Pos Aquisição e Desenvolvimento Da Leitura e Da Escrita
Pos Aquisição e Desenvolvimento Da Leitura e Da Escrita
Pos Aquisição e Desenvolvimento Da Leitura e Da Escrita
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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2 BREVE PERCEPÇÃO HISTÓRICA DA LEITURA
Fonte: historiadomundo.com.br
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exemplo, agricultura, arquitetura, comércio, astronomia, direito, escrita.
Nesse local, surgiram as primeiras inscrições do que viria a consumar o
nascimento de uma prática revolucionária - a leitura. (KILIAN, 2012, apud
COELHO, 2016, p. 2).
Neste sentido, Fonseca (2013, p. 92) destaca que “[...] a história da leitura
tem sido um dos mais instigantes objetos de estudo das últimas décadas
por dar voz a personagens até então silenciadas nas análises que focavam
o texto e não os usos e interpretações dos textos”. (FONSECA, 2013, apud
COELHO, 2016, p. 2).
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Entretanto, mesmo não sendo aqui o objeto de estudo interpretar o que era
real ou fantasioso, ou mesmo, “sem sentido”. Consideramos que as fases da história
da leitura estão motivadas ao hábito de ler, de viajar com o autor de um livro, de
uma revista, compreender as informações de um jornal, de rótulos de remédios e
etc. O fato é que a escrita e sua interpretação tem força de grande magnitude, le-
vando as mais variadas interpretações, a qual pode não ser a intenção do autor. Se-
gundo Pinheiro e Alves (2012, p. 2449), a leitura, “apresenta uma natureza política e
ideológica, sendo capaz, em alguns casos, de moldar o indivíduo a agir de acordo
com determinado modo de ver o mundo”. Isto pode ser observado, por exemplo, nos
manifestos publicados nas décadas revolucionárias de 1950 a 1970, tanto quanto,
em panfletos religiosos disponíveis no século XXI e as propagandas eleitoreiras em
ano de votações.
Neste contexto, é de se considerar Alves (2012, p. 2449), que de uma forma
específica explica que “[...] a leitura é uma arma que pode ser utilizada para domi-
nar, com o pretexto de que se está possibilitando acesso à informação, muitas ve-
zes, para justificar e/ou disfarçar ideias autoritárias”.
[...] a leitura não constitui tão-somente uma idéia, com a força de um ideal.
Ela contém também uma configuração mais concreta, assumindo contornos
de imagem, formada por modos de representação característicos, expres-
sões próprias e atitudes peculiares. A ela pertencem gestos, como o de se-
gurar o livro, sentar e escrever, inclinar-se, colocar os olhos. Faz parte
igualmente dessa representação a alusão a resultados práticos, mensurá-
veis em comportamentos progressistas. (ZILBERMAN, 199, apud COELHO,
2016, p. 4).
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3 A LEITURA E SUA FUNÇÃO
Fonte: parentalidadedigital.com
Ser leitor é querer saber o que se passa na cabeça de outro, para compre-
ender melhor o que se passa na nossa. Essa atitude, no entanto, implica a
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possibilidade de distanciar-se do fato, para ter dele uma visão de cima, evi-
denciando um aumento do poder sobre o mundo e sobre si por meio desse
esforço teórico. Ao mesmo tempo, implica o sentimento de pertencer a uma
comunidade de preocupações que, mais que um destinatário, nos faz tex-
tos, seja um manual de instruções, seja um romance, um texto teórico ou
um poema. (FOUCAMBERT,1994, apud COELHO, 2016, p. 4).
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4 PRINCIPAIS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA LEITURA
Fonte: quindim.com.br
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- Mesmo que a aquisição da leitura possa ser descrita por meios de etapas
gerais, as crianças adquirem a leitura e a escrita com diferentes ritmos e
mediante uma variedade de caminhos. (ALLIENDE, 2005, apud GAIARDO,
2014, p. 11).
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Na visão de Alliende & Condemarín (2005), o principal objetivo da leitura é
conduzir à compreensão da linguagem escrita, implicando um processo de pensa-
mento multidimensional existente na interação entre o leitor, o texto e o contexto.
Nessa direção, é essencial que o leitor interligue seus conhecimentos prévios com
as novas informações fornecidas pelo texto. Para eles, é primordial que a criança
tenha consciência das interações que ela faz em sua comunicação com a linguagem
escrita, assim como também é importante como ela desenvolve estratégias naturais
para trabalhar com informações gráficas, fonética, semântica e sintática.
A prática docente diária permite afirmar que, nesse cenário, o professor deve
ter consciência da necessidade de conhecer os interesses de leitura de seus alunos,
com o objetivo de programa-los com materiais a ela relacionados. Outro fato impor-
tante que merece destaque é a importância da integração da comunidade, princi-
palmente da família, na promoção da leitura para crianças e adolescentes.
Jolibert et al. (1994), ao discorrer sobre a atuação dos pais no aprendizado da
leitura de seus filhos, orientam que modificar profundamente as práticas pedagógi-
cas nunca torna simples as relações com os pais de alunos. Segundo os autores, ao
lado de alguns pais informados, disponíveis para as mudanças e de pais que confi-
am na escola como um meio de possível promoção para seus filhos, a maioria dos
pais mostram-se angustiados frente à incerteza das perspectivas de futuro escolar e
profissional de seus filhos, embaraçados em relação aos “métodos modernos” para
os quais não têm mais os critérios de seu próprio passado escolar, preocupados an-
te o que eles vivenciam amiúde como a tolerância excessiva dessa nova escola na
qual “as crianças só fazem o que querem”, onde “só brincam”, etc.
Jolibert et al. (1994) ressaltam que não é por acaso que o processo de apren-
dizado da leitura constitui-se dos pontos de cristalização dessas preocupações: os
pais sabem muito bem que o domínio do ler/escrever é um dos fatores determinan-
tes do sucesso ou do fracasso escolar. Além disso, muitos consideram como sendo
ao mesmo tempo sua obrigação e seu prazer “fazer ler” seus filhos, à noite, em ca-
sa. Paralelamente, é preciso reconhecer que os docentes que tentam transformar
suas práticas às vezes não têm segurança e hesitam ao enfrentarem o que eles vi-
vem primeiramente como sendo as críticas dos pais, adotando posturas tensas ou
defensivas.
