de cálculo
A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel (art. 33
do CTN), definido como o valor de compra e venda à vista em
condições normais de mercado.
Para aferição do valor venal seria necessária a efetiva avalia-
ção individual de cada imóvel pelo município. Contudo, consi-
derando a impossibilidade prática dessa aferição, os municípios
passaram a lançar mão das denominadas plantas genéricas de
valores (“PGV”) como procedimento administrativo para definir
o valor venal a ser utilizado como base de cálculo do imposto.3
Em regra, os municípios utilizam-se de critérios objetivos e
técnicos para fixação da planta genérica de valores, de modo
que as áreas urbanas são subdivididas em zonas, com atribuição
de valor por metro quadrado (“v/m²”).
Para fixação do v/m² no Município de São Paulo4, por exemplo,
são utilizados fatores (I) de profundidade; (II) de esquina; (III) de
tipo de terreno (encravado, fundo, interno); (IV) de condomínio
3
O STF pronunciou-se sobre a possibilidade de cobrança do IPTU mediante planta
de valores, declarando-a legítima desde que instituída por lei em sentido formal
(STF, RE 648.245, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 24/02/2014).
4
Arts. 45 a 67 do Anexo ao Decreto 59.579 de 03 de julho de 2020.
IPTU
5
Aspecto fiscal, conforme disposto no art. 156, § 1º, da Constituição.
6
Aspecto extrafiscal, conforme disposto no art. art. 182, § 4º, da Constituição.
IPTU
2.2. Alíquota
Definida a base de cálculo e os critérios da progressividade
do imposto, cabe ao legislador municipal estabelecer a alíquota
e forma de cálculo do IPTU.
Em regra, os municípios estabelecem alíquotas diferentes
para imóveis residenciais e não residenciais, conforme se verifica
nos exemplos abaixo:
• Campo Grande/MS
• 1% (edificados);
• entre 1% e 3,5% (não edificados);
• Curitiba/PR
• entre 0,20% e 1,10% (residenciais);
• entre 0,35% e 1,80% (não residenciais);
• entre 1% e 3% (territoriais);
• Distrito Federal
• 0,3% (residenciais);
• 1% (comerciais ou em construção);
• Goiânia/GO
• entre 0,20% e 0,55% (residenciais);
• entre 0,50% e 1% (não residenciais);
• entre 1% e 4% (imóveis vagos ou não edificados);
• Porto Alegre/RS
• entre 0,40% e 0,85% (residenciais);
• entre 0,80% e 1% (não residenciais);
IPTU
• Recife/PE
• entre 0,60% e 1,4% (residenciais);
• entre 1% e 2% (não residenciais);
• Salvador/BA
• entre 0,10% e 1% (residenciais);
• entre 1% e 1,5% (não residenciais);
• entre 1% e 3% (terrenos);
• São Paulo/SP
• 1% (residenciais);
• 1,5% (não residenciais).
7
Art. 34 do Código Tributário Nacional.
8
Conforme súmula 614, do STJ.
IPTU
9
STJ, REsp 1.111.202/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, julgado
em 10/06/2009, DJe 18/06/2009.
10
A título exemplificativo, os Municípios de Belém/PA e Natal/RN possibilitam o
pagamento de IPTU à vista com desconto de 10% e 16%, respectivamente, ou em até
10 parcelas. O Município de Cuiabá/MS possibilita o pagamento à vista, também com
desconto de 10%, ou em até 8 parcelas, sendo o valor mínimo de cada parcela R$ 57,26.
IPTU
11
A Fazenda pública possui interesse e pode efetivar o protesto da CDA, docu-
mento de dívida, na forma do art. 1º, parágrafo único, da Lei 9.492/1997, com a
redação dada pela Lei 12.767/2012. (STJ, REsp 1.686.659/SP, Tema 777, Rel. Min.
Herman Benjamin, 1ª Seção, julgado em 28/11/2018, DJe 11/03/2019).
12
STJ, REsp 1.641.011/PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Seção, julgado
em 14/11/2018, DJe 21/11/2018.
13
[CTN] Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos
termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão
de medida liminar em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar
ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento.
[CTN] Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco
anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição
se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o
devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em
reconhecimento do débito pelo devedor.
IPTU
5. QUESTÕES CONTROVERTIDAS:
a) Atualização anual
Conforme mencionado, os municípios utilizam a PGV como
base para cálculo do IPTU, com o fim de se aproximar do valor
de mercado de compra e venda à vista dos imóveis (valor venal).
