Informativo_stf_1152 - decisões

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Edição 1152/2024

07 DE OT
U UBOR DE 2024
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio

Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula

Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo

Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação


Patrícia Perrone Campos Mello

Coordenadoria de Difusão da Informação


Renata Helena Souza Batista de Azevedo Rudolf

Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Pedro Augusto Dantas Barbosa
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira

Capa e projeto gráfico


Flávia Carvalho Coelho Arlant

Diagramação
Aline da Silva Pereira

INFORMAÇÕES
ADICIONAIS

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Supremo Tribunal Federal — Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)

Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6

Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.

ISSN: 2675-8210

INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1152/2024.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 07 de Outubro de 2024.
INFORMATIVO STF 07 de Outubro de 2024 | 1152/2024

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.06.2013]

MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.06.2015]

MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.06.2002]

MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.06.2006]

MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]

MINISTRO
LUIZ FUX
[03.03.2011]

MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.03.2017]

MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[05.11.2020]

MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]

MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]

MINISTRO
FLÁVIO DINO DE CASTRO E COSTA
[22.02.2024]
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

SUMÁRIO

1 INFORMATIVO

1.1 PLENÁRIO

DIREITO ADMINISTRATIVO

» Licitações; Habilitação; Regularidade Trabalhista

• Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas: emissão e obrigatoriedade de


apresentação em procedimentos licitatórios - ADI 4.716/DF e ADI 4.742/DF

» Serviços Públicos; Loterias; Delegação; Licitação Prévia

• Serviços de loteria: exigência de delegação mediante prévia licitação - RE


1.498.128/CE (Tema 1.323 RG)

» Serviços Públicos; Saúde; Fornecimento de Medicamentos; Registro na


Anvisa; Incorporação no SUS; Listas de Dispensação do SUS

• Critérios para a concessão judicial de medicamentos não incorporados às


listas de dispensação do SUS - RE 566.471/RN (Tema 6 RG)

DIREITO CONSTITUCIONAL

» Direitos e Garantias Fundamentais; Liberdade de Crença e Religião;


Direito à Vida; Direito à Saúde; Dignidade da Pessoa Humana

• Liberdade religiosa: tratamento médico alternativo compatível com as


convicções religiosas do paciente - RE 979.742/AM (Tema 952 RG) e RE
1.212.272/AL (Tema 1.069 RG)

» Repartição de Competências; Direito do Trabalho; Critérios de Defesa da


Saúde; Prevenção de Doenças

• Empregados da iniciativa privada: dispensa remunerada para realização de


exames preventivos de câncer - ADI 4.157/RJ

SUMÁRIO
4
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» Repartição de Competências; Energia; Gás Liquefeito de Petróleo;


Pesagem de Botijões e Cilindros; Princípio da Proporcionalidade

• Pesagem obrigatória de botijões e cilindros de GLP no âmbito distrital - ADI


4.676/DF

» Repartição de Competências; Meio Ambiente; Proteção da Fauna;


Crueldade aos Animais; Rinhas de Galo; Infração Ambiental; Aplicação
de Multa

• Código de proteção aos animais no âmbito estadual: aplicação das penalidades


aos participantes envolvidos em infração ambiental - ADI 7.056/SC

2 PLENÁRIO VIRTUAL EM EVIDÊNCIA

» Fundo de Apoio ao Registro Civil de Pessoas Naturais (FUNARPEN): repasse


de percentual da arrecadação a pessoas jurídicas de direito privado - ADI
7.474/PR

» Organização judiciária no âmbito estadual - ADI 3.997/MA

» Honorários advocatícios de sucumbência: dispensa do pagamento nas


hipóteses de acordo ou parcelamento - ADI 5.405/DF

» Licença maternidade com base no regime celetista ou estatutário da


beneficiária e na sua qualidade de genitora ou adotante - ADI 7.495/DF

» Poder Executivo estadual: sucessão na hipótese de impedimento ou


vacância dos cargos de governador e de vice-governador - ADI 7.141/MS

» Restabelecimento, mediante decreto presidencial, de alíquotas do PIS/


COFINS incidentes sobre receitas financeiras - ADC 84/DF e ADI 7.342/DF

» Instituição do crime de incêndio no âmbito estadual - ADI 7.712 MC-Ref/GO

» Ocupantes ilegais e invasores de propriedades privadas rurais e urbanas


e aplicação de sanções no âmbito estadual - ADI 7.715 MC-Ref/MT

3 INOVAÇÕES NORMATIVAS STF

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

1 INFORMATIVO

PLENÁRIO

DIREITO ADMINISTRATIVO – LICITAÇÕES; HABILITAÇÃO; REGULARIDADE


TRABALHISTA

DIREITO DO TRABALHO – CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS TRABALHISTAS

Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas: emissão


e obrigatoriedade de apresentação em procedimentos
licitatórios - ADI 4.716/DF e ADI 4.742/DF

ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE

TESE FIXADA:

“1. É constitucional a recusa de emissão de Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas


(CNDT) nas hipóteses determinadas no art. 642-A, § 1º, da Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), com a redação conferida pela Lei nº 12.440/2011; e 2. É cons-
titucional a exigência de apresentação de CNDT nos processos licitatórios como
requisito de comprovação de regularidade trabalhista.”