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Jolibert et al. (1994) instruem que muito significativo que os pais leiam histó-
rias para seus filhos ou folheiem com eles um álbum de literatura infantil, levando-os
a dizerem o que imaginam que irá acontecer na página seguinte depois de virada.
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5 A LEITURA NA FORMAÇÃO CRÍTICA E REFLEXIVA DO CIDADÃO
Fonte: tiespecialistas.com.br
O ato de ler faz com que o indivíduo leitor tenha respostas para o mundo e
para o que está acontecendo ao seu redor. Quando uma pessoa lê, ela passa a ter
uma nova opinião sobre o tema lido, desde política até assuntos relacionados à culi-
nária. Desta forma, se a criança é estimulada a ler desde pequena ela com certeza
será um adulto questionador e crítico, assim, o indivíduo que não lê não terá base
literária e experiências para formar opinião sobre qualquer assunto.
Pessoas que não são leitoras têm a vida restrita à comunicação oral e difi-
cilmente ampliam seus horizontes, por ter contato com ideias próximas das
suas, nas conversas com amigos. [...] é nos livros que temos a chance d en-
trar em contato com o desconhecido, conhecer outras épocas e outros luga-
res – e, com eles abrir a cabeça. Por isso, incentivar a formação de leitores
é não apenas fundamental no mundo globalizado em que vivemos. É traba-
lhar pela sustentabilidade do planeta, ao garantir a convivência pacífica en-
tre todos e o respeito à diversidade. (GROSSI, 2008, apud ARANA, 2015, p.
26670).
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A leitura tem o poder de desenvolver a capacidade intelectual e crítica das
pessoas, devendo assim, fazer parte do seu dia a dia e desenvolver a criatividade
em relação ao seu próprio meio e o meio externo.
Quando a criança é incentivada a ler, ela se torna ativa e está sempre dispos-
ta a desenvolver novas habilidades, querendo sempre mais. Ao contrário das crian-
ças que não têm acesso à leitura, pois ela se prende apenas dentro de si mesma
com medo do desconhecido. “A leitura, como andar, só pode ser denominada depois
de um longo processo de crescimento e aprendizado.” (BACHA, 1975).
Para tornar o mundo um lugar melhor é necessário que se integre uma políti-
ca de incentivo à leitura e a inclusão de novos leitores à educação. Pois, somente
através do incentivo à leitura é que serão conquistados resultados efetivos para a
educação.
É importante ler textos, não somente os escritos, mas também aqueles que
estão sujeitos a uma interpretação pessoal, como os símbolos, uma figura, um de-
senho, e saber o que aquilo está transmitindo.
Sabemos que existem vários tipos de textos, que nos deparamos no dia a dia,
textos longos e breves, sempre com o objetivo de transmitir uma mensagem, uma
ideia. Existem textos que nos deixam desestimulados, pelo conteúdo extenso, e um
contexto distante de nossa realidade, como leitores.
Entre os diversos tipos de leitura que são mostrados por muitos autores, po-
demos resumir:
I) Leitura de higiene mental ou recreativa;
II) Leitura técnica;
III) Leitura de informação;
IV) Leitura de estudo. Na “leitura de higiene mental ou recreativa” o objeti-
vo é trazer uma satisfação, um prazer ao ato de ler, bem como entreter
e distrair, seria o caso de leitura de revistas em quadrinhos, romances
etc. Andrade (1999).
A “leitura de informação” estará sempre ligada aos fatos da cultura em geral.
A “leitura técnica” leva em conta a capacidade de se ler, interpretar e desvendar grá-
ficos e tabelas. Existe ainda a “leitura de estudo" que tem em vista a construção de
informações para obter um conhecimento efetivo do objeto estudado.
Como dito, a leitura é, foi e sempre será uma parte fundamental para a vida
em sociedade. Ler é muito mais do que decifrar códigos ou reconhecer as letras e
formar palavras, ler é dar sentido às palavras e aplicar o que se lê a própria vida,
para que assim, seja possível agregar conhecimentos. Para cada finalidade na vida
existe um tipo de leitura específico.
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metas relacionadas com as suas disciplinas, com o objetivo de ensinar o aluno a ler
diferentes tipos de textos e a perceber diferentes formas de leitura e entendimento.
Assim, o aluno terá mais amparos para a sua leitura racional e emocional e,
principalmente, para a leitura de mundo. Freire (1994) disse que “a leitura de mundo
precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitu-
ra daquele”. Dessa forma, o desenvolvimento da leitura quando é bem trabalhado,
permite ao aluno despojar de todos os benefícios que uma leitura de qualidade traz.
Fazer parte da sociedade como um cidadão ativo, com pensamentos críticos e ide-
ais condizentes são os resultados de uma boa educação literária.
Essa citação sintetiza que a leitura gráfica, ou seja, dos livros, revistas, jornais
é precedida pela leitura da vida. Cada ser humano tem vivências e experiências dife-
renciadas, portanto, cada um tem uma forma de interpretar uma determinada situa-
ção, conforme os padrões da construção de ideias em que o mesmo foi inserido.
Afirma Maria Helena Martins (1986), “Enfim, dizem os pesquisadores da lin-
guagem, em crescente convicção: aprendemos a ler lendo. Eu diria vivendo”. É evi-
dente tanto para Martins (1986) quanto para Freire (2008) que viver precede a leitu-
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ra, cada pessoa tem suas experiências individuais, e ao ler, muitos se identificam na
forma escrita da leitura.
Assim, a escola tem o dever de fornecer a continuidade ao desenvolvimento
da leitura, tanto da leitura de mundo quando à escrita, ao indivíduo. Ela tem o papel
de formar um cidadão crítico, envolvido com as causas sociais e cientes do mundo
ao seu redor. A instituição escolar como parte fundamental da formação leitora do
aluno deve dispor de uma estrutura de qualidade; livros atuais e em bom estado de
uso, usufruir de uma infraestrutura sólida, com ambientes bem projetados e bibliote-
cas conservadas. Conforme Freire (2008): “A compreensão crítica da alfabetização,
que envolve a compreensão igualmente crítica da leitura, demanda a compreensão
crítica da biblioteca”. Assim, quando a escola investe na biblioteca, tanto na parte
física, disponibilizando um ambiente confortável onde o aluno se sinta bem e incenti-
vado a ler um livro tranquilamente, quanto na parte motivacional, exercendo e em-
pregando a cultura da leitura, onde os professores incentivem à ida à biblioteca, a
escola, assim, exercerá seus deveres quanto ao seu papel de fornecer a cultura da
leitura, e assim formar cidadãos capazes de compreender melhor o contexto do
mundo em que estão inseridos e de lidar com questões sociais, emocionais, afetivas
e psicológicas.
