aula 10
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na sociedade brasileira
contemporânea
Apresentação
Nesta Unidade de Aprendizagem, você perceberá como a cultura brasileira foi contemplada pelas
matrizes africana e indígena, também entenderá os perfis criados para negros e índios na literatura.
Assim, será capaz de desconstruir visões preconceituosas e estereotipadas presentes na sociedade
acerca desses grupos étnicos.
Bons estudos.
Nessa situação, as condições de viagem eram desumanas e as famílias sofriam durante todo o
percurso. Para as crianças, o drama era maior, pois eram separadas das suas mães e só as viam uma
vez no dia para tomar banho de sol. Buscando solucionar esse problema, algumas mães
confeccionavam Abayomis.
No debate que se desenrola atualmente no país, sobre a superação do racismo e as práticas de uma
educação voltada para o multiculturalismo no ambiente escolar, os profissionais da educação,
sobretudo os professores, ocupam lugar de destaque para o desenvolvimento de ações que não
reproduzam mitos, preconceitos ou visões folclóricas sobre esse período nem a população que
viveu naquela época.
Boa leitura.
HISTÓRIA E
CULTURA AFRICANA,
AFRO-BRASILEIRA E
INDÍGENA
Introdução
Neste capítulo, você vai ver como se deu o processo de conquista do
território brasileiro. Antes da chegada dos portugueses, em 1500, esta
terra não era isolada nem desabitada; muito pelo contrário, era dispu-
tada por diversos povos nativos, que foram denominados “índios” pelos
portugueses.
O século XVI foi marcado por um choque cultural sem proporções na
história da humanidade, pois colocou em lados opostos grupos com cul-
turas e visões de mundo antagônicas. Portugueses e indígenas possuíam
entendimentos distintos em relação à riqueza, à utilização da terra, ao
trabalho, às relações pessoais, à organização social, etc. Esse caldo cultural
“engrossa” mais quando um novo elemento entra em cena, o africano.
Como você vai ver, aspectos culturais de origem africana e indígena
contribuíram para a formação do Brasil. Apesar da violência à qual os
indígenas e africanos foram historicamente submetidos, eles consegui-
ram burlar as regras estabelecidas e sobreviver, mesclando sua cultura à
cultura dominante e tornando o Brasil, ao contrário do que pretendiam
os colonizadores portugueses, um país plural.
2 Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
Colonização do Brasil:
táticas de resistência cultural
O processo de conquista e colonização das terras brasileiras pelos portugueses
se inseriu na lógica da expansão ultramarina europeia, iniciada no século XV
pelos reinos ibéricos de Portugal e Espanha e difundido, posteriormente, para
as demais nações daquele continente. De maneira geral, esses reinos busca-
ram expandir o seu território conquistando novos mercados consumidores,
obtendo recursos naturais e eliminando outros povos que se opuseram aos
seus objetivos. Esse empreendimento colocou em contato visões de mundo
antagônicas que dificilmente poderiam conviver de maneira pacífica, uma
vez que o modelo colonizador utilizado pelos europeus determinava apenas
um padrão de comportamento, o proposto pelos próprios colonizadores, que
deveria ser seguido à risca pelos colonizados. Isso traz à tona a violência que
todo processo de colonização possui em sua essência: a eliminação do outro,
seja física, simbólica ou culturalmente.
Certeau (2009), em A Invenção do Cotidiano, analisou como o ser humano
consegue criar um modelo de comportamento denominado por ele de “arte
de fazer”. Fugindo dos padrões e regras impostos pelo modelo dominante,
os indivíduos inventam o seu cotidiano criando, de maneira sutil, diversas
“táticas” de resistência e sobrevivência, de modo que códigos e objetos são
alterados em seu benefício. Essa noção é de suma importância para que você
possa compreender como se deu a permanência de características culturais
de africanos e indígenas na cultura brasileira.
Michel de Certeau foi um erudito francês que nasceu em Chambéry em 1925. Sua
formação abrengeu os campos da filosofia, das letras clássicas, da história e da teologia.
Nas suas pesquisas, ele utilizou métodos da antropologia, da linguística e da psicanálise.
