Contrarrazões Ao RI - Banco - DM DMAT

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GUARULHOS/SP

Processo nº: 0005528-22.2023.8.26.0224

PAULA VIEIRA RAMOS, já qualificada nos autos da ação em epígrafe, em


que contende direitos com BANCO PAN S/A, vem, respeitosamente, perante V. Exa.,
apresentar suas CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO interposto, requerendo
seja recebida, processada e ao final remetida à Turma Recursal, com o fim de que não
seja reformada a r. sentença nos termos apresentados pelo Recorrente.

Nestes termos, pede deferimento.

Guarulhos/SP, sexta-feira, 24 de janeiro de 2025.

MÁRCIO DUARTE DE LIMA

OAB/PA Nº 30111

OAB/SP Nº 473486-A

MAGDA FELIX PUGA DE LIMA

OAB/PA Nº 28925

OAB/SP Nº 460522-A
CONTRARRAZÕES DE RECURSO INOMINADO

RECORRENTE: BANCO PAN S/A

RECORRIDA: PAULA VIEIRA RAMOS

PROCESSO Nº 0005528-22.2023.8.26.0224

Egrégia Turma Recursal

Colenda Turma

Nobres Julgadores

1. DA TEMPESTIVIDADE

O despacho no qual a Recorrida foi intimada para apresentar Contrarrazões


foi publicado em 14.11.2023 (terça-feira), assim, tem-se que o início do prazo recursal se
deu em 16.11.2023 (quinta-feira), em razão do feriado de 15.11.2023, e se finda no dia
29.11.2023 (quarta-feira).

Diante disso, a interposição da presente contrarrazões nesta data lhe


confere inquestionável tempestividade, de maneira a ser devidamente admitido e
processado pela Turma Recursal.

2. DOS FATOS

Trata-se de Ação de Declaração de Inexigibilidade de Débito c/c


Indenização por Danos Morais ajuizada pela ora Recorrida em face da Recorrente, em
razão da cobrança indevida oriunda do uso fraudulento de seu cartão de crédito.

Após instrução probatória, foi prolatada sentença de parcial procedência dos


pedidos iniciais para condenar a Recorrida à declaração de inexigibilidade do débito, à
restituição dos valores pagos e, ainda, ao pagamento de indenização por danos morais no
valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Para melhor compreensão, observe-se o dispositivo:

“Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido


formulado nesta ação movida por PAULA VIEIRA RAMOS em face de
BANCO PAN S.A. para o fim de: i) declarar inexigível a dívida
imputada de R$ 451,00; ii) condenar o réu à restituição de R$ 546,48,
desde que comprovado o pagamento, com atualização monetária
desde o desembolso, de acordo com a Tabela Pratica do TJSP e juros
de mora de 1% ao mês, a partir da citação; iii) condenar ao pagamento
de R$ 2.000,00 (dois mil reais) com atualização monetária desde esta
data, verbas acrescidas de juros de mora de 1% ao mês contados da
citação. Inconformada com a decisão proferida pelo Magistrado a quo,
interpôs a Recorrente, recurso com o objetivo de converter a
condenação pela indenização por danos morais. Contudo, seu recurso
não deverá ser provido, como será demonstrado a seguir.”

3. PRELIMINAR - DA OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. MERA


REPETIÇÃO DOS ARGUMENTOS ANTERIORES

Nota-se nos argumentos do recurso, que a Recorrente simplesmente traz


alegações anteriormente aventadas em sede de Contestação .

Além disso, as alegações apontadas pela Recorrente são genéricas, sem


fundamentos fáticos ou menção a qualquer comprovação, fazendo apontamentos
desconexos com os autos ou com a sentença.