Em boa parte dos casos o indivíduo não recebe apoio ou incentivo em casa
para manter o hábito de ler, muitas vezes pela situação financeira da família não ser
adequadamente suficiente para manter tal costume, outras vezes pelo círculo vicioso
que passa de pai para filho, pois onde os pais não leem os filhos provavelmente não
lerão também. Daí entra a escola, complementando essa brecha.
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Muitos alunos talvez não tenham muitas oportunidades fora da escola, de
familiarizar-se com a leitura; talvez não vejam muitos adultos lendo; talvez
ninguém lhes leia livros com freqüência. A escola não pode compensar as
injustiças e as desigualdades sociais que nos assolam, mas pode fazer mui-
to para evitar que sejam acirradas em seu interior. Ajudar os alunos a ler, a
fazer com que se interessem pela leitura, é dotá-los de um instrumento de
aculturação e de tomada de consciência cuja funcionalidade escapa dos li-
mites da instituição. (SOLÉ, 1998, apud ARANA, 2015, p. 26676).
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ensinar e aprender são contextualizados e dessa forma permite ao aluno se
relacionar com os aspectos presentes da vida pessoal, social e cultural,
mobilizando as competências cognitivas e emocionais já adquiridas para
novas possibilidades de reconstrução do conhecimento. Isso evidencia a
necessidade de trabalhar com o desenvolvimento de competências e habili-
dades, às quais se desenvolvem por meio de ações e de vários níveis de re-
flexão que congregam conceitos e estratégias, incluindo dinâmicas de traba-
lho que privilegiam a resolução de problemas emergentes no contexto ou no
desenvolvimento de projetos. (BRASIL, 1998, apud ARANA, 2015, p.
26677).
O papel da escola, mais do que formar leitores, é de formar leitores que con-
textualizem o objeto lido com a sua carga de conhecimento, leitores que raciocinam
e que mantenham uma relação crítica e opinativa com o que está sendo lido, que
buscam entender o conteúdo transmitido com o objeto de leitura. Ainda indicam os
Parâmetros Curriculares Nacionais:
Então, observou-se aqui que a escola tem um dever para com a os discentes,
estimulando à leitura, ensinando-os, mas não apenas na forma gráfica, ou seja, o
letramento da forma, mas a como se ler os fatos, as mensagens que estão implícitas
no contexto, formando cidadãos conscientes do mundo ao seu redor, passando a
mensagem que por meio da leitura pode-se conquistar conhecimento e crescimento
intelectual, que através da mesma pode-se descobrir e redescobrir fatos que pos-
sam vir a ter várias formas de interpretação. A leitura abre um leque de oportunida-
des de crescimento, e a escola tem o compromisso de repassar esse conhecimento
aos seus alunos, ensinando-os a compreenderem as ciências e o mundo em que
vivem.
Para conquistar o gosto dos alunos à leitura, são necessárias algumas estra-
tégias, para que todos, desde os que têm facilidade de entender até os que têm difi-
culdade, consigam chegar a um nível satisfatório de compreensão e aproveitamento
da leitura. O objetivo é sempre conquistar o aluno e fazê-lo interagir com o que está
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sendo transmitido, formar opiniões e ensiná-lo a expressá-las. O termo “estratégia”
pode ser empregado com sentidos diferentes, que depende de um contexto. Aqui,
pode ser considerado como um procedimento, nesse caso, procedimento de leitura.
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Seguindo os passos sobre as estratégias de compreensão leitora imposta por
Solé (1998), temos:
I) Atividades antes da leitura:
Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto;
Antecipação do tema ou ideia principal como: título, subtítulo, do exa-
me de imagens.
Expectativas em função do autor ou instituição responsável pela publi-
cação.
II) Atividades durante a leitura:
Retificação, confirmação ou rejeição das idéias antecipadas ou expec-
tativas criadas antes do ato de ler;
Utilização do dicionário para consulta, esclarecendo sobre possíveis
dúvidas do vocabulário;
Identificação de palavras-chave;
Suposições sobre as conclusões implícitas no texto, com base em ou-
tras leituras, valores, experiências de vida, crenças;
Construção do sentido global do texto;
Busca de informações complementares;
Relação de novas informações ao conhecimento prévio;
Identificação referencial a outros textos.
III) Atividades para depois da leitura:
Construção do sentido sobre o texto lido;
Troca de opiniões e impressões a respeito do texto;
Relacionar informações para concluir ideias;
Avaliar as informações ou opiniões expressas no texto lido;
Avaliar criticamente o texto abordado Solé (1998).
Para conseguir seguir essas ideias apresentadas pela autora, o leitor deve
dominar os níveis mais básicos da leitura, com intervenção de um professor a lhe
orientar como proceder ao longo do processo da mesma.
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ponder questões específicas. Portanto, é de extrema importância utilizar as
fases da leitura informativa ou de estudo para se obter uma leitura proveito-
sa. (ANDRADE, 1999, apud ARANA, 2015, p. 26680).
I) Leia o texto para obter a visão geral sobre o que foi escrito sem a
preocupação de aprender alguma coisa ou discutir as idéias do au-
tor;
II) Faça uma segunda leitura (leitura analítica) e anote palavras,
termos ou frases ou anotadas em uma folha de papel para serem
pesquisados durante a leitura ou posteriormente. Nesse momento
deve ter sempre em mãos um dicionário para esclarecer algumas
dúvidas que porventura surjam durante a leitura. Você deve também
marcar com um ponto de interrogação dúvidas ou discordâncias so-
bre o que foi escrito pelo autor;
III) Leia novamente o texto e destaque ou sublinhe apenas as pala-
vras essenciais ou palavras-chave, que segundo a NBR (Norma
Brasileira) 6028 significa “palavra representativa do conteúdo do
documento, escolhida, preferentemente, em vocabulário” (ABNT,
2003, p.1). Estas palavras ou frases informam sobre a idéia princi-
pal do texto. (Diniz & Silva, 2008, apud ARANA, 2015, p. 26680).
