A Inquisição
A Inquisição
A Inquisição
A Inquisição não foi criada de uma só vez, nem procedeu do mesmo modo no
decorrer dos séculos.
Das penas infligidas pelo Estado aos hereges não constava a prisão; esta
parece ter tido origem nos mosteiros, donde foi transferida para a vida civil. Os
reis merovíngios e carolíngios castigavam crimes eclesiásticos com penas civis
assim como aplicavam penas eclesiásticas a crimes civis.
As origens da lnquisição
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e a contra-gosto dos bispos, condenou à morte pregadores albigenses, visto
que solapavam os fundamentos da ordem constituída.
Foi o que se deu, por exemplo, em Orleães (1.017) onde o Rei Roberto,
informado de um surto de heresia na cidade, compareceu pessoalmente,
procedeu ao exame dos hereges e os mandou lançar ao fogo; a causa da
civilização e da ordem pública se identificava com a fé! Entrementes a
autoridade eclesiástica limitava-se a impor penas espirituais (excomunhão,
interdito, etc.) aos albigenses, pois até então nenhuma das muitas heresias
conhecidas havia sido combatida por violência física; Santo Agostinho (- 430) e
antigos bispos, São Bernardo (- 1.154), S. Norberto (- 1.134) e outros mestres
medievais eram contrários ao uso da forma ("Sejam os hereges conquistados
não pelas armas, mas pelos argumentos", admoestava São Bernardo, In Cant,
serm. 64).
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As conseqüências deste intercâmbio epistolar não se fizeram esperar muito: O
Concílio Regional de Tours em 1.163, tomando medidas repressivas contra a
heresia, mandava inquirir (procurar) os seus agrupamentos secretos. Por fim, a
assembléia de Verona (Itália) à qual compareceram o Papa Lúcio III, o
Imperador Frederico Barba-roxa, numerosos bispos, prelados e príncipes,
baixou, em 1.184, um decreto de grande importância: O poder eclesiástico e o
civil, que até então haviam agido independentemente um do outro (aquele
impondo penas espirituais, este recorrendo à força física) deveriam combinar
seus esforços em vista de mais eficientes resultados: Os hereges seriam
doravante não somente punidos, mas também procurados (inquiridos); cada
bispo inspecionaria, por si ou por pessoas de confiança uma ou duas vezes por
ano, as paróquias suspeitas; os condes, barões e as demais autoridades civis
os deveriam ajudar sob pena de perder seus cargos ou ver o interdito lançado
sobre as suas terras; os hereges depreendidos ou abjurariam seus erros ou
seriam entregues ao braço secular, que lhes imporia a sanção devida.
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declarou a heresia crime de lesa-majestade, sujeito à pena de morte e mandou
dar busca aos hereges. Em 1.224 publicou decreto mais severo do que
qualquer das leis citadas pelos reis ou Papas anteriores: As autoridades civis
da Lombardia deveriam não somente enviar ao fogo quem tivesse sido
comprovado herege pelo bispo, mas ainda cortar a língua aos sectários a
quem, por razões particulares, se houvesse conservado a vida. E possível que
Frederico II visasse a interesses próprios na campanha contra a heresia; os
bens confiscados redundariam em proveito da coroa.
Não menos típica é a atitude de Henrique II, rei da Inglaterra: Tendo entrado
em luta contra o arcebispo Tomás Becket, primaz de Cantuária, e o Papa
Alexandre III, foi excomungado. Não obstante, mostrou-se um dos mais
ardorosos repressores da heresia no seu reino: Em 1185, por exemplo, alguns
hereges da Flândria tendo-se refugiado na Inglaterra, o monarca mandou
prendê-los, marcá-los com ferro em brasa na testa e expô-los, assim
desfigurados, ao povo; além disto, proibiu aos seus súditos lhes dessem asilo
ou Ihes prestassem o mínimo serviço.