Notório que a jurisprudência caminha no mesmo sentido, qual seja, o de que


a mera repetição dos argumentos da peça anterior não é o suficiente para desconstituir a
decisão que se pretende combater, sendo que, a regra, é a manutenção da decisão por
seus próprios argumentos, eis que a Recorrente não demonstrou as razões pelas quais a
decisão merece ser desconstituída, senão vejamos entendimento proferido pelo Egrégio
Tribunal de Justiça de São Paulo:

APELAÇÃO. PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO


ESPECÍFICA AOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. A
falta de impugnação específica aos fundamentos da sentença importa
a violação ao disposto nos arts. 932, III, e 1.010, II e III, do CPC, bem
como ao princípio da dialeticidade recursal, decorrente do princípio do
contraditório, segundo o qual a parte recorrente deve apresentar os
pedidos e a causa de pedir, daí a inadmissibilidade do recurso. 2.
Recurso não conhecido. (TJ-SP - AC: 10010984220208260506 SP
1001098-42.2020.8.26.0506, Relator: Ademir Modesto de Souza, Data
de Julgamento: 10/08/2021, 16ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 13/08/2021)

APELAÇÃO. RECURSO NÃO CONHECIDO. NÃO OBSERVÂNCIA


DO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE RECURSAL. . Em sede recursal
o apelante não impugna o decisum hostilizado da r. sentença. Assim,
não houve a observância do princípio da dialeticidade recursal, como
tampouco ao art. 1.010, III, do Código de Processo Civil. RECURSO
NÃO CONHECIDO. (TJ-SP - APL: 10219972420198260562 SP
1021997-24.2019.8.26.0562, Relator: Souza Nery, Data de
Julgamento: 11/09/2020, 12ª Câmara de Direito Público, Data de
Publicação: 11/09/2020)

Desse modo, a Recorrente não cumpre com o princípio da dialeticidade, pois


deixa de enfrentar os fundamentos da decisão recorrida.

No exame dos pressupostos de admissibilidade intrínsecos (cabimento,


legitimidade recursal, interesse recursal), e extrínsecos (tempestividade, preparo,
regularidade formal e inexistência de fato impeditivo), verifica-se na espécie dos autos não
estar presente a regularidade formal exigida, ante a ausência de razões de fato e de direito
que contrariam os fundamentos da decisão recorrida, impedindo o conhecimento do
recurso, por ofensa ao princípio da dialeticidade, como acima foi relatado.

Também é nesse sentido que se posiciona o Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE EM APELAÇÃO. ANÁLISE DE SUA
OBSERVÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. 1.
"[E]mbora a mera reprodução da petição inicial nas razões de apelação
não enseje, por si só, afronta ao princípio da dialeticidade, se a parte
não impugna os fundamentos da sentença, não há como conhecer da
apelação, por descumprimento do art. 514, II, do CPC/1973, atual art.
1.010, II, do CPC/2015". (AgInt no REsp 1735914/TO, Rel. Ministro
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 7/8/2018, DJe de
14/8/2018) 2. Analisando o acórdão proferido na origem, verifica-se
que a Corte local manifestou compreensão no sentido de que "...as
razões recursais não atacam os fundamentos da sentença, de modo
que, desrespeitado, na hipótese, o princípio da dialeticidade recursal, o
presente recurso não pode ser conhecido, por lhe faltar requisito
indispensável à regularidade formal". 3. Nota-se, pois, que a Corte
local entendeu que houve afronta ao princípio da dialeticidade, uma
vez que não foram devidamente impugnados os fundamentos da
decisão então combatida. 4. A revisão de tal posicionamento não se
mostra viável em recurso especial, pois tal providência demandaria
reincursão no acervo fático-probatório dos autos, esbarrando, assim,
no óbice na Súmula 7/STJ. 5. Agravo Interno não provido. (STJ - AgInt
no AREsp: 1630091 SP 2019/0357910-1, Relator: Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 22/06/2020, T4 - QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 30/06/2020).

A par disso, conclui-se que em momento algum a Recorrente se referiu ao


conteúdo da decisão recorrida, razão pela qual as razões do presente recurso estão
dissociadas daquelas consolidadas pela decisum combatida, constatação, por si só, capaz
de se ter como inexistente qualquer argumentação eficaz impugnação àquela, levando a
peça recursal ao inevitável não-conhecimento.

Desse modo, houve violação ao Princípio da Dialeticidade, pois a Recorrente


não alega nem demonstra que a decisão recorrida não está correta, limitando-se, como já
dito, apenas a repetir os argumentos anteriormente já apresentados, como se estivesse
apresentando uma Contestação.

