Etha11 Solucoes Caderno Aluno
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Caderno do Aluno
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Índice
Questão 1
Ficha 1
Apresentar as duas particularidades da nobreza portu-
GRUPO I guesa, patentes no Doc. 1.
Questão 1 – Nobreza mercantilizada – cavaleiro mercador –, participando
Ordenar, de acordo com a hierarquia estabelecida no Antigo ativamente dos negócios ultramarinos, com os quais comple-
Regime, os grupos sociais referidos no texto. menta os seus rendimentos: “[…] é enviado à Índia […] com a
c); b); e); a); d). promessa de 100$00 réis de renda em cada ano, mais os
proventos do seu quinhão no tráfico”; “1643 – a começar neste
Questão 2 ano e em todos os seguintes até 1649, envia, por sua conta a
Explicitar, referindo três aspetos, o estatuto social da no- um procurador de Lisboa, açúcar, couros, madeiras e tabaco”;
breza. – papel preponderante na governação e no desempenho
– Muito próxima do rei, a nobreza gozou, no Antigo Regime, dos altos cargos do Império, que detém em regime de
de grande riqueza e consideração social: “[…] da sua antiga quase exclusividade: “1642 – Em maio, é promovido ao
dignidade e do seu estatuto superior”; cargo de governador e capitão-geral do Estado do Brasil”.
– dela saem os elementos mais destacados do clero: “os Questão 2
bispos eram escolhidos entre a alta nobreza”; A preponderância da nobreza em Portugal explica-se, em
– compete-lhe a condução das guerras e o desempenho de parte
altos cargos administrativos: “[…] convocada para o serviço c) pelo papel que assumiu na restauração da monarquia
militar”; “obtinham, pelo seu nascimento, os principais car- portuguesa.
gos do Estado”; “a maior parte dos parlamentos apenas Questão 3
aceitava nobres”; Referir dois fatores da debilidade da burguesia em Portugal.
– subdivide-se em vários graus, da velha nobreza de san- – Tal como os monarcas, a nobreza concorre com os mer-
gue (“existiam ainda cerca de mil famílias cuja origem se cadores nas rotas de comércio. Dessa nobreza mercantili-
perdia nos tempos recuados da monarquia”) à nobreza de zada é exemplo António Teles da Silva, que participa tanto
funções recém-adquiridas; no tráfico da Índia quanto no do Brasil (Doc. 1);
– possui, em regra, grandes propriedades (“terras ligadas a – estabelecimento no país de mercadores estrangeiros,
um título”), das quais usufrui os antigos direitos senhoriais; mais ativos e organizados: “Os principais interessados nes-
– está isenta de impostos ao rei, exceto em caso de guerra: tas frotas [de comércio com as possessões portuguesas],
“A nobreza já só se distinguia dos outros cidadãos […] pela tanto na viagem como na torna-viagem, são geralmente es-
trangeiros” (Doc. 2);
isenção de impostos”.
– fraco desenvolvimento manufatureiro do país: “[…] pois
Questão 3 não possuem fábricas” (Doc. 2).
Transcrever do texto duas afirmações que documentem a
ascensão social da burguesia. GRUPO III
Afirmações:
Questão 1
– “O que o clero e a nobreza tinham perdido em considera-
A sagração do rei de França (Doc. 1) evidencia
ção, em riqueza e em verdadeiro poder, o Terceiro Estado
c) a ideia da origem divina do poder real.
adquirira-o”;
Questão 2
– “Todas estavam cheias de burgueses, mais ricos e mais
industriosos do que os nobres”; Nomear o sistema de governo em que se enquadra
Luís XIV.
