Mapasse2005 Tese
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FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA GERAL E ROMÂNICA
CLÍTICOS PRONOMINAIS
EM PORTUGUÊS
DE MOÇAMBIQUE
MESTRADO EM LINGUÍSTICA
(Linguística Portuguesa)
2005
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA GERAL E ROMÂNICA
CLÍTICOS PRONOMINAIS
EM PORTUGUÊS
DE MOÇAMBIQUE
MESTRADO EM LINGUÍSTICA
(Linguística Portuguesa)
2005
i
Declaro que esta dissertação de Mestrado nunca foi apresentada, na essência, para a
obtenção de qualquer grau, e que ela constitui o resultado da minha investigação pessoal,
estando indicados no texto e na bibliografia as fontes que utilizei.
ii
DEDICATÓRIA
Lindane
iii
AGRADECIMENTOS
Às Professoras Inês Duarte, Isabel Leiria, Anabela Gonçalves, Maria João Freitas,
Perpétua Gonçalves, Ana Isabel Mata e Amália Mendes, cujo ensino foi fundamental para
a minha formação como linguista. A sua confiança, indispensável no caminho da
investigação.
Um agradecimento redobrado vai para os meus amigos e colegas Anabela Fidalgo Mendes,
José Rafael Mausse, José dos Santos Baptista, Orbai, Judite Mapoissa. Deles recebi
sugestões, críticas, confiança, estímulo e, sobretudo, muita amizade.
Aos meus alunos, interlocutores pacientes e perspicazes, que ao longo da minha vida
profissional têm sido um constante estímulo e aos meus inquiridos que, gentilmente,
aceitaram colaborar na produção de materiais para que este trabalho fosse possível.
iv
Ao Instituto Camões, por me ter concedido a bolsa para a frequência do curso de Mestrado
em Linguística Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Sumário
A presente dissertação tem como objectivo contribuir para uma melhor compreensão do
uso dos clíticos pronominais em Moçambique, que parece distanciar-se da norma padrão
do PE, por falantes com diferentes níveis de escolaridade: básico, médio e superior; por
profissionais de informação que em princípio fazem uso da norma e por falantes de
diversas camadas sociais, com diferentes níveis de competência linguística. Analisaremos
comparativamente os resultados sobre a selecção e colocação dos clíticos pronominais
obtidos em quatro tipos de materiais: redacções escolares, editoriais, cartas de leitores e um
teste de comportamento linguístico provocado.
Abstract
In Mozambique, the schooling factor is relevant for the access to the European Portuguese
norm. This research about pronominal clitics, with data organized by schooling levels,
besides, it helps to make clear the type of changes currently being produces on clitic
selection and clitic placement in Mozambique Portuguese, may be a good indicator of the
influence of the schooling variable on linguistic variation.
This dissertation includes an introduction and four chapters. The introduction presents the
theme, the goals, the hypotheses and the methodology. First chapter presents the various
types of clitics as well as their syntactic behaviour. Some studies of the pronominal clitics
in the European Portuguese, Brazilian Portuguese and the Portuguese from Mozambique
are also presented in this chapter. Second chapter concerns population characteristics,
corpus and methods used on data analysis. The results of the study are presented and
discussed on the third chapter with reference to the initial hypotheses. Finally, the fourth
chapter summarises the main conclusions of the thesis, with suggestions for further
research and for the teaching of Portuguese in Mozambique.
vii
Résumé
ÍNDICE
Introdução 1
Capítulo 1
Clíticos Pronominais: Tipos e Sintaxe
1.1 . Definição de clíticos pronominais 7
1.2 . Tipos de clíticos pronominais 8
1.2.1 . Clíticos com conteúdo argumental 8
1.2.1.1. Clíticos argumentais de referência definida 8
1.2.1.2. Clíticos argumentais de referência arbitrária 9
1.2.2. Clítico argumental proposicional: Clítico demonstrativo 9
1.2.3. Clíticos quase-argumentais 10
1.2.3.1. Clíticos com estatuto argumental e funcional 10
1.2.3.2. Clíticos referenciais não-associados à grelha argumental 10
1.2.4. Clítico com comportamento de afixo derivacional 11
1.2.5. Clítico sem conteúdo semântico ou morfo-sintáctico 11
1.3. Distribuição dos clíticos pronominais 11
1.4. Padrões de colocação dos clíticos pronominais 12
1.4.1. Posição enclítica 13
1.4.2. Posição mesoclítica 15
1.4.3. Posição proclítica 16
1.5. Estudos realizados sobre os clíticos pronominais 20
1.5.1. No Português europeu 20
1.5.2. No Português brasileiro 23
1.5.3. No Português moçambicano 25
Cápitulo 2
Metodologia de Investigação
2.1. Introdução 27
2.2. População 28
2.2.1. Os inquiridos 28
2.2.2. Os informantes 35
2.3. Materiais 36
ix
Capítulo 3
Análise dos dados
3.1. Introdução 49
3.2. Distribuição dos dados no corpus 49
3.3. Distribuição de entradas correctas e desviantes na base de dados 52
3.4. Entradas correctas 54
3.4.1. Colocação enclítica e proclítica em FVS e SeqVerbal 55
3.4.1.1 Colocação enclítica em FVS e SeqVerbal 56
3.4.1.2. Colocação proclítica em FVS e SeqVerbal 57
3.5. Entradas desviantes 59
3.5.1. Desvios quanto à selecção 59
3.5.2. Desvios quanto à colocação 63
3.5.3. Análise dos contextos desviantes 65
3.5.3.1. Próclise em vez de ênclise 66
3.5.3.2. Ênclise em vez de próclise 68
3.5.3.3. Ênclise ao 1º verbo ou próclise ao 2º verbo da SeqVerbal? 72
3.6. Teste de comportamento linguístico provocado 76
3.6.1. Resultados da tarefa de selecção 77
3.6.1.1. Selecção do acusativo 77
3.6.1.1.1. Selecções correctas do acusativo 78
3.6.1.1.2. Selecções desviantes do acusativo 78
3.6.1.2. Selecção do dativo 81
3.6.1.2.1. Selecções correctas do dativo 82
x
Capítulo 4
Conclusões
4.1. Conclusões gerais 103
4.2. Recomendações 105
Bibliografia 107
Anexos
Introdução
1
“A mudança do estatuto político de Moçambique operada em 1975 não implicou alterações à normatividade
linguística já em vigor, apesar das novas configurações que a realidade moçambicana assume, isto é, apesar
do novo contexto em que o Português passa a ser usado: a actividade linguística continuou a reger-se pela
norma-padrão usada em Portugal.” Firmino (1987:11)
2
Segundo Trudgill (1983:17), citado por Stroud 1997:25, uma norma padrão é a variedade
de uma língua:
Moçambique tem, desde 1983, um Sistema Nacional de Educação (SNE) que surgiu como
uma estratégia destinada a “criar condições para a formação de uma rede escolar mais
adequada e eficaz” (Mazula1995:171). No entanto, não chega a atingir estes objectivos
pois, apesar de estar bem estruturado, as condições de aprendizagem em contexto escolar
estão longe de proporcionar aos aprendentes uma competência comunicativa satisfatória,
devido ao fraco alcance das instituições educacionais, tanto no passado como no presente.
O uso, colocação e flexão dos pronomes pessoais clíticos parece ser um dos tópicos
sintácticos que apresenta um certo distanciamento em relação ao português europeu. Daí
que, no quadro das investigações disponíveis sobre o PM, já tenham sido realizados vários
trabalhos sobre os clíticos pronominais. De destacar a dissertação de doutoramento de
Gonçalves (1990), com incidência mais abrangente, e outros estudos mais parcelares de
Gonçalves (1985), (1993) e (1997), Firmino (1987), Semedo (1997) e a dissertação de
licenciatura de Machava (1994).
Gonçalves (1997: 58-59) constatou que, nos casos de perífrases verbais, a tendência
dominante é para a colocação do clítico em ênclise ao verbo auxiliar. E adianta que “ Só
uma investigação posterior pode revelar se é correcto analisar, do ponto de vista acentual, o
pronome como sendo enclítico ao verbo auxiliar, ou proclítico ao verbo principal.” É assim
que neste trabalho se pretende retomar o estudo dos clíticos pronominais em português de
Moçambique, para procurar caracterizar as condições que determinam certo padrão de
ordem do clítico pronominal, questão que ficou em aberto nos estudos já realizados sobre o
Português de Moçambique.
Tal como tem sido feito noutros países, esta norma seria muito provavelmente estabelecida
com base no discurso de pessoas instruídas2.
É assim que se contribui com este trabalho de investigação na área da sintaxe, na qual,
entre outros fenómenos, se observa que a colocação dos clíticos pronominais parece
caracterizar-se por um certo distanciamento em relação ao português europeu. Uma vez
identificadas as regras de colocação dos clíticos pronominais, este estudo será uma
contribuição para a fixação da futura norma do PM e consequentemente, terá, como se
espera, impacto didáctico-pedagógico.
(i) Avaliar se, no domínio da colocação dos clíticos pronominais, todos os desvios à
norma do Português Europeu são transitórios ou se alguns persistem na produção
de falantes adultos cultos;
(iii) Identificar as condições que determinam cada padrão de colocação dos clíticos
pronominais.
Para isso foi constituído um corpus que, pretendendo ser representativo, inclui
composições escritas produzidas por estudantes dos níveis básico, médio e superior, e
editoriais e cartas de leitores extraídas da revista “Tempo”, publicada em Moçambique.
Além disso, foi aplicado um teste de comportamento linguístico provocado (TCLP) com o
objectivo de obter dados que permitam identificar claramente a posição em que ocorre o
clítico pronominal nos casos em que o corpus escrito não permitia fazê-lo.
Os temas propostos aos inquiridos apoiaram-se em Leiria 2001 visto que os temas
seleccionados para esse trabalho eram suficientemente diversificados e abrangentes. Tendo
em conta a realidade moçambicana, alguns dos temas sofreram pequenas adaptações por
2
Sobre este assunto veja-se Gonçalves (2001).
5
forma a que fossem atractivos e acessíveis a todos os inquiridos. Optou-se pela recolha de
um corpus escrito não só porque é mais fácil de recolher e de tratar mas também porque é
mais propiciador do uso de clíticos pronominais do que o oral.
Com base nos dados recolhidos, pretendo identificar os padrões de colocação dos clíticos
pronominais em Português de Moçambique, e avaliar as seguintes hipóteses gerais:
Capítulo 1
Clíticos Pronominais: Tipos e Sintaxe
O presente capítulo faz uma breve descrição sobre a definição, as propriedades dos clíticos
pronominais, os diferentes tipos de clíticos em português, assim como os padrões de
colocação destes. O capítulo termina com a apresentação de alguns estudos realizados
sobre os clíticos pronominais no português europeu - PE, brasileiro - PB e no Português de
Moçambique.
Duarte (1983:159) define o clítico pronominal como sendo um constituinte da frase que é
fonologicamente e sintacticamente dependente de um verbo, adjacente a esse verbo, e que
é interpretado como sujeito, objecto directo ou indirecto do mesmo.
Cunha e Cintra (1999:78) definem o clítico pronominal como sendo o elemento que se
combina fonologicamente com palavras com que não forma construções morfológicas,
ficando a depender do acento dessas palavras e podendo ser enclítico, proclítico e
mesoclítico.
Ainda Matos (2003: 286-287) afirma que os clíticos pronominais são também designados
pronomes átonos ou clíticos especiais e que correspondem prototipicamente às formas
átonas do pronome pessoal que ocorrem associadas à posição dos complementos dos
verbos. Consoante a pessoa gramatical e a forma casual a que correspondem, os clíticos
pronominais podem ser não-reflexos e reflexos. Em relação à função sintáctica que os
clíticos desempenham, esta não se limita a denotar a pessoa gramatical, podendo, também,
exibir uma função predicativa, ou revestir-se de propriedades morfo-sintácticas
características de alguns sufixos derivacionais.
8
(3) (a) A Ana mandou-o [-] comprar os bilhetes e [-] marcar o restaurante.
(b) Acho que eles se conhecem [-] e encontram [-] regularmente na Faculdade.
(6) (a) A Joana disse que [ que ia à festa ] e a Amélia também o disse.
O dativo de posse difere do dativo ético pelo facto de, embora não esteja correlacionado
com uma posição argumental do predicador verbal, estar associado a uma posição de
argumento ou de adjunto de um complemento deste predicador. É parafraseável por um
possessivo. Essa posição torna-se visível na construção de redobro de clítico.
3
Designa-se Extracção Simultânea de Clíticos os casos em que, em frases coordenadas, é possível, em certas
circunstâncias, que uma única instância do clítico recupere os argumentos a que está associado em cada um
dos termos coordenados.
11
Quadro 1.1
Formas átonas do pronome pessoal
Clíticos não-reflexos Reflexos
Pessoas gramaticais Acusativo Dativo Acusativo / Dativo
1.ª singular me me me
2.ª singular te te te
3.ª singular o/a lhe se
1.ª plural nos nos nos
2.ª plural vos vos vos
3.ª plural os/as lhes se
4
O Quadro 1 foi retirado de Matos (2003:837).
12
Ainda segundo Said Ali, a língua portuguesa faz parte das línguas que se caracterizam pelo
ritmo ascendente, em que se enuncia primeiro o termo menos importante e depois, com
acentuação mais forte, a informação nova e de relevância para o ouvinte.
A interpolação com não permanece como uma opção na gramática de alguns falantes e não
existe na gramática de outros (cf. Martins, 1994:275).
Contudo, estas posições não se encontram em variação livre, são, na maioria dos contextos,
impostas pela realização de determinadas condições.
As frases do exemplo (18a,b) são agramaticais na norma padrão do PE, mas no PB são
gramaticais. No PE são agramaticais porque esta variedade respeita uma generalização
sobre a colocação de clíticos pronominais designada por Lei de Tobler-Moussafia, que é
formulada do seguinte modo:
Lei de Tobler-Moussafia
As formas clíticas não podem ocupar a posição inicial absoluta de frase5.
5
Esta generalização não é válida para outras línguas românicas, nem para o português brasileiro.
6
cf. Epiphanio (1918), Said Ali (1927), Duarte & Matos (1995), (2000).
14
Sequências verbais
Tal como as restantes línguas românicas de sujeito nulo, o PE admite Subida do Clítico,
que consiste na selecção para hospedeiro verbal de um verbo do qual o clítico pronominal
não é dependente. Em sequências verbais, na ausência de um elemento proclisador, a
Subida do Clítico é obrigatória com padrão enclítico:
A mesóclise deve-se à origem das formas do futuro e do condicional. Estas formas eram
analíticas, constituídas pela justaposição do infinitivo do verbo principal e das formas
reduzidas do presente e do imperfeito do indicativo do verbo haver (amar-te-ei procede de
amar te hei; mandar-me-ás de mandar me hás, etc.). A mesóclise é um padrão em
regressão que, por não corresponder a opções da Gramática de PE moderno, precisa de ser
aprendida, pelo que está a ser substituída pela ênclise nas novas gerações e em falantes
com pouco nível de escolarização. Vejam-se as frases (32), retiradas de Duarte & Matos
(2000).
Frota e Vigário 1996 (citado por Duarte 2003:853) caracterizaram os atractores de próclise
como palavras funcionais pesadas e sugeriram que os enclíticos passam a proclíticos na
presença de palavras funcionais pesadas que c-comandem e precedam o clítico no mesmo
sintagma entoacional (SEnt).
17
Consideremos agora as condições que determinam a posição CL+V, nas formas verbais
simples e nas sequências verbais:
(42) (a) Não só a Lúcia o insultou como ( também ) o Atanásio lhe bateu.
(b) Quer te agrade, quer não te agrade, vou de férias.
Sequências verbais
O PE exige Subida de Clítico com próclise nos contextos que se seguem:
(i) Nos tempos compostos e nas passivas de ser, os clíticos pronominais ocorrem
obrigatoriamente à esquerda do auxiliar, se existir um elemento proclisador.
Com base em argumentos de natureza histórica, Martins (1994) mostra que entre o século
XIII e o século XVI, o português tinha uma preferência mais acentuada pela próclise em
orações não-dependentes (simples, principais e coordenadas não disjuntivas), tal como se
verificava nas outras línguas românicas. Nas frases subordinadas, os clíticos eram como,
no português actual, obrigatoriamente pré-verbais, mas podiam ocorrer separados do verbo
por toda a espécie de constituintes interpolados, enquanto no português actual são
obrigatoriamente adjacentes ao verbo.
Ainda segundo a mesma autora, a partir do século XVII, dá-se uma mudança. A próclise
em orações não-dependentes é trocada pela ênclise.
Martins (1994) considera que esta mudança brusca de padrão proclítico para enclítico,
ocorrida nos meados do século XVII, pode ser atribuída à perda de movimento dos clíticos
para o nó funcional Sigma ( Σ ), movimento que, no português antigo, dava início a uma
construção enfática. Mas este tipo de construção enfática fez com que os falantes
perdessem a possibilidade de fazer o contraste entre as construções marcada (enfática) e
“neutra”, o que levou a que a construção marcada fosse interpretada como “neutra”. Assim,
a evidência de que existem duas construções diferentes associadas a diferentes colocações
dos clíticos ficou enfraquecida, e estavam criadas condições para que ocorresse um
processo de reanálise dando lugar ao aparecimento de uma nova gramática.
Duarte e Matos (2000) afirmam que as características formais dos clíticos decorrem de
movimento e princípios de economia. Estas linguistas tentaram mostrar que os diferentes
padrões de colocação dos pronomes clíticos em PE e Espanhol, Italiano e Francês derivam
directamente da interacção das condições sobre verificação de traços que exige adjacência
estrita entre o núcleo verificador e o núcleo visado para a verificação de traços fortes,
contrariamente ao que acontece com a verificação de traços fracos. Com base em
evidências de aquisição diacrónica das línguas românicas, reivindicam que os pronomes
22
(58) [IP DPi [IP V... pro subjecti ... ]] (Barbosa 2000)
Barbosa apresenta ainda a posição de vários outros linguistas em relação a esta questão. É
o caso de Chomsky (1977). Segundo este a adjunção do DP, na frase (63), é autorizada por
regras de predicação. O IP contém uma posição “aberta” (a favor de uma categoria
23
(i) Quanto à próclise, o clítico pronominal, no século XVIII, podia ocorrer enclítico ao
verbo principal, proclítico ou enclítico ao verbo auxiliar ou seja o clítico era móvel.
No século XX, encontra-se sempre proclítico ao verbo principal em formas verbais
complexas.
(ii) Quanto à ênclise, o clítico pronominal, no século XVIII, ocorria com o imperativo
afirmativo, infinitivo impessoal e com o gerúndio. No século XX, encontra-se
restrita ao pronome o, a quando há um infinitivo.
(iii) De uma forma geral, nota-se um aumento no uso da posição proclítica, mesmo nos
contextos julgados agramaticais para o PE, ou seja, no imperativo afirmativo e na
posição inicial absoluta de frase.
Pagotto (1996:186), no estudo “Clíticos, Mudança e Selecção”, afirma que uma das
grandes diferenças entre as duas variedades é o facto de, no PE, a próclise só ocorrer em
presença de complementadores, negação, quantificadores, alguns advérbios. A ênclise, no
PB, é própria de contextos formais e a próclise é tida como a forma consagrada.
Este autor considera que a “grande inovação do PB” consiste na ocorrência da próclise ao
verbo principal em formas verbais complexas, o que no PE não é aceitável, como se pode
ver na frase (60).
No Brasil, portanto, a próclise é a posição consagrada e é a que domina nos registos mais
espontâneos da linguagem oral. Mas a ênclise continua a ser praticada, sobretudo na
linguagem escrita.
25
Firmino (1987:20) refere que “ os clíticos constituem uma área problemática para muitos
falantes” e isto deve-se, a seu ver, ao facto de mesmo na norma padrão do PE existirem
colocações diferentes consoante os contextos de ocorrência do clítico pronominal. As
dificuldades referidas levam à construção de frases anómalas como:
Gonçalves (1993) observa uma tendência sistemática para uma colocação em posição
pós-verbal nas orações subordinadas, ainda que se verifique certa instabilidade no
fenómeno, conforme refere a própria autora.
Machava (1994) refere que a tendência que se apresenta como mais regular ao padrão de
ordem dos clíticos é para a sua colocação em posição pós-verbal em orações subordinadas:
quer se trate de formas simples ou complexas, o clítico aloja-se frequentemente à direita da
forma flexionada.
Semedo (1997) aponta a ênclise como sendo a posição que tende a generalizar-se na
colocação dos pronomes pessoais clíticos em Maputo. Em relação à próclise, afirma que é
usada de forma esporádica e provavelmente de forma arbitrária ou seja “por mera
intuição”.
Para tentar responder a estas questões a respeito dos clíticos pronominais no PM, recolhi
um corpus escrito, no sentido de descrever a sua colocação em redacções escolares
produzidas por estudantes de três níveis de escolaridade diferentes, na cidade de Nampula,
editoriais e cartas de leitores publicados na revista “Tempo”, relacionando essa questão
sintáctica com o factor nível de escolaridade.
27
Capítulo 2
Metodologia de investigação
2.1.Introdução
Stroud e Gonçalves (1997:1) definem um corpus linguístico como “uma amostra de uma
língua autêntica escrita ou falada, recolhida para um fim específico, e orientada por
princípios teóricos da linguística e/ou da sociolinguística.”