Estes dois episódios, que não são únicos no seu gênero, bem mostram que o
proceder violento contra os hereges, longe de ter sido sempre inspirado pela
suprema autoridade da Igreja, foi não raro desencadeado independentemente
desta, por poderes que estavam em conflito com a própria lgreja. A inquisição,
em toda a sua história, se ressentiu dessa usurpação de direitos ou da
demasiada ingerência das autoridades civis em questões que dependem
primeiramente do foro eclesiástico.
1) A Igreja, nos seus onze primeiros séculos, não aplicava penas temporais aos
hereges, mas recorria às espirituais (excomunhão, interdito, suspensão ...).
Somente no século XII passou a submeter os hereges a punições corporais. E
por quê?
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4) Não é, pois, de estranhar que as duas autoridades - a civil e a eclesiástica
tenham finalmente entrado em acordo para aplicar aos hereges as penas
reservadas pela legislação da época aos grandes delitos.
5) A lgreja foi levada a isto, deixando sua antiga posição, pela insistência que
sobre ela exerceram não somente monarcas hostis, como Henrique II da
Inglaterra e Frederico Barba-roxa da Alemanha, mas também reis piedosos e
fiéis ao Papa, como Luís VII da França.
Procedimentos da Inquisição
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Além disto, levar-se-á em conta que o papel do juiz, sempre difícil, era
particularmente árduo nos casos da Inquisição: O povo e as autoridades civis
estavam profundamente interessados no desfecho dos processos; pelo que,
não raro exerciam pressão para obter a sentença mais favorável a caprichos ou
a interesses temporais; às vezes, a população obcecada aguardava
ansiosamente o dia em que o veredictum do juiz entregaria ao braço secular os
hereges comprovados. Em tais circunstâncias não era fácil aos juízes manter a
serenidade desejável. Dentre as táticas adotadas pelos Inquisidores, merecem
particular atenção a tortura e a entrega ao poder secular (pena de morte).
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desejava apenas justificar a excomunhão e a confiscação de bens dos
hereges; estabelecia, porém, uma comparação que daria ocasião a nova
praxe... O Imperador Frederico II soube deduzir-lhe as últimas conseqüências:
Tendo lembrado numa Constituição de 1.220 a frase final de Inocêncio III, o
monarca, em 1.224, decretava francamente para a Lombaria a pena de morte
contra os hereges e, já que o Direito antigo assinalava o fogo em tais casos, o
Imperador os condenava a ser queimados vivos. Em 1.230 o dominicano
Guala, tendo subido à cátedra episcopal de Bréscia (Itália), fez aplicação da lei
imperial na sua diocese. Por fim, o Papa Gregório IX, que tinha intercâmbio
freqüente com Guala, adotou o modo de ver deste bispo: Transcreveu em 1230
ou 1231 a constituição imperial de 1.224 para o Registro das Cartas Pontifícias
e em breve editou uma lei pela qual mandava que os hereges reconhecidos
pela Inquisição fossem abandonados ao poder civil, para receber o devido
castigo, castigo que, segundo a legislação de Frederico II, seria a morte pelo
fogo. Os teólogos e canonistas da época se empenharam por justificar a nova
praxe; eis como fazia S. Tomás de Aquino: "É muito mais grave corromper a fé,
que é a vida da alma, do que falsificar a moeda que é um meio de prover à vida
temporal Se, pois, os falsificadores de moedas e outros malfeitores são, a bom
direito, condenados à morte pelos príncipes seculares, com muito mais razão
os hereges, desde que sejam comprovados tais, podem não somente ser
excomungados, mas também em toda justiça ser condenados à morte." (Suma
Teológica II/II 11,3c)
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de algum desmando verificado em tal ou tal região. Famoso, por exemplo, é o
caso de Roberto, o Bugro, Inquisidor-Mor de França no século XIII.
O Papa Gregório IX a princípio muito o felicitava por seu zelo. Roberto, porém,
tendo aderido outrora à heresia, mostrava-se excessivamente violento na
repressão da mesma. Informado dos desmandos praticados pelo lnquisidor, o
Papa o destituiu de suas funções e o mandou encarcerar. Inocêncio IV, o
mesmo Pontífice que permitiu a tortura nos processos da inquisição, e
Alexandre IV, respectivamente em 1.246 e 1.256, mandaram aos Padres
Provinciais e Gerais dos Dominicanos e Franciscanos, depusessem os
lnquisidores de sua Ordem que se tornassem notórios por sua crueldade.