– “Também em Paris e nas outras grandes cidades, a bur-
Monarquia absoluta OU absolutismo.
guesia era superior em riqueza, talentos e mérito pessoal”;
– “Nas cidades de província, tinha a mesma superioridade Questão 3
Questão 3 Questão 4
Referir três meios empregados por D. João V para realçar Desenvolver o tema:
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Etapas fundamentais da consolidação do parlamentarismo, Módulo 4 Unidade 2
comercial da metrópole, que, assim, controlava os preços; – A América do Norte, onde possuíam 13 prósperas coló-
– os produtos coloniais eram, frequentemente, reexporta- nias;
dos para o estrangeiro, engrossando o volume de exporta- – a Costa Ocidental Africana, importante zona de resgate
ções da metrópole; de escravos, cerne do comércio triangular;
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– o Extremo Oriente, com destaque para a Índia, cujo terri- baixar a procura dos produtos coloniais portugueses e, con-
No século XVIII, para além dos progressos registados no – contratação de artífices estrangeiros, a fim de introduzi-
setor têxtil, a indústria britânica conheceu importantes rem em Portugal novas técnicas de fabrico manufatureiro;
inovações – promulgação de Pragmáticas, leis que impediam o uso
b) no setor metalúrgico. de determinados produtos de luxo, limitando, assim, a sua
importação: “pela prática das leis sumptuárias, das proibi-
Questão 4
ções e pragmáticas contra os gastos supérfluos, não me-
Identificar as duas afirmações que podem ser comprova- terão os estrangeiros no Reino mais que o necessário”
das através da análise do documento. (Doc. 2);
a) O arranque industrial impulsionou uma cadeia de inova- – desvalorização monetária, a fim de tornar os nossos pro-
ções técnicas que revolucionou as formas de produção. dutos mais competitivos.
b) A mecanização gerou um aumento de produtividade sem
precedentes. GRUPO II
Questão 1
Indicar o nome pelo qual ficaram conhecidas as expedições
Módulo 4 Unidade 2 a que se reporta o texto.
Bandeiras OU entradas.
Ficha 4
Questão 2
GRUPO I
Referir, com recurso ao texto, três das dificuldades que se
Questão 1 colocavam aos sertanistas.
Explicar, apresentando dois fatores, o défice comercial – O percurso incerto e desconhecido;
português a que alude Duarte Ribeiro de Macedo (Doc. 2). – o “mato grosso”, desconhecido, no qual se tornava neces-
– Efeitos de uma conjuntura comercial adversa, entre 1670 sário abrir “picadas”;
e 1692: a política protecionista de Colbert, a produção de – as cachoeiras dos rios, que originavam naufrágios, com
açúcar e tabaco nas colónias holandesas, francesas e ingle- perda de pessoas e dos equipamentos necessários à expe-
sas, a concorrência sofrida no comércio asiático fazem dição;
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– a ferocidade dos índios, que frequentemente atacavam não há manufaturas dignas de consideração”; ” Os portugue-
os expedicionários. ses não podem, com a venda dos seus vinhos, aguardentes e
outros géneros equilibrar o valor das mercadorias que os es-
Questão 3
trangeiros lhes fornecem” (Doc. 1);
No século XVII, a iniciativa das expedições ficou a dever-
– qualidade e competitividade dos produtos ingleses;
-se, sobretudo,
– pagamento das importações em metal precioso. O défice
d) aos habitantes de São Paulo.
comercial crescente com a Inglaterra canalizou o ouro pro-
Questão 4 veniente do Brasil para o mercado inglês: “Estes [os estran-
Apresentar dois objetivos das expedições sertanistas. geiros fornecedores] retiram, pelo excedente, uma prodi-
– A captura de índios para serem utilizados como força de giosa quantidade de ouro amoedado e em pó” (Doc. 1).