A atenção dedicada ao oral vem crescendo ultimamente. É frequente até dizer-se que o oral
está na moda. No que se refere, de uma forma particular, à língua portuguesa, verifica-se
que se têm desenvolvido importantes estudos linguísticos realizados em diversos quadros
teóricos e que, abandonando a anterior perspectiva de privilegiar o texto escrito como
objecto de estudo, não recusam a importância dos dados da língua falada. Este facto parece
resultar de uma convicção generalizada de que os dados orais oferecem uma base material
sólida para a análise linguística.
Concordo com Carvalho (1987:1) quando afirma que “a via do oral é a mais indicada para
surpreender as particularidades da actualização no Português”, tendo em conta que, em
Moçambique menos de 5 % da população tem o Português como língua materna numa
situação de multiplicidade de línguas nacionais. No entanto, e como é sabido, a recolha e
tratamento de dados do oral requerem condições mais vantajosas e mais disponibilidade de
tempo do que aquelas que a elaboração de uma dissertação de mestrado proporcionam.
Assim, neste estudo, optou-se pela recolha de um corpus escrito, considerando, além das
razões invocadas anteriormente, a distância que, no momento da recolha, nos separava da
população-alvo.
como base de trabalho a última alternativa, isto é, combinámos um corpus escrito com um
teste de comportamento linguístico provocado.
2.2. População
Para o obtenção de materiais a partir dos quais fosse possível chegar à constituição de um
corpus, optei por trabalhar com dois grupos de sujeitos: inquiridos e informantes. Designo
por inquiridos os sujeitos que produziram materiais por minha solicitação: redacções e
teste de comportamento linguístico provocado. E uso informantes para designar os autores
dos editoriais e cartas de leitores retiradas da revista “Tempo”.
2.2.1. Os inquiridos
Os inquiridos são estudantes a frequentar três níveis de escolaridade diferentes, com idades
variando entre os 17 e os 48 anos (anexo 1). No quadro 2.1, encontra-se a idade dos
inquiridos por nível de escolaridade. Na altura da recolha dos materiais, a maior parte deles
(85,3 %) tinha menos de 30 anos de idade. A idade dos falantes tem sido relevante, em
muitos estudos sociolinguísticos, na variação e mudança de língua (Labov, 1996). Assim,
no estudo que Labov fez sobre a realização do /r/ pós-vocálico, verificou que os falantes
mais velhos privilegiavam a norma enquanto os mais novos não. O factor idade, nesta
investigação, foi utilizado para reforçar algumas conclusões de estudos anteriores sobre o
papel da língua portuguesa e das línguas bantu em Moçambique.
Quadro 2.1
Idade dos inquiridos
16-19 20-29 30-39 40-48
Nível Básico 20 5 - -
Nível Médio 13 12 - -
Nível Superior - 14 4 7
Os três níveis constituem os anos terminais do Ensino Técnico-Profissional (3.º ano – nível
básico), do Ensino Geral (12ª classe – nível médio) e do Ensino Superior (Bacharelato –
nível superior). O interesse por estes níveis advém do facto de estarem expostos à
aprendizagem sistemática do Português ao longo do percurso escolar e de, no final de cada
nível, serem sempre submetidos a um exame escrito. Pressupõe-se assim que os sujeitos
em análise coloquem os pronomes clíticos segundo a norma padrão do PE.
29
Como critério principal para a escolha dos inquiridos, estabeleci a variável escolarização
porque apesar de outros contextos, como o social, o cultural e o linguístico, contribuírem
para a formação de variedades, em Moçambique é consensual que “o nível de
escolarização é um factor relevante para o acesso ao uso do português padrão” (Moreno e
Tuzine 1997:71).
Foi assim que optei por inquiridos com um mínimo de 9 anos de escolaridade, entre
finalistas do nível básico (Escola Industrial e Comercial), médio (Escola Secundária de
Nampula) e do superior (Universidade Pedagógica – Nampula), por considerar que estes
não só estão expostos às formas padrão da norma europeia através da aprendizagem
sistemática do português ao longo de 15 ou mais anos de escolaridade (primário –
superior), como também já devem ter mais estabilizado este subsistema na sua gramática
interiorizada.
É de referir que a maior parte dos inquiridos do nível superior são também professores do
ensino primário e secundário na cidade de Nampula.
Moçambique tem dez províncias agrupadas em três zonas: Norte (Cabo Delgado (CD),
Niassa (NS), Nampula (NP)); Centro (Zambézia (ZB), Tete (TT), Manica (MN), Sofala
(SF)); e Sul (Inhambane (IN), Gaza (GZ), Maputo (MP)). Nampula, a cidade onde foi feita
a recolha, é chamada de “ Capital do Norte”.
A tabela 2.1 dá conta da naturalidade dos inquiridos para se perceber que, apesar de esta
recolha ter sido feita na cidade de Nampula, ela abrange falantes naturais de outras
províncias de Moçambique e, assim sendo, os dados permitir-nos-ão ter uma “fotografia
linguística” mais abrangente das estruturas em estudo.
De acordo com os dados, o maior número dos inquiridos dos níveis básico e médio são
oriundos da província de Nampula. Esta situação inverte-se no nível superior, no qual os
inquiridos são oriundos de outras províncias do país. Isto deve-se ao facto de, no país, não
haver universidades em todas as províncias, o que obriga a que os estudantes se desloquem
das suas províncias de origem para aquelas em que existem universidades. Segundo a
revista “Os 25 Anos de Educação em Moçambique – 1975 - 2000” publicada em 2000 pelo
30
Ministério de Educação (MINED) “O Ensino Superior conta com seis instituições, metade
das quais são privadas e entraram em funcionamento depois de 1994.”
Tabela 2.1
Naturalidade dos inquiridos - %
Nível MP GZ IN MN TT SF ZB NP NS CD
Básico 1 - 1 - - 1 3 19 - -
Médio 1 - - - - - 1 22 - 1
Superior - - 4 - 2 1 8 8 1 1
Básico 4% - 4% - - 4% 12 % 76 % - -
Médio 4% - - - - - 4% 88 % - 4%
Superior - - 4% - 8% 4% 32 % 32 % 4% 4%
O Ensino Privado foi criado através do Decreto n.º 11/90 de 1 de Junho, com o objectivo
de criar uma capacidade adicional que se traduzisse na ampliação das oportunidades de
todos os níveis e subsistemas. Mas os custos são tão elevados que só “os que podem” é que
as frequentam e os que “não podem” continuam a ter que esperar/ procurar lugar nas
universidades do Estado que continuam sendo apenas duas na capital do país: Universidade
Eduardo Mondlane (UEM) e a Universidade Pedagógica (UP). Estas universidades têm já
criadas delegações em algumas das províncias. Em Nampula há uma delegação da UP e
duas universidades privadas: uma católica e outra islâmica.
No que diz respeito à diversidade linguística, Firmino (2000:16-17; 103-104) afirma que,
tal como no censo de 1980 (98,8 %), os dados do censo de 1997 (93,0 %) confirmam que a
maioria dos moçambicanos têm, como língua materna, uma das várias línguas faladas em
Moçambique. O Português como língua materna também registou um crescimento: 1,2 %
em 1980 e 6,0 % em 1997. Quanto ao conhecimento da língua portuguesa, entre um e
outro censo, também houve uma expansão do grupo dos que declararam ter conhecimento:
39,0 % em 1997 contra 24,4 % em 1980.
Quanto às línguas faladas com mais frequência, o Português tende a registar uma subida
dos seus valores percentuais, contrariamente às outras línguas, o que parece evidenciar três
aspectos: (i) as línguas maternas ou Português são as mais faladas pela maioria dos
cidadãos; (ii) em cada zona linguística, para além das línguas bantu tipificantes, o
Português assume um papel importante na comunicação diária; (iii) a mudança linguística
31
De acordo com os dados do censo de 1997, as principais línguas bantu identificadas como
línguas maternas foram apresentadas da mais predominante (27.7 %) à menos
predominante (1.6 %), nomeadamente: Emakhuwa, Xichangana, Cisena, Elomwe, Shona,
Xitshwa, Echuwabo, Xironga, Marendje, Cinyanja, Txitxopi, Cinyungwe, Shimakonde,
Gitonga, Ciyao e outras7.
Portanto, com base nestes dados, pode afirmar-se que Moçambique é caracterizado por um
cenário linguístico muito heterogéneo, o que, de alguma maneira, também caracteriza a
nossa amostra de trabalho. Assim, o perfil linguístico dos inquiridos é descrito a partir dos
dados disponibilizados no inquérito (parte I do Teste de Comportamento Linguístico
Provocado - anexo 3), nomeadamente, a informação solicitada através de questões
referentes ao ponto 2 do inquérito (Meio Linguístico).
Em 2.1. [“Línguas moçambicanas que fala e /ou percebe”], o objectivo era identificar as
línguas moçambicanas, que o inquirido percebe e fala; aquelas que só percebe mas não
fala; e as línguas que fala em casa, independentemente de falar ou não outras línguas na
escola.
Em 2.2. [“Em que situações usa normalmente as línguas”], procurou saber-se onde e com
quem é que o inquirido usa a língua portuguesa e as línguas moçambicanas declaradas na
pergunta 2.1..
Em 2.3. [“Onde, quando e com quem aprendeu a língua portuguesa”], o objectivo era saber
se o inquirido teve contacto com a língua portuguesa pela primeira vez na escola ou em
casa.
Em 2.4. [“Foi difícil começar a falar Português”], independentemente de ter sido difícil ou
não, era solicitado ao inquirido que justificasse a sua resposta.
7
Swahili, Kimwani, Ngulu, Koti, Kunda, Nsenga, Zulu, Swazi e Phimbi.
32
A partir dos dados obtidos (anexo 1), em que se relacionava a idade com as línguas que os
inquiridos declararam falar ou perceber, parece possível pôr como hipótese que as línguas
moçambicanas são faladas pela maior parte dos moçambicanos já que, dos 75 inquiridos,
69 (92 %) declararam falar uma ou mais línguas bantu e apenas 6 (8 %) fala
exclusivamente Português. Entre os 69 (92 %) inquiridos, falantes das línguas bantu, 40
(53,3 %) indicaram o Português como sua língua materna, com maior incidência nos níveis
básico e médio do que no superior. Os restantes 29 (38,6 %) indicaram ter uma língua
bantu como materna, apesar de terem aprendido Português antes de entrarem para a escola.
Contudo, a maioria dos que indicaram uma língua bantu como materna são os que se
situam na faixa etária mais alta nos três níveis. Na tabela 2.2 está a distribuição das línguas
maternas dos inquiridos.
Tabela 2.2
Línguas maternas
Língua Bantu Português
29 38,6 % 46 61,3 %
A língua bantu mais falada em Nampula é Emakhuwa. Mas, como já foi referido, apesar de
a recolha ter sido feita na cidade de Nampula, os inquiridos são oriundos de várias
províncias do país, o que equivale a dizer que são falantes de diferentes línguas bantu. Em
geral, os dados do ponto 2.1 do inquérito revelam que, para além da língua materna
(Português/ Bantu), a maior parte (92 %) fala uma ou mais línguas que, em geral, coincide
com a língua do local de origem ou de residência. Por exemplo, alguns inquiridos naturais
de Nampula, para além do Português e Emakhuwa, declararam falar Elomwe, Echuwabo e
outras desta região; os naturais de Inhambane a viver em Nampula assumem falar Xitswa e
Xichangana. Estas duas línguas são faladas na região sul, em Inhambane e em Maputo,
local de origem dos inquiridos. Mas declaram falar também Emakhuwa, língua dominante
no local onde actualmente residem.
A tabela 2.3 mostra a frequência de cada uma das línguas declaradas como maternas, por
níveis de escolaridade. No nível básico, médio e superior 72 %, 72 % e 40 %,
respectivamente, declararam ter o Português como sua língua materna. Esta descida
33
percentual no nível superior, parece indiciar que as línguas bantu como maternas
pertencem maioritariamente às gerações mais velhas.
Tabela 2.3
Língua Materna (L1) dos inquiridos - Frequência %
Básico Médio Superior Total
Línguas declaradas Nº % Nº % Nº % Nº %
Português 18 72,0 % 18 72,0 % 10 40,0 % 46 61,3 %
Emakhuwa 5 20,0 % 6 24,0 % 5 20,0 % 16 21,3 %
Xichangana 1 4,0 % 1 4,0 % 1 4,0 % 3 5,3 %
Elomwe 1 4,0 % - - 2 8,0 % 3 4,0 %
Echuwabo - - - - 4 16,0 % 4 5,3 %
Cisena - - - - 1 4,0 % 1 1,3 %
Cinyanja - - - - 1 4,0 % 1 1,3 %
Gitonga - - - - 1 4,0 % 1 1,3 %
O Português apresenta a percentagem mais alta como língua materna dos inquiridos. As
percentagens de frequência das línguas maternas (L1), nos três níveis, vêm confirmar o que
Gonçalves (2001:979) afirma “… o Português, declarado “língua oficial” e “língua de
unidade nacional”, tornou-se verdadeiramente uma língua de prestígio: as novas gerações
das classes mais favorecidas dos centros urbanos já não aprendem línguas bantu, podendo
considerar-se que existe uma comunidade de locutores que não só se comunicam
exclusivamente em Português (mesmo que não seja a sua L1), como escolhem esta língua
como a única a transmitir às novas gerações.”
Os dados do ponto 2.2 do inquérito revelam que os inquiridos falam a língua portuguesa
em contexto escolar com colegas, professores e em casa com familiares, enquanto que as
línguas moçambicanas estão reservadas para o ambiente familiar. Nota-se aqui uma
espécie de bilinguismo funcional ou seja, dependendo das necessidades da situação social
em causa usam qualquer uma das línguas declaradas. Por exemplo, a língua materna
(Bantu) é usada com os membros da família ou parentes, dentro ou fora de casa. A língua
bantu da região é usada em conversas informais com amigos e estranhos.
Em Moçambique, algumas línguas bantu são também usadas em situações que requerem
um uso formal, como é o caso de actividades religiosas, transmissões radiofónicas,
campanhas de alfabetização ou de mobilização política. Segundo Firmino (2002:109) “As
línguas autóctones estão a abrir caminho para outros domínios altos como o ensino formal
34
Em relação ao ponto 2.4 do inquérito, os que tiveram contacto com a língua portuguesa
pela primeira vez na escola afirmam ter sido difícil por se tratar de uma língua estranha.
Assim, por exemplo, o inquirido B8, natural de Nampula, com 19 anos, afirmou que foi
difícil “porque como-se tratava dumas palavras a perceber pela primeira vez, dificultava
isto é trocava, falava contrário aquilo que eu dizia.”; o inquirido M28, natural de
Nampula, 22 anos, afirmou que foi difícil porque “já estava habituado (com) a falar o
dialeto da minha província “Macua””; o inquirido S59 natural da Zambézia, 34 anos,
afirmou que foi difícil porque “Sendo pela primeira vez a aprender a língua não é fácil
integar-se num meio daqueles que já vem falando há bastante tempo”; o inquirido S63,
natural do Niassa, 45 anos, afirmou que foi difícil porque “tinha que traduzir para a minha
L1 as palavras em português para melhor compreensão.”
Os que afirmaram ter sido fácil a aprendizagem de Português indicaram como razões o
facto de ser a língua que eles mais usavam no seu dia-a-dia, ou porque era a língua falada
em casa pelos pais desde sempre ou “para obter um estatuto maior” como foi o caso do
inquirido S68 natural de Nampula, 47 anos, “Gostava muito da língua para obter um
estatuto maior”; o inquirido S64, natural de Nampula, afirmou que foi fácil porque “É a
língua mais falada em casa e na sociedade onde me encontro, assim como na escola”; o
35
inquirido M40, natural de Nampula, com 19 anos, afirmou ter sido fácil “Porque quando
nasce vivia com os meus pais e eles são falantes da língua portuguesa e quando pequeno
me era proibido falar macua”; o inquirido B5, natural de Nampula, 18 anos, afirmou ter
sido fácil “ Pois cresci num lugar onde a língua portuguesa era mais usual e foi com ela
que começaram ensinar a falar.”
As informações fornecidas sobre o meio linguístico dos inquiridos revelam que os índices
mais altos da língua portuguesa como materna verificam-se nos níveis básico e médio. No
nível superior, a maioria dos inquiridos indicou que a sua língua materna é uma língua
bantu. As informações prestadas deixam perceber que o Português é a língua mais
prestigiada e a mais desejada, devido às compensações sociais e económicas a ela
associadas.
2.2.2. Os informantes
Para além das composições produzidas pelos inquiridos, optei, também, por cartas de
leitores e editoriais da revista “Tempo”, uma revista de informação geral publicada em
regime mensal na cidade de Maputo e cuja distribuição é feita em Moçambique e também
em alguns países estrangeiros. Aos autores das cartas de leitores e dos editoriais chamei de
informantes.
Das cartas, no geral, pôde recolher-se indicações sobre a procedência, a idade e a ocupação
dos seus autores. Todos os 22 informantes indicaram a sua procedência, pelo que apresento
os dados relativos a este item no quadro 2.2. Contudo, nem sempre é mencionada a idade e
a ocupação, de modo que não podemos fornecer informação relevante a este respeito.
Ainda assim, achamos oportuno apresentar mesmo parcialmente a informação ao nosso
alcance, de forma a que se possa ter uma ideia do universo a que pertencem os
informantes. Tais dados foram retirados de certas passagens contidas nas próprias cartas de
leitores.
A procedência das cartas aparece sempre no final. Como se pode ver no quadro 2.2, as
cartas provêm de 7 das 10 províncias de Moçambique e uma da África do Sul. Em relação
à idade, apenas os informantes 87, 91 e 93 indicaram a idade, (37, 20 e 17
respectivamente) o que não nos permite tirar grandes conclusões a este respeito.
36
Quadro 2.2
Procedência das Cartas de Leitores
Província Número do informante Número do texto
Cabo- Delgado 82 378
Nampula 83, 100 380, 397
Niassa 98, 101 395, 398
Manica 99 396
Inhambane 85, 86, 95, 96, 97, 102 382, 383, 392, 393, 394, 399
Gaza 87, 93 384, 390
Maputo 84, 88, 89, 90, 91, 92, 94 381, 385, 386, 387, 388, 389, 391
RSA – África do Sul 103 400
Em termos de ocupação, só temos dados dos informantes 83, 87, 88, 89, e 91, que
deixaram expresso ser funcionário dos Caminhos de Ferro de Moçambique, técnico de
máquinas agrícolas, secretário, ministro da saúde e estudante do Instituto Comercial de
Maputo; podemos, portanto, colocar como hipótese que os informantes fazem parte de um
grupo que compreende estudantes de diversos níveis de ensino, e também escriturários e
funcionários públicos.
2.3. Materiais
Os materiais são de quatro tipos: redacções escolares, editoriais, cartas de leitores e um
teste de comportamento linguístico provocado. Vou apresentar primeiro as redacções
escolares, seguindo-se os editoriais e as cartas de leitores e por último o teste.
De seguida, enviámos para cada professor um conjunto de cinco temas (anexo 2),
previamente determinados. Para cada tema, eram sugeridos ao inquirido vários tópicos
possíveis de serem desenvolvidos, de entre os quais ele deveria escolher apenas um. Veja-
se, a título de exemplo, o tema 1 – “Vida pessoal” - no anexo 2. “Vida pessoal”
compreendia três tópicos: a)características e comportamentos; b) experiências e
recordações; c) relações com o próximo. Portanto, cada inquirido deveria fazer um total de
cinco redacções. Das trezentas e setenta e cinco redacções que deveríamos ter recebido,
apenas recebemos trezentas e setenta e duas, pois, por razões desconhecidas, quatro dos
inquiridos entregaram apenas um total de quatro redacções cada um; em contrapartida, um
outro entregou um total de seis redacções escolares.
Apesar das preferências por determinadas sub-áreas, o número de textos dentro de cada
tema é igual. Cada um dos documentos vem precedido de informação sobre o inquirido
(número, nível académico, naturalidade, idade, sexo, línguas que fala em casa, na escola e
a respectiva língua materna) e sobre o documento (número, tipologia textual, área temática
e respectiva sub-área, local da recolha, total de linhas e número de palavras do
documento).
É importante referir que tanto o professor como os inquiridos não sabiam que as redacções
visavam a observação dos clíticos pronominais. A participação das três instituições foi
positiva.
Consultámos 6 números da revista “Tempo”, sendo dois de 1998 (Nº. 1387 e Nº.1406), três
de 1999 (Nº.1451, Nº.1452 e Nº.1455) e um de 2000 (Nº.1466). Seleccionámos estes anos
por acharmos que, à medida que nos afastamos da data da independência, o Português vai
tomando características próprias e, ao mesmo tempo, vai aumentando em número de
falantes (ainda que com níveis de domínio diversificado); outra razão por que escolhemos
estes anos relaciona-se com o facto de serem de datas mais próximas dos nossos outros
materiais.
É de referir que os editoriais e as cartas dos leitores não foram transcritos e não foram
incluídos na versão em suporte informático pois, tratando-se de materiais publicados só foi
possível fazer fotocópias e incluí-las no volume Anexo-Corpus da tese, onde poderão ser
consultados.
Recorremos ao TCLP por este apresentar mais hipóteses de obtenção de dados relevantes
do que as redacções, os editoriais e as cartas de leitores que poderiam não apresentar dados
relevantes, por desconhecimento ou por fuga às estruturas em estudo.