Na obra A Invenção do Cotidiano, Certeau (2009) desenvolve duas noções para analisar
a sociedade. A primeira delas é denominada “estratégia”, que é o modelo dominante,
criado pelos grupos sociais que ocupam o topo da sociedade; esse modelo serve
como padrão. Do outro lado, existem as táticas, ações criadas intencionalmente pelos
grupos dominados para burlar a ordem existente. São modelos próprios de ações que,
de maneira astuciosa, enfrentam o padrão vigente sem, no entanto, comprometer ou
destruir a sua existência.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea 3
Essa questão evidencia as condições nas quais a nação brasileira foi for-
jada. Estava em jogo um projeto político criado pela coroa portuguesa, que
deveria ser levado a cabo por indivíduos que vinham para a terra brasilis
em busca de fama e riqueza, incentivados pela notícia de que ouro e prata
haviam sido encontrados pela coroa espanhola no mesmo continente. Apesar
de ser pioneiro no processo das grandes navegações, o reino de Portugal não
possuía condições materiais suficientes para efetivar a conquista e a posse
do território. Além disso, havia total desconhecimento da fauna e da flora da
região, uma vez que o litoral brasileiro é formado por aproximadamente 7.300
km de extensão, habitados então por povos distintos.
A grande questão que é então colocada, e que nasce desse primeiro confronto
visual com a alteridade, é a seguinte: aqueles que acabaram de ser descobertos
pertencem à humanidade? O critério essencial para saber se convém atribuir-
-lhes um estatuto humano é, nessa época, religioso: o selvagem tem uma alma?
O pecado original também lhes diz respeito?
O olhar europeu sobre a população nativa cria dois modelos que servem
de explicação para a percepção a respeito dos indígenas durante o processo
de colonização. Esses arquétipos inserem grupos inteiros sob uma mesma
denominação, estabelecendo modelos de ação perante a população nativa.
São eles: o “bom selvagem” e o “mau selvagem”. A definição de mau
selvagem recai sobre aqueles indivíduos que possuem estas três caracterís-
ticas: “estar nu ou vestido de peles de animais” (aparência física); “comer
carne crua/canibalismo” (comportamentos alimentares); “falar uma língua
ininteligível” (inteligência, a partir da linguagem) (LAPLANTINE, 2007).
Na Figura 1, a seguir, você pode observar dois quadros pintados pelo
holandês Albert Eckhout, que esteve no Brasil entre os anos de 1637 e
1644. Neles, é possível identificar a oposição entre o “bom” e o “mau”
selvagem. A mulher tupi é representada sob o viés maternal. Ela carrega
a vida ao segurar seu filho no colo, eliminando qualquer possibilidade
de ameaça. Além disso, transporta um recipiente com água e uma cesta
com produtos manufaturados e veste uma saia branca (inserida no seu
vestuário pelos colonizadores). Na paisagem, é possível identificar três
características que fazem menção à colonização europeia nos trópicos:
a bananeira, planta introduzida no Brasil pelos portugueses; a paisagem
colonial, com a plantação de cana-de-açúcar; e a casa-grande no engenho.
Em contrapartida, a mulher tapuia carrega a morte, um cesto com uma
perna decepada. Na sua mão direita, ela segura a mão de outro indivíduo,
remetendo à prática do canibalismo. Está nua, mesmo que parcilamente
coberta por folhas, e calça sandálias de fibras vegetais. Já a paisagem re-
presenta a cena de guerreiros armados, ao fundo, demonstrando a condição
natural dessa sociedade sem contato com os “civilizadores” europeus.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea 5
Figura 1. (a) Mulher Tupi e (b) Mulher Tapuia, óleo sobre tela, de Albert Eckhout, 1641.
Fonte: Fonte: Chicangana-Bayona (2008, p. 606–607).
O primeiro deles é a amplitude de leitores que são capturados pelas páginas dos
romances, sendo mais fácil um leitor conhecer uma obra de ficção do que um
livro acadêmico. Já o segundo é o fato de que, embora sejam obras de ficção,
elas possuem em comum a semelhança com a realidade, o que traz à tona a
possibilidade de serem analisadas sob a óptica da verossimilhança. Afinal,
em determinada medida, tais obras lançam uma luz sobre a sociedade na qual
estão inseridas, demonstrando os medos, anseios e pensamentos de uma época.