Avaliação
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2) As categorias de justiça na Idade Média eram um tanto diferentes das
nossas: Havia muito mais espontaneidade (que as vezes equivalia a rudez) na
defesa dos direitos. Pode-se dizer que os medievais, no caso, seguiam mais o
rigor da lógica do que a ternura do sentimentos; o raciocínio abstrato e rígido
neles prevalecia por vezes sobre o senso psicológico (nos tempos atuais
verifica-se quase o contrário: Muito se apela para a psicologia e o sentimento,
pouco se segue a lógica; os homens modernos não acreditam muito em
princípios perenes; tendem a tudo julgar segundo critérios relativos e
relativistas, critérios de moda e de preferência subjetiva).
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influência dos monarcas da Espanha do que sob a responsabilidade da
suprema autoridade da Igreja.
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Procedimentos da Inquisição Espanhola
Emancipada de Roma
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Mor — o qual julgaria na Espanha mesma os apelos dirigidos a Roma. Para
este cargo, propuseram à Santa Sé um religioso dominicano, Tomás de
Torquemada (Turrecremata, em latim) o qual em outubro de 1483 foi realmente
nomeado Inquisidor-Mor para todos os territórios de Fernando e Isabel.
Procedendo à nomeação escrevia o Papa Sixto IV a Torquemada: "Os nossos
caríssimos filhos em Cristo, o rei e a rainha de Castela e Leão, nos suplicaram
para que te designássemos como Inquisidor do mal da heresia nos seus reinos
de Aragão e Valença, assim como no principado de Catalunha." (Bulla.ord.
Praedicatorum / 622) O gesto de Sixto IV só se pode explicar por boa fé e
confiança. O ato era, na verdade, pouco prudente... Com efeito; a concessão
benignamente feita aos monarcas seria pretexto para novos e novos avanços
destes: Os sucessores de Torquemada no cargo de Inquisidor-Mor já não
foram nomeados pelo Papa, mas pelos soberanos espanhóis (de acordo com
critérios nem sempre louváveis).
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lnquisidores a faculdade de absolver sacramentalmente os delitos de heresia e
apostasia; destarte o Sacerdote poderia tentar subtrair do processo público e
da infâmia da Inquisição qualquer acusado que estivesse animado de sinceras
disposições para o bem. Aos 15 de junho de 1.531, o mesmo Papa Clemente
VII mandava aos Inquisidores tomassem a defesa dos mouriscos que,
acabrunhados de impostos pelos respectivos senhores e patrões, poderiam
conceber ódio contra o Cristianismo. Aos 2 de agosto de 1.546, Paulo III
declarava os mouriscos de Granada aptos para todos os cargos civis e todas
as dignidades eclesiásticas. Aos 18 de janeiro de 1.556, Paulo IV autorizava os
sacerdotes a absolver em confissão sacramental os mouriscos. Compreende-
se que a Inquisição Espanhola, mais e mais desvirtuada pelos interesses às
vezes mesquinhos dos soberanos temporais, não podia deixar de cair em
declínio. Foi o que se deu realmente nos séculos XVIII e XIX. Em conseqüência
de uma revolução, o Imperador Napoleão I interveio no governo da nação,
aboliu a Inquisição Espanhola por decreto de 4 de dezembro de 1.808. o rei
Fernando VII, porém, restaurou-a em 1.814, a fim de punir alguns de seus
súditos que haviam colaborado com o regime de Napoleão. Finalmente,
quando o povo se emancipou do absolutismo de Fernando VIl, restabelecendo
o regime liberal no país, um dos primeiros atos das Cortes de Cadiz foi a
extinção definitiva da Inquisição em 1.820. A medida era, sem dúvida, mais do
que oportuna, pois punha termo a uma situação humilhante para a Santa
Igreja.
Tomás de Torquemada
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assessores munidos de iguais faculdades (Breve de 23 de junho de 1.494).