Entretanto, o uso do valor incluído na PGV não supera em
definitivo o problema de desconexão da realidade com a ava-
liação individual.
Em vista do aumento anual realizado pelos municípios sem
critério, com o fim de alcançar o valor de compra e venda à vista
dos imóveis, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, com
eficácia de repercussão geral14, a possibilidade de atualização
anual do valor dos imóveis, independentemente de edição de lei,
desde que tal atualização não exceda os índices inflacionários.
Nesse sentido, a PGV deve ser instituída por lei, com ajustes
posteriores por ato administrativo ou decreto somente no to-
cante à correção monetária. Tais ajustes afastam o custo infla-
cionário, não capturando propriamente as variações decorrentes
de melhoramentos urbanos ou da falta destes.
Com base no julgamento do STF, alguns municípios alteraram
suas legislações locais. O Município de São Paulo, por exemplo,
promulgou lei limitando o aumento do IPTU nominal até o per-
centual de 10% para imóveis residenciais ou 15% para imóveis
comerciais entre exercícios, a partir de 2015.15
Contudo, o que surgiu como limite tornou-se padrão. O
aumento de IPTU anual tem sido inercial, até o limite definido
na lei, sem observância dos índices inflacionários (na maioria
14
STF, RE 648.245, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2013.
15
Art. 9º, I e II, da Lei 15.889/2013.
IPTU
b) Fator de obsolescência
Dentre os fatores utilizados para fixação da base de cálculo
do IPTU, encontra-se o fator de obsolescência, correspondente
à idade de construção do prédio. Quanto mais antigo o prédio,
menor o fator e, portanto, o valor do IPTU.
Os contribuintes argumentam que a uniformização do fator de
obsolescência por “prédio”, utilizada pelos municípios, fere o caráter
pessoal do IPTU e sua gradação segundo a capacidade econômica.
Isso porque um prédio pode ter várias estruturas e imóveis com
proprietários distintos. Há, por exemplo, inúmeras galerias, lojas e
serviços de conveniência que convivem de forma autônoma com
unidades residenciais, em projetos de arquitetura de uso misto.
Por outro lado, pode ser questionável a constitucionalidade
de dispositivo legal permitindo que uma reforma parcial possa
resultar em mudança brusca nos fatores de obsolescência da
totalidade desses imóveis.
Assim, há mitigadores a esse efeito. No Município de São
Paulo16 é possível realizar o cálculo do fator de obsolescência
pela média ponderada da área impactada por reforma, ou seja,
de forma proporcional à parte reformada vs. a não reformada17.
Recomenda-se consultar a legislação de cada município para
verificar a existência de fator de obsolescência e a possibilidade
de uso da média ponderada.
16
Art. 16, § 3º, da Lei 10.235/1986.
17
(Percentual do prédio não reformado multiplicado pelo fator de obsolescên-
cia correspondente à real idade do imóvel) + (percentual do prédio reformado
multiplicado pelo fator de obsolescência correspondente à real idade do imóvel).
IPTU
18
Enunciado da Súmula 626 do STJ: “A incidência do IPTU sobre imóvel situado em
área considerada pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está
condicionada à existência dos melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN.”
IPTU
19
Nos termos do art. 15, do Decreto-Lei 57/1966, conforme julgamento do RE
140.773-5 (STF, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno, DJ 04.06.1999).
20
Art. 16, da Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Lei 6.766/1979.
21
Os casos tratam, em sua maioria, da vedação à cobrança retroativa tentada
pelos municípios relativamente ao período entre a aprovação do loteamento e a
sua efetiva entrega. Por todos: TJSP. Apelação 1037450-84.2015.8.26.0114, 15ª
Câmara de Direito Público, Des. Rel. Raul de Felice, DJe 17/03/2017.