O TCLP surge assim como uma estratégia suplementar de obtenção de dados que garantam
que a descrição da selecção e dos padrões de colocação dos clíticos pronominais seja
efectuada a partir de dados que dêem conta das regras aplicadas pelos falantes ao
39
O TCLP (parte II do anexo 3) é constituído por duas partes: testes de produção provocada;
e testes de juízos de gramaticalidade. Nos testes de produção provocada temos dois tipos
de tarefa: selecção do acusativo e do dativo; e colocação enclítica e proclítica. Na tarefa de
juízos de gramaticalidade, temos juízos sobre selecção e colocação enclítica. De uma
forma geral, estes aspectos encontram-se alternados ao longo do teste que se subdivide em
três secções: A, B e C. Para minimizar eventuais distorções de que este tipo de dados
poderá enfermar, optámos por:
A secção A é constituída por dois grupos de questões. Com o primeiro grupo pretendíamos
verificar o comportamento dos inquiridos quanto a selecção dos clíticos pronominais do
tipo acusativo (alíneas a, b, c, d, e, do número 1) e dativo (alíneas f, g, h, do número 1).
Para evitarmos alguma dispersão, no início do número apresentámos, numa caixa, os
clíticos pronominais em observação; como se pode ver nas frases (1) e (2), as expressões a
serem substituídas foram sublinhadas e os espaços a preencher deixados em branco.
Com o segundo grupo, fornecemos quatro frases (alíneas a, b, c, d, do número 2). Tendo
em conta os “desvios” quanto à selecção dos clíticos pronominais do tipo acusativo e
dativo, identificados no corpus, cada uma das quatro frases foi reproduzida em três dessas
realizações desviantes e uma seguindo a norma do PE, veja-se o exemplo:
40
A secção B é constituída por três grupos de questões. No primeiro grupo tínhamos mais um
exercício de selecção do dativo. Os inquiridos tinham de reescrever as frases ( alíneas a, b,
c, d, e, do número 1) utilizando um dos pronomes apresentados entre parênteses no meio
de cada uma delas. O objectivo é verificar se a opção será o dativo lhe ou as formas do
pronome forte preposicionadas: a ele, para ele:
O terceiro grupo é um pequeno trecho com espaços para serem preenchidos usando clítico
e a forma verbal fornecidos entre parênteses no final de cada espaço. Com este número
pretendíamos identificar o padrão que produziriam em presença de elementos proclisadores
(que e quando).
41
8
Tal como os editoriais e as cartas de leitores este anexo não foi incluído na versão suporte informático da
tese.
42
... o Homem < abita > habita em sua sociedade... (T8 L23 5c RE B8)
...concluir que o ensino é <gratuido > gratuito, ... (T6 L21 2 a RE B6)
... indisposto < a > em realizar uma actividade... (T309 L17 1c RE S63)
Na transcrição dos nomes das línguas bantu declaradas no inquérito, mantivemos os nomes
tal como foram escritos por cada inquirido, apesar dos problemas que essa ortografia possa
levantar. Assim por exemplo, encontramos Macua/Makua/Emakhuwa. Mas, segundo a
terminologia adoptada pelos bantuístas, a ortografia inclui o prefixo referente à
denominação de uma língua bantu, portanto, Emakhuwa é a grafia “correcta”.
2.4.2. Organização
Nos anexos 6, encontram-se organizados, por etiquetas (ver 2.5.1), os tipos de ocorrências
que caracterizam cada documento por subcorpus. Os dados recolhidos das redacções
escolares, dos editoriais e das cartas de leitores foram organizados por subcorpus e
introduzidos na base de dados. Entenda-se por subcorpus o conjunto de materiais
produzidos por cada nível de escolaridade e os recolhidos nos editoriais e cartas de leitores.
9
Nestas sessões de trabalho, contei com a colaboração da Professora Isabel Leiria.
43
2.4.3. Codificação
Cada um dos 400 documentos tem um número de identificação: os números 1 a 124
correspondem às redacções escolares do nível básico, os números 125 a 249 às do médio,
os números 250 a 372 às do superior, os números 373 a 378 aos editoriais e, finalmente, os
números 379 a 400 às cartas de leitores. Cada documento encontra-se identificado no
corpus por um código que contempla:
1. “Eu posso me aperceber do meu bom ou mau comportamento pela reacção dos
amigos, colegas, familiares face as minhas atitudes”. (T322 L12 1b RE S65)
2. “ gostaríamos de elogiá-los pelas excelentes reportagens. (T385 L2 CL I88)
Significa que a frase 1 foi retirada do texto número 322, na linha número 12, o tema é o
número 1, vida pessoal, o subtema b, experiências e recordações, a tipologia textual é
redacção escolar, o nível académico é o superior e o inquirido é o número 65. A frase 2
foi retirada do texto número 385 na linha número 2, a tipologia textual é carta de leitor e o
informante é o número 88. Algumas vezes o código da frase poderá apresentar apenas o
44
número do texto e o da linha de onde foi retirada. Por exemplo, a frase 1 poderia vir
identificada apenas com o código seguinte: (T322 L12).
A construção da base de dados seguiu as seguintes etapas: (i) definição dos objectivos; (ii)
organização da informação por campos; (iii) determinação dos códigos; (iv) ajustes da base
de dados. Cada frase introduzida na base de dados constitui uma entrada. Cada entrada
fornece as seguintes informações sobre a ocorrência:
1. Identificação:
1.1. da ocorrência ( n.º do documento e da linha onde ela ocorre ),
1.2. do inquirido/ informante (idade, língua materna e nível de escolaridade)
1.3. do tipo de documento (redacção escolar/ tema e subtema, editorial, carta de
leitor).
2. Caracterização da ocorrência (correcta ou desviante; tipo de desvio)
3. Transcrição da ocorrência (com a estrutura-alvo precedida e seguida de quatro itens
lexicais).
A base de dados foi corrigida depois da introdução de alguns dados a título experimental.
Em seguida procedeu-se à introdução dos dados.
45
No presente estudo, adoptar-se-á o termo “erro” apresentado por Gonçalves 1997 como
indicador das construções não padrão identificadas no corpus.
10
Introduzido por Leiria 2001, seguindo James (1990:66-67).
46
Estando já definidos os aspectos a ter em conta na análise dos dados, punha-se uma
questão: encontrar um sistema de identificação e marcação eficiente e económico que
desse resposta aos diferentes tipos de ocorrências: A partir de Leiria (2001:192) estabeleci
um sistema de marcação de ocorrências correctas e de ocorrências desviantes. O conjunto
de treze etiquetas permitiu na fase de análise uma reinterpretação ou afinação do seu
significado.
Capítulo 3
Análise dos dados
3.1. Introdução
Neste capítulo, faz-se a análise dos dados recolhidos do corpus e dos resultados obtidos no
teste de comportamento linguístico provocado. Designo por corpus o conjunto total de
materiais formado por redacções escolares, editoriais e cartas de leitores e de subcorpus
cada um dos subconjuntos que o constituem: básico, médio, superior, os editoriais e cartas
de leitores.
Antes de proceder à análise dos dados, apresento em 3.2 a sua distribuição nos materiais.
Distingo, em seguida, em 3.3, as entradas correctas das desviantes, tanto no que respeita à
selecção como à colocação e apresento a distribuição e frequência dos clíticos pronominais
por subcorpus. Em 3.4, analiso todos os casos de entradas correctas: distribuição dos
padrões enclítico e proclítico tendo como critério a forma verbal simples vs a sequência
verbal, e a frequência das categorias que induziram a posição proclítica. Em 3.5, analiso
todos os casos de entradas desviantes no que diz respeito à selecção e à colocação. Em 3.6,
analiso os resultados do teste de comportamento linguístico provocado. Em 3.7, apresento
as conclusões sobre a análise dos dados.
Como disse antes, das 375 redacções escolares que tinha previsto recolher, apenas
consegui 372 porque os inquiridos B6, M33, S53 e S71 entregaram um total de quatro
redacções escolares, em vez das cinco previamente estabelecidas. O inquirido M34 fez um
total de seis redacções escolares, o que fez com que o nível médio completasse o total de
125, apesar de o inquirido M33 ter feito apenas 4 redacções. Cada uma das redacções
escolares tem um número de identificação: os números 1 a 124 correspondem às redacções
produzidas pelos inquiridos do nível básico, os números 125 a 249 às do nível médio e,
finalmente, os números 250 a 372 às do nível superior.
50
No quadro 3.1, encontra-se a distribuição do total das redacções por temas, subtemas e
nível de escolaridade. As letras a, b, c, d referem-se aos diferentes subtemas sugeridos em
cada tema (ver anexo 2).
Quadro 3.1
Total de redacções por temas, subtemas e nível de escolaridade
1. Vida 2. Vida 3. Vida 4. Problemas 5. O meio
pessoal profissional cultural e lazer económicos e sociais ambiente T
a b c a b a b c a b c d a b c
B 7 11 7 12 14 8 3 13 4 8 5 8 15 5 4 124
M 12 2 9 13 11 12 3 10 3 12 4 9 22 2 1 125
S 6 2 17 12 13 12 1 11 8 15 1 1 19 5 - 123
SubT 25 15 33 37 38 32 7 34 15 35 10 18 56 12 5
T 73 75 73 78 73 372
Do total das redacções recolhidas nem todas apresentavam frases com a ocorrência da
estrutura-alvo. Como se pode ver no quadro 3.2, apenas 308 das 372 redacções escolares
apresentavam frases com a estrutura-alvo, ou seja, tinham frases com ocorrência de clíticos
pronominais ou tê-la-iam caso fossem conformes à da norma padrão do PE.
Quadro 3.2
Total de redacções com a estrutura-alvo por temas, subtemas e nível de escolaridade
1. Vida 2. Vida 3. Vida cultural 4. Problemas 5. O meio
pessoal profissional e lazer económicos e sociais ambiente T
a b c a b a b c a b c d a b c
B 5 11 7 10 13 7 3 12 3 7 5 8 15 3 4 113
M 5 2 7 6 9 7 2 6 1 7 2 8 16 2 - 80
S 5 2 16 10 13 11 1 9 8 15 1 1 18 5 - 115
SubT 15 15 30 26 35 25 6 27 12 29 8 17 49 10 4 308
T 60 61 58 66 63
Apesar das preferências por determinados subtemas, o número de textos dentro de cada
tema é aproximado. As restantes 64 redacções escolares que não apresentam frases com
ocorrência da estrutura-alvo foram integralmente transcritas e incluídas no corpus. No
quadro 3.3 encontra-se a distribuição das redacções que não foram introduzidas na base de
dados por nelas não ocorrer a estrutura-alvo, organizadas por temas, subtemas e nível de
escolaridade. Os resultados indicam que o nível médio é o que apresenta maior número de
redacções escolares sem a ocorrência de clíticos pronominais.
51
Quadro 3.3
Total das redacções sem a estrutura-alvo por temas, subtemas e nível de escolaridade
1. Vida 2. Vida 3. Vida cultural 4. Problemas 5. O meio
pessoal profissional e lazer económicos e sociais ambiente T
a b c a b a b c a b c d a b c
B 2 - - 2 1 1 - 1 1 1 - - - 2 - 11
M 7 - 2 7 2 5 1 4 2 5 2 1 6 1 - 45
S 1 - 1 2 - 1 - 2 - - - - 1 - - 8
SubT 10 - 3 11 3 7 1 7 3 6 2 1 7 3 -
T 13 14 15 12 10 64
Os números das redacções escolares que não apresentam a estrutura-alvo são os seguintes:
38, 58, 59, 71, 80, 86, 87, 99, 103, 119, 120, 125, 131, 133, 135, 139, 140, 141, 142, 143,
144, 145, 146, 147, 152, 158, 161, 162, 163, 168, 170, 171, 173, 175, 176, 177, 179, 181,
182, 193, 205, 212, 215, 216, 217, 219, 226, 227, 229, 231, 232, 233, 236, 237, 240, 244,
252, 286, 304, 305, 306, 363, 364 e 367.
Tabela 3.1
Distribuição do total de palavras ocorridas no corpus
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
22611 16832 22864 2085 7368 71760
31,5 % 23,4 % 32,0 % 2,9 % 10,2 % 100 %
Tabela 3.2
Total de entradas introduzidas na base de dados
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Total de palavras 22611 16832 22864 2085 7368 71760
Total entradas 434 216 407 27 136 1220
Considerando a variável nível de escolaridade, o nível básico é aquele que mais usou os
clíticos pronominais, com 1,9 % do total de palavras, seguindo-se o nível superior com
1,8% e, por último, o nível médio com 1,3 %. A percentagem de clíticos pronominais nas
cartas de leitores e nos editoriais é, respectivamente, 1,8 % e 1,3 %. Os resultados
percentuais são, portanto, bastante aproximados, permitindo concluir que os inquiridos
começam a usar clíticos pronominais relativamente cedo. Veremos a seguir o grau de
correcção da sua utilização.
Tabela 3.3
Colocação e selecção: entradas na base de dados
Correctas Desviantes Total
960 260 1220
78,7 % 21,3 % 100 %
Tabela 3.4
Total de entradas correctas e desviantes na base de dados
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Total entradas 434 216 407 27 136 1220
Entradas correctas 316 159 349 24 112 960
Entradas desviantes 118 57 58 3 24 260
O quadro 3.5 dá conta da distribuição dos 1202 clíticos pronominais ocorridos em cada
subcorpus. Da observação da frequência de cada um dos clíticos pronominais, ressalta que
o pronome reflexo da 3ª pessoa do singular se foi o mais usado em todos os subcorpus com
11
Segundo Cunha e Cintra (1999), estes fenómenos ocorrem quando o clítico está enclítico ao verbo e este
termina em -r, -s, ou -z, e em ditongo nasal.
54
Quadro 3.5
Frequência dos clíticos pronominais por subcorpus
Clíticos Básicos Médios Superiores Editoriais C Leitores Total
se 250 157 212 21 52 692
me 75 14 134 - 31 254
nos 36 20 16 1 16 89
lhe 11 7 5 - 16 39
lhes 20 7 2 1 5 35
o 3 3 8 - 5 19
lo 4 3 7 1 1 16
los 1 1 5 - 3 10
as 4 1 3 1 - 9
os - 1 4 - 3 8
la 3 - 4 1 - 8
las 3 3 2 - - 8
a 3 - 3 1 1 8
te 3 - - - 1 4
vos 1 - 1 - 1 3
Total 417 217 406 27 135 1202
Os totais neste quadro contemplam todas as entradas correctas e desviantes. A partir destes
totais, no ponto das entradas desviantes, iremos distinguir desvios relativos à selecção e à
colocação dos clíticos pronominais. O nível básico teve um total de 434 entradas na base
de dados (cf. tabela 3.2), mas os dados do quadro indicam apenas uma ocorrência total de
417 clíticos pronominais. Esta diferença deve-se ao facto de ter sido neste nível que se
registaram os casos de omissão e a ocorrência de formas do pronome pessoal forte.
frases em que a mesóclise foi trocada pela ênclise12 (epm). Os resultados da tabela 3.5
revelam que as construções proclíticas apresentam a maior percentagem de entradas
correctas - 52,8 % contra 65,6 % para as construções enclíticas, 0,5 % para as construções
mesoclíticas e 0,1 % de substituição de mesóclise por ênclise.
Tabela 3.5
% de entradas correctas por subcorpus e por padrão de colocação
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Entradas correctas 316 159 349 24 112 960
A posição mesoclítica detém a percentagem mais baixa de entradas correctas, com 0,5 %, 5
ocorrências. O facto de a mesóclise só ter ocorrido no nível superior (0,6 %) e nas cartas de
leitores (3,0 %) confirma, de algum modo, a afirmação de Duarte & Matos (1994) de que a
mesóclise está a perder-se por não corresponder a opções da Gramática do PE moderno,
pelo que precisa de ser aprendida em contextos formais. Estas linguistas adiantam ainda
que, nas novas gerações e em falantes com pouco nível de escolarização, a mesóclise está
sendo substituída pela ênclise. Os dados corroboram esta afirmação, uma vez que se
verificou, como se pode ver na frase (1), apenas 1 ocorrência (0,1 %) de ênclise em vez de
mesóclise (epm) no nível superior.
12
Assumindo que a mesóclise não pode ser o resultado do processo natural de aquisição e que só a
escolarização poderá levar a integrar este padrão na gramática dos falantes, considero-o correcto.
56
Tabela 3.6
% de ênclise em FVS e SeqVerbal
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Total Ocor 156 83 140 10 58 447
FVS 132 71 102 8 48 361
SeqVerbal 24 12 38 2 10 86
Estes resultados mostram que os inquiridos do nível básico e médio e os informantes não
fazem muito uso de clíticos pronominais com sequências verbais. Provavelmente porque
ainda não aprenderam as propriedades de construção destes verbos ou porque nunca as
ouvem da boca de falantes mais proficientes.
Nas SeqVerbais, como esperado, a colocação enclítica é sensível à natureza do verbo mais
alto e à construção sintáctica. Na tabela 3.7, encontra-se a distribuição percentual de cada
sequência verbal sobre o total absoluto de 86 ocorrências e os respectivos exemplos. No
final de cada exemplo está indicado o número do texto e da linha de onde foi retirado. Os
resultados indicam que a ênclise ocorre em, pelo menos, oito tipos de sequências verbais.
57
Destas, a maior percentagem vai para a sequência verbal: Verbo superior + Verbo
encaixado13 com 45,3 %.
Tabela 3.7
Combinações na SeqVerbal
T % Exemplos
Vsup + Venc 39 45,3 problemas familiares tentam resolve-las até...(T2 L27)
PredCompl 1 1,2 e mandam-lhes trazer o parceiro ... (T388 L63)
AuxMod 21 24,4 Em suma deve-se abraçar os problemas (T157 L8)
AuxTComp 12 14,0 Viajar de comboio tem-me fascinado. (T260 L33)
AuxTemp 7 8,0 a viagem vai-me garrantir o desenvolvimento (T370 L17)
AuxAsp+Ger 4 4,7 E assim foi-se constantando motivos vários... (T5 L13)
AuxPassiv 1 1,2 lá são-lhes contadas estórias ... (T393 L56)
AuxAsp+P+Inf 1 1,2 O sr Blaise pós-se a beber (T1 L14)
13
Neste tipo de sequência verbal registámos, no nível superior, um caso de adjectivação do verbo encaixado:
*Muitas pessoas deixam-se marginalizadas ( PE: deixam-se marginalizar ).
58
Tabela 3.8
% de próclise em FVS / SeqVerbal
Contextos Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Total Ocor 160 76 206 14 51 507
FVS 144 63 173 11 43 434
SeqVerbal 16 13 33 3 8 73
Nas SeqVerbais, a colocação proclítica ocorre em todas as sequências cujo verbo mais alto
é um auxiliar ou semi-auxiliar, quer o seu complemento seja ou não introduzido por uma
preposição. Registaram-se nestes contextos as preposições a (12 ocorrências), em (3
ocorrências) e de (1 ocorrência).
Tabela 3.9
Combinações na SeqVerbal
T % Exemplos
AuxModal 24 32,9 ... das dificuldades que se possa enfrentar (T300 L14)
PredComplexo 24 32,9 e não nos deixemos seduzir pelas aparências (T390 L12)
AuxTCompostos 12 16,4 O que se tem verificado ultimamente (T284 L23)
AuxPassivo 6 8,2 O despacho que me foi dado (T277 L15)
AuxAspectual 5 6,8 ... um estudante que se está a formar (T279 L17)
AuxTemporal 2 2,7 Exposição esta que se vai sequencializar (T46 L6)
Vsup + Venc 1 1,5 ...se assim lhes quisermos chamar (T47 L5)
Como se pode observar na tabela 3.9, a próclise ocorre em sete tipos de sequências verbais.
A sequência verbal encabeçada por AuxModal tem a maior percentagem de ocorrências,
com 32,9 %, ao passo que, no padrão enclítico, a percentagem maior foi a da sequência
Vsup+Venc, com 46,6 %.
Registe-se que estão incluídos nesta contagem casos de Subida de Clítico com verbos
perceptivos e volitivos, com predicadores complexos e com auxiliares e semi-auxiliares.
59
Segundo a norma padrão do PE, a próclise é a posição que é imposta ao clítico pronominal
em certas condições particulares, tais como a presença, em posição pré-verbal, de
operadores de negação, complementadores, palavras-Q, certos advérbios, preposições e
quantificadores. O quadro 3.5, dá conta das categorias que desencadearam a próclise nas
entradas correctas, organizadas por subcorpus. Os dados indiciam que a posição proclítica
não é exclusiva de nenhuma classe de proclisadores, ou seja por um lado, os inquiridos e os
informantes não eliminaram da sua gramática nenhuma classe específica de atractores de
próclise; por outro aceitam violações de próclise com a maior parte dos proclisadores.