É muito importante esse sistema de destaque para o aluno, assim ele conse-
guirá gravar com mais facilidade os termos destacados. Sublinhando apenas o que é
realmente importante, ele terá maior facilidade ao retomar ao assunto tratado e terá
também aproveitado as partes que mereciam destaque, memorizando com mais fa-
cilidade e guardando, assim, o que realmente será utilizável.
O educador deve estar atento àqueles que demonstrarem dificuldade de raci-
ocínio e àqueles que não compreendem o conteúdo, e que tem problemas ao admi-
nistrar as estratégias de leitura. Para esses, devem ser criadas situações que os fa-
çam se sentir inclusos e seguros para efetuarem a leitura.
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Os estudos de entrevistas revelam que as crianças com dificuldades
de compreensão apresentam menos conhecimento explícito de lei-
tura e das estratégias de leitura que os bons leitores. (...) A evidên-
cia é bastante consistente de que as crianças com dificuldades de
compreensão são menos eficazes que o grupo sem dificuldade no
uso de estratégias de execução para leitura. O porquê disto ainda
permanece indefinido. A compreensão fraca pode ser o resultado de
uma dificuldade em dispor de estratégias de execução. (DO-
CKRELL; MCSHANE, 2000, apud ARANA, 2015, p. 26681).
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ra, dentro de seus limites e possibilidades, como diz os Parâmetros Curriculares Na-
cionais.
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Então, observou-se que as estratégias de leitura são apropriadas, porque
através delas pode-se alcançar um melhor aproveitamento do aluno, levando-o a
tomar opinião e partido sobre o objeto lido. Através das estratégias de leitura pode-
se delimitar o espaço do ensino, restringindo cada estratégia para níveis diferentes
de escolaridade.
Assim, o educador terá uma meta, um horizonte por onde se guiar, podendo
assim explorar o que o educando tem de melhor. Com uma boa estratégia de leitura
pode se observar um rendimento positivo do aluno, pois ele passa a entender me-
lhor a leitura e os seus meios de se aprender. A partir do momento que a criança é
inserida no universo da leitura, a sua vida passa a ter mais sentido, pois a literatura
proporciona o entendimento das ciências, e faz com que o individuo crie o hábito de
refletir, proporcionando assim uma evolução interior, evolução do pensar e do viver.
Nenhum lugar seria melhor para ser ministrado esse hábito básico, que é o
hábito da leitura, do que no ambiente escolar, onde a criança e o adolescente têm
todo um aparato, uma estrutura para se ter sucesso na aprendizagem do mesmo.
Nesse ambiente é que se encontram profissionais habilitados para ministrar aulas;
os professores que acompanham a vida escolar do educando desde a sua pré-
escola, são os verdadeiros responsáveis pelo sucesso do ensino da leitura. Um pro-
fessor apaixonado pelo o que faz é sinônimo de alunos apaixonados pelo o que
aprendem. As estratégias de ensino funcionam desde que existam professores que
acreditem nelas e na capacidade de que com paixão e vontade o sucesso vem. Tal-
vez essa seja a maior estratégia de ensino da leitura, a paixão de ensinar.
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6 CRIANÇA E O DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA
Fonte: novaescola.org.br
A linguagem foi considerada por Luria como um dos fatores “decisivo que de-
termina a passagem da conduta animal à atividade consciente do homem” (Luria,
1986, p.22).
Nesse sentido, a linguagem é entendida pelo autor como necessidade de co-
municação no processo de trabalho, que durante muito tempo esteve ligada à ativi-
dade humana concreta. Somente após longo processo de complexificação das for-
mas de existência, foi gradativamente se separando da prática e se tornando “um
sistema de códigos suficientes para transmitir qualquer informação, inclusive fora do
contexto de uma ação prática” (Luria, 1986, p.25).
Luria (1988) contrariando muitos psicólogos desenvolvimentistas (que procu-
ravam estudar a escrita na criança no momento em que esta iniciava sua vida esco-
lar) entendia que havia a necessidade de compreender como se desenvolve o pro-
cesso de aquisição da escrita, antes de ser submetida ao processo sistematizado de
alfabetização, já que ao começar a escrever seus primeiros registros no caderno, ela
não se encontra no seu primeiro estágio do desenvolvimento da escrita.
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As origens deste processo estão localizadas na pré-história do desenvolvi-
mento das funções superiores do comportamento infantil; portanto, quando a criança
atinge a idade escolar, ela já se relacionou, exercitou, interagiu e apropriou-se de
habilidades e técnicas que possibilitarão a ela aprender a escrever em um espaço
muito pequeno de tempo (GONTIJO, 2002).
Gontijo (2002) parafraseando Luria escreve que os rabiscos das crianças são
os primeiros indícios de escrita pela criança na tentativa de imitar a escrita realizada
pelos adultos com que esta interage. “Esses primeiros rabiscos ou garatujas produ-
zidos pela criança [...] dizem respeito às formas externas da escrita, e a escrita é um
conhecimento que não se reduz à sua externalidade” (GONTIJO, 2002, p. 17). A es-
crita é muito mais que imitação de gestos ou riscos ela é carregada de significados
adquiridos nos contextos culturais. Assim, a escrita é um meio pra recordar, para
representar algum significado (LURIA, 1988).
Durante as investigações acerca da escrita das crianças Luria observou que
por volta dos três a cinco anos de idade as crianças rabiscam como se fosse uma
brincadeira. Ou seja, “nesse estágio de desenvolvimento, na realidade ainda não
constituem uma escrita ou mesmo um auxílio gráfico, mas apenas desenhos no pa-
pel” (LURIA, 1988, p.156). Assim, as crianças quando rabiscam organizam de tal
maneira os rabiscos para que possam lembrar com facilidade o significado do que
estaria representado pelos rabiscos (GONTIJO, 2002, p. 17).
No entanto, muitas vezes as crianças organizam os rabiscos, ao se remete-
rem aos mesmos não lembravam mais o que significavam.
Para Luria (1988) esta fase do grafismo se apresenta como sinais primários
da escrita, porém ainda não podem ser chamados de signo simbólico, porque nem
sempre a criança recorda os seus significados. Nesta fase a escrita é imitativa, o
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grafismo realizado pela criança não a ajudam a lembrar do que ela fez em razão de
a criança não ter desenvolvido a função mnemônica. Ou seja, a criança não é capaz
de “utilizar sua produção escrita como suporte para recuperação da informação a ser
lembrada” (OLIVEIRA, 2010, p. 71).