Logo, sem a impugnação específica da decisão, nos limites em que ela foi
proferida, deve ser reconhecida a impossibilidade de conhecer o Recurso Inominado
interposto, por ausência de requisitos legais, em razão de violação ao princípio da
dialeticidade.

4. DAS RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA RECORRIDA

I. DA RELAÇÃO DE CONSUMO

A relação jurídica entre as partes restou configurada, tratando-se de relação


de consumo, conforme preceituam os artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produtos ou serviço como destinatário final.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Logo, o Código de Defesa do Consumidor foi devidamente aplicado ao


caso em exame, inclusive, com a inversão do ônus da prova em favor da Recorrida
face a sua hipossuficiência frente à Recorrente.
Convém ressaltar as lições de Cláudia Lima Marques, a qual, sobre o tema
em vertente, professa que:

“O art. 3º do CDC bem especifica que o sistema de proteção do


consumidor considera como fornecedores todos os que participam da
cadeia de fornecimento de produtos e da cadeia de fornecimento de
serviços ( o organizador da cadeia e os demais partícipes do
fornecimento direto e indireto, mencionados genericamente como ‘toda
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades
de ( ...) prestação de serviços’), não importando sua relação direta ou
indireta, contratual ou extracontratual, com o consumidor...”

Nesse sentido, com o advento do Código de Defesa do Consumidor, surgiu a


possibilidade de controle judicial dos contratos visando estabelecer o equilíbrio contratual e
reduzindo o rigor do princípio "pacta sunt servanda".

Portanto, no caso em análise, é nítido o interesse autoral em ver


judicialmente reconhecida a culpa da Ré por todo o imbróglio causado.

Assim, corretamente determinado a sentença, já que restou indicada que a


Recorrente é a responsável por provar a regularidade da prestação de seus serviços, pois
trata-se de fornecedor de produto e de serviço que detém capacidade técnica suficiente de
apresentar fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito da parte autora.

Ocorre que, in casu, a Instituição Financeira Ré não logrou êxito nessa


demonstração, conforme muito bem apontado pelo d. juízo a quo em sua sentença.
Vejamos:

“O réu falhou na adoção de mecanismos de segurança necessários


para analisar o padrão da cobrança realizada, bem como o perfil do
cliente. Realmente a utilização inusitada do cartão para compra no
Brasil, quando a parte estava no exterior, revela-se discrepante com o
histórico da parte e tal fato impunha ao réu atuação preventiva de
modo a evitar o êxito da fraude.

Diante de tal quadro fático, considero caracterizada a responsabilidade


do réu pela fraude ocorrida, em vista da falha da segurança do sistema
mantido por aprovar compra suspeita, realizada e lançada na fatura do
cartão de crédito de que era titular a parte autora.

Nessa toada, demonstrada a prestação defeituosa de serviços pelo


réu, considerada falha a segurança que dele legitimamente se espera.
Por conseguinte, não responde a parte autora pelo pagamento da
compra impugnada..

(…)

Conforme explanado, é patente a falha do sistema de prevenção à


fraude colocado à disposição do consumidor, uma vez que a compra
foi realizada por terceiros estelionatários sem que houvesse oportuna
detecção, embora tais operações fugissem do perfil de uso do cartão.”

Pelo exposto, reitera o pedido de aplicação do Código de Defesa do


Consumidor ao presente caso, bem como a manutenção do deferimento da inversão do
ônus da prova e o direito de reparação integral por todos os danos sofridos, inclusive os
morais.

II. DAS CLÁUSULAS NULAS DE PLENO DIREITO

Não obstante, importante pontuar que o legislador pátrio consagrou, no art.


51 da Lei 8.078/90, uma série de hipóteses exemplificativas de cláusulas contratuais
abusivas e absolutamente nulas, dentre as quais destacamos as seguintes:

“Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...)

IV- estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que


coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou estejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; (...)X- permitam ao
fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira
unilateral;

(...)