Conforme destaca Chartier (2010, p. 21), “As obras de ficção, ao menos
alguma delas, e a memória, seja ela coletiva ou individual, também conferem
uma presença ao passado, às vezes ou amiúde mais poderosa do que a que
estabelecem os livros de história [...]”. Tendo como base esse pressuposto, a
seguir você vai ver como a ficção criou representações e perfis para africanos
escravizados e índios na sociedade brasileira. Você também vai verificar
como esses lugares comuns foram sendo considerados pela sociedade como
definidores de comportamento da população afrodescendente e indígena no
Brasil, sendo retroalimentados por outras mídias, como novelas e filmes.
Meu canto de morte, Guerreiros ouvi: sou filho das selvas, nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo da tribo Tupi. Da tribo pujante, que agora anda errante
por fado inconstante, guerreiros, nasci: sou bravo, sou forte, sou filho do
Norte; meu canto de morte, Guerreiros, ouvi (DIAS, 1851, canto IV).
No Canto VIII, há a reação do pai ao descobrir que, após o seu filho ser preso, chorou
pedindo para não morrer:
I. Não chores meu filho; não chores, que a vida é luta renhida: viver é lutar. A
vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar.
II. Um dia vivemos! O homem que é forte não tema da morte; só teme fugir;
no arco que entesa tem certa uma presa, quer seja tapuia, condor ou tapir.
III. O forte, o cobarde, seus feitos inveja de o ver na peleja garboso e feroz; e os
tímidos velhos nos graves conselhos, curvadas as frontes, escutam-lhe a voz!
IV. Domina, se vive. Se morre, descansa dos seus na lembrança, na voz do porvir.
Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, que a morte há de vir! [...]
XI. E cai como o tronco do raio tocado, partido, rojado por larga extensão; assim
morre o forte! No passo da morte triunfa, conquista mais alto brasão (DIAS, 1852).
8 Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
atirada ali de mistura com a de moça feita confundiu ainda mais a pobre e
curiosa menina abandonada à companhia da mulher escrava [...]” (MACEDO,
1869, p. 172). Novamente, percebe-se a suposta depravação que a escravidão
trazia para os brancos. Era por meio do “abandono à companhia da mulher
escrava” que as sinhazinhas e a sociedade branca em geral eram corrompidas
aos poucos pelos negros escravizados.
O escravo não amava, não amou Florinda; mas em sua mente audaz, em seus
instintos escandalosos, revoltantemente ultrajadores e licenciosos, lembrou,
contemplando a senhora-moça, o que lembrava aproximando-se da negra
fácil, da escrava desmoralizada que lhe agradava e não fugia a seus ignóbios
afagos (MACEDO, 1869, p. 51).
https://qrgo.page.link/sa6tv
Outro autor que também viveu e escreveu sobre o século XIX no Brasil,
enfocando o tema da escravidão, foi Castro Alves, conhecido como “o
poeta dos escravos”. Ele faleceu com apenas 24 anos, sem ver a abolição
da escravidão nem a publicação da sua obra máxima, Navio negreiro, de
1880. Nessa obra, ficam evidentes os horrores da escravidão e as condições
desumanas do transporte marítimo dos “tumbeiros”, termo que designava
popularmente os navios que transportavam os escravizados na travessia
transatlântica. Como o índice de mortandade era elevado, a comparação
com tumbas era evidente.
A obra é dividida em partes (cantos): (1) a descrição do belo natural,
a exuberância da natureza brasileira; (2) a descrição do belo humano, a
valorização dos marinheiros dos diferentes países; (3) a indignação ao ver
o que se passa no interior do navio, a estupefação; (4) a descrição dos hor-
rores cometidos contra os escravos; (5) a comparação da vida pregressa dos
negros com o horror do momento; e (6) a crítica ao Brasil, por se beneficiar
da infame escravidão.