Quadro 3.5
Frequência das categorias que desencadearam próclise nas entradas correctas
B M S Ed CL
Categoria dos proclisadores FVS FVC FVS FVC FVS FVC FVS FVC FVS FVC T
não 20 3 5 5 17 5 4 2 7 1 69
nunca 2 - - - 2 2 - - - - 6
sem 3 2 - - - - - - - - 5
Operadores de ninguém - - - - 2 - - 1 1 - 4
negação jamais - - - - - 1 - - - - 1
nada - - - - - - - - - - 1
que 55 12 29 6 84 23 4 - 15 4 232
para 10 - 5 - 10 - - - 4 - 29
quando 8 - 1 2 10 1 - - 6 - 28
onde 8 - 4 1 3 4 - - - - 20
Complementadores se 3 1 1 - 7 1 - - 1 - 14
e como 3 1 1 - 3 2 - - - - 10
palavras-Q
porque 1 2 3 - 1 - - - 2 - 9
embora 2 - - 2 - - - - - - 4
já 4 - - - 2 2 1 - 1 - 10
só 1 - 1 - 5 - - - - 1 8
até - - - - 3 - - - 1 - 4
também 1 - - - 3 - - - - - 4
Advérbios ainda - 1 - - 1 - - - 1 - 3
indutores apenas - - - - 1 - - - - - 1
sempre 1 - - - - - - - - - 1
de 11 3 6 - 8 - 1 - 1 - 30
por - - - 3 - - - - - 2 5
Preposições em - - 2 - - - 1 - - 1 4
muitos 2 - - - - - - - - - 2
poucos - - 1 - - - - - - - 1
alguém - - - - 1 - - - - - 1
Quantificadores qualquer 1 - - - - - - - - - 1
um
60
(2) ... uma vez que me sinto capaz de ... (T42 L4 1b RE B5)
(3) ... e para que se escreve neste caso consigo ...(T34 L8 1b RE B3)
(4) ... desde que o momento nos leva a fazer injustiças... (T90 L24 2b RE B17)
(5)... sem que se aperceba dessa influência... (T185 L9 1c RE M38)
(6) ... com eles sempre que se mostre pertinente ... (T250 L16 1c RE S51)
(7) ... na medida em que as uso como uma arma... (T289 L24 1c RE S59)
(8) ... logo que os homens se relacionam uns com os outros ... (T339 L7 1c RE S69)
Tabela 3.10
Desvios quanto à selecção
B M S Ed CL Total
Total Ocor 21 5 2 - 5 33
leísmo 4 4 - - 4 12
omissão do Cl 13 - - - - 13
inserção do Cl - 1 2 - - 3
concordância - - - - - -
pronome pessoal forte 4 - - - 1 5
No que diz respeito aos resultados sobre a selecção dos clíticos pronominais verificámos
que:
(a) Nos casos de leísmo, uma pequena percentagem dos inquiridos dos níveis básico e
médio e os informantes das cartas de leitores, perante OD [+HUM ], apresentam
dificuldades com os clíticos acusativos e produzem leísmo, como está ilustrado na frase
(9). Este dado foi também identificado por Duarte, Matos, e Faria (1994) nas crianças
portuguesas monolingues. No PB, segundo Nunes (1993) os clíticos acusativos de 3.ª
pessoa estão em vias de extinção, o que terá aberto caminho para a expansão das
construções com objecto nulo e para a introdução de construções com pronome tónico
na posição de objecto. Os dados confirmam também o que P. Gonçalves (1996) referiu
como a tendência dos moçambicanos para associar à posição de SN-OD [+HUM] a
forma pronominal lhe.
(9) (a) ... não ter ninguem para lhes ajudar (T9 L7 4d RE B9)
(b) ... do mundo real que lhes envolve (T223 L8 3c RE M22)
(c) Director Nhussi eu conheço-lhe (T380 L2 CL I83)
(b) Nos casos de omissão do clítico pronominal, os clíticos ocorridos são o, se, nos, me
(n)a. O se teve maior frequência (8 ocorrências). Só no nível básico é que houve
omissão, em contextos em que, segundo a norma do PE, deveria ocorrer numa
percentagem total de 39,4 %. Os clíticos omitidos foram as formas do pronome reflexo
62
me, se, nos e a forma do pronome não-reflexo o. O se foi a forma com mais casos de
omissão com um total de 8 ocorrências, seguindo-se nos com 2 e, por último, o com 1
ocorrência. Estas omissões talvez resultem do facto de os inquiridos do nível básico
ainda não terem adquirido as propriedades lexicais do verbo, pois nos níveis de
escolaridades mais altos este caso não se verifica.
(10) ...no campo a vida é calma, não há que [ - ] preocupar com as poluições (T24 L5)
(11) ... miodas e senhoras prostituirem [ - ] para o seu sustento (T35 L16 2b RE B3)
(12) ... surprieender pra quem não [ - ] conhecia. (T7 L34 1 a RE B7)
(13) ...nós nem sequer [ - ] damos conta. (T25 L22 4c RE B25)
(b) Nos casos de inserção, os clíticos afectados foram se e me. O me teve maior frequência
(2 ocorrências). Observamos que os inquiridos do nível médio e superior, numa
percentagem total de 9,1 %, usaram clíticos pronominais em contextos que o PE não
usaria. No nível básico, registou-se um caso numa entrada já registada nos casos de
troca de ênclise por próclise e, por isso, não foi introduzido no quadro 3.10. Para o
nível superior e médio a inserção pode revelar que a consciência da norma é maior e
muitas vezes os inquiridos têm dúvidas e usam o clítico pronominal abusivamente.
Para o nível básico, pode significar que ainda não aprenderam as propriedades de
construção destes verbos. Na frase (14) não é só a introdução do clítico que determina a
agramaticalidade, mas também a recategorização do complementador quando como
elemento não proclisador em posição pré-verbal.
parece ser a distância entre o nome e o clítico pronominal e não o desconhecimento dos
reflexos morfológicos da identidade de traços gramaticais dos elementos de cadeias
referenciais.
(15) Encontram-se nas discotegas meninas com menos de 18 anos, que metem-se com
senhores porque eles dão-lhe dinheiro14. (T11 L18 4d RE B11)
(16) (a) ... não fará bem para eles (T1 L24 4 a RE B1)
(b) ... a terminar desejo a ele boa saúde e longa vida. (T395 L19 CL I98)
Nos desvios relativos à colocação, identificámos quatro tipos de desvios: troca de próclise
por ênclise (22,4 %), troca de ênclise por próclise (46,3 %), “casos duvidosos” (29,5 %) e
casos de reduplicação do clítico pronominal (1,8 %). Os “casos duvidosos” envolvem
14
Esta frase, para além do problema de concordância, apresenta outros problemas.
64
sequências verbais e foram assim designados porque, durante a análise dos dados, não foi
possível determinar o padrão de colocação do clítico pronominal, uma vez que a falta do
uso do hífen não permitiu determinar se o clítico pronominal está enclítico ao primeiro
termo ou se está proclítico ao segundo termo da sequência verbal.
Nos casos de reduplicação do clítico pronominal, nos níveis básico, médio e superior, os
inquiridos usaram dois clíticos numa só frase, como ilustram as frases (17), numa
percentagem total de 0,3 %. A reduplicação do clítico evidencia os dois padrões de
colocação conflituantes com que se deparam os inquiridos na tentativa de aprenderem a
colocação enclítica e proclítica.
65
(17) (a) ... a mãe nunca se queixou-se do filho (T7 L12 1 a RE B7)
(b) ... habitualmente não se deixam se envolver (T224 L8 4 a RE M45)
Nas entradas correctas, a posição proclítica teve a maior percentagem de ocorrências (52,8
% das 960 entradas) contra 46,6 % de ênclise e 0,5 % de mesóclise e 0,1 % de ênclise por
mesóclise. As posições enclítica e proclítica, nas entradas correctas, ocorrem mais com
formas verbais simples do que com sequências verbais. Nas formas verbais simples,
identificámos as ordens V+Cl e Cl+V. Nas sequências verbais, o clítico ocorre enclítico ao
primeiro termo, ou ao segundo termo (infinitivo, particípio e gerúndio) e proclítico ao
primeiro termo, em presença de elementos atractores em posição pré-verbal. Para próclise
à forma verbal encaixada ver secção dos casos duvidosos e TCLP. Dos elementos que
desencadearam a próclise o que é o mais frequente, seguindo-se não e de.
verbais: (i) Forma Verbal Simples, em três Tipos de Frase: simples, coordenada e
subordinada; e (ii) Sequência Verbal, nos diferentes padrões de colocação registados no
corpus.
Na tabela 3.12, apresenta-se a frequência destes casos de próclise em vez de ênclise por
forma verbal e por subcorpus.
Tabela 3.12
Frequência de próclise em vez de ênclise em FVS e SeqVerbal
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Total Ocor 16 17 12 2 4 51
FVS 13 15 7 2 3 40
SeqVerbal 3 2 5 - 1 11
Na forma verbal simples, a troca da posição enclítica pela posição proclítica só se verifica
na frase coordenada / simples. Estas trocas ocorrem independentemente do modo verbal,
da pessoa gramatical e do tempo verbal15. Na sequência verbal, encontramos auxiliares
aspectuais e auxiliares de tempos compostos.
Segundo a norma padrão do PE (capítulo I ponto 1.4.1), na forma verbal simples, a ênclise
ocorre, obrigatoriamente, em contextos de frases-raiz, em frases coordenadas e em frases
subordinadas que não apresentem atractores de próclise que c-comandem e precedam o
clítico no mesmo sintagma entoacional. Mas, como se observa na tabela 3.12, os
15
No corpus ocorrem todos os tempos simples, com excepção do futuro do pretérito e do pretéito mais-que-
perfeito.
67
A ocorrência de próclise em vez de ênclise parece indiciar que há uma consciência, por
parte dos inquiridos/informantes, de que esta área é problemática16. Por isso esta trocas
podem ser consideradas como casos de generalização do uso dos advérbios e
quantificadores que se incluem entre os proclisadores, como é caso de agora e algumas nas
frases (20) e (22), e, de uma forma mais geral, do papel de constituintes “antepostos” no
desencadear da próclise (veja-se (18)).
O padrão de colocação VAux+P+ Cl+ VPrinc é o que apresenta a percentagem mais alta.
Neste padrão de colocação, a única preposição utilizada foi a.
16
São frequentes entre os falantes moçambicanos situações de correcção de colocação dos clíticos na
oralidade.
68
Tabela 3.13
Combinações na SeqVerbal
T % Exemplos
AuxAsp 9 81,8 Este desemprego começou a se fazer sentir. (T3 L11)
influência das amigas chegam a se meter na vida (T213 L15)
informação que está a se fazer passar (T316 L19)
que só começou a se fazer sentir em Moç. (T388 L6 )
AuxTComp 1 9,1 da faixa etária isso me tem tornado feliz (T353 L20)
1 9,1 ... tenho também me dedicado a leitura (T355 L11)
Tabela 3.14
Frequência de ênclise em vez de próclise em FVS e SeqVerbal
Básico Médio Superior Editoriais CLeitores Total
Total Ocor 51 12 30 - 12 105
FVS 43 11 26 - 11 91
SeqVerbal 8 1 4 - 1 14
Os dados revelam que, tanto na forma verbal simples como na SeqVerbal, se verifica a
ocorrência de ênclise em vez de próclise. Na forma verbal simples, a troca só se verifica na
frase subordinada. Estas trocas ocorrem independentemente do modo verbal, da pessoa
gramatical e do tempo verbal. Nas SeqVerbais, a colocação enclítica ocorre em todas as
sequências cujo verbo mais alto é um auxiliar ou semi-auxiliar, quer o seu complemento
seja ou não introduzido por uma preposição. Registaram-se nestes contextos as preposições
a (5 ocorrências) e de (1 ocorrência). Identificámos, nestes casos de ênclise em vez de
próclise, três padrões de colocação: V1+Cl+V2, V1+V2+Cl. e V1+Cl+P+V2. O padrão
com maior número de ocorrências foi V1+Cl+V2 com 7 ocorrências; seguindo-se
V1+Cl+P+V2, com 5 ocorrências; e, V1+V2+Cl, com 2 ocorrências. Na tabela 3.15,
encontra-se a distribuição percentual das 14 ocorrências e os respectivos exemplos.
Tabela 3.15
Combinações na SeqVerbal
T % Exemplos
Vsup + Venc 7 50,0 ... também consegue-se resolver problemas (T56 L39)
AuxMod 3 21,5 ... eles não podem-se alimentar porque... (T55 L21)
AuxAsp+Ger 1 7,1 ...dinheiro que vai acabando-se nas drogas (T97 L16)
PredComp 2 14,3 ... nome que fez-lhe ganhar muita fama (T394 L17)
Vsup perceptivo 1 7,1 ... e nunca viu-o a discutir (T7 L12)
Como se pode observar na tabela 3.15, o tipo de sequência verbal com a percentagem de
ocorrências mais elevada é Vsup+ Venc. Incluem-se neste caso tanto ênclise de clíticos
associados ao verbo superior (4 ocorrências), quanto ênclise associada a subida de clítico
(3 ocorrências).
distribuem por diferentes classes sintáctico-semânticas. No entanto, para que estes itens
desencadeiem próclise, é preciso que “c-comandem e precedam o hospedeiro verbal do
clítico” (cf. entre outros, Duarte 1983). Mas os resultados revelam que, mesmo
verificando-se as condições acima descritas, os inquiridos/ informantes usam o padrão
enclítico nas orações subordinadas com forma verbal simples/ sequência verbal, quer esta
seja finita ou não finita (cf. exemplos (23)-(30).
Então, podemos formular a hipótese de que estes desvios à norma padrão resultam da
dificuldade em identificar os indutores da próclise, por pertencerem a categorias muito
variadas e de natureza sintáctico-semântica diversificada. Outro aspecto que parece
relevante é a ocorrência de material lexical entre o elemento introdutor da subordinação e o
hospedeiro verbal do clítico. Pode ser que esta distância leve os inquiridos a pensar que o
elemento proclisador não pertence ao mesmo sintagma entoacional a que pertence o clítico
pronominal. Como se pode observar nas frases (23), (28) e (30), o material lexical pertence
a categorias morfológicas diferentes: um sintagma nominal (algumas pessoas), um
advérbio (melhor) e um sintagma preposicional (em 1999). Portanto, a natureza do material
lexical não é determinante para a ocorrência da posição enclítica.
17
Esta frase apresenta também problemas de selecção.
71
Quadro 3.6
Frequência comparativa dos indutores ocorridos em X4 e em X2
Básico Médio Superior Editoriais Cleitores
Proclisadores X2 X4 X2 X4 X2 X4 X2 X4 X2 X4
Operadores de negação não 23 3 10 2 22 4 6 - 8 -
nunca 2 1 - - 4 - - - - 1
que 67 14 35 2 107 7 4 - 19 8
se 4 1 1 - 8 1 - - 1 -
Complementadores porque 3 6 3 1 1 3 - - 2 1
e quando 8 4 3 - 11 - - - 6 1
palavras-Q para 10 - 5 1 10 6 - - 4 1
como 4 1 1 2 5 - - - - -
onde 8 3 5 - 7 1 - - - 1
só 1 - 1 1 5 - - - 1 1
até - 1 - - 3 - - - 1 -
Advérbios também 1 2 - - 3 2 - - - -
já 4 2 - - 4 - 1 - 1 -
somente - 1 - - - - - - - -
Quantificadores algumas - 1 - - - - - - - -
todos - 1 - - - - - - - 1
Preposições em - - 2 1 - - 1 - 1 -
de 14 8 6 2 8 6 1 - 1 -
Este quadro deve ler-se do seguinte modo, exemplificado com o operador não: no nível
básico, o operador de negação não desencadeou, correctamente, a próclise em 23
ocorrências e, erradamente, não desencadeou a próclise em 3 ocorrências. Como se pode
observar, a frequência dos proclisadores em cada uma das categorias é muito variável. Os
proclisadores com maior frequência nos três níveis de escolaridade são o que e o para, na
classe dos complementadores e palavras-Q; o não nos operadores de negação; o de nas
72
Tabela 3.16
% dos casos duvidosos e as diferentes combinações das SeqVerbais
B M S Ed Cl Total
Total ocorrências desviantes 97 52 56 3 19 227
Total “casos duvidosos” 28 22 13 1 3 67
% total “casos duvidosos” 28,9 % 42,3 % 23,2 % 33,3 % 15,8 % 29,5 %
Combinações nas SeqVerbais
Aux TComp 8 11 6 - - 25
Aux Mod 6 6 2 - - 14
Vsup+Venc 6 1 3 - - 10
Aux Temp 4 - - 1 3 8
Aux Asp 1 2 - - - 3
Aux Passiv - 1 2 - - 3
AuxAsp + Ger 2 - - - - 2
Vsup+AuxTemp+Venc 1 - - - - 1
Apesar das diferenças percentuais, os dados revelam que o primeiro verbo da sequência
verbal nos “casos duvidosos” pode pertencer a vários tipos de auxiliares e semi-auxiliares,
ou pode ser um verbo principal. Organizámos os dados a cuja análise vamos proceder com
base na forma verbal do segundo membro da sequência.
73
Particípio passado
O particípio passado ocorre em 25 casos com o AuxTCompostos ter e em 3 casos com o
AuxPassivo ser. Said Ali (1964:215) afirma que nas conjugações compostas, quando o
verbo principal está no particípio passado, o clítico pronominal fica enclítico ao verbo
auxiliar a menos que haja elementos proclisadores. Mas a partir dos dados não é possível
determinar se o clítico pronominal é enclítico ao verbo auxiliar ou se é proclítico ao verbo
principal porque os inquiridos/informantes não usam hífen e, mesmo em presença de
proclisadores na posição pré-verbal, o padrão de colocação continua o mesmo. Vejam-se as
frases:
Gerúndio
O gerúndio ocorre em 3 casos com o AuxAsp, 2 casos com o verbo ir e 2 casos com um
verbo principal. Ainda segundo Said Ali, quando o verbo principal é um gerúndio, costuma
transferir-se o clítico pronominal para o verbo auxiliar/ verbo superior, se este vier antes;
mas, se o auxiliar/superior vier depois do gerúndio, o clítico pronominal fica enclítico a
este. Mas, mais uma vez, os dados revelam que esse princípio é violado, como se pode ver:
Infinitivo
18
Esta frase é uma passiva de ser, embora na norma europeia este verbo não seja transitivo.
74
O infinitivo ocorre em 13 casos com o AuxMod, 9 casos com o AuxTemp e 9 casos com
verbo principal. Na norma padrão do PE, em construções com semi-auxiliares temporais e
modais e com verbos principais que aceitam a formação de predicados complexos por
reestruturação, o clítico dependente do verbo encaixado pode ocorrer adjacente ao verbo
superior, na construção denominada Subida de Clítico. Observem-se as frases do corpus
apresentadas abaixo:
Como se pode observar nestas frases há inquiridos dos três níveis de escolaridade que
colocam o clítico pronominal entre o verbo auxiliar/ superior e o verbo principal/
encaixado, sem usarem hífen. Por não fazerem uso de hífen e nem haver material lexical
entre as duas formas verbais, não se consegue determinar a posição do clítico. Isto
confirma, de certo modo, que a colocação dos clíticos pronominais nas sequências verbais
é uma área problemática. Nas sequências verbais ocorridas, nas entradas correctas, os
inquiridos/informantes fizeram uso de hífen. Portanto, a não utilização do hífen pode
revelar que inquiridos / informantes têm consciência da norma mas, como têm dúvidas,
preferem não usar hífen ou que, nestes contextos, se está a generalizar no Português de
Moçambique, a próclise à forma não finita.
Do total absoluto das sessenta e sete ocorrências de “casos duvidosos”, trinta e quatro
correspondem à posição do clítico em presença de um elemento tipo proclisador e as
restantes trinta e três ao clítico pronominal proclítico ao verbo principal/encaixado sem a
presença de um elemento tipo proclisador.
Semedo (1997:44) já havia caracterizado a “má” colocação dos clíticos nas Formas
Verbais Complexas como insegurança e associa esta insegurança ao facto de na língua
portuguesa existirem duas normas para contextos semelhantes. E isso, segundo ele, leva a
75
que o estudante “opte por aquela que lhe parece mais natural na língua.” A intuição é que
rege e não o conhecimento da regra.
Cyrino (1996: 170-171), no estudo que fez sobre a mudança da posição dos clíticos em PB,
concluiu que “há uma mudança nos padrões de ocorrência da próclise, ou seja a ocorrência
de clitic climbing é progressivamente restringida.” Portanto, em PB actual, em orações
com uma forma verbal complexa, o clítico pronominal está associado ao verbo mais baixo.
Segundo a mesma autora, esta restrição deve-se a uma reanálise para a posição do clítico
pronominal, a partir de frases matrizes contendo formas verbais complexas, em que a
posição enclítica era possível ao verbo auxiliar. Ao ser confrontada, oralmente, com frases
do tipo:
a criança pode ter interpretado o clítico pronominal não como enclítico ao verbo auxiliar
(cf. (49)) mas como proclítico ao verbo principal, conforme a frase (48). De acordo com os
nossos dados, no PM há uma tendência de mudança na posição dos clíticos pronominais
nas sequências verbais, especificamente a perda da ênclise ao verbo mais alto que passa a
próclise ao verbo encaixado, aproximando-se, neste aspecto, o português moçambicano do
português brasileiro.
Cyrino (1996) notou que este padrão de colocação não ocorria com o clítico pronominal o.
Esta observação é interessante pois das sessenta e sete ocorrências dos “casos duvidosos”
só tivemos um único caso com o clítico pronominal o, e no nível superior:
Como conclusão da análise dos contextos desviantes, pode dizer-se que em formas verbais
simples, os inquiridos/ informantes alternam as duas ordens básicas: V+Cl / Cl+V,
violando a norma padrão do PE. Os casos de próclise estranha ao PE ocorrem em frases
coordenadas/simples com forma verbal simples e em frases com sequências verbais.
76
Nos “casos duvidosos”, não foi possível determinar se o clítico está enclítico ao verbo mais
alto ou proclítico ao verbo encaixado. Nestes casos, identificámos estruturas do tipo
“Vaux/Vsup + Cl+Ger” e “Vaux/Vsup +Cl+ Part” e “Vaux/Vsup + Cl+Inf”.
O TCLP incluiu três tarefas. A primeira consistia na selecção do clítico apropriado num
contexto dado. A Segunda era uma tarefa de avaliação da gramaticalidade de sequências
em que estava em causa:
Para além do desejo de contribuir para reforçar algumas conclusões de estudos anteriores
sobre o PM, a inclusão destas questões deve-se ao facto de os resultados das redacções,
editoriais e cartas de leitores terem revelado que também há problemas na selecção dos
clíticos. Apenas os inquiridos (autores das redacções escolares) realizaram o teste. Em
primeiro lugar, apresentam-se os resultados referentes à tarefa de selecção, seguindo-se os
respeitantes à tarefa de juízos de gramaticalidade e por último os relativos à tarefa de
colocação.