XV- estejam em desacordo com o sistema de proteção ao


consumidor;

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

III- se, mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o interesse
das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso".

Evidenciada a ampla responsabilidade da Recorrente pelos prejuízos aos


usuários-consumidores, as cláusulas que a exime de responsabilidades padecem de
abusividade e, consequentemente, de nulidade.
Ademais, o Código de Defesa do Consumidor não franqueia espaço para a
subsistência de cláusulas contratuais que visem sequer o arrefecimento da
responsabilidade do fornecedor. Tão mais defesas são aquelas que objetivem o
peremptório expurgo de tal responsabilidade. Vejamos:

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que


impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista
nesta e nas seções anteriores.

Ora, tendo em vista os regulamentos previstos no Código de Defesa do


Consumidor e encarando as cláusulas contratuais que exoneram a Ré de culpa frente a
qualquer tipo de falha em seu sistema de segurança, expondo os consumidores a riscos
que, em verdade, são inerentes ao negócio das Instituições Financeiras, pode encará-las
como nulas, conforme supra indicado.

Dessa forma, esse tipo de cláusulas é nula de pleno direito, de modo que
podem os usuários que tiveram violados os seus direitos, inclusive ao serem vítimas de
fraudes, pleitear ação junto ao poder competente para serem ressarcidos de eventuais
lesões sofridas através da plataforma da Recorrente, como no caso dos autos.

Portanto, não há que se falar em reforma da sentença para afastar a


responsabilidade da Ré pelos danos que a Recorrida teve que suportar.

III. DA PRÁTICA DE ATO ILÍCITO

Conforme amplamente indicado na exordial e corroborado na sentença


pelo d. juízo de primeira instância, a fraude objeto de exame, foi intermediada por meio da
plataforma da Recorrente.

Assim, conforme muito bem elucidado em sentença, uma vez que a


Recorrida foi vítima de fraude ocasionada por falta de segurança no sistema operacional
da Recorrente, não há que se falar em excludente da responsabilidade objetiva da
Instituição Financeira.

“A parte autora encontra-se isenta de culpa pela prática do estelionato


de que foi vítima, possivelmente por fraude na máquina de cartão. Não
se aplica a excludente de responsabilidade objetiva do réu, fornecedor
dos serviços bancários estabelecida no art.14, §3º, II do CDC. A falha
inicial a permitir a consumação do golpe foi do sistema de segurança
mantido pelo banco réu, uma vez que a parte autora teria informado
que iria viajar para o exterior, de tal forma que não poderia aprovar
compra feita no Brasil, a qual poderia ter suspendido a cobrança do
valor do cartão de crédito da parte autora, mas não o fez.”

Além do mais, o que não se pode exigir, é que as iniciativas investigativas


de lesão ao direito e de responsabilização partam dos consumidores, tendo em vista a
complexidade da cadeia distributiva a qual perpassam as operações bancárias, sob pena
de o direito de ação tornar-se inexequível.

A Recorrente, por sua sorte, não trouxe aos autos qualquer elemento
substancial que impedisse, modificasse ou extinguisse o direito da Autora, ao contrário,
limita-se a sustentar a inexistência de responsabilidade sobre o evento e a ausência do
dever indenizatório, contrariando a teoria do risco do negócio, posto que, integram a cadeia
distributiva de fornecedores.