IPTU
22
Por todos: TJSP, Apelação 1016329-52.2016.8.26.0053, 18ª Câmara de Direito Público,
Rel. Ricardo Chimenti, j. 07/02/2019. O entendimento se pauta (I) na situação fática
(existência de um prédio no momento da declaração, ainda que sem habite-se); e (II)
na existência de previsão legal favorável à cobrança segundo esses parâmetros. (art. 2º,
§ 1º, II, “a”, da Lei Municipal 6.989/66 c/c art. 9º, I, “a”, da Lei Municipal 15.406/2011)
23
E.g.: (I) Belo Horizonte/MG: art. 9º da Lei Municipal 5.839/1990, prevê isenção
para imóveis tombados; (II) Curitiba/PR: art. 88, da LC 40/2001, autoriza o Prefeito
do Município a conceder isenções de até 100% a imóveis considerados Patrimônio
Histórico Cultural; (III) Florianópolis/SC: art. 225, VI, da LC 07/97, autoriza o Prefeito
do Município a conceder isenções de até 100% a imóveis tombados; (iv) Salvador/BA:
art. 4º da Lei Municipal 9.215/2017, autoriza o Prefeito do Município a remitir dívidas
de IPTU de imóveis históricos do centro da cidade incluídos no Programa Revitalizar; (v)
IPTU
São Paulo/SP: Lei 12.350/1997, institui o PROCENTRO, que consiste no estímulo para
a restauração de fachadas de imóveis tombados no centro da cidade em contrapartida
à isenção do IPTU.
24
Art. 156, § 1º, II, da CF.
25
TJDF. Apelação 20120111734519. Rel. Des. Ana Catarino. 3ª Turma Cível. J.
06/11/2013. DJ 27/01/2014; TJSP. Apelação 1002941-23.2018.8.26.0244. Rel.
Des. João Alberto Pezarini. 14ª Câmara de Direito Público. J. 19/03/2021.
26
STJ, REsp 1.482.184/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, DJe 24/03/2015;
STJ, REsp 1.128.981/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, DJe 25/03/2010.
IPTU
27
STJ, REsp 752.815/SP, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ 15/03/2007.
IPTU
h) Alienação Fiduciária
A alienação fiduciária é negócio jurídico no qual o devedor
fiduciante transfere a propriedade resolúvel e posse indireta
de um imóvel, como garantia ao credor fiduciário. O devedor
fiduciante permanece com a posse direta do imóvel.
Após a quitação da obrigação, a propriedade resolúvel do cre-
dor fiduciário retorna à propriedade plena do devedor fiduciante.
Em decorrência da transferência de posse e propriedade
resolúvel, os municípios passaram a atribuir a responsabilidade
do IPTU tanto ao devedor fiduciante quanto ao credor fiduciário.
Com fundamento no art. 27, § 8º da Lei 9.541/1997, acrescido
do art. 1.368-B do Código Civil, o STJ decidiu que a responsabili-
dade do credor fiduciário pelo pagamento das despesas condo-
miniais se dá no momento da consolidação de sua propriedade
plena quanto ao bem dado em garantia, ou seja, quando de sua
imissão na posse do imóvel.28
Em que pese o precedente do STJ tenha se limitado a men-
cionar “despesas condominiais”, os dispositivos mencionados
dispõem sobre a responsabilidade de IPTU e despesas condo-
28
STJ, REsp 1.731.735/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em
13/11/2018, DJe 22/11/2018.
IPTU
29
TJGO, Apelação 0192832-56.2015.8.09.0051, 6ª Câmara Cível, Rel. Des.
Fausto Moreira Diniz, DJ de 16/06/2020; TJGO, Agravo de Instrumento 5206974-
65.2017.8.09.0000, 4ª Câmara Cível, Rel. Nelma Branco Ferreira Perilo, DJe de
16/02/2018.TJPR, Apelação 0001468-05.2019.8.16.0101, 3ª Câmara Cível, Rel.
Des. Juiz Osvaldo Nallim Duarte, julgado em 29.10.2020..
30
TJSP, Agravo de Instrumento 2136881-52.2020.8.26.0000; Rel. Eurípedes Faim;
Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 23/02/2021;
TJSP, Agravo de Instrumento 2203594-09.2020.8.26.0000; Rel. Silva Russo; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2295657-53.2020.8. 26.0000; Rel. Raul De Felice; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 10/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2225227-76.2020.8.26.0000; Rel. Raul De Felice; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 11/03/2021; TJSP;
Agravo de Instrumento 2148688-69.2020.8.26.0000; Rel. Eurípedes Faim; Órgão
Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 02/03/2021.