Pode-se inferir que Luria faz uma comparação da pré-escrita (rabiscos) reali-
zada pela criança com as primeiras tentativas de escrita realizadas pelos primórdios.
Assim, evidencia-se que a escrita é uma criação cultural e por meio da qual o sujeito
vai estabelecendo relações sociais. A criança ao estabelecer relações externas com
a escrita por meio das vivências faz com que a escrita vá ganhando significação e
passa a ser internalizada por meio das mediações que vão ocorrendo. À medida que
estes processos ocorrem às funções psicológicas superiores se desenvolvem e os
conceitos do uso social da escrita na cultura, vão sendo apropriados, muitas vezes,
mesmo sem a criança conhecer o sistema de escrita alfabética.
A criança desde que nasce estabelece relação com o mundo que a circunda
seja ele de natureza física ou humana. É nas relações e interações com os sujeitos
humanos que a criança desde que nasce vai se comunicando, primeiramente por
meio de uma linguagem rudimentar (choro, resmungos, gestos, entre outros) que vai
ganhando significado cultural e, nestes contextos, se apropria de aprendizagens e
desenvolve a fala. Também, nestes espaços vai interagindo com signos e os signifi-
cados destes na e pela cultura.
Prosseguindo o processo de desenvolvimento da aquisição da escrita, a cri-
ança também apresenta a fase topográfica em que distribui registros, rabiscos como
manchas linhas no “espaço de papel” sem relação com o conteúdo das sentenças
faladas, produzindo o que Luria chama de ‘marcas topográficas’: “[...] essas marcas
ainda não são signos, mas fornecem pistas rudimentares que poderão auxiliar na
recuperação da informação” (OLIVEIRA, 2010, p. 73).
Na fase topográfica da escrita as crianças começam a fazer relação da escrita
com as sentenças faladas. Assim, para as frases curtas são registradas marcas cur-
tas, frases longas identificadas por marcas longas. As marcas realizadas pela crian-
ça no papel são os primeiros rudimentos que mais tarde se tornarão a escrita (LU-
RIA, 1988).
Assim, a escrita passa a ter para a criança valor simbólico. E outros elemen-
tos começam a aparecer nos registros de escrita como “número, forma, cor,
são introduzidos e influenciam a escrita que se torna diferenciada e permite
que a criança, pela primeira vez, leia o que escreveu” (COELHO, 2012,
apud BORDIGNON, 2015, p. 26033).
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da escrita sem que, muitas vezes, passem pelo processo descrito, conforme estudos
realizados por Luria por volta dos anos de 1920. Isto ocorre porque atualmente as
crianças ingressam mais cedo na escola, são alfabetizadas mais cedo e vivem em
um meio que a presença da língua escrita é muito marcante.
Com base nos autores abordados, identifica-se que a escrita enquanto produ-
ção cultural do sujeito humano é construída a partir de necessidades destes de se
comunicar com seus pares. “A escrita não é algo natural no desenvolvimento do ser
humano, mas algo que se aprende dentro da cultura e, por isso, necessita do esfor-
ço de quem aprende e de quem ensina” (DUARTE, 2014, p. 4).
Portanto, a escrita não é algo inato, mas apreendida e significada pelos sujei-
tos nas relações sociais que este vai estabelecendo ao longo de seu desenvolvimen-
to. Neste sentido, entende-se como fundamental que a escola, no seu fazer pedagó-
gico, no tocante a aquisição dos processos da escrita, reveja seu fazer pedagógico.
Pois,
34
Vygotsky (1998) observa que existe diferença entre a apropriação da escrita e
a linguagem escrita, uma vez que o ensino da linguagem escrita depende de um
treinamento artificial. Tal treinamento requer atenção e esforços enormes, por parte
do professor e do aluno, podendo-se, dessa forma, tornar fechado em si mesmo,
relegando a linguagem escrita para segundo plano (VYGOTSKY, 1998).
Nessa perspectiva, o processo de aquisição da escrita pela criança necessita
ser compreendido a partir de contextos culturais e históricos de desenvolvimento e
inserção dos sujeitos humanos. Assim, como o sujeito não nasce pronto, mas se
constrói humano nas relações que estabelece com os membros de sua espécie,
também a escrita não é um processo nato no sujeito, mas construída nas relações
dos sujeitos humanos em situações concretas que envolvem a escrita.
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independente, que pode ser construído e reconstruído a cada momento, de acordo
com suas próprias características e regras de composição.
Assim como Piaget, Vigotski (2000) também afirma que o sujeito é ativo no
processo de aquisição do conhecimento. Para este autor o indivíduo adquire o co-
nhecimento através da sua inserção na vida social e cultural do ambiente em que
vive. Isso ocorre através de relações interpessoais (interpsicológicas) que se trans-
formam em relações internas (intrapsicológicas).
No entanto, esses dois autores divergem quanto ao modo como ocorre a in-
ternalização do conhecimento. Enquanto Piaget diz que o conhecimento surge dire-
tamente da ação do sujeito sobre o objeto, Vigotski afirma que o processo do conhe-
cimento necessita de uma mediação entre o sujeito e o objeto, ou seja, a relação do
homem com o mundo não é uma relação direta, mas fundamentalmente mediada.
De acordo com essa afirmação de Vigotski, pode-se dizer que os momentos
de experimentação, de “erros” e “acertos”, são extremamente importantes para o
progresso do conhecimento da criança. Esses momentos devem ser detectados pelo
professor para que ele possa efetivamente ajudar o aluno, pois o papel da interven-
ção pedagógica é o de uma relação mediadora entre o sujeito e o objeto na constru-
ção do conhecimento.
38
Apesar de as autoras considerarem como uma das melhores a definição dada
acima sobre a unidade “palavra”, elas fazem, logo a seguir, a reflexão de que exis-
tem “zonas de flutuação, incerteza ou oscilação na definição dentro da mesma lín-
gua”. Elas usam como exemplo, no português, as palavras antes de ontem e anteon-
tem, que carregam a mesma ideia conceitual, mas que são escritas de maneiras di-
ferentes, com uma ou com três palavras gráficas. Essa “flutuação” também pode ser
um dos fatores que dificulta a segmentação das palavras para a criança.