RESUMO:

É constitucional — e não afronta os princípios constitucionais da isonomia, do con-


traditório, da ampla defesa, do devido processo legal (CF/1988, art. 5º, caput e
LV), tampouco os da licitação pública, da livre concorrência e da livre iniciativa
(CF/1988, arts. 37, XXI; e 170, IV e parágrafo único) — a Lei nº 12.440/2011, que ins-
tituiu a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT) e tornou obrigatória a
sua apresentação para a habilitação dos interessados nas licitações públicas.

Nas hipóteses de recusa de CNDT (CLT/1943, art. 642-A, § 1º), (i) o reconhecimento da
obrigação trabalhista inadimplida ocorre no próprio processo trabalhista (sentença ou
acordo judicial) ou decorre da execução de título executivo extrajudicial equiparado
a sentença transitada em julgado (CLT/1943, art. 876); (ii) o reconhecimento da condi-
ção de devedor ocorre via decisão judicial, o que indica a existência de ente julgador

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

imparcial; e (iii) a decisão judicial deve ter transitado em julgado para produzir o efeito
da certificação positiva de devedor.

Nesse contexto, a discussão abrange tanto a fase de conhecimento como a fase de


execução definitiva, garantindo-se ao devedor o direito de defesa e o acesso ao con-
traditório no contexto do devido processo legal trabalhista.

No que diz respeito às licitações públicas, a inclusão da “regularidade trabalhista” —


comprovação mediante a apresentação de CNDT ou de Certidão Positiva de Débitos
com efeitos de negativa — está alinhada com a finalidade dos requisitos de habilita-
ção. Ademais, a Lei nº 14.133/2021 (“Nova Lei de Licitações”) manteve a CNDT como um
documento necessário nos procedimentos licitatórios.

A exigência instituída pela lei impugnada, além de representar um adequado baliza-


mento entre o livre exercício da atividade econômica e os princípios constitucionais da
valorização do trabalho humano e da eficiência administrativa, privilegia o interesse
público (i) na promoção de licitações que efetivamente garantam a igualdade de con-
dições a todos os concorrentes; (ii) na seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública; e (iii) na celebração de contratos com empresas que estejam
efetivamente aptas a honrar com suas obrigações, observando, assim, o princípio da
eficiência administrativa.

Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade e em apre-


ciação conjunta, julgou improcedentes as ações para (i) assentar a constitucionalidade
da Lei nº 12.440/2011 (1); (ii) declarar prejudicado o pedido de medida cautelar inciden-
tal; e (iii) fixar a tese anteriormente mencionada.

(1) Lei nº 12.440/2011: “Art. 1º A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte Título VII-A: ‘TÍTULO VII-A – DA PROVA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS TRABALHISTAS – Art. 642-A. É instituída a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas
(CNDT), expedida gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos inadimplidos perante
a Justiça do Trabalho. § 1º O interessado não obterá a certidão quando em seu nome constar: I – o
inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença condenatória transitada em julgado proferida
pela Justiça do Trabalho ou em acordos judiciais trabalhistas, inclusive no concernente aos recolhimentos
previdenciários, a honorários, a custas, a emolumentos ou a recolhimentos determinados em lei; ou II – o
inadimplemento de obrigações decorrentes de execução de acordos firmados perante o Ministério Público do
Trabalho ou Comissão de Conciliação Prévia. § 2º Verificada a existência de débitos garantidos por penhora
suficiente ou com exigibilidade suspensa, será expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas em nome
do interessado com os mesmos efeitos da CNDT. § 3º A CNDT certificará a empresa em relação a todos os
seus estabelecimentos, agências e filiais. § 4º O prazo de validade da CNDT é de 180 (cento e oitenta) dias,
contado da data de sua emissão.’ Art. 2º O inciso IV do art. 27 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, passa
a vigorar com a seguinte redação: ‘Art. 27. (...) IV – regularidade fiscal e trabalhista; (...)’ Art. 3º O art. 29 da Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação: ‘Art. 29. A documentação relativa
à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: (...) V – prova de inexistência de débitos
inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do
Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.’
Art. 4º Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação.”