A propósito, são precedentes do Egrégio TJSP acerca da responsabilidade


da Ré:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA


COM INDENIZAÇÃO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
APELAÇÃO DO AUTOR PROVIDA. APELAÇÃO DO RÉU
IMPROVIDA. CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO. FRAUDE
BANCÁRIA. INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO. AUSÊNCIA DE CULPA
DO CONSUMIDOR. FALTA DE PROVA DE FORNECIMENTO DE
SENHA OU CARTÃO PARA TERCEIROS. Ação declaratória de
inexigibilidade de débito cumulada com pedido de indenização. O
consumidor não reconheceu a validade da compra realizadas em
10/11/2021 e lançadas no seu cartão de crédito no valor total de R$
4.513,90. A fatura juntada (fl. 15) demonstrou que o lançamento
impugnado estava fora do perfil de consumo do autor. Todas as
compras relacionadas naquela fatura são inferiores a R$. 500,00. A
prova documental não deixou dúvidas que aquela operação indicava
que o cartão era objeto de uso indevido. Ademais, o autor, além de
contestar a fatura junto à instituição financeira ré, registrou reclamação
perante o Banco Central (fls. 19/20), numa demonstração de conduta
de acordo com a boa-fé. Ausência de prova de que o autor concorreu
para o evento danoso. O banco levantou uma hipótese de uso de
cartão com chip e senha, mas não provou participação culposa ou
dolosa do cliente. Era dele (réu) o ônus da prova de inexistência do
defeito ou da culpa do consumidor. Não apresentou qualquer indício a
respeito. O serviço prestado pelo réu foi defeituoso, ao não
proporcionar a segurança dele esperada. Incidência da súmula 479 do
Superior Tribunal de Justiça, rejeitando-se o recurso do banco réu.
Danos morais configurados. Valor da indenização fixado em R$
10.000,00, acolhendo-se o recurso do autor. A quantia atenderá as
funções compensatória (principal) e inibitória (secundária),
concretizando-se o direito básico do consumidor. Precedentes da
Turma julgadora. Pretensão do autor acolhida. Ação procedente em
maior extensão em segundo grau. SENTENÇA REFORMADA.
RECURSO DO AUTOR PROVIDO. RECURSO DO RÉU IMPROVIDO.
(TJ-SP - AC: 10316983220218260564 SP 1031698-
32.2021.8.26.0564, Relator: Alexandre David Malfatti, Data de
Julgamento: 30/08/2022, 20ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 30/08/2022)

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALOR C.C INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. CONSUMIDOR. FRAUDE BANCÁRIA. Transação
desconhecida na conta-corrente por parte do autor. Fato incontroverso.
Fortuito interno. Súmula 479 do STJ. Responsabilidade civil do banco
réu configurada. Falha no serviço bancário por insuficiência na
segurança do sistema, que permitiu a realização de transação sem
anuência do consumidor. Ausência de qualquer indício de participação
do consumidor em fornecimento do cartão ou da senha para realização
da operação. Restituição do valor subtraído da conta-corrente do
consumidor em dobro – danos materiais comprovados (R$ 4.000,00).
Danos morais reconhecidos - indenização fixada em patamar razoável
(R$ 12.000,00). SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJ-
SP - AC: 10051329620188260161 SP 1005132-96.2018.8.26.0161,
Relator: Alexandre David Malfatti, Data de Julgamento: 26/03/2021, 12ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 26/03/2021)

APELAÇÃO CÍVEL – Fraude bancária – Ação declaratória de


inexigibilidade de débito cumulada com indenização por danos
materiais e morais – Sentença de procedência – Inconformismo do
banco réu – 1. Fraude bancária perpetrada por terceiros. Falha na
segurança interna do banco. Realização de diversas operações
financeiras por meio eletrônico (Pix e compras com cartão de crédito).
Lançamentos de operações em conta corrente e na fatura do cartão
que destoam do perfil de consumo da autora. Não caracterizada culpa
exclusiva da consumidora ou de terceiros – Responsabilidade objetiva
do banco, nos termos do artigo 14, caput, do Código de Defesa do
Consumidor e da Súmula nº 479 do C. Superior Tribunal de Justiça.
Hipótese dos autos em que o banco réu reconheceu a fraude e
cancelou os lançamentos da fatura da autora, porém, em seguida,
decidiu recobrá-los, sem qualquer justificativa. Inexigibilidade dos
débitos evidenciada – 2. Dano material comprovado. Caso dos autos
em que o fraudador realizou PIX no valor de R$ 6.980,00 (seis mil
novecentos e oitenta reais), para conta de titularidade de terceiros – 3.
Dano moral caracterizado. Indenização arbitrada pelo MM. Juízo "a
quo" no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), que deve ser reduzido
ao importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em atenção aos critérios
de razoabilidade e proporcionalidade – Sentença reformada tão
somente para reduzir o valor da indenização por danos morais –
Recurso parcialmente provido. (TJ-SP - AC: 10216994720218260405
SP 1021699-47.2021.8.26.0405, Relator: Daniela Menegatti Milano,
Data de Julgamento: 23/06/2022, 19ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 23/06/2022)
Destaca-se que a Recorrente responde pelos riscos inerentes a sua
atividade. Portanto, deve suportar os prejuízos advindos da sua atividade. É a Teria do
Risco do Empreendimento.