Para Ferreiro e Pontecorvo (1996), a noção de “palavra” é instável para a cri-
ança pré-alfabetizada, podendo significar um fragmento do enunciado, o enunciado
completo ou ainda letras isoladas. A segmentação lexical começa a sistematizar-se
quando a criança entra para a escola. As autoras verificam que nesse período é
mais fácil a criança identificar, como palavras, os substantivos, os verbos e os adjeti-
vos, ficando as demais classes gramaticais, principalmente os artigos, conjunções,
preposições e outros elementos de ligação, como uma “não palavra”.
Quando a criança não reconhece algum segmento como palavra, a tendência
natural é que associe esse segmento àquele que reconhece como tal, aparecendo,
portanto, uma grande incidência de hipossegmentações. Pode-se, consequentemen-
te, verificar uma elevada tendência à construção de “palavras fonológicas” e “grupos
clíticos”. No entanto, Ferreiro e Pontecorvo (1996, p.61) constatam que “as mesmas
sequências que produzem a maior parte dos problemas de hipossegmentação são
também as que produzem a maior parte dos problemas de hipersegmentação”. Isso
aconteceria devido à instabilidade da conceituação por parte da criança do que é
“palavra” e de seus limites. Enquanto algumas unem o clítico à palavra adjacente
(1.a), outras, ao identificarem sequências semelhantes dentro de uma palavra, as
separam (1.b).
(1) a) de repente > derepente
em cima > emcima
b) demais > de mais
embora > em bora. (Cunha, 2004).
Ferreiro e Pontecorvo (1996, p.64) concluem dizendo que “a escrita das cri-
anças parte de formas unidas (em geral, segundo critérios gráficos e sintáticos) e
evolui para uma segmentação cada vez mais completa”. As autoras também consi-
39
deram importante que seja levado em conta, nos textos infantis, qual a noção de pa-
lavra gráfica na língua estudada.
7 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
40
A partir desta perspectiva, Soares (2004) assegura que a alfabetização era
compreendida, até então, apenas como a aprendizagem do sistema convencional de
escrita, por isso oscilava-se em busca do melhor método de alfabetização, os quais
tinham por objetivo a aprendizagem do sistema alfabético e ortográfico da escrita.
Para o mesmo autor, até meados dos anos 80 a alfabetização escolar no Bra-
sil pendia entre os métodos analítico e sintético, com a hipótese de que para o aluno
aprender o sistema de escrita precisaria de estímulos externos. O domínio do siste-
ma de escrita era pré-requisito para o desenvolvimento das capacidades de uso da
leitura e da escrita, “isto é, primeiro, aprender a ler e a escrever [...] para só depois
de vencida essa etapa [...] ler textos, livros, escrever histórias, cartas, etc” (SOA-
RES, 2004, p. 98).
Porém, com o objetivo de sanar problemas ainda relacionados ao fracasso
escolar na alfabetização de crianças, introduziu-se no Brasil o pensamento constru-
tivista sobre alfabetização, resultante de pesquisas de Emília Ferreiro e outros parti-
cipantes. O foco deixa de ser o processo de aprendizagem através dos métodos de
ensino, e volta-se para o processo de aprendizagem da criança.
Esse novo olhar da escola sobre o ensino e aprendizagem da leitura e escrita
como processo de alfabetização, trouxe uma significativa mudança para a área de
educação, pois quebrou os paradigmas da mera codificação (escrever) e decodifica-
ção (ler), contrapondo-se com o “tradicional”.
Soares (2004, p. 98) explica que o construtivismo “alterou fundamentalmente
a concepção do processo de aprendizagem e apagou a distinção entre aprendiza-
gem do sistema de escrita e práticas efetivas de leitura e de escrita”. Tal mudança
permitiu explicar a maneira pela qual uma criança constrói o conceito sobre o siste-
ma e as práticas de leitura e escrita, o que possibilitou identificar como o processo
se desenvolveria de modo mais adequado, a partir da interação dos alunos com prá-
ticas e materiais reais.
41
8 O CENÁRIO ATUAL DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL
Fonte: novaprint.com.br
De acordo com Morais (2012), a partir da década de 80, houve uma grande
aversão às antigas formas de alfabetizar, o que fez com que os professores aban-
42
donassem as velhas metodologias, como se fosse algo proibido. Assim, não havia
uma didática sistematizada de alfabetização, visto que passou a acreditar-se que os
alunos aprenderiam a ler e a escrever espontaneamente, apenas com o auxílio de
atividades de leitura e produção textual. Dessa maneira,
[...] é um tempo sequencial de três anos (600 dias letivos), sem interrup-
ções, dedicados à inserção da criança na cultura escolar, à aprendizagem
da leitura e da escrita, à ampliação das capacidades de produção e com-
preensão de textos orais em situações familiares e não familiares e à ampli-
ação do universo de referências culturais dos alunos nas diferentes áreas
do conhecimento. (MEC, 2004, 2006, apud MORAIS, 2012, p. 3).
Muitos educadores passaram a achar não só natural que uma alta percen-
tagem de alunos das redes públicas conclua o primeiro ano sem estar com-
preendendo a escrita alfabética, como também que o processo de alfabeti-
zação pode se “arrastar”, sem que as crianças cheguem ao final do terceiro
ano ensino fundamental com um domínio das correspondências grafema-
fonema de nossa língua, que lhes permita ler e escrever pequenos textos
com autonomia. (MORAES, 2012, apud SANTOS, 2017, p. 3).
Antes mesmo de adentrar o espaço escolar a criança tem ideias e faz hipóte-
ses sobre o código escrito. Compreende-se então a importância da inserção das
práticas de letramento na escola, pois segundo Kleiman (2007):
44
O processo de letramento refere-se ao conjunto de práticas que modificam a
sociedade, é mais que alfabetizar, consiste em ensinar a ler e escrever num contex-
to onde a leitura e a escrita tenham sentido e que leve em consideração a vida do
aluno, seus conhecimentos (ALMEIDA; FARAGO, 2014).
Fonte: webquestfacil.com.br
46
uma nova palavra para designá-las. Ou seja: uma nova realidade social
trouxe a necessidade de uma nova palavra. (SOARES, 1998, apud ARDI-
TO, 2016, p. 18).
[...] alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao
contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever
no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, do modo que o indi-
víduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (SOARES,
1998, apud ARDITO, 2016, p. 18).