31
TJSP, Agravo de Instrumento 2195495-50.2020.8.26.0000; Rel. Ricardo Chimenti;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 23/02/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2190623-89.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
IPTU
6. IMUNIDADES
Nos termos do art. 150, VI, da Constituição, o IPTU não incide
sobre (I) imóveis que integram o patrimônio da União, Estados,
Municípios, Distrito Federal, bem como suas autarquias e fundações
mantidas pelo Poder Público; (II) templos de qualquer religião ou
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2254949-58.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 22/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2182288-81.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021; TJSP;
Agravo de Instrumento 2178278-91.2020.8.26.0000; Rel. designada Mônica Serrano;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/03/2021
32
TJSP, Agravo de Instrumento 2195495-50.2020.8.26.0000; Rel.: Ricardo Chimenti;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 10/12/2020; TJSP,
Apelação 1004717-35.2018.8.26.0090; Rel. designado Roberto Martins de Souza;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 19/03/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2007693-69.2021.8.26.0000; Rel. Roberto Martins de Souza;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 01/03/2021.
33
TJSP, Agravo de Instrumento 2182667-22.2020.8.26.0000; Rel. Ricardo Chimenti;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 04/02/2021; TJSP,
Agravo de Instrumento 2168416-96.2020.8.26.0000; Rel. Henrique Harris Júnior;
Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Data do Julgamento: 25/02/2021
IPTU
7. CURIOSIDADES
7.1. Imóveis tombados
O tombamento de imóveis tem como objetivo preservar
imóveis de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental
e até mesmo afetivo para a população, impedindo que sejam
destruídos ou descaracterizados.
34
Art. 150, VI da Constituição Federal.
35
Súmula vinculante 52, do STF.
IPTU
36
Instituído pela Lei 12.350/1997.
37
Art. 9º da Lei Municipal 5.839/1990.
38
Nos termos do art. 1.228 do Código Civil, o direito de propriedade consiste
na faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de
quem injustamente a possua ou detenha.
IPTU
39
STJ, AgInt no AREsp 1.544.906/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma,
julgado em 18/02/2020, DJe 25/05/2020; STJ, REsp 1.801.830/PR, Rel. Min.
Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 09/05/2019, DJe 21/05/2019; STJ, REsp
1.482.184/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, julgado em 17/03/2015,
DJe 24/03/2015; STJ, AgRg no REsp 1.469.057/AC, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, 2ª Turma, julgado em 14/10/2014, DJe 20/10/2014.
IPTU
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE APELAÇÃO Ação declaratória de inexis-
SÃO PAULO tência de relação jurídico-tributária c.c.
anulatória de débitos fiscais IPTU dos exer-
Registro: 2021.0000203169 cícios de 2016 a 2019 - Sentença proce-
dente. Incidência sobre lotes, que tiveram
ACÓRDÃO cancelada a matrícula por decisão judicial,
incluídos em “Área de Relevante Interesse
Vistos, relatados e discutidos es-
Ecológico/Zona de Vida Silvestre” (ARIE/
tes autos de Apelação Cível nº 1002941-
ZVS). Limitações administrativas com sig-
23.2018.8.26.0244, da Comarca de Iguape, em
nificativa restrição ao direito de proprie-
que é apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE
dade. Decreto Municipal nº 30.817/89 que
ILHA COMPRIDA, é apelado DANIEL SOARES
autoriza construção de edificações apenas
DE OLIVEIRA (JUSTIÇA GRATUITA).
destinadas à “... realização de pesquisas e
ao controle ambiental”. Sentença manti-
ACORDAM, em sessão permanente e
da. Precedentes desta Corte. Recurso não
virtual da 14ª Câmara de Direito Público do
provido.
Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a
seguinte decisão: Negaram provimento ao
Cuida-se de apelação em face de sen-
recurso. V. U., de conformidade com o voto
tença (fls. 149/153) que julgou procedente
do relator, que integra este acórdão.
pedido para declarar inexistência de relação
jurídico-tributária de IPTU1 incidente sobre
O julgamento teve a participação dos
imóveis incluídos em área de preservação
Desembargadores OCTAVIO MACHADO DE
ambiental, bem como anular os lançamentos
BARROS (Presidente) E MÔNICA SERRANO.
dos exercícios 2016 a 2019, tornando, ainda,
insubsistentes lançamentos futuros.2
São Paulo, 19 de março de 2021.
Por força da sucumbência, ao Município
JOÃO ALBERTO PEZARINI foi imposto o pagamento das custas, despesas
Relator processuais e honorários advocatícios fixados
Assinatura Eletrônica em 10% sobre o valor corrigido da condenação.
3
Apelação nº 0003813-60.2015.8.26.0244; Rel. Geraldo 4 Apelação nº 1004890-48.2019.8.26.0244; Rel. Silvana
Xavier; j. 09/09/2020. Malandrino Mollo; j. 27/01/2021.