ADI 4.716/DF, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 27.09.2024 (sexta-feira),
às 23:59

ADI 4.742/DF, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 27.09.2024 (sexta-feira),
às 23:59

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

DIREITO ADMINISTRATIVO – SERVIÇOS PÚBLICOS; LOTERIAS; DELEGAÇÃO;


LICITAÇÃO PRÉVIA

Serviços de loteria: exigência de delegação mediante


prévia licitação - RE 1.498.128/CE (Tema 1.323 RG)

ÁUDIO REPERCUSSÃO
DO TEXTO GERAL

TESE FIXADA:

“A execução do serviço público de loteria por agentes privados depende de dele-


gação estatal precedida de licitação.”

RESUMO:

É inconstitucional a delegação do serviço de loteria para agentes privados sem


prévia licitação (CF/1988, art. 175).

A circunstância de o serviço ser executado por particular sem prévia licitação — uma
situação concreta de inconstitucionalidade — não altera a titularidade estatal da ativi-
dade nem mesmo a sua natureza de serviço público e, consequentemente, não afasta
a exigência de delegação estatal precedida do procedimento licitatório, assim como
não autoriza o desempenho da atividade em regime de livre iniciativa (1).

Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, reconheceu a existência


de repercussão geral da questão constitucional suscitada (Tema 1.323 da repercussão
geral), bem como (i) reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria (2) para
negar provimento ao recurso extraordinário; e (ii) fixou a tese anteriormente citada.

(1) CF/1988: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão
ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado.”

(2) Precedentes citados: ADPF 492 e ADPF 493.

RE 1.498.128/CE, relator Ministro Presidente, julgamento finalizado no Plenário Virtual em 27.09.2024


(sexta-feira)

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

DIREITO ADMINISTRATIVO – SERVIÇOS PÚBLICOS; SAÚDE; FORNECIMENTO


DE MEDICAMENTOS; REGISTRO NA ANVISA; INCORPORAÇÃO NO SUS;
LISTAS DE DISPENSAÇÃO DO SUS

Critérios para a concessão judicial de medicamentos


não incorporados às listas de dispensação do SUS -
RE 566.471/RN (Tema 6 RG)

ÁUDIO REPERCUSSÃO AMICUS


DO TEXTO GERAL CURIAE

TESE FIXADA:

“1. A ausência de inclusão de medicamento nas listas de dispensação do Sistema


Único de Saúde - SUS (RENAME, RESME, REMUME, entre outras) impede, como
regra geral, o fornecimento do fármaco por decisão judicial, independentemente
do custo. 2. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento
registrado na ANVISA, mas não incorporado às listas de dispensação do Sistema
Único de Saúde, desde que preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisi-
tos, cujo ônus probatório incumbe ao autor da ação: (a) negativa de fornecimento
do medicamento na via administrativa, nos termos do item ‘4’ do Tema 1.234 da
repercussão geral; (b) ilegalidade do ato de não incorporação do medicamento
pela Conitec, ausência de pedido de incorporação ou da mora na sua aprecia-
ção, tendo em vista os prazos e critérios previstos nos artigos 19-Q e 19-R da Lei
nº 8.080/1990 e no Decreto nº 7.646/2011; (c) impossibilidade de substituição por
outro medicamento constante das listas do SUS e dos protocolos clínicos e diretri-
zes terapêuticas; (d) comprovação, à luz da medicina baseada em evidências, da
eficácia, acurácia, efetividade e segurança do fármaco, necessariamente respal-
dadas por evidências científicas de alto nível, ou seja, unicamente ensaios clínicos
randomizados e revisão sistemática ou meta-análise; (e) imprescindibilidade clí-
nica do tratamento, comprovada mediante laudo médico fundamentado, descre-
vendo inclusive qual o tratamento já realizado; e (f) incapacidade financeira de
arcar com o custeio do medicamento. 3. Sob pena de nulidade da decisão judicial,
nos termos do artigo 489, § 1º, incisos V e VI, e artigo 927, inciso III, § 1º, ambos
do Código de Processo Civil, o Poder Judiciário, ao apreciar pedido de conces-
são de medicamentos não incorporados, deverá obrigatoriamente: (a) analisar o
ato administrativo comissivo ou omissivo de não incorporação pela Conitec ou da
negativa de fornecimento da via administrativa, à luz das circunstâncias do caso
concreto e da legislação de regência, especialmente a política pública do SUS, não
sendo possível a incursão no mérito do ato administrativo; (b) aferir a presença
dos requisitos de dispensação do medicamento, previstos no item 2, a partir da

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

prévia consulta ao Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (NATJUS), sempre


que disponível na respectiva jurisdição, ou a entes ou pessoas com expertise téc-
nica na área, não podendo fundamentar a sua decisão unicamente em prescrição,
relatório ou laudo médico juntado aos autos pelo autor da ação; e (c) no caso de
deferimento judicial do fármaco, oficiar aos órgãos competentes para avaliarem
a possibilidade de sua incorporação no âmbito do SUS.”

