Roteiro Didático-Unidade3

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Breve História da

Educação
Brasileira

Roteiro didático da Unidade 3:


A construção do sistema
educacional brasileiro em dois
momentos: Manifesto dos
Pioneiros e Método Paulo Freire
(1932-1964)

Profa. Marisa Bittar

2021
Roteiro didático da Unidade 3:
A construção do sistema educacional brasileiro em dois momentos:
Manifesto dos Pioneiros e Método Paulo Freire (1932-1964)

1. Contexto histórico do período (1930-1964).


Revolução de 1930 contra as oligarquias paulistas e mineiras.
Getúlio Vargas assume o poder em 1930. Projeto nacionalista. Seu primeiro governo
transcorreu entre 1930 e 1934. Foi eleito para um segundo mandato até 1938. Mas
enveredou pelo autoritarismo e planejou um golpe antes do término de seu mandato.
1937: Golpe de Getúlio Vargas. Início da ditadura.
1937-1945: Ditadura de Getúlio Vargas.
1945-1964: Período conhecido por redemocratização. Ocorreram inciativas de educação
popular e o método de alfabetização de Paulo Freire.
1964: Golpe militar.

2. As razões que levaram ao Manifesto e ao Método de Paulo Freire.


O Brasil chegou à década de 1960 com quase metade de sua população analfabeta e uma
escola pública restrita. O sistema nacional de educação havia começado a ser construído em
1930 e, nesse contexto de poucas escolas, um grupo de 26 intelectuais lançou um Manifesto
“ao povo e ao governo”, que ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros (1932),
propondo educação pública, integral, laica, estatal para todas as crianças e jovens dos 7 aos
15 anos de idade.
Dos 26 signatários, três eram mulheres e apenas um professor primário (Paschoal Lemme).
No final da década de 1950 e começo da década de 1960, Paulo Freire criou seu método de
alfabetização de adultos.
As duas iniciativas demonstram que o Brasil não tinha um sistema de educação para todos e,
além disso, mantinha 50% de sua população acima de 15 anos de idade no analfabetismo.

3. O Manifesto de 1932.
O Manifesto corresponde ao momento político (Revolução de 1930); está de acordo com os
seus princípios (nacionalismo, construção do Estado).
Signatários: 26 intelectuais, dentre eles, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. Três
mulheres: Cecília Meirelles, Amanda Álvaro Alberto e Noemy da Silveira.
Importância: defendeu escola pública, estatal e laica para meninos e meninas; criticou o
método da escola existente até então; introduziu os princípios da Escola Nova no Brasil.
Ao defender a educação estatal e laica, atraiu contra si a oposição da Igreja Católica (que
tinha hegemonia na educação brasileira).
Seus princípios não foram implementados pelo Governo Vargas.

4. Método de Paulo Freire (fim da década de 1950/início de 1960).


Foi um método nascido inteiramente das condições históricas brasileiras (analfabetismo,
sociedade “fechada”, ausência de democracia).
Alfabetizar e conscientizar: dois termos indissociáveis para Paulo Freire.
O papel da educação na sociedade “em trânsito”: promover a passagem da consciência
ingênua para a consciência crítica.
O seu método não foi praticado (testado) suficientemente para confirmar que uma pessoa
adulta se alfabetizaria em pouco tempo, pois Paulo Freire deixou o Brasil imediatamente
após o golpe militar e se exilou no Chile onde escreveu “Educação como prática da
liberdade”.
Antes do golpe, o Ministério da Educação havia proposto um plano nacional de alfabetização
a Paulo Freire, que o aceitou. Pois ele apoiava o nacional-populismo.

5. Conclusões.
Que balanço podemos fazer sobre essas duas experiências?
O Manifesto dos Pioneiros completará 90 anos em 2022 e até hoje o Brasil não universalizou
a escola nos moldes defendidos pelos intelectuais de 1932.
Paulo Freire queria alfabetizar os milhões de adultos analfabetos no começo da década de
1960, mas o Brasil ingressa no século XXI sem ter resolvido a tarefa do século XIX: alfabetizar
toda a sua população.
No entanto, alguns princípios de ambos os movimentos foram incorporados pela educação
brasileira, como a necessidade de maior participação de alunos no processo de ensino-
aprendizagem e todas as formas de participação democráticas previstas pela Escola Nova
tiveram boa aceitação no interior do sistema educacional brasileiro. Da mesma forma, o
método de Paulo Freire, mesmo sem aplicação como ele previa, continuou inspirando
alfabetização de adultos e motivando pesquisas.
Por isso, tanto o Manifesto quanto o Método Paulo Freire continuam presentes no ideário
pedagógico brasileiro. Não foram vitoriosos como pretendiam, mas também não foram
totalmente derrotados.

6. Bibliografia
AZEVEDO, Fernando e outros. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. A Reconstrução
Educacional no Brasil: ao povo e ao governo. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio
de Janeiro, v. XXXIV, n. 79, p. 108-127, jul.-set. 1960.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil (1930-1973). Petrópolis,


Editora Vozes, 1986.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses
sobre educação e política. 32. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1999. (Coleção
polêmicas do nosso tempo; v. 5)

http://poca.ufscar.br/
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educacional brasileiro em dois momentos: Manifesto dos
Pioneiros e Método Paulo Freire (1932-1964) de Marisa Bittar está
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