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Língua quimbundo

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Quimbundo
Outros nomes:Ver artigo
Falado(a) em: Angola
Total de falantes: 3 000 000
Família: Nigero-congolesa
 Atlântico-congolesa
  Volta-congolesa
   Benue-congolesa
    Bantoide
     Bantoide meridional
      Banta
       Banta central
        Quimbundo
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: kmb
ISO 639-3: kmb

A língua quimbundo (em quimbundo: kimbundu),[1][2] bundo (em quimbundo: mbundu),[3] loanda, loande, luanda, lunda[4] ou ambundo (mbundu) do norte[5] é uma língua africana falada no noroeste de Angola, incluindo a província de Luanda.[4]

É a segunda língua banta mais falada em Angola, onde é uma das línguas nacionais.[6] O português tem muitos empréstimos lexicais desta língua obtidos durante a colonização portuguesa do território angolano e através dos escravos angolanos levados para o Brasil. É falada por cerca de 3 000 000 de pessoas em Angola como primeira ou segunda língua,[7][falta página] considerando, também, 41 000 falantes do dialecto angolar.[8][falta página]

Dialectos e línguas relacionadas

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Os seus dialectos são o ginga / jinga (njinga), quimbamba[9] (kimbamba) / bambeiro / bamba (mbamba; pode ser uma língua separada), ambaca[10] / ambaquista (mbaka), dongo (ndongo) / quindongo (kindongo) e angolar / negola (ngola).[11] É uma língua relacionada às línguas songo, sama, bolo, bali.[4]

Contribuições lexicais

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Ao português angolano

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Banzo (de lubanzu, "saudade", ou (ku)banza, "ponderar, pensar"),[12] calema (de kalemba),[13] calundu (de kilundu),[14] camba (de dikamba, "amigo"),[15] cambuta (de kambuta, "baixo")[16] candongueiro (candonga + eiro; deriva de ka- + ndonge, ou seja, "fraco amor", ou do castelhano candonga),[17] cassule (de ki suluka, "ficar livre"),[carece de fontes?] cassuneira (de ku-nsuna', "ter carranca").[18]

Ao português brasileiro

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O termo português "maconha" se originou do termo quimbundo ma'kaña[19]

Moleque (de mu'leke, "menino"),[20] cafuné (de kifunate, "entorse, torcedura"),[21] quilombo (de kilombo, "capital, povoação, união"),[22] quibebe (de kibebe),[23] quenga (de kienga, "tacho"),[24] bunda (de mbunda),[25] cochilar (de kukoxila),[26] marimbondo (de ma [prefixo de plural] + rimbondo, "vespa"),[27] camundongo (de kamundong),[28] tungar (de tungu, "madeira, pancada"),[29] muamba (de mu'hamba, "carga"), mucama (de mu'kaba, "amásia escrava"),[30] banza (de mbanza), banzar (de kubanza),[31] cachimbo e cacimba (ambos, de kixima),[32] fubá (de fu'ba),[33] caçula (de kusula e de kasule), cacumbu (de ka, pequeno + kimbu, machado), cacunda (de kakunda),[34] bundo (de mbundu, negros),[25] matumbo (de ma'tumbu, "montículos"),[35] tutu (comida) (de ki'tutu), tutu (bicho-papão) (de kitu'tu),[36] samba (de semba, "umbigada"),[37] jiló (de njilu), jibungo (de jibungw), jimbo (de njimbu), jimbongo (de jimbongo),[38] jongo (de jihungu),[39] quitute (de kitutu, "indigestão"),[40] maxixe (de maxi'xi),[41] xingar (de kuxinga, "injuriar, descompor"),[42] quitungo (de kitungu), quitanda (de kitanda, "feira, venda")[40] etc.

Abaixo, há uma tabela com as consoantes do quimbundo.[43]

Labial Dental Alveolar Pós-alveolar Velar Glotal
Oclusiva surda p[nota 1] t k
sonora b[nota 2]
pré-nasalizada mb nd
Fricativa surda f s[nota 3] ʃ h
sonora v z[nota 4] ʒ
pré-nasalizada mv nz
Lateral l[nota 5]
Nasal m n[nota 6] ŋ

Existem 5 fonemas pré-nasalizados.[46]

Abaixo, há uma tabela com as vogais do quimbundo.[47]

Anterior Posterior
Fechada i u
Média e o
Aberta a

As vogais médias [e] e [o] podem aparecer por causa da fusão de /a/ e /i/ e /a/ e /u/ respetivamente. /i/ e /u/ podem se semivocalizar em [j] e [w] respetivamente. A língua tem 2 tons, um crescente e outro decrescente, e ocorre sândi tonal. Outros fenómenos que ocorrem são a elisão, em que duas vogais de tom baixo em uma palavra contraem-se apenas uma, e a degeminação, em que duas vogais iguais pronunciam-se como apenas uma.[48]