RESUMO:

Apenas em caráter excepcional — e desde que atendidos os parâmetros fixados


pelo STF —, uma decisão judicial pode determinar, independentemente do custo, o
fornecimento de medicamento registrado na ANVISA, mas não incluído nas listas
de dispensação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Essa conclusão fundamenta-se em três premissas principais: (i) a escassez de recursos


e a necessidade de garantir a eficiência das políticas públicas em matéria de saúde;
(ii) a necessidade de assegurar a igualdade no acesso à saúde; e (iii) o respeito à
expertise técnica e medicina baseada em evidências.

Nesse contexto, deve-se evitar a judicialização excessiva, a qual compromete a orga-


nização, a eficiência e a sustentabilidade do SUS. A concessão de medicamentos por
decisão judicial beneficia os litigantes individuais, mas produz efeitos sistêmicos pre-
judiciais à maioria da população que depende do Sistema e afeta os princípios da
universalidade e da igualdade no acesso à saúde.

Ademais, os juízes e tribunais devem ser autocontidos, no sentido de estimar e respei-


tar as análises dos órgãos técnicos, como a Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que possuem competência e conhe-
cimento para decidir acerca da eficácia, da segurança e do custo-efetividade de um
medicamento.

Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário — em continuidade de julga-


mento (vide Informativo 969) —, ao apreciar o Tema 6 da repercussão geral, fixou, por
maioria, as teses mencionadas anteriormente. Além disso, o Tribunal determinou a
transformação das teses em enunciado sintetizado de súmula vinculante com a seguinte
redação: “A concessão judicial de medicamento registrado na ANVISA, mas não incor-
porado às listas de dispensação do Sistema Único de Saúde, deve observar as teses
firmadas no julgamento do Tema 6 da Repercussão Geral (RE 566.471)”.

RE 566.471/RN, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Luís Roberto Barroso,
julgamento virtual finalizado em 20.09.2024 (sexta-feira), às 23:59

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

DIREITO CONSTITUCIONAL – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS;


LIBERDADE DE CRENÇA E RELIGIÃO; DIREITO À VIDA; DIREITO À SAÚDE;
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

DIREITO CIVIL – DIREITOS DA PERSONALIDADE; DIREITO À


AUTODETERMINAÇÃO; DIREITO AO CONSENTIMENTO; DIREITO À RECUSA
DE TRATAMENTO

Liberdade religiosa: tratamento médico alternativo


compatível com as convicções religiosas do paciente
- RE 979.742/AM (Tema 952 RG) e RE 1.212.272/AL (Tema
1.069 RG)

ÁUDIO REPERCUSSÃO AMICUS


DO TEXTO GERAL CURIAE

VÍDEO DO VÍDEO DO VÍDEO DO


JULGAMENTO JULGAMENTO JULGAMENTO

Parte 1 Parte 2 Parte 3

TESES FIXADAS:

RE 979.742/AM - “1. Testemunhas de Jeová, quando maiores e capazes, têm o direito


de recusar procedimento médico que envolva transfusão de sangue, com base na
autonomia individual e na liberdade religiosa. 2. Como consequência, em respeito
ao direito à vida e à saúde, fazem jus aos procedimentos alternativos disponíveis
no Sistema Único de Saúde - SUS, podendo, se necessário, recorrer a tratamento
fora de seu domicílio".

RE 1.212.272/AL - “1. É permitido ao paciente, no gozo pleno de sua capacidade


civil, recusar-se a se submeter a tratamento de saúde, por motivos religiosos. A
recusa a tratamento de saúde, por razões religiosas, é condicionada à decisão
inequívoca, livre, informada e esclarecida do paciente, inclusive, quando veiculada
por meio de diretivas antecipadas de vontade. 2. É possível a realização de pro-
cedimento médico, disponibilizado a todos pelo sistema público de saúde, com a
interdição da realização de transfusão sanguínea ou outra medida excepcional,

SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

caso haja viabilidade técnico-científica de sucesso, anuência da equipe médica com


a sua realização e decisão inequívoca, livre, informada e esclarecida do paciente”.

RESUMO:

Desde que atendidas as balizas fixadas pelo STF, é legítima a recusa a tratamento
de saúde por motivos religiosos, cabendo ao Estado, em respeito à fé religiosa do
paciente, oferecer, no lugar da medida refutada em razão do credo, procedimento
médico alternativo disponibilizado a todos no SUS.

A liberdade de crença e de culto constitui uma das principais garantias individuais


que alcançaram a condição de direito fundamental na Constituição Federal de 1988
(CF/1988, art. 5º, VI). O fato de o Estado brasileiro ser laico (CF/1988, art. 19, I) não lhe
impõe uma conduta negativa diante da proteção religiosa, cabendo-lhe assegurar a
diversidade em sua mais ampla dimensão, incluída a liberdade religiosa, segundo a
qual as pessoas vivem de acordo com os ritos e dogmas de sua fé, sem ameaça ou
discriminação.