Dizem até que falar de racismo é invenção do negro complexado, que tem ver-
gonha da própria origem. Felizmente esta cultura do silenciamento está sendo
superada, um resultado de décadas de lutas do movimento negro organizado
por todo este país e que vem obtendo importantes conquistas, inclusive no
campo legal, como, por exemplo: o art. 5º da Constituição Federal de 1988,
que torna “a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível”; a lei
3.198/2000, que institui o “Estatuto da Igualdade Racial”; a lei 10.639/2003,
que torna obrigatório incluir nos currículos escolares a “história e cultura
afro-brasileira”. Isso demonstra que avanços estão sendo conquistados, apesar
de ainda termos muito a buscar.
No link a seguir, confira o aparato legal que tornou possível o ensino da história e da
cultura indígena e afro-brasileira nas escolas do País.
https://qrgo.page.link/zuKnW
Esse mito começou a ser combatido nos anos 1950, pela chamada “escola
de sociologia paulista”. Autores como Florestan Fernandes e Fernando Hen-
rique Cardoso questionaram a existência de uma democracia racial no Brasil
e passaram a denunciar as condições nas quais a população negra brasileira
estava inserida, configurando, portanto, a primeira crítica contudente a Freyre
e revelando o racismo na sociedade brasileira após a abolição da escravidão.
O Geledés (Instituto da Mulher Negra) explica como o mito da democracia racial está
presente na sociedade brasileira. Confira no link a seguir.
https://qrgo.page.link/AHgV6
Assim, a resistência de índios e negros não terminou; ela não ficou restrita
ao passado, mas continua viva, existindo no Brasil contemporâneo. Enquanto
houver uma sociedade racista, que busca eliminar os indivíduos que agem de
modo diferente da classe dominante, a luta antirracista é necessária.
As histórias em quadrinhos são uma forma de literatura que pode contribuir para
aproximar os alunos da cultura afro-brasileira. A seguir, confira uma seleção de obras.
André Diniz: Chico Rei (2007) e O Quilombo Orum Aiê (2010)
Marcelo D’Salete: Cumbe (2013) e Angola Janga (2016)
Amaro Braga, Danielle Jaimes e Roberta Cirne: AfroHQ: História e Cultura Afro-Brasileira
e Africana em Quadrinhos (2010)
Alexandre Miranda Silva: Orixá: Do Orum ao Ayê (2011)
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1881.
ASSIS, M. Pai contra mãe. In: ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1888.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.
htm. Acesso em: 19 ago. 2019.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. (Artes de Fazer, v. 1).
CHARTIER, R. A história ou a leitura do tempo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
CHICANGANA-BAYONA, Y. A. Os Tupis e os Tapuias de Eckhout: O declínio da imagem
renascentista do índio. Varia História, Belo Horizonte, v. 24, n. 40, p. 591–612, 2008.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/vh/v24n40/16.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea 17
Leituras recomendadas
BENJAMIN, R. E. C. A África está em nós: história e cultura afro-brasileira. João Pessoa:
Grafset, 2004.
FAUSTO, C. Os índios antes do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
FONSECA, M. V.; SILVA, C. M. N.; FERNANDES, A. B. (org.). Relações étnico-raciais e educação
no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011.
MUNANGA, K. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade
negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
NASCIMENTO, A. Democracia racial: mito ou realidade? 1977. Disponível em: https://
www.geledes.org.br/democracia-racial-mito-ou-realidade/. Acesso em: 19 ago. 2019.
PROUS, A. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. Rio de Janeiro:
Zahar, 2006.
Dica do Professor
As palavras têm poder, e é por meio da fala que se representa e se dá sentido ao mundo. Termos
adquirem conotações de acordo com o ambiente social no qual estão inseridos e os significados
simbólicos expressam visões de mundo e versões acerca do que é considerado certo, belo e
repetível em determinada sociedade, da mesma forma que o seu contrário.
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Exercícios
1) Gilberto Freyre foi um dos principais sociólogos brasileiros da geração de 1930. Em seu livro
Casa-Grande & Senzala, define a noção de "democracia racial", descrevendo as relações
construídas historicamente no Brasil, as quais deram origem a um povo mestiço. Analise as
alternativas a seguir e assinale a que define corretamente o pensamento de Gilberto Freyre
a respeito desse conceito:
A) Para Gilberto Freyre, a democracia racial é a garantia de acesso à democracia e aos direitos
políticos para toda a população, independente da cor de pele e da origem étnica ou social.