Notas

  1. Pode manifestar-se como [ɸ] diante das vogais [a] e [u].[44]
  2. Pode manifestar-se como [β] diante das vogais [a] e [u].[44]
  3. Realiza-se como [ʃ] quando diante de [i].[44]
  4. Realiza-se como [z] quando diante de [i].[45]
  5. Pode manifestar-se como [ɾ] ou [d]. Também pode ser pronunciada, quando imediatamente antes da vogal [i], como [dʲ]. Duas dessas pronúncias, [ɾ] e [dʲ], são de pouco prestígio e estigmatizadas, em contraste com a [d].[44]
  6. Palataliza-se em [ɲ] quando diante de [i].[44]

Referências

  1. Ramos 1998.
  2. «Quimbundo». Priberam 
  3. «Quimbundo». Infopédia 
  4. a b c Lewis 2009.
  5. Lopes 1995, p. 18.
  6. Xavier 2010, pp. 2, 8.
  7. Weisenfeld 1999.
  8. Voegelin 1977.
  9. Rego 1961, p. 281.
  10. Chatelain 1964, p. 507.
  11. Amaral 1996, p. 45.
  12. «Banzo». Infopédia 
  13. Ribas 1994, p. 41.
  14. «Calundu». Infopédia 
  15. Amorim 2007, p. 609.
  16. «Cambuta». Infopédia 
  17. «Candonga». Infopédia 
  18. «Cassuneria». Infopédia 
  19. Ferreira 1986, p. 1060.
  20. Ferreira 1986, p. 1150.
  21. Ferreira 1986, p. 312.
  22. Ferreira 1986, p. 1435.
  23. Ferreira 1986, p. 1434.
  24. Ferreira 1986, p. 1431.
  25. a b Ferreira 1986, p. 293.
  26. Ferreira 1986, p. 423.
  27. Ferreira 1986, p. 1093.
  28. Ferreira 1986, p. 330.
  29. Ferreira 1986, p. 1726.
  30. Ferreira 1986, p. 1.
  31. Ferreira 1986, p. 230.
  32. Ferreira 1986, p. 307.
  33. Cunha 1996, p. 370.
  34. Ferreira 1986, p. 309.
  35. Ferreira 1986, p. 1105.
  36. Ferreira 1986, p. 1729.
  37. Ferreira 1986, p. 1543.
  38. Ferreira 1986, p. 988.
  39. Ferreira 1986, p. 990.
  40. a b Ferreira 1986, p. 1439.
  41. Ferreira 1986, p. 1107.
  42. Ferreira 1986, p. 1799.
  43. Xavier 2010, p. 41.
  44. a b c d e Xavier 2010, p. 66.
  45. Xavier 2010, p. 69.
  46. Xavier 2010, p. 59.
  47. Xavier 2010, p. 16.
  48. Xavier 2010, pp. 20 a 22, 24, 79, 85.
  • Amaral, Ilídio do (1996). O reino do Congo, os Mbundu (ou Ambundos), o reino dos "Ngola" (ou de Angola) e a presença portuguesa de finais do século XV a meados do século XVI. Lisboa: Ministério da Ciência e da Tecnologia, Instituto de Investigação Científica Tropical 
  • Amorim, Maria Adelina; Marques, ‎Maria Lúcia Garcia Marques; Moita, ‎Susana Brites (2007). Dicionário temático da lusofonia. Lisboa: Texto Editores 
  • Assis Junior, A de. Dicionário kimbundu-português: linguístico, botânico, histórico e corográfico. Luanda Argente, Santos.
  • Chatelain, Héli; Lima, ‎Fernando de Castro Pires de (1964). Contos populares de Angola: cinquenta contos em quimbundo. Lisboa: Agência-Geral do Ultramar 
  • Cunha, A. G. (1996). Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 
  • Ferreira, A. B. H. (1986). Novo dicionário da língua portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 
  • Lewis, M. Paul (2009). Ethnologue: Languages of the World (em inglês) 6.ª ed. Dalas, Texas: SIL International. ISBN 978-1-55671-216-6 
  • Lopes, Nei (1995). Novo Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Centro Cultural José Bonifácio 
  • Ramos, Rui (1998). «Kimbundu/quimbundo». Ciberdúvidas da Língua Portuguesa 
  • Rego, António da Silva (1961). Lições de missionologia. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, Centro de Estudos Políticos e Sociais 
  • Ribas, Óscar (1994). Dicionário de regionalismos angolanos. Matosinhos: Contemporânea 
  • Voegelin, C. F.; Voegelin, F. M. (1977). Classification and index of the world’s languages. Nova Iorque: Elsevier North Holland 
  • Weisenfeld, Lori P. (1999). World almanac and book of facts. Mahwah, Nova Jérsei: World Almanac Books 
  • Xavier, Francisco da Silva (2010). Fonologia segmental e supra-segmental do Quimbundo. variedades de Luanda, Bengo, Quanza Norte e Malange (Tese de Doutorado em Semiótica e Linguística Geral). Universidade de São Paulo. doi:10.11606/T.8.2010.tde-20102010-091425 
O quimbundo no Brasil

Ligações externas

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