A interdição à transfusão de sangue é um dogma religioso para os que professam a


crença das testemunhas de Jeová, motivo pelo qual não se pode impor a medida a
uma pessoa maior e capaz que, de forma voluntária e consciente, se negue ao trata-
mento dessa natureza, mesmo quando haja risco para a sua vida, sob pena de ferir
a sua crença religiosa e o seu direito à autodeterminação.

Nesse contexto, a manifestação da vontade pela recusa da transfusão de sangue,


para que seja considerada válida, deve (i) ser manifestada por paciente maior, capaz
e em condições de discernimento; (ii) ser livre, voluntária, autônoma, sem nenhum tipo
de pressão ou coação; (iii) ser inequívoca, realizada de forma expressa, prévia ao ato
médico, atual, podendo ser revogada a qualquer tempo; (iv) ser esclarecida, ou seja,
precedida de informação médica completa e compreensível sobre diagnóstico, trata-
mento, riscos, benefícios e alternativas; e (v) dizer respeito ao próprio interessado, sem
estender-se a terceiros.

Quando não for possível colher a manifestação atual do paciente, por incapacidade
de se comunicar, prevalecerá a posição manifestada anteriormente, seja pela diretiva
antecipada de vontade em documentos autênticos ou através de um testamento vital.

Ademais, com base no princípio constitucional do melhor interesse para a saúde e para
a vida da criança e do adolescente, em geral, não é válida a invocação de convicção
religiosa por parte dos pais para recusar tratamento em favor de seus filhos meno-
res. No entanto, caso exista tratamento alternativo eficaz e seguro, conforme avaliação
médica, os pais podem escolhê-lo para seus filhos.

Desde que não represente ônus desproporcional, é legítima a imposição, ao Poder


Público, do custeio do deslocamento e da permanência, pelo tempo necessário, de
paciente hipossuficiente para realização de procedimento alternativo — compatível

SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

com as suas convicções religiosas — em instituição credenciada pelo SUS situada


em local diverso do seu domicílio.

Como uma das principais finalidades do Estado é a promoção de políticas públicas


destinadas à saúde, havendo viabilidade técnico-científica e consentimento da equipe
médica, é possível realizar um procedimento médico disponível no SUS em substituição
à transfusão de sangue ou outra medida excepcional recusada por motivos religio-
sos. Em hipótese alguma, o médico será obrigado a realizar procedimento alternativo
contra a sua autonomia profissional.

Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade e em julga-


mento conjunto, (i) ao apreciar o Tema 952 da repercussão geral, negou provimento
ao recurso extraordinário; (ii) ao apreciar o Tema 1.069 da repercussão geral, julgou
prejudicado o recurso extraordinário; e (iii) fixou as teses anteriormente citadas.

RE 979.742/AM, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 25.09.2024


(quarta-feira)

RE 1.212.272/AL, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em 25.09.2024 (quarta-feira)

DIREITO CONSTITUCIONAL – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS; DIREITO


DO TRABALHO; CRITÉRIOS DE DEFESA DA SAÚDE; PREVENÇÃO DE
DOENÇAS

Empregados da iniciativa privada: dispensa remunerada


para realização de exames preventivos de câncer -
ADI 4.157/RJ

ÁUDIO
DO TEXTO

RESUMO:

É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre


direito do trabalho (CF/1988, art. 22, I) — norma estadual que instituiu nova hipótese
de interrupção do contrato dos trabalhadores da iniciativa privada.

SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

Conforme jurisprudência desta Corte, ainda que se trate de questão referente à saúde
dos trabalhadores, como, por exemplo, a prevenção de doenças e critérios de defesa
da saúde, a matéria está abrangida pela competência da União (1).

Na espécie, a norma estadual impugnada, a pretexto de fixar medida de prevenção


à saúde de empregados da iniciativa privada, estendeu aos celetistas o benefício de
agentes públicos relativo a um dia de folga para realizar exames preventivos de cân-
cer, sem prejuízo da remuneração. Ocorre que inexiste lei complementar autorizando o
ente estatal a legislar sobre essa matéria específica (CF/1988, art. 22, parágrafo único).

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação para
declarar a inconstitucionalidade do art. 4º da Lei nº 5.245/2008 do Estado do Rio de
Janeiro (2).

(1) Precedentes citados: ADI 5.336, ADI 2.609, ADI 3.940 e ADI 6.083.