2) A literatura é uma forma de ficção que não tem como objetivo retratar a realidade,
entretanto, apesar dessa condição, serve como uma forma de compreender o imaginário de
determinada época ou sociedade. Autores brasileiros criaram representações sobre negros e
índios que expressam mais a visão e o entendimento dos primeiros do que necessariamente
a realidade deles. Sobre as formas como esses grupos aparecem nas obras literárias, assinale
a alternativa correta:
A) A população indígena foi abordada por autores como José de Alencar, Gonçalves de
Magalhães e Gonçalves Dias. Nesse tipo de literatura, valores como coragem, compaixão e
nobreza são relacionados aos indígenas tanto do passado como na época em que a obra foi
escrita.
B) Gonçalves Dias faz parte da poesia denominada indianista; é autor de obras como I-Juca-
Pirama e Canção do Tamoio e criou representações sobre os indígenas, nas quais valorizava o
caráter guerreiro desses povos, silenciando outras formas de manifestação cultural e
psicológica.
D) Castro Alves, considerado o "escritor dos escravos", foi o responsável por denunciar as
condições desumanas do tráfico transatlântico de escravos em Navio Negreiro e também
publicou o romance Pai contra Mãe, no qual a violência da escravidão era amenizada.
E) Machado de Assis e Castro Alves refletem as formas como a literatura funcionou como
denúncia ao sistema escravista. O primeiro publicou Pai contra Mãe e o segundo, Navio
Negreiro, ambas as obras apresentam a violência do sistema escravista e como a população
escravizada é afetada diretamente pelo regime.
A) Não existia diferença entre "bom selvagem" e "mau selvagem", pois ambos refletiam
características reais da população indígena. O termo selvagem não mostra um juízo de valor,
fazendo referência apenas ao ambiente em que viviam, a selva.
C) Os "maus selvagens" foram os indígenas que adotaram os costumes dos europeus, como
roupas ocidentais e religião de base cristã, auxiliando na colonização europeia. Devido a essa
atitude, foram considerados como traidores por outras tribos, dando origem ao nome "mau
selvagem".
D) Os "bons selvagens" foram os indígenas que se mantiveram fiéis aos costumes nativos,
mantendo a sua tradição e enfrentando os invasores europeus. Por essa razão, o indivíduo
que se manteve fiel à sua tradição foi considerado um "bom selvagem".
E) Foi uma definição criada pelos europeus para explicar o posicionamento dos indígenas em
relação aos colonizadores europeus, em que o "bom selvagem" seria aquele que contribuiu
com a colonização, aceitando a cultura exterior, e o "mau selvagem" aquele que manteve a
sua prática tradicional, virando inimigo.
4) As Leis n.° 10.639/2003 e n.° 11.645/2008 criaram as bases para uma educação antirracista
no espaço escolar. Considerando o conteúdo dessas leis, qual alternativa se encaixa na
proposta educacional dessa legislação?
E) O conteúdo programático a que se referem essas leis incluirá diversos aspectos da história e
da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir desses dois grupos
étnicos, tais como: o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos
povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na
formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política pertinentes à história do Brasil.
5) Considere o trecho a seguir:
"A língua de que usam, toda pela costa, é uma [...] Carece de três letras, convém a saber, não
se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei,
nem Rei: e desta maneira vivem desordenadamente."
A) Ao afirmar que os indígenas não tinham essas letras no seu vocabulário, fica evidente a visão
que os portugueses construíram sobre a organização social da população nativa,
possibilitando o reconhecimento deles como iguais.
B) O autor era um linguista e a sua contribuição foi de suma importância para a valorização da
cultura tupi dos povos indígenas, auxiliando os portugueses a melhor compreender a cultura
dos nativos e na conquista do território e posterior expulsão dos holandeses.
C) Ao afirmar que os indígenas não tinham essas letras no seu vocabulário, fica evidente a visão
que os portugueses construíram sobre a organização social da população nativa,
impossibilitando o reconhecimento deles como iguais.
Na Prática, você conhecerá um exemplo de como visões estereotipadas sobre a população indígena
estão incutidas no imaginário social do Brasil.
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Saiba mais
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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