Existem alfabetizados iletrados, que são aqueles que sabem ler e escrever,
mas não sabem fazer uso das práticas sociais de leitura e escrita. E existem os anal-
fabetos letrados, que mesmo sem a aquisição da leitura e escrita, compreendem o
que pessoas alfabetizadas leem, sabem opinar e criticar se necessário, compreen-
dem o mundo.
48
10 O MÉTODO PAULO FREIRE DE ALFABETIZAÇÃO
Paulo Freire ficou conhecido mundialmente por ter criado um “método” de al-
fabetização de adultos que partia do diálogo e da conscientização. Diferencia-se dos
demais quando, em seus dois primeiros passos, “codificação” e “descodificação”,
busca transformar a consciência ingênua do alfabetizando em consciência crítica,
por meio da “leitura do mundo” enquanto, no 3º e 4º passos (Análise e síntese, e
Fixação da leitura e da escrita), desenvolve a consciência silábica e alfabética, le-
vando os alunos ao domínio das correspondências entre grafemas e fonemas. Nes-
tes passos, está caracterizado o avanço desse método em relação ao método fônico
e o das cartilhas, visto que a análise e a síntese vêm de uma palavra real, cujo signi-
ficado o aprendiz conheça, retirando-se dela a sílaba, para que o aluno veja e per-
ceba a combinação fonêmica na constituição de sílabas e, a seguir, na composição
de novas palavras.
A proposta fônica desconhece que as letras são realidade da escrita e só po-
dem ser lidas em sílabas na realidade da fala, quando faz o aluno repetir os sons
das letras, ignorando que os fonemas consonantais não são pronunciáveis isolada-
mente. Hoyos-Andrade esclarece, conceituando as sílabas como:
49
te, ir alternando as letras que representam graficamente as vogais (a, i, o, e, u) e
indagando sobre qual sílaba formamos que, de pronto, passará a compreender a
sistemática de associação de consoantes e vogais na composição silábica, de ma-
neira clara e sem artifícios.
O Método Paulo Freire foi pouco divulgado e estudado, no Brasil; quando
usado pelo Mobral, foi descaracterizado, porque teve seus passos da “codificação” e
“descodificação” excluídos do processo de alfabetização, sendo transformado em
mero método das cartilhas, impedindo os alfabetizadores e alfabetizados de fazer a
“leitura de mundo”, que transforma a consciência ingênua em consciência crítica.
50
consistem na criação de uma oração para posteriormente extrairmos significados
dela. Ambos os aspectos compõem o processo de aquisição da linguagem e apre-
sentam os níveis da sintaxe, da semântica e da fonologia, que envolvem, respecti-
vamente, as unidades de oração, a transmissão de significados e os sons da fala
(Atkinson et al, 2002).
Contudo, é importante salientar que a linguagem não consiste apenas na co-
municação e transmissão de ideias pelas palavras, que são cruciais no desenvolvi-
mento cognitivo, mas também na comunicação não verbal, isto é, em gestos e as
ações, movimentos que expressam emoções sociais (Papalia & Olds, 2000).
As mesmas autoras, ao explanarem a respeito do desenvolvimento da lingua-
gem afirmam que antes das primeiras palavras serem pronunciadas há uma fase
denominada pré-linguística. Esta fase é caracterizada pela emissão de sons que
progridem do choro e da produção de fones como “ahhh” ou “gritinhos”, para os bal-
bucios, gestos e imitação de sons embora não haja compreensão dessa imitação.
Há um repertório de sons sequenciados em padrões que soam como linguagem,
mas que parece não possuir significado. Ao longo desse período os bebês desen-
volvem a habilidade de reconhecimento e de compreensão dos sons da fala e a ca-
pacidade de utilização de gestos com significado, e apenas no final do primeiro ano
dizem a primeira palavra. Vale ressaltar que a fase pré-linguística é rica em expres-
são emocional.
Como já dito antes, em razão da linguagem ter a finalidade também de comu-
nicar principalmente o pensamento, Piaget (1967), com os estudos referentes à gê-
nese do conhecimento, evidencia também aspectos relativos à aquisição e desen-
volvimento da linguagem. Segundo ele, a linguagem não é suficiente para explicar o
pensamento, uma vez que o mesmo tem raízes na ação e nos mecanismos sensó-
rio-motor, os quais, para o autor, são mais significativos que o fator linguístico. Po-
rém,
[...] não é menos evidente que quanto mais refinadas as estruturas do pen-
samento, mais a linguagem será necessária para complementar a elabora-
ção delas. A linguagem, portanto, é condição necessária, mas não suficien-
te para a construção de operações lógicas. Ela é necessária, pois sem o
sistema de expressão simbólica que constitui a linguagem, as operações
permaneceriam no estado de ações sucessivas, sem jamais se integrar em
sistemas simultâneos ou que contivessem, ao mesmo tempo, um conjunto
de transformações solidárias. Por outro lado, sem a linguagem as opera-
ções permaneceriam individuais e ignorariam, em consequência, esta regu-
51
larização que resulta da troca individual e da cooperação (Piaget, 1967,
apud SENRA, 2012, p. 2).
De um modo geral, em relação aos tipos de fala, que é uma das manifesta-
ções da linguagem, vale ressaltar a fala privada. Papalia e Olds (2000) afirmam que
ela é referente à fala consigo mesmo, sem a função de comunicar. Essas autoras
apresentam as concepções de Piaget e de Vygotsky relativas a este tipo de fala, e
afirmam que enquanto para Piaget ela é denominada egocêntrica pelo fato de a fun-
ção simbólica não estar plenamente desenvolvida e, com isso, fazer com que pala-
vras e ações representadas por palavras não sejam distinguidas; Vygotsky a conce-
be como elo de integração entre linguagem e pensamento, pois, à medida que ela
aumenta no curso do desenvolvimento, a criança torna-se capaz de orientar e domi-
nar ações, só desaparecendo quando o mesmo processo é feito silenciosamente.
Nos estudos referentes às raízes genéticas do pensamento e da linguagem,
ao descrever os experimentos que realizou, Vygotsky (1998) compara tais estudos
àqueles realizados por Piaget. De acordo com Vygotsky (1998) há divergências en-
tre eles, sobretudo no que concerne às funções da fala egocêntrica. Enquanto para
este autor a fala egocêntrica deve ser concebida a partir da compreensão da função
primordial da fala, que é o contato social e a comunicação, e que sua função consis-
te na transferência dos modos sociais e cooperativos de conduta para o âmbito das
funções psíquicas superiores e pessoais; para Piaget, esse tipo de fala não objetiva
comunicação, caracteriza-se por ser uma fala consigo mesmo desprovida de inten-
cionalidade, e sem qualquer funcionalidade útil para o comportamento da criança.