(2) Lei nº 5.245/2008 do Estado do Rio de Janeiro: “Art. 1º Os servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro
ou quem assim estiver atuando no exercício de função pública de âmbito estadual, seja estatutário, celetista,
comissionado, temporário ou a que título for, inclusive o terceirizado que preste serviços em órgãos públicos,
poderão deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo de sua remuneração, nos dias em que estiver
comprovadamente realizando exames preventivos de câncer do colo de útero, de câncer de mama, câncer
de próstata, câncer de intestino e outros tipos de câncer. Nova redação dada pela Lei nº 9.125/2020. Art.
2º Para a realização do exame, as mulheres incluídas no caput do artigo anterior terão um dia de folga ou
dispensa. Art. 2º As faltas permitidas no artigo anterior ficam limitadas a 03 (três) em cada período de 12
(doze) meses, salvo recomendação médica em contrário atestada por escrito. Nova redação dada pela Lei nº
9.125/2020. Parágrafo único. O Poder Público Estadual realizará, anualmente, no âmbito de cada repartição
pública, campanha educativa junto aos seus servidores, para incentivar a realização dos exames oncológicos
preventivos previstos nesta Lei, inclusive criando meios para facilitar o acesso gratuito dos servidores aos
referidos exames. Incluído pela Lei n.º 9.125/2020. Art. 3º O comprovante do exame realizado será recolhido
pelo órgão público e devidamente arquivado. Art. 4º O direito-dever estabelecido no art.1º, bem como o
disposto nos artigos 2º e 3º desta Lei estender-se-á à iniciativa privada. Art. 5º Esta Lei entrará em vigor na
data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.”

ADI 4.157/RJ, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 27.09.2024 (sexta-
feira), às 23:59

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

DIREITO CONSTITUCIONAL – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS; ENERGIA;


GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO; PESAGEM DE BOTIJÕES E CILINDROS;
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Pesagem obrigatória de botijões e cilindros de GLP


no âmbito distrital - ADI 4.676/DF

ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE

RESUMO:

É inconstitucional — por usurpar a competência privativa da União para legislar


sobre energia (CF/1988, art. 22, IV) — lei distrital que determina a pesagem obri-
gatória, na presença do consumidor, de botijões e cilindros de gás liquefeito de
petróleo (GLP).

A União, no exercício de sua competência constitucional, editou a Lei nº 9.847/1999


para dispor sobre o tema, oportunidade na qual fixou a responsabilidade da Agência
Nacional do Petróleo (ANP) pela atividade de fiscalização do abastecimento de com-
bustíveis, bem como listou as sanções cabíveis (1).

Na espécie, a lei distrital impugnada, a pretexto de exercer proteção e defesa do con-


sumidor, dispôs acerca de matéria afeta à energia, com imposição de deveres aos
estabelecimentos que comercializam GLP, bem como sanções administrativas.

Ademais, a exigência da pesagem do botijão de GLP à vista do consumidor, com a


utilização de balança do próprio prestador do serviço, representa afronta ao princí-
pio da proporcionalidade, pois denota a inadequação da norma para o fim a que se
destina, notadamente em virtude da inviabilidade técnica da medida (2).

Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação
para declarar a inconstitucionalidade formal da Lei nº 4.274/2008 do Distrito Federal (3).

(1) Lei nº 9.847/1999: “Art. 1o A fiscalização das atividades relativas às indústrias do petróleo e dos biocombustíveis
e ao abastecimento nacional de combustíveis, bem como do adequado funcionamento do Sistema Nacional de
Estoques de Combustíveis e do cumprimento do Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis, de que
trata a Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, será realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP) ou, mediante convênios por ela celebrados, por órgãos da administração pública
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (...) Art. 2o Os infratores das
disposições desta Lei e demais normas pertinentes ao exercício de atividades relativas à indústria do petróleo,
à indústria de biocombustíveis, ao abastecimento nacional de combustíveis, ao Sistema Nacional de Estoques de
Combustíveis e ao Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis ficarão sujeitos às seguintes sanções
administrativas, sem prejuízo das de natureza civil e penal cabíveis: I - multa; (...) III - perdimento de produtos

SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

apreendidos; (...) VIII - revogação de autorização para o exercício de atividade. (...) Art. 3o A pena de multa
será aplicada na ocorrência das infrações e nos limites seguintes: (...) XI - importar, exportar e comercializar
petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis fora de especificações técnicas, com vícios de qualidade
ou quantidade, inclusive aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes do recipiente,
da embalagem ou rotulagem, que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou
lhes diminuam o valor. Multa - de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais);”

(2) Precedentes citados: ADI 855 e ADI 750.