Nesse mesmo sentido foi o entendimento do juízo sentenciante:

“Responde o réu pela reparação do dano causado, nos termos do


artigo 14, caput,do Código de Defesa do Consumidor. Decide-se em
consonância com o entendimento consolidado pelo C.STJ na Súmula
479 e no Recurso Especial nº 1.199.782/PR julgado sob o regime dos
recursos repetitivos em que firmada a seguinte tese: "as instituições
financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno, relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito
de operações bancárias".

Conforme explanado, é patente a falha do sistema de prevenção à


fraude colocado à disposição do consumidor, uma vez que a compra
foi realizada por terceiros estelionatários sem que houvesse oportuna
detecção, embora tais operações fugissem do perfil de uso do cartão.

Neste contexto, reconhece-se inexigível o débito pertinente à compra


contestada pagas com a função crédito do cartão, merecendo a devida
restituição do valor da compra e seus consectários.”

Assim, não houve fato exclusivo do consumidor e/ou de terceiros, posto


que a Recorrente ao não oferecer mecanismos seguros de acesso às contas de seus
usuários, aumentou os riscos inerentes ao negócio, que participa e aufere lucros. Desse
modo, trata-se de fortuito interno, devendo arcar com os riscos do empreendimento. Em se
tratando de relação consumerista, a cadeia de fornecedores responde solidariamente pelo
inadimplemento contratual.

Resta, portanto, caracterizada, na hipótese presente, a responsabilidade


do fornecedor de serviços pelo dano causado ao consumidor, assim como a extensão do
dano material e moral, pela prova dos autos.

Dessa maneira, tendo em vista que Recorrente vem, reiteradamente se


negando a se responsabilizar pelos prejuízos sofridos, não restou outra alternativa à
Recorrida a não ser o ingresso na Justiça para fazer valer o seu direito.
Isso porque, ao adquirir um produto ou serviço, o consumidor tem a
legítima expectativa de receber informações adequadas sobre o seu uso de acordo com as
expectativas

Em decorrência deste incidente, a parte auytora experimentou situação


constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada, face ao golpe sofrido.

Portanto, configurada a falha no serviço, nasce o dever de indenizar, que


no presente caso é consubstanciado nos valores indevidamente pagos, cumulado com
danos morais, conforme preconiza os art. 186 e 187 do Código Civil.

Afinal, trata-se de proteção expressamente prevista no Código de Defesa


do Consumidor, que dentre as normas previstas, dispõe:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à


prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão


do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

IX -(...);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.


Tratando-se, portanto, de ato ilícito, tem-se por necessária a defesa estatal
do consumidor hipossuficiente, com o reconhecimento da abusividade, ilicitude e o dever
de indenizar.

Diante do demonstrado, pugna a Recorrida que o Recurso Inominado


tenha provimento negado, ante a latente prática de ato ilícito pela Recorrente.

IV. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RECORRENTE

Além disso, o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor expressa de


forma evidente a Responsabilidade Objetiva dos prestadores de serviço. Vejamos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

Assim, deve-se adotar, ao presente caso, a teoria do risco do


empreendimento, de Sérgio Cavalieri Filho, segundo a qual:

"todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado


de consumo tem o dever de responder pelos eventuais vícios ou
defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa".
(in Responsabilidade Civil, 2008. p. 475)

No caso, a entrega de um produto diferente das condições contratadas


enquadra-se perfeitamente, no conceito de "defeito". O autor Sérgio Cavalieri aduz, ainda,
que:

"a responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a


realizar atividade (...) ou executar determinados serviços. O fornecedor
passa a ser o garante dos produtos e serviços que oferece no mercado
de consumo" (in Responsabilidade Civil, 2008. p. 476).