Quanto ao número de vítimas ocasionadas pelas sentenças de Torquemada,
as cifras referidas pelos cronistas são tão pouco coerentes entre si que nada se
pode afirmar de preciso sobre o assunto. Tomás de Torquemada ficou sendo,
para muitos, a personificação da intolerância religiosa, homem de mãos
sanguinolentas... Os historiadores modernos, porém, reconhecem exagero
nessa maneira de conceituá-lo; levando em conta o caráter pessoal de
Torquemada, julgam que este Religioso foi movido por sincero amor e
verdadeira fé, cuja integridade lhe parecia comprometida pelos falsos cristãos;
daí o zelo extraordinário com que procedeu. A reta intenção de Torquemada
ter-se-á traduzido de maneira pouco feliz. De resto, o seguinte episódio
contribui para desvendar outro traço, menos conhecido, do frade dominicano:
Em dada ocasião, foi levada ao Conselho Régio da Inquisição a proposta de se
impor aos muçulmanos ou a conversão ao Cristianismo ou o exílio.
Torquemada opôs-se a essa medida, pois queria conservar o clássico princípio
de que a conversão ao Cristianismo não pode ser extorquida pela violência; por
conseguinte, a Inquisição deveria restringir sua ação aos cristãos apóstatas;
estes, e somente estes, em virtude do seu Batismo, tinham um compromisso
com a Igreja Católica. Como se vê Torquemada, no fervor mesmo do seu zelo,
não perdeu o bom senso neste ponto. Exerceu suas funções até à morte, aos
16/09/1.498.
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além de um Regimento sem data. Tal edição esteve aos cuidados da Profª.
Sônia Aparecida de Siqueira, sócia-correspondente do IHGB em São Paulo,
que escreveu longa Introdução a tais documentos. Como nota o Prof. Arno
Wehling, presidente do IHGB em 1996, a Dra- Sônia Aparecida localizou a
Inquisição e seus sucessivos regimentos nos diferentes momentos históricos,
sublinhando, inclusive, a progressiva expansão do poder real sobre a
instituição, culminando no regime sectarista. (p. 495)
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Finalmente aos 17/12/1.531 o Papa Clemente VII concedeu a Inquisição em
Portugal, mas em termos que contrariavam às solicitações de D. João III: Em
vez de outorgar ao rei poderes para nomear os Inquisidores, o Papa nomeou
diretamente um Comissário da Sé Apostólica e Inquisidor no reino de Portugal
e nos seus domínios. Esse Comissário poderia nomear outros Inquisidores,
mas a sua autoridade não estava acima da dos Bispos, que poderiam também,
por seu lado, investigar as heresias.
O Papa Clemente VII, que resistira a D. João III, morreu em 1.534, tendo por
sucessor Paulo III. O rei voltou a insistir junto ao Pontífice para conseguir o tipo
de tribunal de Inquisição que atendia aos interesses da Coroa. Não o obteve
propriamente, mas por Bula de 23/05/1.536 Paulo III restabeleceu a Inquisição
em Portugal, nomeando três Inquisidores e autorizando o rei a nomear outro;
além disto, o Pontífice mandava que, durante três anos, os nomes das
testemunhas de acusação não fossem acobertados por segredo e durante dez
anos os bens dos condenados não fossem confiscados; os Bispos teriam as
mesmas faculdades que os Inquisidores na pesquisa das heresias. Por
intermédio de seu Núncio em Lisboa, o Papa reservava a si o direito de
fiscalizar o cumprimento da Bula, de examinar os processos quando bem o
entendesse e de decidir em última instância.
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irmão, então Arcebispo de Braga que, com seus 27 anos, não tinha idade legal
para exercer tais funções. Enfim aproveitava ou provocava ocasiões ou
pretextos para fazer que o público cresse na má fé dos judeus convertidos
(cristãos novos): Assim apareceu um cartaz nas portas da catedral e de outras
igrejas de Lisboa, anunciando a chegada próxima do Messias... Um alfaiate de
Setúbal apresentou-se ao público como Messias, o que não foi levado a sério
pela população, mas bastou para que os agentes do rei fizessem grandes
represálias e tentassem convencer Roma dos perigos do judaísmo em
Portugal.