(3) Lei nº 4.274/2008 do Distrito Federal: “Art. 1º Os estabelecimentos que comercializam gás liquefeito de
petróleo – GLP ficam obrigados, na ocasião da venda, a comprovar o peso do botijão ou cilindro que estiver
sendo entregue ao consumidor e do mesmo modo verificar o peso do botijão ou cilindro recolhido em
substituição. § 1º Para efeito do disposto no caput, considera-se botijão o invólucro de 13 Kg de GLP e cilindros
que contêm 45 e 90 kg de GLP. § 2º A aferição do peso será efetuada à vista do consumidor, devendo os
estabelecimentos mencionados no caput, bem como os veículos distribuidores em domicílio, dispor de balança
para o fiel cumprimento desta Lei. Art. 2º. Constatada a existência de diferença a menor entre o conteúdo e
a quantidade líquida expressa no botijão ou cilindro, o consumidor fará jus ao abatimento correspondente
no preço do produto no ato do pagamento. Parágrafo único. Os estabelecimentos que comercializam gás
liquefeito de petróleo – GLP deverão colocar, em local visível ao consumidor, o peso bruto e o peso líquido
dos botijões e cilindros de que trata esta Lei. Art. 3º. O descumprimento desta Lei será punido pela autoridade
administrativa do Distrito Federal com multa de 50 (cinqüenta) UFIR, valor duplicado na reincidência, sem
prejuízo das sanções administrativas elencadas no art. 56 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e das
infrações de natureza civil, penal e outras definidas em normas específicas. Art. 4º. Esta Lei entra em vigor
na data de sua publicação. Art. 5º. Revogam-se as disposições em contrário.”

ADI 4.676/DF, relator Ministro Nunes Marques, redator do acórdão Ministro Flávio Dino, julgamento
virtual finalizado em 27.09.2024 (sexta-feira), às 23:59

DIREITO CONSTITUCIONAL – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS; MEIO


AMBIENTE; PROTEÇÃO DA FAUNA; CRUELDADE AOS ANIMAIS; RINHAS
DE GALO; INFRAÇÃO AMBIENTAL; APLICAÇÃO DE MULTA

Código de proteção aos animais no âmbito estadual:


aplicação das penalidades aos participantes envolvidos
em infração ambiental - ADI 7.056/SC

ÁUDIO
DO TEXTO

RESUMO:

É constitucional — pois respeita as regras de repartição de competência e concre-


tiza a proteção referente à vedação, em cláusula genérica, a qualquer forma de
submissão de animais a atos de crueldade (CF/1988, art. 225, § 1º, VII) — norma
estadual que, ao instituir o Código de Proteção aos Animais, proíbe a prática de
rinha de galos e fixa multas a todos os participantes envolvidos no evento, indepen-
dentemente da responsabilidade civil e penal individualmente imputável a cada um.

SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

O referido código visa compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a pre-


servação ambiental. Nesse contexto, o ente federado — no regular exercício de sua
competência concorrente para legislar sobre matéria relativa à proteção da fauna,
conservação da natureza e proteção ambiental (CF/1988, art. 24, VI), e de sua com-
petência comum para a preservação do meio ambiente (CF/1988, art. 23, VI) — editou
norma para incluir a prática de rinha de galos entre as condutas reprováveis vedadas
por lei e sujeitas à multa por infração administrativa ambiental (1).

Ademais, a norma estadual impugnada não estabelece qualquer responsabilização


ambiental objetiva ou por presunção de culpa, na medida em que não alcança os
criadores e comerciantes de galos de combate quando essas atividades se destinem
a práticas diversas da promoção de crueldade.

Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou


improcedente a ação para assentar a constitucionalidade do art. 30, § 3º, da Lei nº
12.854/2003, com a redação conferida pelo art. 2º da Lei nº 18.116/2021, ambas do
Estado de Santa Catarina (2).

(1) Precedentes citados: ADI 1.856, ADI 3.776 e ADI 2.514.

(2) Lei nº 12.854/2003 do Estado de Santa Catarina: “Art. 30. A pena de multa será aplicada em infrações
consideradas graves e gravíssimas e nos seguintes valores pecuniários: (...) § 3º Incorre nas mesmas multas
os participantes envolvidos no evento, neles incluídos o(s) organizador(es), proprietário(s) do local, dono(s),
criador(es), adestrador(es) ou treinador(es) e comerciante(s) dos respectivos animais, e os seus espectadores,
bem como o(s) praticante(s) de zoofilia, independentemente da responsabilidade civil e penal individualmente
imputável a cada qual. (NR) (Redação do § 3º incluída pela Lei 18.116, de 2021)”

ADI 7.056/SC, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 27.09.2024 (sexta-feira),
às 23:59

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

2 PLENÁRIO VIRTUAL EM EVIDÊNCIA

JULGAMENTO VIRTUAL: 04.10 a 11.10.2024


ÁUDIO
DO TEXTO

ADI 7.474/PR
Relator: Ministro GILMAR MENDES

Fundo de Apoio ao Registro Civil de Pessoas Naturais (FUNARPEN): repasse


de percentual da arrecadação a pessoas jurídicas de direito privado

Exame da constitucionalidade de dispositivos da Lei nº 13.228/2001 do Estado do


Paraná que admitem a participação de entidades privadas na gestão do Fundo
de Apoio ao Registro Civil de Pessoas Naturais (FUNARPEN), voltado a compensar
registradores civis pela prática de atos gratuitos previstos pela legislação federal.
Jurisprudência: ADI 5.672.