E é justamente pensando nisso que o legislador definiu como padrão a


responsabilidade civil objetiva nas relações consumeristas, fundamentado na teoria do
risco, que é uma das características da relação empresarial. Nesses casos, portanto, é
excluída a existência de culpa para a verificação da responsabilidade do fornecedor.
Portanto, resta mais que evidente que houve falha na prestação de
serviços e ausência de transparência da Recorrente por sua responsabilidade ser objetiva,
conforme amplamente indicado, deve ser mantida a condenação às indenizações
pretendidas.

V. DOS DANOS MORAIS

Ademais, importante pontuar que o objetivo da condenação à indenização


por dano moral é punir o infrator, evitar que ele pratique os mesmo atos com outras
pessoas e compensar a vítima pelo dano sofrido, por isso, deve ser estabelecido valor
significativo para a indenização, atendendo desta forma à sua dupla finalidade: a justa
indenização do ofendido e o caráter pedagógico em relação ao ofensor, levando em conta
a capacidade econômica da Recorrente, o grau da ofensa, o impacto que causou e ainda
causa à parte autora, tendo em vista que este tipo de indenização é uma tentativa de
aliviar os malefícios causados a dignidade psíquica.

Por estes motivos o valor da indenização não pode ser tão ínfimo, ao ponto
que não seja capaz de diminuir o sofrimento do ofendido, nem sirva de intimidação para as
Rés.

Considerado ainda que, embora não haja preço que restaure as lesões
causadas de quem sofre a ofensa, a ausência de previsão legal quanto aos critérios da
quantificação da indenização leva o julgador a adotar o princípio da razoabilidade. O valor
deve ser arbitrado de forma que repare o dano, e impeça que o ofensor permaneça ileso.

Segundo Yussef Said Cahali, dano moral é “tudo aquilo que molesta
gravemente a alma humana, ferindo-lhe gravemente os valores fundamentais inerentes à
sua personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está integrado” (“Dano Moral”,
2ª ed., Revista dos Tribunais, 1998, p. 20). Ou seja, o dano moral, para ser configurado,
deve ocasionar lesão na esfera personalíssima do titular, violando sua intimidade, vida
privada, honra e imagem - bens jurídicos tutelados constitucionalmente e cuja violação
implica indenização compensatória ao ofendido (art. 5º, incisos V e X, CF).
A lição de Sérgio Cavalieri Filho revela a desnecessidade de prova da dor
subjetiva:

"... por se tratar de algo imaterial ou ideal, a prova do dano moral não
pode ser feita através dos mesmos meios utilizados para a
comprovação do dano material. Seria uma demasia, algo até
impossível, exigir que a vítima comprove a dor, a tristeza ou a
humilhação através de depoimentos, documentos ou perícia; não teria
ela como demonstrar o descrédito, o repúdio

ou o desprestígio através dos meios probatórios tradicionais, o que


acabaria por ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do dano moral
em razão de fatores instrumentais. (...) Em outras palavras, o dano
moral existe 'in re ipsa'; deriva inexoravelmente do próprio fato
ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, 'ipso facto' está
demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural, uma
presunção 'hominis' ou 'facti' que decorre das regras de experiência
comum" (in Programa de Responsabilidade Civil, 5ª ed., 2003, págs.
100/101).

Nesse sentido, vale transcrever as ilustres palavras do ilustre CAIO


MÁRIO, em sua obra ‘Responsabilidade Civil’, p. 58, que ao tratar do tema, discorre:

“Na reparação por dano moral estão conjugados dois motivos. Ou duas
concausas: I) punição ao infrator pelo fato de haver ofendido um bem
jurídico da vítima, posto que imaterial; II) pôr nas mãos do ofendido
uma soma que não é o ‘pretium doloris’, porém o meio de lhe oferecer
a oportunidade de conseguir uma satisfação de qualquer espécie, seja
de qualquer ordem intelectual ou moral, seja mesmo de cunho
material, o que pode ser obtido no fato de saber que esta soma em
dinheiro pode amenizar a amargura da ofensa e de qualquer maneira o
desejo de vingança. A isso é de acrescer que na reparação por dano
moral insere- se a solidariedade social à vítima”.