A fim de que se possa compreender essa concepção divergente dos dois au-
tores, é importante salientar que para Vygotsky (1998);
52
Segundo Vygotsky (1998), os estudos desses estágios permitiram concluir
que à medida que as crianças se desenvolvem, dirigindo sua fala para comunica-
ções específicas com os outros como, por exemplo, pedir comida ou brinquedo, elas
começam a dirigir a fala para si mesmas, levando à internalização de palavras e à
constituição da fala interior. Esta, por sua vez, envolve pensamentos verbais nortea-
dores do comportamento e da cognição, processo fundamental no desenvolvimento
e funcionamento psicológico humano, logo, na construção do conhecimento.
Papalia e Olds (2000), ao discorrerem a respeito dos aspectos da linguagem,
mencionam que as crianças ao adquirirem a capacidade de representar, começam a
formar e utilizar conceitos e a compartilhá-los com adultos. Segundo as autoras, as
crianças, em função do contexto em que vivem, rapidamente aprendem palavras por
meio de um mapeamento que logo as possibilitam absorver um significado, embora
ele seja usado de maneira generalizada para quaisquer objetos, espaço e tempo.
Isto é, uma criança, inicialmente, pode referir-se há diversos tempos futuros com a
palavra amanhã, em razão de a interpretação ainda ser bastante literal, o que faz a
criança assimilar um significado distinto daquele pretendido.
No curso do desenvolvimento, esta criança realiza com recorrência o referido
mapeamento, o qual a possibilita lançar mão do uso de metáfora. Em outras pala-
vras, o referido mapeamento viabiliza a utilização de uma figura de linguagem em
que palavras ou frases designadoras de um determinado objeto, pensamento é apli-
cada a outras situações. A recorrência do uso desta figura fornece à criança a capa-
cidade necessária para a aquisição de vários tipos de conhecimento (Papalia &
Olds, 2000).
Por seu curso, Oliveira (1992) faz alguns apontamentos referentes ao proces-
so de formação de conceitos investigado por Vygotsky em seus estudos acerca da
origem e dos tipos de fala. Através desses apontamentos a autora coloca que
56
As referidas funções, segundo o mesmo autor, não podem ser dominadas
apenas por meio de aprendizagem inicial. Este processo envolve aprendizagem con-
tínua, durante todo o curso do desenvolvimento, sobretudo quando a criança está
em idade escolar, pois ela passa a perceber os seus próprios processos psíquicos
enquanto processos significativos, o que a habilita a conceber as coisas sob uma
nova forma e a criar novas possibilidades de manipulá-las.
Através do estabelecimento de uma relação entre aprendizagem e desenvol-
vimento, verifica-se que o desenvolvimento da linguagem oral e da escrita difere en-
tre si. De acordo com ele, neste processo estão envolvidas as etapas de compreen-
são do significado figurado, a influência da gramática sobre o desenvolvimento men-
tal e “[...] a compreensão das relações no estudo das ciências sociais e naturais.”
(Vygotsky, 1998, p. 122), o que promove a citada diferença. Considerando isso, o
autor salienta que a linguagem escrita difere tanto estrutural quanto funcionalmente
da linguagem oral por exigir um nível de abstração com o qual a criança possa se
desligar do aspecto sensorial da fala e substituir palavras por imagens de palavras;
isto é, exige uma capacidade de representação simbólica ainda mais sofisticada.
A capacidade de representação simbólica exigida pela linguagem escrita ex-
plicita a relação que esta variação da linguagem estabelece com a fala interior e com
a oral, ambas constituintes da linguagem como um todo. A escrita segue o curso da
fala interior, a qual é precedida pela fala oral, que por sua vez permanece em posi-
ção intermediária em relação àquelas. A fala interior é condensada e abreviada, é
predicativa e conhecida pelo sujeito que pensa, enquanto a escrita deve possuir o
caráter explicativo para se fazer inteligível. Por um processo de transição a fala inte-
rior (compacta) passa à oral (detalhada) através de uma semântica deliberada, isto
é, uma “[...] estruturação intencional da teia de significado.” (Vygotsky, 1998, p. 124).
Com essas observações referentes aos tipos de fala – oral interior e escrita –
no decorrer do desenvolvimento, especialmente no período escolar, Vygotsky (1998)
constatou não somente que a gramática e a escrita contribuem para o desenvolvi-
mento da fala, como também que o aprendizado precede o desenvolvimento, mas
não em relação às bases psicológicas que o sustentam. O que acontece de maneira
contínua é uma interação e uma contribuição de/ entre ambos. Nesse processo de
influência mútua, não apenas o aprendizado tem função importante, a imitação é
também um mecanismo essencial, pois juntos – aprendizado e imitação inclusive da
57
fala – fazem emergir qualidades especificamente humanas que orientam o indivíduo
a novos níveis de desenvolvimento, de formação de conceitos.
Nesta perspectiva, Vygotsky (1998) faz uma crítica a Piaget em relação à
compreensão dissociada de pensamento e de aprendizado, afirmando que aprendi-
zado não se inicia na escola. Vygotsky amplia sua crítica ao discorrer a respeito da
inexistência de um elo primário entre pensamento e fala, o qual num determinado
momento promoveria uma influência mecânica de um sobre outro, de maneira que o
pensamento verbal seria resultado de uma união externa de ambos em razão de
serem elementos isolados e independentes. Contudo, de acordo com ele, há uma
evolução desses processos que promove a ocorrência de uma conexão que se mo-
difica e desenvolve. Esta conexão é denominada significado ou conceito, como já
abordado anteriormente.
Não apenas sujeito e predicado têm seus duplos psicológicos, mas também
gênero, número, caso, grau, etc. Um enunciado espontâneo, errado do pon-
to de vista gramatical, pode ter seu encanto e seu valor estético. A correção
absoluta só é alcançada para além da linguagem natural, na matemática.
Nossa fala cotidiana flutua entre os ideais da matemática e da harmonia
quantitativa. (VYGOTSKY, 1998, apud SENRA, 2012, p. 9).
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