Apesar da má vontade do rei, o Papa fazia questão de manter sob seu controle
o Santo Ofício em Portugal. Reforçando normas anteriores, o Pontífice emitiu
nova Bula em 12/10/1.539, que proibia aduzir testemunhas secretas e concedia
outras garantias aos acusados, entre as quais o direito de apelação para o
Papa; determinava outrossim que os emolumentos dos Inquisidores não
fossem pagos mediante os bens dos prisioneiros.
Também esta Bula não foi observada em Portugal. O Papa então resolveu
suspender a Inquisição pelo Breve de 22/09/1.544; tomou a precaução de fazer
publicar de surpresa em Lisboa este documento, levado secretamente para lá
por um novo Núncio. O rei, profundamente golpeado, jogou a sua última
cartada; requereu ao Papa que revogasse a suspensão e restaurasse a
Inquisição sem qualquer limitação, e acrescentava a ameaça: "Se Vossa
Santidade não prover nisso, como é obrigado e dele se espera, não poderei
deixar de remediá-lo confiando em que não somente do que suceder Vossa
Santidade me haverá por sem culpa, mas também os príncipes e os fiéis
cristãos que o souberem, conhecerão que disso não sou causa nem ocasião."
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bens por dez anos; outro Breve suspendia por um ano a entrega de
condenados ao braço secular (ou a aplicação da pena de morte). Em outro
Breve ainda o Papa fazia recomendações tendentes a moderar os previsíveis
excessos da Inquisição e a permitir a partida dos cristãos-novos para o
estrangeiro. Pouco antes de morrer ou aos 08/01/1549, Paulo III editou novo
Breve, que abolia o segredo das testemunhas; Breve este que provavelmente
nunca foi aplicado em Portugal.
Cristãos novos
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um segundo em 1.535 e, em 1547, pela Bula Illius qui misericors, concedia um
terceiro. Ao depois, outros indultos gerais foram sendo concedidos, e, quando o
próprio rei os negociava com os cristãos-novos, tinha de pleiteá-los junto à
Cúria Romana, como aconteceu com Felipe III em 1.605.
A figura do Inquisidor
Em nota (74) diz a autora: "Não pertenceram ao Santo Ofício português, mas
foram santificados os Inquisidores S. Raimundo Penafort, S. Toríbio
Mongrovejo, S. Pedro de Verona, mártir, S. Pio V, S. Domingos de Gusmão, S.
Pedro de Arbuês, S. João Capistrano. Beatificados foram Pedro Castronovo,
legado cisterciense, Raimundo, arcediago de Toledo, Bernardo, seu capelão.
Inquisidores também, dois clérigos, Fortanerio e Ademaro, núncios do Santo
Ofício de Tolosa, martirizados pelos albigenses, Conrado de Marburg, mártir,
pároco e Inquisidor da Alemanha, e o confessor de Sta.Isabel da Hungria, João
de Salermo. O Inquisidor da Frísia e Holanda no século XVI, Guilherme
Lindano, foi considerado Venerável." (p. 527).
A Inquisição Pombalina
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ainda então vivo como idéia política. Limitar o poder jurisdicional da Igreja e
difundir o espírito laico.
Esse novo Regimento foi mandado executar pelo Cardeal da Cunha. No seu
Preâmbulo, justifica-se a sua necessidade na medida em que as leis que
geriam o Santo Ofício teriam sido, ao longo dos séculos, distorcidas pelos
jesuítas, interessados em dar ao Papa o supremo poder sobre a Inquisição.
Desde o governo do Cardeal Infante D. Henrique (dominado, diz o Cardeal da
Cunha, pelo seu confessor, o jesuíta Leão Henriques) até ao Reinado de D.
João V, foi o Tribunal escapando ao poder do rei. Teria chegado ao máximo a
influência da Companhia, sob o Inquisidor D. Pedro de Castilho, que tornou a
legislação mais jesuítica do que régia. (p. 562)
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