Desse modo, a indenização pecuniária em razão de dano moral é como


um lenitivo que atenua, em parte, as consequências do prejuízo sofrido. Nesse caso, não
indenizar o dano moral seria deixar sem reparação um direito, e por outro lado, permitir
que atos ilícitos fiquem impunes, pois é certo que a conduta objeto da presente ação é
considerada ato ilícito e, sobre esse aspecto, deve-se levar em conta o dever de indenizar,
ou seja, a responsabilidade civil.
“Art. 186. Do Código Civil de 2002 - Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 187. Do Código Civil de 2002 - Também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.”

“Art. 927. Do Código Civil de 2002 - Aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

Assim, ao se admitir o direito à reparação por danos morais, busca-se a


“manutenção” da ordem constituída, a reconstituição da esfera jurídica do ofendido, por
recomporem-se ou compensarem-se os danos causados, bem como punir o lesante pelas
lesões infringidas, fazendo incidir sobre o patrimônio deste a responsabilidade pelos efeitos
danosos a que deu origem” (BITTAR, 1993, P.21). Neste aspecto, ressalta-se que a
indenização cumpre, também, a função de “pena civil”.

Em assim sendo, conforme restou vastamente comprovado, é todo rigor a


manutenção da condenação da Ré em indenizar a Recorrida pelos danos morais
experimentados por este em razão da conduta lesiva daquela e que ocasionaram a ela
tantos traumas, não havendo, ainda, que se falar em redução ou modificação do quantum
arbitrado em sentença.

VI. DOS DANOS MATERIAIS.

Além disso, necessário pontuar que, conforme amplamente demonstrado


ao longo da instrução processual, a Autora foi vítima da abusividade da Recorrente e, por
isso, prejudicado quando da contratação do serviço, sendo que a quantia que foi saqueada
de seu cartão de forma indevida deve ser restituída, conforme expresso no parágrafo único
do art. 42 do CDC.
A indenização por danos materiais constitui espécie de punitives damages,
ou seja, “indenização fixada com o intuito de punir o agente da conduta causadora do dano
cujo ressarcimento é autorizado pela lei em favor da vítima”. (ALMEIDA, Luiz Cláudio
Carvalho de.

Mais adiante o autor assevera que a tradução da expressão “repetição de


indébito”, não condiz com o objetivo do instituto em questão. Isso porque a expressão
significa “danos punitivos”.

Porém, não se trata de danos, pelo contrário, refere-se a uma sanção


aplicada ao credor que “demandar” por dívida já paga ou que cobra indevidamente de seu
consumidor, ou seja, foge do seu dever de cuidado, o que justifica a imposição de tal
sanção.

Então, conclui-se que a restituição dos valores indevidamente repassados


por terceiro estranho, em razão da falha de segurança do sistema da Recorrente, tem
natureza jurídica de sanção civil com finalidade punitiva, o que não é vedado no
ordenamento jurídico brasileiro, já que há previsão legal permitindo a imposição da
mencionada punição civil.

Ao efetuar a restituição dos valores, aplica-se de forma salutar a legislação


civil e consumerista, vez que o pagamento indevido nasceu em razão do fato da Recorrida
ter sido vítima de completa abusividade da Instituição Financeira Ré.

Assim, deve ser mantida a condenação que determinou a restituição dos


valores indevidamente cobrados pela Recorrente.

5. DOS PEDIDOS

Diante das razões aqui alinhavadas e comprovadas nos autos, espera a


Recorrida seja NEGADO PROVIMENTO ao recurso da Recorrente.

Nestes termos, pede deferimento.


Guarulhos/SP, sexta-feira, 24 de janeiro de 2025.

MÁRCIO DUARTE DE LIMA

OAB/PA Nº 30111

OAB/SP Nº 473486-A

MAGDA FELIX PUGA DE LIMA

OAB/PA Nº 28925

OAB/SP Nº 460522-A

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