Tabela 3.17
Selecção do acusativo: realizações correctas e desvios de concordância
a as o os
Ocor B M S B M S B M S B M S
a 24 25 38 1 - - 3 - 2 - - -
as - - - 4 12 18 - - - - - -
o 8 5 2 - 1 - 14 21 17 - 1 -
os - - - 3 1 1 - 1 - 18 15 18
% a 48 % 50 % 76 % 4 % - - 12 % - 8% - - -
% as - - - 16 % 48 % 72 % - - - - - -
% o 16 % 10 % 4 % - 4% - 56 % 84 % 68 % - 4% -
% os - - - 12 % 4 % 4 % - 4% - 72 % 60 % 72 %
Na língua portuguesa, o género é uma categoria morfo-sintáctica que possui dois valores:
masculino e feminino. Apesar de existirem algumas excepções, o masculino refere
geralmente uma entidade de sexo masculino, e o feminino refere uma entidade de sexo
feminino. Os inquiridos, em princípio, dominam esta regra, mas no nível superior
registam-se alguns resíduos percentuais: 4 % na selecção dos acusativos a e as, 8 % na do
acusativo o. Nos resultados das redacções escolares, editoriais e cartas de leitores, os
inquiridos/ informantes demonstram uma certa dificuldade no uso do clítico pronominal
quanto ao género quando este deve ser usado em função de um referente identificado num
dado contexto.
Leísmo
Na tabela 3.18, estão os resultados respeitantes aos casos de leísmo ocorridos na selecção
do acusativo. Os dados da tabela revelam também casos de concordância anómala quanto
ao número, mas estes casos não serão aqui comentados.
80
Tabela 3.18
Selecção do acusativo: leísmo
a as o os
Ocor B M S B M S B M S B M S
lhe 13 19 10 4 - 2 6 3 5 - - -
lhes - - - 12 11 4 1 - - 4 7 3
% lhe 26 % 38 % 20 % 16 % - 8 % 24 % 12 % 20 % - - -
% lhes - - - 48 % 44 % 16 % 4 % - - 16 % 28 % 12 %
Nos casos de leísmo, apesar de a curva percentual ser descendente, temos resíduos
percentuais bastante significativos em todos os níveis de escolaridade. No nível superior,
onde esperávamos que a selecção do acusativo estivesse já adquirida e estabilizada,
verificam-se casos de leísmo: 12 % na selecção do acusativo o, 20 % na selecção dos
acusativos a e o, e 24 % na selecção do acusativo o.
Os resultados da tabela 3.18 confirmam o que Gonçalves (1996) constatou para o PM, i.e.,
que há uma tendência para associar à posição de SN-OD [+HUM] a forma pronominal lhe.
No PE, Duarte, Matos e Faria (1994) concluíram que o uso do clítico pronominal acusativo
pelas crianças portuguesas, portanto crianças falantes nativas, também é afectado pelo
fenómeno de leísmo.
Pessoa gramatical
Na selecção do acusativo, o clítico em observação é o clítico de 3.ª pessoa o em toda a sua
flexão (género e número). Nos desvios relativos à selecção de pessoa gramatical, os
resultados revelam que os inquiridos, em vez das formas acusativas de 3ª pessoa
seleccionaram outras pessoas gramaticais (me, te, e nos) ou o clítico de 3.ª pessoa do
paradigma dos reflexos se.
padrão do PE, nos clíticos acusativos de terceira pessoa, quando o clítico se segue a uma
forma verbal terminada em ditongo nasal, ocorre uma multi-associação do traço [+nasal];
contudo, esta condição não se verifica no contexto em causa, pelo que a ocorrência de
nos/no pode ser interpretada com um caso de hipercorrecção. Os resultados mostram-nos
que a selecção da 1ª pessoa do plural nos em vez da 3ª pessoa do plural os é a que
apresenta percentagens mais significativas, nos três níveis de escolaridade: 12 %, 8 % e
16%. Os restantes casos só ocorrem no nível básico, o que pode indicar que, ao longo do
processo de aprendizagem, a aquisição da pessoa gramatical dos clíticos se vai
estabilizando.
Tabela 3.19
Selecção do dativo: realizações correctas e desvios quanto à concordância
te lhe lhes
Ocor B M S B M S B M S
te 18 20 16 - - - - - -
lhe - - - 17 13 23 2 2 1
lhes - - - - - - 11 13 21
% te 72 % 80 % 64 % - - - - - -
% lhe - - - 68 % 52 % 92 % 8% 8% 4%
% lhes - - - - - - 44 % 52 % 84 %
Na selecção da 3ª pessoa, os resultados revelam que nos níveis básico e médio a selecção
padrão encontra-se ainda em aquisição, dado que as percentagens oscilam entre os 52 % e
os 75 %. Mas no nível superior, as percentagens situam-se acima de 86 %, o que revela que
neste contexto a selecção padrão está estabilizada apesar dos desvios relativos à
concordância.
Concordância
Os dados da tabela 3.19 revelam que os desvios quanto à concordância se referem à flexão
em número e registaram-se apenas na selecção do clítico dativo da 3ª pessoa do plural
(lhes). Nos três níveis de escolaridade, os inquiridos seleccionaram a 3ª pessoa do singular
(lhe). As percentagens são relativamente baixas (8 %, e 4%) e parecem ser “erros” que
ocorrem mesmo em falantes nativos.
Tabela 3.20
Selecção do dativo: selecção incorrecta do Cl acusativo e pronome forte
te lhe lhes
Ocor B M S B M S B M S
a 1 1 - - 1 - 2 1 -
o - 1 - 3 1 - - -
os 1 - - - - - 2 1 2
eu 1 - - - - - - - -
%a 4% 4% - - 4% - 8% 4% -
%o - 4% - - 12 % 4 % - - -
% os 4% - - - - - 8% 4%
% eu 4% - - - - - - - -
Na selecção do dativo te, os resultados revelam que a selecção do clítico acusativo de 3.ª
pessoa só ocorre no nível básico e médio. O facto de ocorrer só nestes níveis e em
percentagens baixas pode significar estar-se perante “erros” que vão sendo resolvidos ao
longo do processo de aprendizagem, daí que no nível superior não tenha havido nenhuma
ocorrência. Apenas um inquirido do nível básico seleccionou a 1ª pessoa do pronome
pessoal forte (eu), compatível com a forma verbal “digo”: trata-se de um uso em que não é
respeitada a instrução mas em que o resultado é uma frase gramatical e apropriada ao
contexto.
84
Na selecção da 3.ª pessoa do singular (lhe), apenas os inquiridos dos níveis médio (16 %) e
superior (4 %) seleccionaram o clítico acusativo. No nível básico, 4 % dos 16 %
cometeram um desvio quanto à concordância porque seleccionaram a 3.ª pessoa do
feminino quando o sintagma preposicional a ser substituído era do género masculino.
Pessoa gramatical
Na selecção do dativo, os clíticos em observação eram a 2.ª pessoa do singular (te) e a 3.ª
pessoa do singular (lhe) e do plural (lhes). Na produção de te, no nível médio
seleccionaram a 2ª pessoa do plural, vos (4%). Nos três níveis de escolaridade
seleccionaram a 3ª pessoa do singular lhe 20 %, 12 % e 32 %. Como se pode observar nas
frases (54), parece que os inquiridos têm dificuldade no uso da morfologia do imperativo.
Gonçalves (1997) propõe que estes casos sejam inseridos “ num campo mais amplo, de
“revisão” das formas de tratamento usadas para a 2.ª pessoa, nomeadamente a oposição
tu/você.”
Na selecção do dativo lhe, nos níveis básico e médio seleccionaram a 1.ª pessoa do
singular, me, respectivamente, 24 % e 20 % dos inquiridos e a 2.ª pessoa do singular, te,
8% em cada nível. Nos níveis médio e superior, 4 % em cada nível usaram no, violando
mais uma vez a regra morfofonológica da norma padrão do PE, o que interpretamos como
um caso de hipercorrecção.
85
De acordo com as percentagens das entradas correctas, pode considerar-se que a selecção
do dativo, nos níveis básico e médio ainda está em aquisição já no nível superior, lhe está
adquirido e estabilizado. Quanto à forma te induzida pela 2.ª pessoa do imperativo, os
resultados indicam que os falantes do nível superior hesitam entre a selecção de um clítico
da 2.ª pessoa gramatical ou de um clítico de 2.ª pessoa do discurso.
Tabela 3.21
Acusativo: juízos de gramaticalidade
a (l)o os
Ocor B M S B M S B M S
a 11 11 12 - - - - - -
o - - - 15 23 24 - - -
os - - - - - - 16 21 24
lhe 8 13 12 1 2 1 - - -
lhes - - - - - - 4 3 1
ele/a 1 - - 2 - - 1 - -
a ele/a/s 4 1 1 6 - - 3 1 -
%a 44 % 44 % 48 % - - - - - -
%o - - - 60 % 84 % 96 % - - -
% os 64 % 84 % 96 %
% lhe 32 % 52 % 48 % 4% 8% 4% - - -
% lhes - - - - - - 16 % 12 % 4%
% ele/a 4% - - 8% - - 4% - -
% a ele/a/s 16 % 4% 4% 24 % - - 12 % 4% -
Nos três níveis de escolaridade, mas com maior incidência no básico e no médio, os
inquiridos aceitam como correcto o padrão Prep + Pronome pessoal forte, própria para a
87
(58) (a) Ela pede-me sempre para lhe ajudar a escolher o arroz.
(b) Ela pede-me sempre para a ajudar a escolher o arroz. (*)
(c) Ela pede-me sempre para ajudar a ela a escolher o arroz. (*)
Como se pode observar, o inquirido, para além da realização padrão do PE, admite várias
outras realizações, o que revela claramente a confluência de duas normas: a europeia e a
“moçambicana”. Este dado leva-os à hipótese de que em Moçambique as formas fortes e
preposicionadas do pronome pessoal podem ocorrer na posição de OD. No PB, as
construções com clíticos acusativos de terceira pessoa foram gradualmente substituídas por
duas outras construções: construções com objecto nulo e construções com pronome tónico
na posição de objecto directo, como ilustram as frases (59) e (60):
Portanto, o PM, neste contexto, também segue duas direcções: no sentido de construções
do tipo (60), como o PB, e num sentido diferente do PB e do PE: construções com formas
preposicionadas na posição de OD em construções que não são de redobro de clítico.
Tabela 3.22
Dativo: juízos de gramaticalidade
me lhe lhes
Ocor B M S B M S B M S
me 28 36 43 - - - - - -
lhe - - - 18 37 43 2 - -
lhes - - - - - - 10 17 22
ela - - - - - 2 - - -
a ele/a(s) - - - 27 13 5 7 4 1
a mim 21 14 7 - - - - - -
para ele/a(s) - - - 4 - - 4 3 2
% me 56 % 72 % 86 % - - - - - -
% lhe - - - 36 % 74 % 86 % 8% - -
% lhes - - - - - - 40 % 68 % 88 %
% ela - - - - - 4% - - -
% a ele/a(s) - - - 54 % 26 % 10 % 28 % 16 % 4%
% a mim 42 % 28 % 14 % - - - - - -
% para ele/a(s) - - - 8% - - 16 % 12 % 8%
2 % dos inquiridos do nível básico não emitiram juízos sobre o dativo me. No nível básico,
6 %, e no nível médio, 4 % não emitiram juízos sobre o dativo lhe(s).
Lei Tobler-Moussafia
No número 2 (alíneas a – e) do grupo B do TCLP, foram fornecidas cinco frases, cada uma
com duas alternativas, e o inquirido devia seleccionar apenas uma delas – cf. (63):
Do total absoluto de 125 frases, os resultados percentuais nos três níveis de escolaridade,
respectivamente 81 %, 78 % e 100 %, revelam que, nos níveis básico e médio, a ênclise,
neste contexto, está adquirida mas não está estabilizada. Nestes dois níveis, 19 % e 22 %
seleccionaram como correctas frases com o clítico em posição inicial absoluto de frase. No
nível superior, a ênclise está totalmente adquirida e estabilizada. Tendo em conta estes
resultados, podemos pôr como hipótese que o PM, neste contexto, segue o caminho do PE
e não do PB.
Tabela 3.23
Colocação proclítica
que quando se
Padrões Ocor B M S B M S B M S
pro 11 10 22 11 12 16 - - -
proaux/sup 2 5 13 - - - 6 5 15
propart - - - - - - 9 8 6
enc 13 13 2 12 10 4 - - -
encaux/sup 14 6 7 - - - 2 9 4
encinf 1 5 2 - - - - - -
encpart - - - - - - 3 - -
% pro 44 % 40 % 88 % 44 % 48 % 64 % - - -
% proaux/sup 8 % 20 % 52 % - - - 24 % 20 % 60 %
% propart - - - - - - 36 % 32 % 24 %
% enc 52 % 52 % 8% 48 % 40 % 16 % - - -
% encaux/sup 56 % 24 % 28 % - - - 8% 36 % 16 %
% encinf 4% 20 % 8% - - - - - -
% encpart - - - - - - 12 % - -
(64) Quando uma pessoa tem que _________ (se / deslocar) para qualquer lado...
(65) Quando __________ (se / anular) a décima classe passei a estudar à noite.
dados revelam que neste contexto a próclise está adquirida e estabilizada pois a
percentagem de próclise é de 88 % contra 8 % de ênclise. Com o complementador quando,
os resultados revelam que nos níveis básico e médio a próclise no contexto em causa não
está adquirida porque apenas 44 % e 48 % fizeram próclise e 48 % e 40 % fizeram ênclise.
No nível superior, 64 % fizeram correctamente próclise e 16 % fizeram ênclise. Estes
resultados revelam que, no nível superior, parecem co-existirem duas gramáticas: uma
conforme à norma padrão do PE, que inclui “quando” na lista de atractores de próclise,
outra que já não o faz.
Portanto na forma verbal simples, o padrão de colocação V+Cl acontece com os dois tipos
de complementadores, apesar de o que apresentar maior índice de frequência neste padrão.
Infinitivo
No contexto apresentado em (66), segundo a norma padrão do PE, o clítico pronominal
pode preceder o verbo modal/ aspectual ou ocorrer à direita da forma do infinitivo. Os
resultados confirmam a ocorrência destas duas possibilidades de colocação nos três níveis
de escolaridade: respectivamente, 8 %, 20 % e 52 % para o padrão Cl+ Vaux+ Inf e 4 %,
20 % e 28 % para o padrão Vaux+Inf+Cl. Os níveis básico e superior mostram uma clara
preferência pela próclise ao verbo auxiliar e o nível médio usa equitativamente os dois
padrões. As percentagens globais dos padrões de colocação revelam que nos níveis básico
(10 %) e médio (40 %), a próclise neste contexto ainda não está adquirida e, no nível
superior (60 %), está ainda em aquisição.
Para além dos dois padrões de colocação correctos, acima descritos, os inquiridos usaram
um terceiro padrão de colocação: Vaux+Cl+Inf. No contexto em causa, este padrão,
segundo a norma padrão do PE, é agramatical. Nos três níveis de escolaridade, 56 %, 24 %
93
Mas, no quadro 3.7, apresentamos, por nível de escolaridade, os inquiridos que, com a
forma verbal simples, consideraram o que atractor de próclise e que, com a forma verbal
complexa, já não o consideraram e optaram pela ênclise ao verbo auxiliar, ou seja, os
mesmos sujeitos tiveram comportamentos diferentes conforme a estrutura da forma verbal.
Quadro 3.7
Nível básico Nível médio Nível superior
1, 2, 5, 18, 20, 21, 25 44, 45, 46 57, 63, 64, 65, 68, 69, 75
A partir dos dados destes, podemos colocar como hipótese que na sua gramática, embora o
que, funcione como atractor de próclise, a posição-alvo para Subida de Clítico é
exclusivamente a ênclise.
Particípio
No contexto apresentado em (67), aqui repetido como (68) segundo a norma padrão do PE,
numa forma verbal complexa com o verbo principal no particípio passado, o clítico
pronominal tem obrigatoriamente como hospedeiro o verbo auxiliar. Dada a presença do
proclisador se, o clítico deveria ocorrer na posição proclítica ao verbo auxiliar. Para evitar
ambiguidades na leitura dos resultados, a frase apresentava espaços em branco em todas as
posições possíveis de colocação do clítico pronominal.
(68) Se ___ tivessem ___ ___ ensinado ___ não perdíamos tanto tempo. (nos)
Nos três padrões desviantes, os inquiridos mostram uma maior preferência pelo padrão
Vaux+(Cl+Part),i.e., próclise ao particípio: 36 %, 32 % e 24 %, seguindo-se
(Vaux+Cl)+Part, ou seja, ênclise ao auxiliar: 8 %, 32 % e 16 %; por último, e só no nível
básico, ocorre o padrão Vaux+Part+Cl, de ênclise ao particípio: 12 %. Estes padrões
desviantes revelam que os inquiridos ignoraram por completo a presença do
complementador se em posição pré-verbal e a regra segundo a qual as formas do particípio
passado não podem ser hospedeiros verbais para os clíticos pronominais, pelo facto de as
suas projecções máximas não conterem núcleos funcionais temporais.
Tabela 3.24
Percentagens: “casos duvidosos”, omissões e Cl sem verbo
quando que se
Ocor B M S B M S B M S
“casos duvidsos” - - - 7 7 3 5 3 -
Omissão Cl 2 3 5 2 4 - - - -
Cl sem verbo - - - - - 1 - - -
Em síntese, na colocação proclítica, os dados revelam que, nos contextos em causa, nos
níveis básico e médio, a próclise não está adquirida e no nível superior ainda está em
aquisição ou co-existem três diferentes gramáticas. Na forma verbal simples verifica-se a
ocorrência dos dois padrões básicos: V+Cl e Cl+V. Na forma verbal complexa, com o
verbo principal no infinitivo identificámos os padrões: Cl+Vaux+Inf/ *(Vaux+Cl)+Inf /
Vaux+Inf+Cl. Com o verbo principal no particípio os dados confirmam a existência dos
padrões: Cl+Aux+VPrinc / *Vaux+(Cl+Part) / *(Vaux+Cl)+ Part / *Vaux+Part+Cl. Maior
destaque vai para o padrão Vaux+(Cl+Part) que parece estar a generalizar-se no PM.
Sequência verbal
O grupo C do TCLP contemplava apenas sequências verbais. Para evitar ambiguidades na
interpretação dos dados, os inquiridos eram postos numa situação em que lhes eram
apresentadas todas as possibilidades de posicionamento do clítico pronominal, indicado
entre parênteses no final de cada frase:
96
Infinitivo
Segundo Said Ali, “nas combinações verbais em que o verbo principal é um infinitivo, o
pronome átono que não sirva de regimen a este infinitivo, só pode juntar-se ao verbo
auxiliar.” Portanto, neste caso, o clítico só pode estar enclítico ao verbo auxiliar. Mas
segundo o mesmo linguista, quando o infinitivo depende dos verbos poder, querer, dever,
ir, vir e outros, o clítico pronominal pode vir enclítico ao verbo mais alto ou ao verbo
encaixado. Na tabela 3.25, apresentamos os resultados tendo em conta os dois contextos de
colocação com o verbo encaixado no infinitivo.
Tabela 3.25
Resultados de ênclise com o verbo encaixado no infinitivo
Encinfaux/ superior encinf
Ocor B M S B M S
encinf 81 91 96 106 117 131
encaux/sup 69 64 63 46 46 25
proinf 30 22 22 33 26 31
proaux 12 12 4 10 3 5
A partir da soma das percentagens dos dois padrões correctos neste contexto, nos três
níveis de escolaridade, respectivamente, 75 %, 77,5 % e 79,5 %, podemos afirmar que, no
nível básico, a ênclise ainda está em aquisição. Nos níveis médio e superior a ênclise está
97
adquirida mas ainda não está estabilizada. Os resultados revelam que os inquiridos dos três
níveis de escolaridade mostram uma maior preferência pela ênclise ao infinitivo.
Ênclise ao infinitivo
Do total absoluto de 200 frases em que, segundo a norma do PE, o clítico pronominal deve
ocorrer enclítico ao infinitivo encaixado. Registaram-se os seguintes resultados:
Vsup+Inf+Cl, com 53 %, 58,5 % e 65,5 % para os níveis básico, médio e superior;
(Vsup+Cl)+Inf, Vsup+(Cl+Inf) e Cl+Vsup+Inf ilustrados nas frases (71).
O padrão exemplificado em (70b), com uma ocorrência de 23 % nos níveis básico e médio
e 12.5 % no nível superior, corresponde a uma gramática em que a Subida de Clítico elege
como única posição-alvo a próclise. Finalmente, o padrão próclise ao verbo encaixado, que
regista 16.5 % no básico, 13 % no nível médio e 15.5 % no nível superior, caracteriza uma
19
Veja-se a este propósito, para o PB, o trabalho de Duarte, Martins e Nunes (2004).