IPTU
Analisando a petição inicial e os documen- Art. 27. Uma vez consolidada a propriedade
tos carreados aos autos, observo inexistir em seu nome, o fiduciário, no prazo de trin-
comprovação, ao menos nesta cognição ta dias, contados da data do registro de que
sumária, de que a requerida esteja se re- trata o § 7º do artigo anterior, promoverá
cusando a desocupar o imóvel indicado. público leilão para a alienação do imóvel.
Ademais, tendo o autor adquirido o imóvel
há quase um ano, e estando a conceder Art. 30. É assegurada ao fiduciário, seu
60 dias de prazo para desocupação, resta cessionário ou sucessores, inclusive o ad-
afastado o perigo da demora. quirente do imóvel por força do público
leilão de que tratam os §§ 1° e 2° do art. 27,
Nestes termos, indefiro a liminar requestada. a reintegração na posse do imóvel, que será
concedida liminarmente, para desocupação
In casu, verifica-se que a decisão re-
em sessenta dias, desde que comprovada,
corrida deve ser reformada, haja vista que os
na forma do disposto no art. 26, a conso-
requisitos para a antecipação da tutela estão
lidação da propriedade em seu nome. (g.)
preenchidos.
IPTU
Logo, tratando-se de imóvel objeto de Frisa-se que com o fim da relação con-
contrato de financiamento garantido por alie- tratual existente entre a agravada e o Banco
nação fiduciária, arrematado em leilão extra- Santander (Brasil) S/A e após a recorrida ter
judicial fundado na Lei nº 9.514/97, impõe-se, sido notificada extrajudicialmente pelo recor-
nos termos do artigo 30 desse Diploma legal, rente para desocupar o imóvel, sua posse se
a concessão de medida liminar para deso- tornou injusta.
cupação do bem, no prazo de 60 (sessenta)
Salienta-se que o imóvel está devida-
dias, desde que comprovada a consolidação
mente individualizado, haja vista que, na carta
da propriedade no patrimônio do credor fi-
de arrematação, consta que se trata de imóvel
duciário, em virtude do não pagamento, pelo
matriculado sob o nº 224.738 do 1º Cartório
devedor fiduciante regularmente constituído
de Registro de Imóveis da Comarca de Goiânia,
em mora, das parcelas já vencidas do vínculo.
com propriedade consolidada conforme Av. 04,
No caso em testilha, a garantia fiduciá- constituído por um apartamento nº 904 da
ria foi anotada no registro imobiliário do bem Torre 03, com direito ao Boxe de Garagem nº
descrito nos autos em 18/01/2012, como se vê 422, do Residencial Vivaz, situado em Goiânia/
na Certidão da Matrícula do Imóvel presente GO, na Avenida Antônio Fidélis, no Parque
no Evento nº 01 dos autos de origem. Amazônia, com área total de 98,7711m2, sendo
75,2500m2 de área total privativa (62,7500m2
Diante da ausência da purgação da
do Apto e 12,5000 m2 do Boxe).
mora pela devedora/agravada, a propriedade
do imóvel foi consolidada em nome do credor No tocante ao perigo da demora, vis-
fiduciário (Banco Santander (Brasil) S/A) lumbra-se que restou configurado, tendo
em 30/08/2016 e, em 19/01/2017, foi regis- em vista que o recorrente tem que arcar
trada a carta de arrematação, transferindo com o Imposto sobre Propriedade Predial e
a propriedade do bem para o recorrente em Territorial Urbana (IPTU) sem poder usufruir
decorrência da arrematação do imóvel em de seu imóvel.
leilão extrajudicial.
Além disso, não há risco de irreversibi-
Nada há, pois, a obstaculizar a imissão lidade da tutela antecipatória, haja vista que,
do recorrente na posse do imóvel em questão, em caso de improcedência do pleito inicial, há
que advém da condição de proprietário do a possibilidade de recondução da agravada ao
arrematante, a qual lhe confere a faculdade imóvel, bem como ressarcimento de eventuais
de usar, gozar e dispor da coisa, bem como prejuízos sofridos.
o direito de reavê-la do poder de quem quer
À vista disso, o deferimento do pedido
que injustamente a possua ou detenha, nos
liminar é medida que se impõe.
termos do artigo 1.228, caput, do Código Civil.
Esse é o entendimento desse Sodalício:
IPTU