ADI 3.997/MA
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI

Organização judiciária no âmbito estadual

Análise da constitucionalidade de dispositivos da Lei Complementar nº 14/1991 do Estado


do Maranhão que, ao disporem sobre a organização judiciária no estado, (i) conferiu
ao Tribunal de Justiça estadual a competência para dispor, por meio de resolução,
sobre a classificação das comarcas; e (ii) fixou o subsídio dos desembargadores em
percentual dos subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

ADI 5.405/DF
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI

Honorários advocatícios de sucumbência: dispensa do pagamento nas


hipóteses de acordo ou parcelamento

Debate sobre a constitucionalidade de dispositivos das leis nº 11.775/2008, nº 11.941/2009,


nº 12.249/2010, nº 12.844/2013 e nº 13.043/2014, que dispensam o pagamento de
honorários advocatícios em hipótese de celebração, entre particulares e o Poder
Público, de acordos e parcelamentos tributários antes do trânsito em julgado.

ADI 7.495/DF
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES JURISPRUDÊNCIA
INTERNACIONAL

Licença maternidade com base no regime celetista ou estatutário da


beneficiária e na sua qualidade de genitora ou adotante

Debate acerca da constitucionalidade de dispositivos de leis federais no ponto em


que regulamentam a concessão de licença maternidade com base no vínculo celetista
ou estatutário da beneficiária e na sua qualidade de genitora ou adotante.

ADI 7.141/MS
Relator: Ministro NUNES MARQUES

Poder Executivo estadual: sucessão na hipótese de impedimento ou vacância


dos cargos de Governador e de Vice-Governador

Discussão a respeito da constitucionalidade de dispositivo da Constituição do Estado


de Mato Grosso do Sul que prevê que, em caso de impedimento do governador
e do vice-governador, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados ao exercício da chefia do Poder Executivo os Presidentes da Assembleia
Legislativa e do Tribunal de Justiça locais.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

ADC 84/DF
ADI 7.342/DF
Relator: Ministro CRISTIANO ZANIN

Restabelecimento, mediante decreto presidencial, de alíquotas do PIS/


COFINS incidentes sobre receitas financeiras

Análise, à luz do princípio da anterioridade nonagesimal, da constitucionalidade de


dispositivos do Decreto nº 11.374/2023, o qual restabeleceu os valores das alíquotas
de contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre receitas financeiras
de pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa, bem como
revogou o Decreto nº 11.322/2022 antes da produção de seus efeitos para reduzir
as alíquotas dos referidos tributos.

ADI 7.712 MC-Ref/GO


Relator: Ministro GILMAR MENDES

Instituição do crime de incêndio no âmbito estadual

Referendo de decisão que suspendeu a eficácia de dispositivos da Lei nº 22.978/2024


do Estado de Goiás que instituem o crime inafiançável de provocar incêndio em
florestas, matas e demais formas de vegetação, pastagens, lavouras ou outras
culturas, durante situação de emergência ambiental ou calamidade.

ADI 7.715 MC-Ref/MT


Relator: Ministro FLÁVIO DINO

Ocupantes ilegais e invasores de propriedades privadas rurais e urbanas


e aplicação de sanções no âmbito estadual

Referendo de decisão que suspendeu a eficácia da Lei nº 12.430/2024 do Estado


de Mato Grosso que estabelece sanções a ocupantes comprovadamente ilegais e
invasores de propriedades privadas rurais e urbanas no âmbito de seu território.

SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1152/2024 |

3 INOVAÇÕES NORMATIVAS STF


Portaria GDG nº 185, de 26.09.2024 - Altera a área de atividade e especialidade de
um cargo vago de Analista Judiciário, área Administrativa, sem especialidade, para
a área Apoio Especializado, especialidade Engenharia Mecânica (Ementa elaborada
pela Biblioteca).

Resolução nº 849, de 26.09.2024 - Torna públicas as tabelas de cargos em comissão


e de funções comissionadas do Quadro de Pessoal do Supremo Tribunal Federal.

Portaria Conjunta nº 6, de 26.09.2024 - Dispõe sobre ampliação para empenho e movi-


mentação financeira no âmbito do Poder Judiciário da União.

Clique aqui para acessar também a planilha contendo dados


estruturados de todas as edições do Informativo já publicadas no portal do STF.

SUMÁRIO
21

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