98
Gerúndio
Segundo a norma do PE, quando o verbo encaixado é um gerúndio, o clítico pronominal é
atraído para o verbo auxiliar/superior. A frase do TCLP que ilustra este contexto é
apresentada em (72):
(72) E foi ____ assim ____ constatando ____ motivos vários. (se)
Tabela 3.26
Resultados de ênclise com o verbo encaixado no gerúndio
Ênclise ao auxiliar
Padrão Básico Médio Superior
Total % total % total %
encVaux 5 20,0 7 28,0 7 28,0
encger 14 56,0 11 44,0 11 44,0
proger 5 20,0 7 28,0 7 28,0
Particípio
Segundo a norma do PE, quando o verbo principal é um particípio, o clítico pronominal
ocorre adjacente ao verbo auxiliar. Nas frases em observação, temos um particípio regular
e um irregular:
(73) Eles ____ têm ____ ____ dado ____ razão. (lhe)
(74) O livro ____ foi ____ ____ entregue ____ .(lhe)
Tabela 3.27
Resultados de ênclise com o verbo principal no particípio
Ênclise ao auxiliar
Padrão Básico Médio Superior
Total % total % total %
encaux 18 36,0 27 54,0 25 50,0
encpart - - 1 2,0 1 2,0
proaux 14 28,0 7 14,0 4 8,0
propart 10 40,0 7 14,0 8 16,0
Os resultados percentuais dos padrões desviantes mostram mais uma vez que a Subida de
Clítico pode ter dois alvos diferentes para o mesmo contexto, o que sugere que estão a
co-existir duas gramáticas: uma em que a posição-alvo é exclusivamente ênclise e outra
em que tal posição é unicamente próclise. Finalmente, surge também neste contexto, com
algum significado no nível básico (40,0 %), um padrão já encontrado em outros contextos:
próclise à forma participial.
100
“Casos duvidosos”
Aqui, tal como nas redacções escolares, editoriais e cartas de leitores, também registámos
casos em que não é possível identificar a posição do clítico pronominal (“casos
duvidosos”), porque, em vez de os inquiridos colocarem o clítico por cima do espaço
colocaram-no entre os espaços. Casos houve em que considerámos a resposta nula por
terem dado mais de uma resposta ou por não terem dado nenhuma resposta. Na tabela 3.30,
encontram-se as frequências e percentagens destes casos por níveis de escolaridade.
Tabela 3.30
Percentagens: “casos duvidosos”, respostas nulas na produção de ênclise
encinfaux encinf encaux
Ocor B M S B M S B M S
“casos duvidosos” 4 11 8 2 7 8 8 8 10
2/rep 4 - 6 2 - - - - -
N/resp - - 1 1 1 - - - -
Nos casos em que ocorre mais do que uma resposta, considerámos que os inquiridos assim
fizeram porque ou aceitam mais de um padrão de colocação do clítico pronominal nesse
contexto ou hesitam no padrão a utilizar, como foi o caso da frase (75).
De uma forma geral, estes casos revelam o grau de dificuldade que os inquiridos têm na
colocação de clíticos em sequências verbais.
3.7. Conclusões
Nos resultados das estruturas desviantes verificámos que na selecção e juízos de
gramaticalidade do acusativo e do dativo há três tipos de situações: (i) desvios que
desaparecem completamente em função da variável nível de escolarização, (ii) desvios que
permanecem em pequenos resíduos percentuais, e (iii) desvios que se mantêm permanentes
até ao nível superior e mesmo nos editoriais e cartas de leitores.
101
Desvios de selecção:
(i) Desvios que desaparecem completamente
Na selecção do acusativo, os desvios que desaparecem são os relativos: à concordância em
número; à selecção de pessoa gramatical (me e te). Na selecção do dativo, desaparecem os
seguintes desvios: selecção do acusativo a/o/os em vez do dativo te; selecção do pronome
pessoal forte em vez de te; selecção de vos em vez de te, lhe; selecção de me, te em vez de
lhe. Nos juízos de gramaticalidade a aceitação de construções com o pronome pessoal forte
ele/a desaparece desde o nível médio inclusive.
Desvios de colocação
Nos desvios relativos à colocação, a análise dos dados leva-nos a concluir que o padrão
V+Cl tanto ocorre em frases coordenadas /simples como em frases subordinadas, o que
mostra que, para os falantes inquiridos, não há uma relação directa entre a ênclise e a
natureza do introdutor da oração subordinada. Os clíticos pronominais ocorrem mais com
formas verbais simples do que com sequências verbais. Nas sequências verbais, a
combinação com maior índice de frequência é Vsup+Venc, seguindo-se AuxMod,
AuxTComp, AuxAsp, AuxTemp e AuxPassiv.
102
Tal como na tarefa de selecção, na tarefa de colocação há padrões que: (i) desaparecem
completamente, (ii) permanecem em pequenos resíduos percentuais e (iii) se mantêm
permanentes:
Capítulo 4
Conclusões
Esta investigação tinha como objectivo: (i) avaliar se, no domínio da selecção e colocação
dos clíticos pronominais, todos os desvios à norma do PE são transitórios ou se alguns
persistem na produção de falantes adultos e cultos; (ii) analisar os resultados da selecção e
descrever os padrões de colocação; (iii) identificar as condições que determinam as
escolhas dos falantes.
A análise dos dados, levou-me a concluir que, no domínio da selecção e colocação dos
clíticos pronominais, existem dois tipos de desvios: aqueles que são sensíveis à variável
nível de escolarização, uma vez que à medida que as habilitações académicas vão
aumentando eles desaparecem; aqueles que permanecem nos inquiridos com nível superior
de escolarização e nos informantes. Confirmou-se, assim, parcialmente, a hipótese (i) da
página 5.
1. Ênclise em vez de próclise em formas verbais simples. O clítico ocorre contíguo aos
morfemas da flexão verbal, o que sugere que também em PM a ênclise se está a tornar o
padrão de colocação mais generalizado e que a classe dos atractores de próclise está a ser
restringida, (por exemplo, os dados mostram que alguns dos quantificadores e advérbios já
não contam como proclisadores). Estes dados constituem uma confirmação da hipótese a)
da página 5.
o PM respeita a Lei Tobler Moussafia e o PB não. Nas orações subordinadas finitas com
formas verbais simples, os inquiridos/informantes do PM fazem ênclise, em vez da próclise
obrigatória no PB; finalmente, enquanto os falantes do PM aceitam a possibilidade de
Subida de Clítico com auxiliares, semi-auxiliares e outros predicados de reestruturação os
falantes do PB rejeitam generalizadamente Subida de Clítico.
4.2. Recomendações
Feito este trabalho, julgamos importante apresentar algumas sugestões que poderão ser
tomadas em consideração caso se queira aprofundar o estudo dos clíticos pronominais no
PM.
No presente trabalho, usou-se material escrito como base de pesquisa. Porém, para futuros
estudos, seria de sugerir o recurso a dados de oralidade ou ainda à análise conjunta de
dados do oral e do escrito. O tratamento de um corpus oral é importante, na medida em que
determinados aspectos que escapam ao estudo de um corpus escrito poderiam vir à luz. Por
exemplo, um estudo fonológico poderia determinar com mais precisão se o clítico que
ocorre no padrão Vaux/Vsup+Cl+Venc é enclítico ao verbo superior ou proclítico ao verbo
encaixado.
escolaridade, leva-nos a pôr como hipótese que a gramática do português de que dispõem
constitui um estado fossilizado do processo de aquisição da linguagem. O estudo do
processo de aquisição levado a cabo em outras variedades do Português permitiria avaliar
se, na aquisição dos clíticos pronominais, existem sequências. Se existirem, será possível
explicar certas particularidades do português de Moçambique por fossilização ou por
interrupção do processo de desenvolvimento da linguagem.
A próclise ao verbo não finito encaixado apresenta nos nossos dados índices percentuais
bastante significativos. Por isso, e apesar de ser estranho à norma preconizada para o
ensino, este padrão deve ser aceite como válido na variedade moçambicana em formação.
Além disso, verifica-se que boa parte dos professores, dos profissionais de informação e
estudantes do nível superior usam este padrão de colocação. A sua aceitação poderia,
assim, resolver a discrepância entre as regras de colocação gramaticais fornecidas nas aulas
e a prática do dia-a-dia, incluindo a do próprio professor.
107
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ANEXOS
Lista dos anexos
N.º do Inquirido Idade Língua Materna Línguas que fala Línguas que percebe Línguas que fala em casa
N.º do Inquirido Idade Língua Materna Línguas que fala Línguas que percebe Línguas que fala em casa
N.º do Inquirido Idade Língua Materna Línguas que fala Línguas que percebe Línguas que fala em casa
DOCUMENTOS
TEMAS
BÁSICO MÉDIO SUPERIOR
1. VIDA PESSOAL
a) Características e comportamentos 4, 7, 23, 26, 106 150, 155, 164, 225, 230 264, 269, 294, 353
b) Experiências e recordações 18, 34, 42, 47, 61, 67, 77, 81, 85, 89, 190, 235 264, 266, 294, 322
117
c) Relações com o próximo 30, 53, 75, 100, 101, 109, 121 180, 185, 186, 195, 200, 210, 220, 245 250, 255, 261, 274, 279, 289, 299, 309,
314, 324, 329, 334, 339, 344, 358, 368
2. VIDA PROFISSIONAL
a) Estudos 6, 12, 13, 49, 62, 78, 93, 107, 110, 136, 151, 160, 191 251, 256, 265, 275, 285, 300, 310, 335,
114, 118 340, 369
b) Problemas financeiros 27, 31, 35, 45, 54, 66, 82, 90, 97, 126, 156, 196, 201, 206, 211, 221, 263, 270, 280, 290, 295, 315, 323, 325,
102, 122 241, 246 330, 345, 346, 349, 354, 359
3. VIDA CULTURAL e LAZER
a) Projectos de férias/ férias/ viagens 36, 56, 60, 65, 79, 91, 94, 111 127, 157, 166, 197, 207, 242, 247 260, 276, 281, 311, 321, 331, 350, 360,
365, 370
b) Festas 32, 83, 116 167, 172 -
c) Passatempos 28, 39, 44, 48, 52, 63, 69, 73, 88, 130, 137, 187, 192, 202, 223 257, 271, 291, 296, 301, 316, 326, 335,
108, 123 336, 341, 355
4. PROBLEMAS ECONÓMICOS e SOCIAIS
a) Alcoolismo 1, 2, 19, 95, 96 188 253, 258, 267, 302, 312, 320, 352, 361
b) Desemprego 3, 5, 21, 43, 50, 55 165, 183, 208, 218, 223, 243, 248 272, 277, 282, 287, 292, 297, 307, 315,
317, 327, 332, 342, 351, 356, 371
c) Droga 16, 17, 20, 22, 25 178, 228 347
d) Prostituição 9, 10, 11, 14, 15, 41, 72, 76 128, 132, 138, 153, 198, 204, 213, 238 337
5. O MEIO AMBIENTE
a) O campo/ A cidade 24, 37, 40, 51, 64, 68, 84, 92, 98, 129, 148, 154, 159, 169, 174, 184, 259, 262, 268, 278, 283, 288, 293, 298,
104, 105, 112, 115, 124 189, 199, 203, 209, 214, 224, 234, 303, 313, 318, 319, 328, 333, 343, 362,
239, 249 372, 308
b) A cidade: o trânsito 46, 57, 70 134, 194 254, 273, 338, 348, 357
c) O bairro 8, 29, 33, 74 - -
Anexos 3 – Teste de comportamento linguístico provocado
Obs.: Não deixe de responder a nenhuma das questões colocadas. Mesmo nos casos
em que tiver dúvidas, não pare para pensar. Siga as suas primeiras intuições e não
releia, nem corrija o teste no final. Tem 20 minutos para fazer o teste.
Anexos 3 – Teste de comportamento linguístico provocado
PARTE I – INQUÉRITO
2. Meio Linguístico
Línguas que fala Línguas que percebe Línguas que fala em casa
______________ _________________ ____________________
______________ _________________ ____________________
______________ _________________ ____________________
Onde? ______________________________
Quando?________________________________
Com quem?
__________________________________________________________________
Porquê?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Anexos 3 – Teste de comportamento linguístico provocado
PARTE II - TESTE
b) Ele disse ( a eles / para eles / lhes ) que concordava com a proposta.
_____________________________________________________________________
e) Perguntei ( a ela / para ela / lhe ) por que é que não continua a estudar.
_____________________________________________________________________
Anexos 3 – Teste de comportamento linguístico provocado
a) Venha visitar-me! ( )
Me venha visitar! ( )
b) Deita-te imediatamente! ( )
Te deita imediatamente! ( )
e) Liga-me amanhã! ( )
Me liga amanhã! ( )
Os meios de transporte são um grande problema na nossa cidade. Quando uma pessoa tem
que______________( se / deslocar ) para qualquer lado é uma preocupação. Eu acho que
____________________(dever / se / criar ) condições para os trabalhadores e estudantes terem
transporte seguro. Quando _______________ ( anular / se) a décima classe passei a estudar à
noite.
7. O meu pai ____vai ___ ___ proibir ___ de sair de casa.( nos )
8. __ pode ___ ___ ver ___ muitas pessoas conhecidas na rua. (se )
11. E ai ____ preferem ____ muitas vezes ____ prostituir ____. (se )
12. Em suma ___ pode ___ portanto ___concluir ____ que o ensino é útil. ( se )
16. O professor ____ ia ___ ___ fazer ___ uma pergunta fácil. ( lhe )
18. Se ____tivessem___ ___ ensinado ____ não perdíamos tanto tempo. ( nos )
19. Vou ___ ___começar a ___ proibir ___ de sair durante a semana. ( te )
Fim!
Anexo 4 – Fotocópia do documento T86 2a RE B16
(Para consultar este anexo veja o volume da tese na sua versão impressa)
Anexo 5 – Transcrição do documento T86 2a RE B16
ESTUDOS
Comecei com os meus estudos no ano
de 1991 ano em que engressei a primeira classe.
no ano de 1992 fiz a segunda classe, <(…)> dai
5 estudei mais 4 anos de onde fiz a 3ª, 4ª, 5ª
e 6ª classe onde mais tarde vim a repetir a
6ª classe isso foi no ano de 1997.
O ano de 1998 fiz a 7ª classe, classe
esta que marcou o fim dos estudos do ensino
10 primário. Já no ano de 1999 fiquei sem
estudar por < moti > motivos de doença, graças
a deus melhorei, no ano seguinte continuei
com os meus estudos onde ingressei na < escol >
nesta escola no ano de 2000 no curso de
15 electricidade onde até este ano frequento
o 3º ano do meu curso.
Tenho sonhos de concluir o basico e
fazer o nivel medio, onde de seguida com
o sonho tenho é de concluir o <(…)> nivel
20 superior.
De salientar que tenho alcançado
momentos deficeis na minha carreira estudan-
til muito mais neste meu país de Moçambique
onde os indices de < suborno tem > corrupção
25 é muito frequente, acontece que existem al-
guns professores que dão em certas casos as
suas aulas em forma de < plu > publicidade
acto este que tem como fim a obtenção de al-
guns valores munitários para os seus deveres
30 deixando assim prejudicando os proprios alunos.
ANEXOS 6 - CARACTERÍSTICAS DE CADA DOCUMENTO: - NÍVEL BÁSICO
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
1 245 4a 14, 15, 21, 21, 24, 25, 34 3 1 - - 1 - - - - - - - 2 6
2 174 4a 5, 6, 7, 10, 10, 15, 18, 27 2 2 1 2 - - - - - - - - 1 8
3 216 4b 2, 6, 11, 26 - 2 1 1 - - - - - - - - - 4
4 146 1a 14, 14 1 - - 1 - - - - - - - - - 2
5 169 4b 2, 7, 9, 13, 14, 20, 20 4 1 - - 2 - - - - - - - - 7
6 183 2a 8, 12, 18, 20 1 3 - - - - - - - - - - - 4
7 416 1a 12, 12, 12, 25, 34 - 1 - 1 - - 1 - 2 - - - 5
8 240 5c 3, 30, 16 - 2 - 1 - - - - - - - - - 3
9 231 4d 18, 31, 26, 29, 3, 13, 14, 7, 23 2 2 - - 3 1 1 - - - - - - 9
10 165 4d 11, 11, 12,5, 8, 19 1 2 - 3 - - - - - - - - 6
11 295 4d 3, 13, 16, 20, 8, 26, 27, 17, 18, 14 4 3 - 2 - 1 - - - - - - - 10
12 363 2a 9, 30, 32, 37, 47, 5, 35 5 1 - 1 - - - - - - - - - 7
13 381 2a 30, 40, 41, 33, 44, 13, 25, 33 4 2 1 1 - - - - - - - - - 8
14 282 4d 17, 33, 31 2 1 - - - - - - - - - - - 3
15 458 4d 30, 30, 46, 47, 4, 4, 20, 33, 39, 40, 29 4 7 - 1 - - - - - - - - - 12
16 157 4c 16, 17 - 2 - - - - - - - - - - - 2
17 141 4c 15, 19, 20, 13 4 - - - - - - - - - - - - 4
18 132 1b 7, 13, 15 1 2 - - - - - - - - - - - 3
19 174 4a 2, 14 2 - - - - - - - - - - - 2
20 282 4c 17, 26, 3, 3, 22, 17 2 3 - - - - 1 - - - - - - 6
21 246 4b 17, 26, 16 2 - - - - - 1 - - - - - - 3
22 248 4c 4, 6, 19, 23, 33, 25 4 1 - 1 - - - - - - - - - 6
23 152 1a 2, 12, 18, 23 - 4 - - - - - - - - - - - 4
24 306 5a 19, 12, 5 1 - - 1 - - 1 - - - - - - 3
25 273 4c 22, 3, 4, 25, 26, 35, 22 1 3 - 1 1 - 1 - - - - - - 7
26 122 1a 3 - 1 - - - - - - - - - - - 1
27 156 2b 15, 20, 12 2 1 - - - - - - - - - - - 3
28 145 3c 14, 15, 9, 13 2 - - 1 1 - - - - - - - - 4
29 156 5c 14, 11, 12 1 1 1 - - - - - - - - - - 3
30 129 1c 13, 8, 15, 15 - 1 - - 3 - - - - - - - - 4
31 241 2b 15, 19, 9, 25, 4, 18 - 2 1 1 2 - - - - - - - 6
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
32 153 3b 4, 13 - 2 - - - - - - - - - - - 2
33 95 5c 11 1 - - - - - - - - - - - - 1
34 216 1b 3, 8 1 1 - - - - - - - - - - - 2
35 200 2b 11, 18, 6, 9, 16 1 - 1 1 1 - 1 - - - - - - 5
36 175 3a 16, 2 2 - - - - - - - - - - - - 2
37 237 5a 11, 14, 4, 8 2 2 - - - - - - - - - - - 4
39 201 3c 5, 7, 24 - 2 - - 1 - - - - - - - - 3
40 148 5a 8, 10 - 2 - - 1 - - - - - - - - 3
41 238 4d 8, 20, 27, 35 1 2 - 1 - - - - - - - - - 4
42 148 1b 4, 9, 10, 11, 16 2 2 - - - - 1 - - - - - - 5
43 172 4b 5, 15, 22 2 - - - 1 - - - - - - - - 3
44 95 3c 11, 12, 12, 12 1 3 - - - - - - - - - - - 4
45 85 2b 2, 7 2 - - - - - - - - - - - - 2
46 176 5b 6, 11, 15, 21 1 3 - - - - - - - - - - - 4
47 196 1b 5, 17, 29 1 2 - - - - - - - - - - - 3
48 81 3c 8, 10 1 1 - - - - - - - - - - - 2
49 148 2a 4, 6, 9, 10, 13 2 1 1 1 - - - - - - - - - 5
50 146 4b 5 - - 1 - - - - - - - - - - 1
51 156 5a 5, 20 2 - - - - - - - - - - - - 2
52 190 3c 4, 10, 11, 15, 19, 21, 21, 24, 25 4 1 1 - 1 - 2 - - - - - - 9
53 199 1c 8, 11, 12 - 1 1 1 - - - - - - - - - 3
54 190 2b 23, 25, 26, 27 1 1 - 1 - - 1 - - - - - - 4
