Casos I PCV 2019
Casos I PCV 2019
Casos I PCV 2019
- TS
→ i) Para a teoria da substanciação, a causa de pedir, ainda nos direitos absolutos, será
o facto gerador do direito, divergindo a acção sempre que seja diferente o facto
constitutivo invocado (diferente como acontecimento concreto).
ii) Para a teoria da substanciação, a afirmação da situação jurídica tem de ser fundada
em factos que, ao mesmo tempo que integram, tal como os outros factos alegados pelas
partes, a matéria fáctica da causa, exercem a função de individualizar a pretensão para o
efeito de conformação do objecto do processo.”
iii) A teoria da substanciação exige sempre a indicação do título (facto jurídico) em que se
baseia o direito do autor.
iv) É clara, no nº 4, do artº 581º, a opção legislativa pelo sistema da substanciação da
causa de pedir em detrimento do da individualização. Nesta, “bastaria a indicação do
pedido, devendo a sentença esgotar todas as possíveis causas de pedir da situação
jurídica enunciada pelo autor, impedindo-se que após a sentença houvesse alegação de
factos anteriores e que porventura não tivessem sido alegados ou apreciados”. Naquela, é
necessário “articular os factos de onde deriva a sua pretensão, formando-se o objecto do
processo e, por arrastamento, o caso julgado, apenas relativamente aos factos
integradores da causa de pedir invocada”.
v) Assim, à luz do expresso legamente, a causa de pedir é integrada pelo facto ou factos
produtores do efeito jurídico pretendido. Por outras palavras, a causa de pedir é
consubstanciada tão só pelos factos que preenchem a previsão da norma que concede a
situação subjectiva alegada pela parte.
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Ora, em Portugal ninguém defende a teoria da individualização, sendo que o próprio CPC
acolhe a teoria da substanciação no artigo 581º/4, não restando dúvidas que a causa de
pedir tem de ser construída com factos concretos.
Contudo existem posições doutrinárias diferentes neste âmbito.
Prof. Miguel Teixeira de Sousa - A causa de pedir só contém os factos que individualizam
o pedido, ou seja, os que permitem separar aquele pedido de outros semelhantes. Assim,
só interessam os factos que dão origem à situação jurídica que se alega e não todos os
pressupostos constitutivos daquela situação.
Prof. Lebre de Freitas – A causa de pedir deve conter todos os factos que são
necessários para a ação proceder (autor ganhar). Mas só há ineptidão da P. I. Quando
faltarem factos na causa de pedir “individualizadora” e não na “fundamentadora”.
Tendo em conta a posição do professor Miguel Teixeira de Sousa e o que está presente
no 581º/4 CPC, a causa de pedir, neste caso, deveria ser a violação do dever conjugal de
fidelidade, alegada pelo autor. Veja-se que estamos perante uma ação constitutiva, sendo
que nesse caso a causa de pedir é o facto concreto que se invoca para obter o efeito
pretendido (581º/4, in fine).
(Esta causa de pedir deverá ser um facto concreto que vai preencher a previsão da
norma donde emana do direito de divórcio para o qual se requer tutela jurisdicional no
pedido. Até porque a causa de pedir é constituída pelos factos necessários para
individualizar o direito ou o interesse invocado pela parte.)
(Nas ações constitutivas (10º/3 c), a causa de pedir é o facto que gera o direito
potestativo que o autor invoca e pretende exercer.)
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(À semelhança das ações reais, nas ações de reivindicação, a causa de pedir é o facto
de que resulta a aquisição, originária ou derivada da propriedade. Lembre-se, então, que
a causa de pedir é constituída pelos factos necessários para individualizar o direito ou o
interesse invocado pela parte.)
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Quanto à causa de pedir, tendo já sido visto que está prevista no código a teoria da
substanciação (581º/4), e segundo a posição do professor Miguel Teixeira de Sousa de
que a causa de pedir deverá conter os factos individualizadores do pedido, esta deverá
ser constituída por factos concretos de onde possa surgir o direito que o autor alega.
Assim neste caso, a causa de pedir deveria ter como factos integrantes todos os factos
relativos à relação contratual entre A e B, nomeadamente o contrato-promessa em si
referido neste caso.
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5 - B chocou com o carro de A, por estar a guiar distraído ao telefone, causando danos
corporais em A e danificando o seu carro. A intenta contra B uma ação judicial na qual
pede uma indemnização pelos danos sofridos, no valor que se vier a apurar.
Quanto à causa de pedir, tendo já sido visto que está prevista no código a teoria da
substanciação (581º/4), e segundo a posição do professor Miguel Teixeira de Sousa de
que a causa de pedir deverá conter os factos individualizadores do pedido, esta deverá
ser constituída por factos concretos de onde possa surgir o direito que o autor alega.
Assim neste caso, a causa de pedir deveria ter como factos integrantes todos os factos
relativos ao acidente entre B e A, pois os factos que importam são os factos constitutivos
da situação jurídica.
(Os factos que constituem a causa de pedir devem preencher uma determinada previsão
legal (devem constar de uma norma), mas valem independentemente desta qualificação. )
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Quanto à causa de pedir, esta deveria ser constituída com base nos factos concretos da
situação apresentada que sustentam o eventual direito a uma indemnização por prejuízos
sofridos. Nesse sentido, a causa de pedir deveria relatar o contrato de empreitada
celebrado entre A e B, o incumprimento dos prazos por parte de A, a impossibilidade de B
viver na sua casa e, por fim, como consequência disso, o facto de B ter de morar num
hotel durante um mês.
Segundo a posição do professor Miguel Teixeira de Sousa de que a causa de pedir
deverá conter os factos individualizadores do pedido; então, esta deverá ser constituída
por factos concretos de onde possa surgir o direito que o autor alega.
Os factos que importam são os factos constitutivos da situação jurídica.
(Os factos que constituem a causa de pedir devem preencher uma determinada previsão
legal (devem constar de uma norma), mas valem independentemente desta qualificação. )
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Quanto à causa de pedir, segundo o Professor Miguel Teixeira de Sousa, nas ações de
investigação de paternidade, a causa de pedir é o facto jurídico da procriação ou o ato de
procriação natural. Contudo, neste tipo de ações, o professor refere que, sendo de difícil
prova esse facto, a comunhão duradoura de vida entre a mãe do investigante e o
pretenso pai, pode ser utilizada como facto instrumental.
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8 - A celebra com B um contrato de compra e venda de uma casa, pois este mostrou-lhe
documentos e brochuras que demonstravam que o local onde o imóvel se situava era
despoluído e seguro. Vindo a perceber, uma semana depois, que tinha sido enganado, A
propõe uma ação contra B, pedindo ao tribunal a anulação do contrato com base em
dolo.
Quanto à causa de pedir, esta deveria ser constituída com base nos factos concretos da
situação apresentada que sustentam o eventual direito à anulação do contrato. Nesse
sentido, a causa de pedir deveria relatar o contrato de compra e venda entre A e B, a
razão da compra da casa por parte de A, tendo essa razão a ver com os documentos
mostrados por B (ação dolosa deste); e, por fim, o facto que leva A a sentir-se enganado.
Veja-se que, segundo o 581º/4, nas ações de anulação, a causa de pedir é o facto
concreto, neste caso a nulidade específica, que se invoca para obter o efeito pretendido
(o efeito neste caso é anulação do contrato).