55 260 4b 8, 12, 18, 21, 32, 34, 3 1 - 2 - - - - - - - - - 6
56 310 3a 3, 6, 7, 9, 12, 15, 20, 33, 36, 39, 43, 45 4 4 - 3 - - 1 - - - - - - 12
57 319 5b 23 1 - - - - - - - - - - - - 1
60 293 3a 1, 4, 6, 11, 12, 16, 32 2 4 1 - - - - - - - - - - 7
61 94 1b 5, 6 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
62 146 2a 13, 18, - 1 1 - - - - - - - - - - 2
63 75 3c 4, 5, 7 1 - - 1 1 - - - - - - - - 3
64 87 5a 9, 13 1 - - 1 - - - - - - - - - 2
65 106 3a 2, 3, 5, 9, 10 2 2 - - - - 1 - - - - - - 5
66 121 2b 7 - 1 - - - - - - - - - - - 1
67 84 1a 3, 5, 8 1 1 - 1 - - - - - - - - - 3
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
68 114 5a 15 - - - 1 - - - - - - - - - 1
69 104 3c 3, 7 - 1 - - 1 - - - - - - - - 2
70 90 5b 7, 12 2 - - - - - - - - - - - - 2
72 340 4d 4, 16, 38, 47, 50 2 3 - - - - - - - - - - - 5
73 251 3c 2, 3, 14, 14, 25 1 2 - - 2 - - - - - - - - 5
74 308 5c 2, 7, 11, 15, 15, 17, 22, 29, 30 2 5 1 1 - - - - - - - - - 9
75 411 1c 12, 16, 22, 30, 37, 43, 44, 48, 49 2 5 - 1 - - - - - - - - 1 9
76 605 4d 6, 9, 16, 18, 20, 23, 27, 32, 40, 41, 53, 70, 74 5 7 1 - - - - - - - - - - 13
77 265 1b 28 - - - - 1 - - - - - - - - 1
78 201 2a 10 1 - - - - - - - - - - - - 1
79 271 3a 9, 10 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
81 197 1b 14, 15,17, 23, 25 2 2 - 1 - - - - - - - - - 5
82 146 2b 4, 11, 13 1 1 - - 1 - - - - - - - - 3
83 244 3b 5, 10, 13, 22, 26 2 1 - - 2 - - - - - - - - 5
84 101 5a 5, 13 1 1 - - - - - - - - - - - 2
85 157 1b 4, 19 1 1 - - - - - - - - - - - 2
88 70 3c 5 1 - - - - - - - - - - - - 1
89 129 1b 7, 8, 10 1 2 - - - - - - - - - - - 3
90 262 2b 3, 4, 5, 9, 11, 16, 18, 18, 24, 26, 27 5 4 - 1 - 1 - - - - - - 11
91 117 3a 3, 5, 6, 7 1 2 - 1 - - - - - - - - - 4
92 148 5a 3, 12, 16, 17 1 1 - 2 - - - - - - - - - 4
93 168 2a 15 1 - - - - - - - - - - - - 1
94 115 3a 11 1 - - - - - - - - - - - - 1
95 230 4a 4, 12, 14, 14 3 1 - - - - - - - - - - - 4
96 158 4a 2, 8 - 2 - - - - - - - - - - - 2
97 152 2b 5, 10, 16 2 - - 1 - - - - - - - - - 3
98 229 5a 7, 8, 13, 21 3 - - - - 1 - - - - - - - 4
100 148 1c 12 - 1 - - - - - - - - - - - 1
101 124 1c 5, 6, 7, 8, 11 1 4 - - - - - - - - - - - 5
102 155 2b 15, 15,16 1 1 1 - - - - - - - - - - 3
104 123 5a 7, 8, 13 - 2 - 1 - - - - - - - - - 3
105 169 5a 7, 19, 22 - 1 1 1 - - - - - - - - - 3
106 86 1a 5, 7 1 - - - 1 -- - - - - - - - 2
Texto n.º pal tema Linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
107 104 2a 5, 6 1 1 - - - - - - - - - - - 2
108 41 3c 3 1 - - - - - - - - - - - - 1
109 141 1c 10, 12 2 - - - - - - - - - - - - 2
110 132 2a 7, 9 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
111 163 3a 3, 4, 15, 19 1 1 - 2 - - - - - - - - - 4
112 159 5a 3, 3, 9 3 - - - - - - - - - - - - 3
114 231 2a 3, 8 2 - - - - - - - - - - - - 2
115 226 5a 17, 20, 20, 21, 25 2 3 - - - - - - - - - - - 5
116 216 3b 11, 13, 13, 14, 17, 21, 22 1 4 - 2 - - - - - - - - - 7
117 113 1b 4, 5, 13 - 3 - - - - - - - - - - - 3
118 128 2a 18 - 1 - - - - - - - - - - - 1
121 130 1c 12, 13, 14 - 1 - - 2 - - - - - - - - 3
122 167 2b 11 - 1 - - - - - - - - - - - 1
123 99 3c 15 - 1 - - - - - - - - - - - 1
124 77 5a 5 1 - - - - - - - - - - - - 1
ANEXOS 6 - CARACTERÍSTICAS DE CADA DOCUMENTO: - NÍVEL MÉDIO
Texto n.º pal tema Linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
126 86 2b 3 1 - - - - - - - - - - - - 1
127 83 3a 3 1 - - - - - - - - - - - - 1
128 80 4d 4, 10 2 - - - - - - - - - - - - 2
129 106 5a 13, 14 2 - - - - - - - - - - - - 2
130 116 3c 3, 5, 7 - 2 - - 1 - - - - - - - - 2
132 87 4d 3 - 1 - - - - - - - - - - - 1
134 121 5b 13 - 1 - - - - - - - - - - - 1
136 80 2a 4, 5 - - - - - 2 - - - - - - - 2
137 99 3c 4 - 1 - - - - - - - - - - - 1
138 206 4d 4, 5, 8, 23 3 - 1 - - - - - - - - - - 4
148 115 5a 3, 5, 9, 17 2 - - - 2 - - - - - - - - 4
150 95 1a 6, 13 - 2 - - - - - - - - - - - 2
151 79 2a 5 1 - - - - - - - - - - - - 1
153 64 4d 7 - - 1 - - - - - - - - - - 1
154 136 5a 6 1 - - - - - - - - - - - - 1
155 114 1a 4, 11, 13 1 2 - - - - - - - - - - - 3
156 106 2b 10, 13 1 - - - - 1 - - - - - - - 2
157 119 3a 5, 7, 8 2 1 - - - - - - - - - - - 3
159 176 5a 13 - 1 - - - - - - - - - - - 1
160 183 2a 2, 5, 5, 11, 12, 13 4 1 1 - - - - - - - - - - 6
164 175 1a 8, 17, 18, 21, 22, 22 2 3 1 - - - - - - - - - - 6
165 244 4b 7, 13, 14, 16, 17, 18, 30 5 1 1 - - - - - - - - - - 7
166 175 3a 4, 17, 17 1 1 - 1 - - - - - - - - - 3
167 113 3b 4, 6, 7, 10, 11 1 2 1 1 - - - - - - - - - 5
168 200 5a 5,1 2 - - - - - - - - - - - - 2
172 87 3b 6 - - - 1 - - - - - - - - - 1
174 82 5a 12 - - - - 1 - - - - - - - - 1
178 92 4c 13 - 1 - - - - - - - - - - - 1
180 159 1c 3, 4, 11, 17, 23 1 2 - 1 1 - - - - - - - - 5
183 134 4b 18 - - 1 - - - - - - - - - - 1
184 141 5a 5 1 - - - - - - - - - - - - 1
Texto n.º pal tema Linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
185 70 1c 9, 9 2 - - - - - - - - - - - - 2
186 137 1c 8, 14 - 2 - - - - - - - - - - - 2
187 62 3c 4, 10 - 2 - - - - - - - - - - - 2
188 174 4a 14, 18 1 - - 1 - - - - - - - - - 2
189 155 5a 13, 24 2 - - - - - - - - - - - - 2
190 208 1b 6, 13, 15 2 - - 1 - - - - - - - - - 3
191 114 2a 7 - 1 - - - - - - - - - - - 1
192 65 3c 7 1 - - - - - - - - - - - - 1
194 94 5b 3 - - - - 1 - - - - - - - - 1
195 236 1c 11, 17, 21, 21 3 1 - - - - - - - - - - - 4
196 201 2b 11, 12, 13, 21, 21, 22, 22 4 3 - - - - - - - - - - - 7
197 152 3a 10, 13 1 - - - 1 - - - - - - - - 2
198 180 4d 7, 8 - - - 1 1 - - - - - - - - 2
199 106 5a 3, 9, 11, 12 - 3 - - 1 - - - - - - - - 4
200 203 1c 8, 8, 12, 19, 23 - 4 - - 1 - - - - - - - - 5
201 202 2b 12, 14, 19, 28 - 1 3 - - - - - - - - - - 4
202 202 3c 2, 10, 13, 21, 28, 31 1 5 - - - - - - - - - - - 6
203 104 5a 14, 27, 32 - 1 - - 1 - - - - - - - - 2
204 212 4d 4, 18, 21, 31, 33 - 3 1 - 1 - - - - - - - - 5
206 150 2b 15 1 - - - - - - - - - - - - 1
207 124 3a 4, 5, 7, 15, 15 1 3 - - 1 - - - - - - - - 5
208 111 4b 6 1 - - - - - - - - - - - - 1
209 105 5a 4, 11 - 2 - - - - - - - - - - - 2
210 180 1c 7 - - - - 1 - - - - - - - - 1
211 182 2b 8, 11 2 - - - - - - - - - - - - 2
213 169 4d 9, 10, 15, 19 - 1 1 - 2 - - - - - - - - 4
214 167 5a 12, 21 1 - 1 - - - - - - - - - - 2
218 86 4b 10 - - - - 1 - - - - - - - - 1
220 175 1c 5, 7, 27, 28 4 - - - - - - - - - - - - 4
221 128 2b 3, 4, 17, 19 1 1 1 - 1 - - - - - - - - 4
223 177 3c 6, 7, 8, 13, 22, 23 4 1 - - - 1 - - - - - - - 6
224 168 5a 6, 8, 10, 17, 18, 20 - 2 1 - 1 - - 1 - 1 - - - 6
225 144 1a 6 1 - - - - - - - - - - - - 1
Texto n.º pal Tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
228 120 4c 4, 5, 5, 6, 9, 9 6 - - - - - - - - - - - - 6
230 114 1a 2 1 - - - - - - - - - - - - 1
234 105 5a 9, 12 - 2 - - - - - - - - - - - 2
235 197 1b 17, 18, 23 1 2 - - - - - - - - - - - 3
238 146 4d 3, 11, 15, 18 1 - - 2 1 - - - - - - - - 4
239 128 5a 14 - - - - 1 - - - - - - - - 1
241 184 2b 3, 4, 17 - 1 - 2 - - - - - - - - - 3
242 127 3a 2 - - - 1 - - - - - - - - - 1
243 420 4b 2, 10, 16, 28, 34, 43 2 4 - - - - - - - - - - - 6
245 319 1c 14, 18, 18, 25, 38 3 1 1 - - - - - - - - - - 5
246 365 2b 5, 24, 24, 25, 30, 31 1 4 - - 1 - - - - - - - - 6
247 144 3a 5, 12 - 2 - - - - - - - - - - - 2
248 209 4b 16, 20 1 1 - - - - - - - - - - - 2
249 209 5a 11, 22 1 - 1 - - - - - - - - - - 2
ANEXOS 6 - CARACTERÍSTICAS DE CADA DOCUMENTO: - NÍVEL SUPERIOR
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
250 220 1c 5, 13, 16, 18 2 2 - - - - - - - - - - - 4
251 228 2a 3, 11, 15, 24, 27 3 2 - - - - - - - - - - - 5
253 136 4a 10, 12, 15 1 2 - - - - - - - - - - - 3
254 247 5b 8, 11, 18, 19, 20 1 4 - - - - - - - - - - - 5
255 192 1c 3, 16, 27 1 2 - - - - - - - - - - - 3
256 118 2a 5, 10 1 1 - - - - - - - - - - - 2
257 110 3c 18 - 1 - - - - - - - - - - - 1
258 126 4a 14 - - - 1 - - - - - - - - - 1
259 164 5a 20, 24 1 - - 1 - - - - - - - - - 2
260 386 3a 8, 19, 25, 33, 40, 46 2 2 1 - - - - - - - 1 - - 6
261 275 1c 13, 17, 38 2 1 - - - - - - - - - - - 3
262 277 5a 5, 7 1 1 - - - - - - - - - - - 2
263 179 2b 28 - 1 - - - - - - - - - - - 1
264 142 1a 8, 21 1 1 - - - - - - - - - - - 2
265 224 2a 29 - 1 - - - - - - - - - - - 1
266 94 1b 12 - 1 - - - - - - - - - - - 1
267 144 4a 16, 17 1 - 1 - - - - - - - - - - 2
268 82 5a 5 1 - - - - - - - - - - - - 1
269 131 1a 2, 3, 4, 15, 16, 16 2 4 - - - - - - - - - - - 6
270 164 2b 2, 10, 19 2 1 - - - - - - - - - - - 3
271 122 3c 4, 18 - 2 - - - - - - - - - - - 2
272 115 4b 2, 9, 12, 16, 17 2 3 - - - - - - - - - - - 5
273 110 5b 4, 7 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
274 105 1c 3, 6, 11 - 3 - - - - - - - - - - - 3
275 73 2a 5, 9 2 - - - - - - - - - - - - 2
276 73 3a 5, 6 1 1 - - - - - - - - - - - 2
277 180 4b 12, 15 - 1 - - - - - 1 - - - - - 2
278 119 5a 3, 4, 8 1 2 - - - - - - - - - - - 3
279 183 1c 8, 11, 13, 17, 22, 26 2 3 - 1 - - - - - - - - - 6
280 224 2b 13, 18, 23, 25 2 2 - - - - - - - - - - - 4
Texto nº pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
nº de X
281 191 3a 9, 15, 25 - 2 - 1 - - - - - - - - - 3
282 195 4b 10, 15, 17, 20, 29 2 2 - - - - - 1 - - - - - 4
283 174 5a 10, 20 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
284 171 1b 3, 9, 10, 23 2 1 1 - - - - - - - - - - 4
285 109 2a 14, 16 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
287 160 4b 15, 22 2 - - - - - - - - - - - - 2
288 149 5a 16 - 1 - - - - - - - - - - - 1
289 332 1c 15, 20, 24, 26, 31 - 5 - 1 - - - - - - - - - 6
290 206 2b 5, 7, 8, 19, 21 2 2 - 1 - - - - - - - - - 5
291 268 3c 2, 3, 4, 7, 8, 18, 19, 25, 27 3 6 - - - - - - - - - - - 8
292 175 4b 2, 5 1 1 - - - - - - - - - - - 2
293 160 5a 8,13 - 1 - 1 - - - - - - - - - 2
294 165 1a 15, 22 - 2 - - - - - - - - - - - 2
295 178 2b 4, 25, 26, 27 - 4 - - - - - - - - - - - 4
296 153 3c 8, 11, 13, 13 - 2 - 2 - - - - - - - - - 4
297 183 4b 13, 15, 17, 18 1 3 - - - - - - - - - - - 4
298 214 5a 3, 4, 15 1 2 - - - - - - - - - - - 3
299 152 1c 7 1 - - - - - - - - - - - - 1
300 184 2a 4, 5, 8, 14, 15, 18, 21, 22 3 4 - 1 - - - - - - - - - 9
301 135 3c 19 1 - - - - - - - - - - - - 1
302 188 4a 3, 23 2 - - - - - - - - - - - - 2
303 101 5a 5, 11 - 2 - - - - - - - - - - - 2
307 125 4b 8 - - - - 1 - - - - - - - - 1
308 84 5a 4 - 1 - - - - - - - - - - - 1
309 164 1c 5, 8, 9, 13, 14, 16, 20, 22 3 3 - 2 - - - - - - - - - 8
310 178 2a 23, 27 - 1 - - - - - - - - 1 - - 2
311 145 3a 9, 9, 17, 21 2 2 - - - - - - - - - - - 4
312 123 4a 12, 14, 15 2 - - 1 - - - - - - - - - 3
313 123 5a 7, 10, 13 3 - - - - - - - - - - - - 3
314 218 1c 2, 3, 6, 18, 19 1 2 - 2 - - - - - - - - - 5
315 264 2b 14, 18, 30 2 1 - - - - - - - - - - - 3
316 208 3c 10, 19, 25, 26 2 1 1 - - - - - - - - - - 4
317 312 4b 6, 21, 27, 29, 31, 34 3 3 - - - - - - - - - - - 6
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
318 239 5a 2, 2, 11 1 2 - - - - - - - - - - - 3
319 221 5a 13, 21, 23, 27, 31 1 3 - - - - - - - - - - - 4
320 226 4a 5, 18, 22, 22 2 2 - - - - - - - - - - - 4
321 196 3a 3, 4 - 2 - - - - - - - - - - - 2
322 193 1b 8, 12, 19, 24 1 2 - - 1 - - - - - - - - 3
323 176 2b 4, 7, 21 2 - - - 1 - - - - - - - - 3
324 253 1c 4, 6, 6, 15, 16, 16, 27, 31, 32 1 5 1 2 - - - - - - - - - 9
325 156 2b 8, 13, 14, 15, 16 1 3 - - - - - - - 1 - - - 5
326 192 3c 13, 19, 25 1 1 - - 1 - - - - - - - - 3
327 235 4b 3, 20, 21 - 3 - - - - - - - - - - - 3
328 142 5a 20 - 1 - - - - - - - - - - - 1
329 291 1c 12, 20, 26, 28, 36 3 1 - - 1 - - - - - - - - 5
330 320 2b 5, 6, 13, 33, 46, 46 3 3 - - - - - - - - - - - 6
331 166 3a 7, 11, 14, 16 1 3 - - - - - - - - - - - 4
332 239 4b 11, 13, 16, 31, 33 2 1 1 - 1 - - - - - - - - 5
333 221 5a 6, 20, 20 1 2 - - - - - - - - - - - 3
334 320 1c 12, 20, 23, 24, 25, 26, 29, 31, 40, 41 3 5 - 1 - - - - - - - 1 - 10
335 143 2a 14, 14, 16 1 2 - - - - - - - - - - - 3
336 120 3c 14, 16 - 2 - - - - - - - - - - - 2
337 50 4d 6, 9 1 1 - - - - - - - - - - - 2
338 129 5b 10, 15 - - - 1 1 - - - - - - - - 2
339 246 1c 7, 7, 11, 15, 16, 20, 32, 35 3 4 - - 1 - - - - - - - - 8
340 241 2a 12, 19 2 - - - - - - - - - - - - 2
341 225 3c 6, 10, 12, 15, 30, 30, 32 1 5 - - 1 - - - - - - - - 7
342 217 4b 7, 9, 15, 23, 29 3 2 - - - - - - - - - - - 5
343 207 5a 9, 13, 19, 22 2 2 - - - - - - - - - - - 4
344 386 1c 13, 18, 42, 43, 54, 61 2 3 - 1 - - - - - - - - - 6
345 317 2b 3, 13, 18, 22, 31, 36, 36, 38, 39, 46 3 4 1 2 - - - - - - - - - 10
346 429 2b 10, 14, 23, 55, 55, 58 3 3 - - - - - - - - - - - 6
347 372 4c 4, 18, 38, 39, 42, 46 2 2 2 - - - - - - - - - - 6
348 323 5b 24, 28, 29, 1 2 - - - - - - - - - - - 3
349 105 2b 17, 18 2 - - - - - - - - - - - - 2
350 131 3a 5 - 1 - - - - - - - - - - - 1
Texto nº pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
nº de X
351 145 4b 13, 26 2 - - - - - - - - - - - - 2
352 147 4a 22 1 - - - - - - - - - - - - 1
353 149 1a 8, 9, 10, 20 - 2 1 - 1 - - - - - - - - 4
354 160 2b 3, 8, 10, 12, 16, 19, 23 2 4 - - 1 - - - - - - - - 7
355 143 3c 2, 11, 12, 17, 20 1 1 2 1 - - - - - - - - - 7
356 153 4b 7 - 1 - - - - - - - - - - - 1
357 142 5b 7, 16 2 - - - - - - - - - - - - 2
358 253 1c 7, 32 1 1 - - - - - - - - - - - 2
359 318 2b 3, 5, 8, 21, 22, 27, 37 1 6 - - - - - - - - - - - 7
360 249 3a 12, 16, 18, 20 1 3 - - - - - - - - - - - 4
361 233 4a 5, 8, 9, 12, 13, 17, 19 2 5 - - - - - - - - - - - 7
362 189 5a 7, 11 - 1 1 - - - - - - - - - - 2
365 131 3a 6 - 1 - - - - - - - - - - - 1
366 128 4b 9 1 - - - - - - - - - - - - 1
368 237 1c 14, 20, 25 1 1 - 1 - - - - - - - - - 3
369 355 2a 9, 12, 31, 34, 36, 38 1 1 - 2 2 - - - - - - - - 6
370 185 3a 15, 17 1 - - 1 - - - - - - - - - 2
371 349 4b 13, 35 2 - - - - - - - - - - - - 2
372 199 5a 7, 15, 19 - 3 - - - - - - - - - - - 3
ANEXOS 6 - CARACTERÍSTICAS DE CADA DOCUMENTO: - EDITORIAIS
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
373 - 9, 12, 17, 23, 26, 34, 39 3 4 - - 1 - - - - - - - - 8
374 - 6, 19, 37 3 - - - - - - - - - - - - 3
375 - 8, 13, 30, 32 2 2 - - - - - - - - - - - 4
376 - 11, 17 - 2 - - - - - - - - - - - 2
377 - 13, 14, 21, 30, 36, 40 1 5 - - - - - - - - - - - 6
378 - 4, 9, 12, 13 1 1 2 - - - - - - - - - - 4
ANEXOS 6 - CARACTERÍSTICAS DE CADA DOCUMENTO: - CARTAS DE LEITORES
Texto n.º pal tema linhas X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 Soma
n.º de X
379 - 11, 19, 36 2 1 - - - - - - - - - - - 3
380 - 2, 45 - 1 - - - 1 - - - - - - - 2
381 - 6, 27, 28, 32, 52 1 4 - - - - - - - - - - - 5
382 - 1, 5, 6, 8, 8, 9, 13, 14, 16, 19, 24, 35, 40, 7 2 - 6 - 1 - - - - 1 - - 17
56, 57, 62, 68
383 - 4, 4, 8, 13, 13, 14, 25, 33 3 4 - 1 - - - - - - - - - 8
384 - 1, 22, 26, 30, 30, 34, 38, 39, 61, 62 7 3 - - - - - - - - - - - 10
385 - 2, 48 2 - - - - - - - - - - - - 2
386 - 10 1 - - - - - - - - - - - - 1
387 - 25, 33 1 1 - - - - - - - - - - - 2
388 - 6, 9, 14, 21, 37, 43, 51, 63, 64, 66, 68, 24 4 7 1 - - - - - - - - - - 12
389 - 33, 48 1 1 - - - - - - - - - - - 2
390 - 12, 15, 17 - 1 - 1 - - - - - - 1 - - 3
391 - 8, 11 - - - 1 - 1 - - - - - - - 2
392 - 9 1 - - - - - - - - - - - - 1
393 - 3, 15, 18, 19, 56, 97, 98, 107, 136, 136, 5 6 - 1 - - - - - - - - - 12
138, 139
394 - 3, 17, 20, 21, 22, 26, 31, 33, 39, 41, 45, 51, 17 8 1 1 3 1 - - - - - - - 31
51, 52, 56, 59, 59, 61, 67, 69, 71, 74, 77,
83, 87, 88, 91, 94, 97, 104, 109
395 - 11, 13, 19 1 1 - - - - - - - - - - 1 3
397 - 18, 33, 34, 37, 52, 64, 66, 75 2 6 - - - - - - - - - - - 8
398 - 3, 8, 56, 61, 67, 82 2 2 1 1 - - - - - - - - - 6
399 - 64, 67 1 1 - - - - - - - - - - - 2
400 - 4, 39, 51, 52 1 2 1 - - - - - - - - - - 4
Anexo 7 – Excerto da base de dados
(Para consultar este anexo veja o volume da tese na sua versão impressa)
Anexos 8 – TCLP: Resultados da tarefa de selecção - NÍVEL BÁSICO
SELECÇÃO COLOCAÇÃO
ACUSATIVO DATIVO ÊNCLISE
Grupo e n.º pergunta A-2a) A-2b) A-2c) A-1a) B-1b) B-1c) B-1d) B-1e) B-2 a) B-2b) B-2c) B-2d) B-2e)
Realização correcta (l)o os a lhe lhes me me lhe ênclise ênclise ênclise ênclise ênclise
N.º inquirido Idade
B1 18 lo os a lhe a eles a mim a mim a ela enc pro enc enc enc
B2 20 a ele os a ela lhe - a mim a mim para ela enc enc pro enc pro
B3 18 a ele lhes ela a ele para eles me me a ela enc enc pro pro enc
B4 17 lo os a a ele lhes me me a ela enc enc pro pro enc
B5 18 lo os a ela lhe a eles me a mim a ela enc enc enc enc enc
B6 23 lhe os lhe lhe para eles me me lhe enc pro enc pro enc
B7 17 lo os a lhe lhes me me a ela enc enc enc enc enc
B8 19 2 resp 3 resp 3 resp lhe lhes a mim a mim a ela enc enc pro pro enc
B9 18 lo os a lhe a eles a mim a mim a ela enc enc enc enc enc
B10 18 a ele a eles a a ele lhes me me a ela enc enc pro pro pro
B11 18 lo eles lhe lhe lhes a mim me lhe enc enc enc enc enc
B12 19 lo a eles a ela a ele a eles me me a ela enc enc enc enc enc
B13 19 lo os a para ele lhes me - lhe enc enc enc enc pro
B14 18 a ele os a lhe a eles me me a ela enc enc enc enc enc
B15 18 ele os a lhe para eles a mim me a ela enc enc enc enc enc
B16 19 a ele os lhe a ele lhes a mim me a ela enc enc enc enc enc
B17 18 lo lhes lhe lhe - me me a ela enc enc enc enc enc
B18 18 a ele os lhe lhe para eles me a mim a ela enc enc enc enc pro
B19 18 lo os a para eles a eles me me - enc enc enc enc enc
B20 20 lo os lhe A ele a eles a mim a mim a ela enc enc enc enc enc
B21 20 lo lhes a ela lhe lhe a mim me a ela enc enc enc enc pro
B22 19 lo os lhe lhe lhes a mim a mim a ela enc enc enc enc enc
B23 21 ele a eles a A eles lhes me me a ela enc pro enc pro pro
B24 18 lo os lhe para ele lhes a mim a mim a ela enc enc pro pro pro
B25 17 lo lhes a lhe lhe a mim me a ela pro enc enc enc enc
Anexos 9 – TCLP: Resultados da tarefa de Juízos de gramaticalidade - NÍVEL MÉDIO
SELECÇÃO COLOCAÇÃO
ACUSATIVO DATIVO ÊNCLISE
Grupo e n.º pergunta A-2a) A-2b) A-2c) A-1a) B-1b) B-1c) B-1d) B-1e) B-2 a) B-2b) B-2c) B-2d) B-2e)
Realização correcta (l)o os a lhe lhes me me lhe ênclise ênclise ênclise ênclise ênclise
N.º inquirido Idade
M26 22 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
M27 20 a ele os a ela a ele lhes a mim me lhe enc enc enc enc enc
M28 22 a ele lhes ela lhe lhes me a mim lhe pro enc pro pro enc
M29 22 lo os a a ele para eles a mim me lhe pro pro pro pro pro
M30 20 lo os a ela lhe a eles me me lhe enc enc enc enc enc
M31 21 lhe os lhe lhe - me a mim lhe enc enc enc enc pro
M32 18 lo os a a ele lhes me me a ela pro enc pro pro pro
M33 18 2 resp 3 resp 3 resp lhe lhes me me lhe enc enc enc enc pro
M34 18 lo os a a ele lhes me me a ela enc enc enc pro pro
M35 20 a ele a eles a lhe lhes a mim me a ela enc pro enc pro pro
M36 18 lo eles lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
M37 20 lo a eles a ela a ele para eles me me lhe enc enc enc enc enc
M38 16 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
M39 18 a ele os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
M40 19 ele os a lhe lhes a mim me lhe enc enc enc enc enc
M41 18 a ele os lhe a ele a eles a mim a mim a ela pro pro pro pro pro
M42 20 lo lhes lhe lhe lhes me me a ela enc enc enc enc pro
M43 21 a ele os lhe lhe lhes a mim me lhe enc enc enc enc enc
M44 17 lo os a lhe lhes me a mim lhe enc enc enc enc enc
M45 22 lo os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
M46 17 lo lhes a ela lhe para eles a mim me lhe enc enc enc enc enc
M47 24 lo os lhe lhe lhes a mim me lhe enc enc pro pro pro
M48 18 ele a eles a lhe a eles me me a ela enc enc enc enc enc
M49 19 lo os lhe lhe a eles me me lhe enc enc enc enc enc
M50 19 lo lhes a lhe lhes a mim a mim a ela enc enc enc enc enc
Anexos 9 – TCLP: Resultados da tarefa de Juízos de gramaticalidade - NÍVEL SUPERIOR
SELECÇÃO COLOCAÇÃO
ACUSATIVO DATIVO ÊNCLISE
Grupo e n.º pergunta A-2a) A-2b) A-2c) A-1a) B-1b) B-1c) B-1d) B-1e) B-2 a) B-2b) B-2c) B-2d) B-2e)
Realização correcta (l)o os a lhe lhes me me lhe ênclise ênclise ênclise ênclise ênclise
N.º inquirido Idade
S51 29 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S52 24 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S53 46 lo os a lhe lhes me a mim a ela enc enc enc enc enc
S54 22 lo os lhe lhe lhes a mim me lhe enc enc enc enc enc
S55 28 lo os lhe lhe lhes me me ela enc enc enc enc enc
S56 29 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S57 29 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S58 21 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S59 34 lo os a lhe lhes me a mim a ela enc enc enc enc enc
S60 22 lo os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S61 43 lhe os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S62 26 lo os lhe lhe para eles me me lhe enc enc enc enc enc
S63 45 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S64 25 lo lhes a ela lhe lhes me me ela enc enc enc enc enc
S65 38 lo os lhe lhe para eles a mim me lhe enc enc enc enc enc
S66 40 lo os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S67 48 lo os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S68 47 lo os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S68 27 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S70 40 lo os a lhe lhes me me a ela enc enc enc enc enc
S71 28 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S72 36 lo os lhe a ele a eles a mim a mim a ela enc enc enc enc enc
S73 39 lo os lhe lhe lhes me a mim lhe enc enc enc enc enc
S74 21 lo os lhe lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
S75 28 lo os a lhe lhes me me lhe enc enc enc enc enc
Anexos 10 – TCLP: Resultados da tarefa de colocação - NÌVEL BÁSICO
PRÓCLISE
Grupo e n.º da pergunta B-3 B-3 B-3 B-3
Proclisadores que que quando se
N.º do inquirido Idade
B1 18 pro enc-aux pro enc-part
B2 20 pro enc-aux pro X5
B3 18 enc enc-aux pro pro-part
B4 17 pro X5 enc X5
B5 18 pro enc-aux pro pro-part
B6 23 enc pro-aux X7 enc-part
B7 17 pro X5 pro enc-part
B8 19 enc enc-aux enc pro-part
B9 18 enc enc-aux enc X5
B10 18 pro pro-aux enc pro-part
B11 18 enc enc-aux pro X5
B12 19 X7 X7 X7 X5
B13 19 enc enc-aux enc pro-part
B14 18 enc X5 pro enc-aux
B15 18 enc enc-inf enc pro-aux
B16 19 pro X5 pro pro-part
B17 18 enc X5 enc pro-aux
B18 18 pro enc-aux pro pro-aux
B19 18 enc X5 enc pro-aux
B20 20 pro enc-aux pro pro-aux
B21 20 pro enc-aux enc pro-part
B22 19 enc X5 enc pro-part
B23 21 enc enc-aux pro enc-aux
B24 18 enc enc-aux enc pro-part
B25 17 pro enc-aux enc pro-aux
Anexos 10 – TCLP: Resultados da tarefa de colocação - NÌVEL MÉDIO
PRÓCLISE
Grupo e n.º da pergunta B-3 B-3 B-3 B-3
Proclisadores que que quando se
N.º do inquirido Idade
M26 22 enc X5 enc X5
M27 20 enc enc-aux X7 pro-part
M28 22 enc X5 pro pro-part
M29 22 enc enc-inf pro pro-part
M30 20 enc enc-aux enc pro-part
M31 21 enc enc-inf pro enc-aux
M32 18 pro pro-aux enc pro-aux
M33 18 pro X5 pro X5
M34 18 enc X5 pro enc-aux
M35 20 pro X5 enc enc-aux
M36 18 enc pro-aux enc pro-part
M37 20 enc X7 enc X5
M38 16 enc enc-inf enc pro-part
M39 18 pro pro-aux pro enc-aux
M40 19 enc enc-aux pro enc-aux
M41 18 X7 X7 X7 enc-aux
M42 20 X7 X5 pro enc-aux
M43 21 pro pro-aux X7 pro-aux
M44 17 pro enc-aux pro enc-aux
M45 22 pro enc-aux pro pro-part
M46 17 pro enc-aux enc pro-aux
M47 24 enc enc-inf enc pro-part
M48 18 enc enc-inf enc enc-aux
M49 19 pro pro-aux pro pro-aux
M50 19 pro X5 pro pro-aux
Anexos 10 – TCLP: Resultados da tarefa de colocação - NÌVEL SUPERIOR
PRÓCLISE
Grupo e n.º da pergunta B-3 B-3 B-3 B-3
Proclisadores que que quando se
N.º do inquirido Idade
S51 29 pro pro-aux pro pro-aux
S52 24 pro pro-aux pro pro-aux
S53 46 pro pro-aux pro pro-aux
S54 22 enc X5 pro pro-aux
S55 28 Cl sem verbo pro-aux enc pro-aux
S56 29 pro pro-aux pro pro-aux
S57 29 pro enc-aux X7 enc-aux
S58 21 pro enc-inf X7 pro-part
S59 34 pro pro-aux enc pro-aux
S60 22 pro pro-aux X7 pro-aux
S61 42 pro pro-aux pro pro-aux
S62 26 pro pro-aux pro pro-aux
S63 45 pro enc-aux pro pro-aux
S64 25 pro enc-aux enc pro-part
S65 38 pro enc-aux pro enc-aux
S66 40 pro X5 X7 pro-part
S67 48 pro pro-aux X7 pro-aux
S68 47 pro enc-aux pro pro-aux
S69 27 pro enc-aux pro pro-part
S70 40 pro X5 pro enc-aux
S71 28 pro enc-inf pro pro-aux
S72 36 pro pro-aux pro pro-aux
S73 39 pro pro-aux pro pro-part
S74 21 pro pro-aux enc pro-part
S75 28 pro enc-aux pro pro-aux
Anexos 10 – TCLP: Resultados da tarefa de colocação - NÍVEL BÁSICO
ÊNCLISE
Padrão ao infinitivo ou ao auxiliar (e-inf)/(e-aux) Ao infinitivo (e-inf) ao auxiliar (e-aux)
Grup/perg C-1 C-2 C-3 C-4 C-5 C-7 C-8 C-9 C-6 C-11 C-12 C-15 C-16 C-17 C-19 C-20 C-10 C-13 C-14
N.º Inq Idad
B1 18 e-inf p-inf e-aux p-inf p-inf e-inf e-aux X5 e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf p-inf e-inf e-ger p-part p-part
B2 20 e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-inf e-aux e-inf e-aux e-aux p-inf e-aux p-ger e-aux e-aux
B3 18 p-inf e-inf e-aux p-inf p-inf e-inf e-aux e-inf e-inf p-aux p-aux e-inf e-aux p-inf e-inf e-inf e-ger p-aux e-aux
B4 17 e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf p-aux e-aux e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf p-aux e-aux X5 X5
B5 18 e-inf 2resp e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger e-aux e-aux
B6 23 p-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-aux X5 e-inf e-inf e-aux e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-ger X5 e-aux
B7 17 e-aux e-inf e-aux p-inf p-inf p-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux p-inf e-inf e-ger p-part p-aux
B8 19 2resp 2resp e-aux 2resp e-aux e-inf e-aux p-aux p-inf 2resp p-aux e-inf e-aux p-inf e-aux p-inf e-aux e-aux p-aux
B9 18 e-aux e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf p-aux p-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger X5 X5
B10 18 e-inf e-inf p-inf p-inf e-inf p-inf e-aux p-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf p-inf p-aux p-inf p-ger e-aux e-aux
B11 18 e-aux e-aux p-aux e-aux e-aux p-aux e-inf e-inf p-inf p-inf p-aux e-inf p-aux e-inf p-inf e-aux e-ger p-aux e-aux
B12 19 p-inf e-inf e-inf p-inf e-inf X5 e-inf X5 e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf p-inf X5 e-aux X5 X5
B13 19 p-aux e-aux e-aux p-aux e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger e-aux e-aux
B14 18 e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf p-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux p-part e-aux
B15 18 e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf 2resp e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger p-aux e-aux
B16 19 e-inf e-inf e-aux p-inf e-inf e-aux p-inf e-aux p-inf - e-inf p-inf e-inf p-inf e-aux p-inf p-ger p-part e-aux
B17 18 e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf p-aux e-inf e-inf p-aux e-inf e-aux e-inf p-ger p-part p-aux
B18 18 e-aux p-aux e-aux e-inf p-inf e-aux p-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-aux e-aux p-aux
B19 18 e-aux e-aux e-aux e-aux p-inf e-inf p-aux e-aux e-aux p-inf e-aux p-inf e-aux e-aux e-aux X5 e-ger e-aux X5
B20 20 e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-aux p-inf e-inf e-aux e-inf e-aux e-inf p-inf e-inf e-ger p-aux p-aux
B21 20 e-aux e-aux p-inf e-inf p-inf p-inf e-aux e-inf p-inf e-inf e-aux e-inf p-inf p-inf e-aux e-inf e-ger p-part p-aux
B22 19 e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf p-inf e-inf e-inf e-aux p-inf e-inf e-aux e-aux e-aux p-aux
B23 21 p-inf e-aux e-aux p-inf e-inf e-aux p-inf p-inf p-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf p-inf p-inf e-ger P-part p-part
B24 18 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux p-ger p-part p-aux
B25 17 e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf p-aux e-aux p-aux e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf p-aux e-ger p-aux p-aux
Anexos 10 – TCLP: Resultados da tarefa de colocação - NÍVEL MÉDIO
ÊNCLISE
Padrão ao infinitivo ou ao auxiliar (e-inf)/(e-aux) Ao infinitivo (e-inf) ao auxiliar (e-aux)
Grup/perg C-1 C-2 C-3 C-4 C-5 C-7 C-8 C-9 C-6 C-11 C-12 C-15 C-16 C-17 C-19 C-20 C-10 C-13 C-14
N.º Inq Idad
M26 22 e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-inf e-aux e-aux p-inf e-inf X5 e-aux X5 e-ger X5 X5
M27 20 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger e-aux p-part
M28 22 e-aux p-inf e-aux e-inf p-inf e-aux e-aux e-inf p-inf p-inf e-aux p-inf e-aux p-aux p-inf p-inf e-ger e-part p-part
M29 22 X5 X5 X5 X5 e-aux X5 X5 e-inf e-inf - e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-aux X5 p-aux
M30 20 e-inf e-inf e-aux X5 e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux p-ger e-aux e-aux
M31 21 e-aux e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-aux p-aux e-aux
M32 18 e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-aux e-inf e-aux e-inf p-inf e-aux e-aux e-aux e-aux
M33 18 e-inf e-aux e-aux e-inf p-inf e-aux e-aux e-aux e-aux p-inf e-aux e-inf e-aux p-aux e-aux e-inf e-aux e-aux e-aux
M34 18 e-aux e-inf e-aux e-aux e-inf e-aux p-aux e-aux e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-ger e-aux p-aux
M35 20 p-inf p-inf e-inf p-inf p-inf p-inf e-aux p-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf p-inf p-inf e-aux p-ger e-aux e-aux
M36 18 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf X5 X5 e-aux e-inf e-aux X5 X5
M37 20 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf X5 e-aux e-aux e-ger X5 e-aux
M38 16 e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger e-aux e-aux
M39 18 e-aux e-aux e-aux e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-aux e-aux e-aux
M40 19 e-aux p-inf e-aux e-inf e-inf e-inf X5 e-inf e-inf p-inf e-aux e-inf p-inf p-inf e-inf e-inf p-ger p-part p-part
M41 18 p-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-aux e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux p-part
M42 20 e-aux e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-aux p-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf p-inf p-inf e-ger p-part e-aux
M43 21 p-inf p-inf e-aux p-inf p-inf p-inf e-aux e-inf p-inf p-inf e-aux e-inf e-inf p-inf e-aux p-inf p-ger e-aux p-aux
M44 17 e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf p-aux p-aux p-aux e-inf e-inf p-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf p-ger p-aux p-aux
M45 22 e-aux P-aux e-aux e-aux e-aux e-aux p-aux e-aux e-inf e-aux e-aux e-inf e-aux e-inf e-aux e-aux e-ger e-aux e-aux
M46 17 e-aux e-inf e-aux e-inf e-inf p-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf p-ger e-aux e-aux
M47 24 e-inf e-aux e-inf e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-aux p-ger e-aux e-aux
M48 18 e-inf e-inf e-inf p-inf p-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger p-part e-aux
M49 19 e-aux e-aux e-aux p-aux e-inf p-aux p-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-ger p-aux e-aux
M50 19 e-aux p-inf X5 X5 p-inf e-inf X5 e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf X5 e-inf X5 e-ger X5 X5
Anexos 10 – TCLP: Resultados da tarefa de colocação - NÍVEL SUPERIOR
ÊNCLISE
Padrão ao infinitivo ou ao auxiliar (e-inf)/(e-aux) Ao infinitivo (e-inf) ao auxiliar (e-aux)
Grup/perg C-1 C-2 C-3 C-4 C-5 C-7 C-8 C-9 C-6 C-11 C-12 C-15 C-16 C-17 C-19 C-20 C-10 C-13 C-14
N.º Inq Idad
S51 29 e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger e-aux e-aux
S52 24 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger e-aux e-aux
S53 46 e-aux e-aux e-aux e-aux e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf X5 p-ger p-part e-aux
S54 22 e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf p-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf X5 e-ger X5 e-aux
S55 28 p-inf p-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux p-inf e-aux e-aux p-inf e-aux e-ger p-aux e-aux
S56 29 e-aux e-aux e-aux e-aux p-inf e-aux e-aux e-aux p-aux p-aux e-aux p-inf p-inf p-inf p-inf p-inf p-ger p-aux e-aux
S57 29 e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-aux e-inf p-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf X5 e-ger X5 X5
S58 21 e-inf p-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-aux e-aux e-aux
S59 34 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger X5 X5
S60 22 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux p-aux X5
S61 42 p-aux p-aux e-aux e-aux p-inf e-inf e-inf e-aux p-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-ger e-aux e-aux
S62 26 e-inf e-inf X5 X5 e-inf X5 X5 X5 p-inf e-aux e-aux e-inf e-inf e-aux e-inf X5 e-aux X5 X5
S63 45 e-aux e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf p-inf e-aux p-part e-aux
S64 25 p-inf e-inf p-inf e-inf p-inf p-inf p-aux e-inf p-inf e-inf e-aux e-inf p-inf p-inf e-aux e-inf p-ger e-aux p-part
S65 38 e-aux e-inf e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf p-inf e-inf e-aux p-inf e-aux e-aux p-ger e-aux e-aux
S66 40 p-inf p-inf p-inf e-inf e-inf p-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf p-inf p-inf e-inf p-inf e-ger p-part p-part
S67 48 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-aux e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-ger p-aux e-aux
S68 47 - e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf p-inf e-inf e-inf X5 e-ger X5 p-part
S69 27 e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux e-aux p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf p-ger e-aux e-aux
S70 40 e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-aux X5 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf X5 e-ger p-aux p-part
S71 28 e-inf e-inf e-inf 2resp e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-aux e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-ger e-aux e-aux
S72 36 2resp 2resp 2resp 2resp 2resp e-aux e-aux X5 p-inf e-inf p-aux e-inf X5 X5 e-aux e-inf e-ger p-aux X5
S73 39 e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-inf e-inf e-inf p-inf p-inf e-inf e-inf e-inf e-inf e-inf p-ger e-part p-part
S74 21 e-aux X5 e-aux e-aux e-inf e-aux e-aux e-aux e-inf e-inf e-aux e-inf e-aux e-inf p-inf e-inf e-aux e-aux e-aux
S75 28 e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux e-aux p-aux e-aux e-inf e-inf e-inf p-inf e-aux e-aux e-aux e-aux