trabalho: “Durante o século XVII, quando o apresamento de Medidas pombalinas de fomento económico
índios constituía a principal atividade dos paulistas”; Com o fim de quebrar a excessiva dependência face à Ingla-
– o reconhecimento do território brasileiro – “estas [as via- terra e fortalecer a economia nacional, o Marquês pôs em
gens pelo sertão] adquiriram um carácter científico”; “É a prática um novo conjunto de medidas mercantilistas:
época dos diários minuciosos, anotando a par e passo as – revitalização das indústrias já existentes e criação de
latitudes e longitudes, as horas de viagem, as distâncias novas unidades industriais: “Entre muitos outros estabeleci-
percorridas, os obstáculos encontrados. Eram, geralmente, mentos feitos à custa da Real Fazenda, em que bem se
acompanhados estes diários de planos e mapas”; deixa ver a manificência do Sr. Rei D. José a benefício da
– a busca de ouro e outras matérias preciosas. indústria nacional […]” (Doc. 2);
GRUPO III
– concessão de privilégios e subsídios às unidades indus-
triais: “o estabelecimento da fábrica de vidros cristalinos, no
Questão 1 sítio da Marinha Grande, junto a Leiria, por Guilherme Ste-
Nomear o acordo comercial, assinado no reinado de phens, o qual recebeu um empréstimo, ignoro por que
D. Pedro II, que proporcionou o acréscimo de transações cofre, de 80 000 cruzados, a pagar sem limite de tempo”;
de têxteis e de vinhos entre Portugal e a Inglaterra (Doc. 1). “Além deste empréstimo, tinha o dito Stephens a permissão
Tratado de Methuen. de se servir de toda a lenha tirada do pinhal de eI-rei,
grátis”(Doc. 2);
Questão 2
– apadrinhamento da contratação de artífices estrangeiros,
Ordenar cronologicamente os aspetos relativos à vida
reputados pelo seu saber (Doc. 2);
económica portuguesa, nos séculos XVII e XVIII.
– criação da Junta do Comércio, organismo ao qual passou
d); b); e); a); c).
a competir a regulação da atividade económica do reino.
Questão 3 Dos estatutos da Junta do Comércio constava a implemen-
Desenvolver o tema: tação da Aula do Comércio, como pode ler-se no frontispí-
A economia portuguesa – do abandono da política indus- cio reproduzido no Doc. 3;
trializadora de Ericeira à ação do Marquês de Pombal. – criação de companhias monopolistas de comércio, desti-
Introdução: Referência à atividade mercantil do país, ba- nadas a nacionalizar o grande comércio oceânico ou
seada no transporte e comercialização de produtos colo- mesmo nacional, cujo controlo havia caído nas mãos dos
niais, e à debilidade permanente da nossa produção manu- ingleses;
fatureira. – promoção social da burguesia, através do fim da distinção
Preponderância do mercado britânico na economia portu- entre cristãos-novos e cristãos-velhos, da criação da Aula
guesa do Comércio, primeira escola comercial da Europa (Doc. 3), e
– grandes facilidades comerciais concedidas à Inglaterra da elevação do grande comércio a “profissão nobre”.
em troca do apoio deste país à causa da Restauração. Estas
facilidades foram reiteradas pelo Tratado de Methuen
(1703), que incrementava a exportação de têxteis ingleses
para Portugal e de vinhos portugueses para Inglaterra:
Módulo 4 Unidade 3
“O comércio dos ingleses em Lisboa […] consiste principal- Ficha 5
mente em panos finos, vulgares ou grosseiros, grande
GRUPO I
quantidade de sarjas, […] meias de seda e de lã”; “Os portu-
gueses não podem, com a venda dos seus vinhos, aguar- Questão 1
dentes e outros géneros equilibrar o valor das mercadorias As “muitas coisas” que Galileu descobriu nos céus e que
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que os estrangeiros lhes fornecem” (Doc. 1); “contradiziam as noções físicas geralmente aceites entre
– abandono da política manufatureira, que torna Portugal de os académicos” (Doc. 1) permitiram-lhe confirmar
novo dependente dos produtos estrangeiros: “Em Portugal b) a teoria heliocêntrica.
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Questão 2
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Questão 3 provém] do consentimento daqueles que lhe estão subme-
A Enciclopédia (Docs. 1 e 3) foi publicada sob a orientação tidos, por um contrato celebrado ou suposto entre eles e
de aquele a quem conferem autoridade” (Doc. 3);
c) Diderot e D’Alembert. – separação dos poderes: com vista a evitar as arbitrarieda-
des do poder absoluto, propõe-se o desdobramento da au-
Questão 4
toridade do Estado em três poderes distintos: legislativo,
Indicar o autor da obra a que se reporta o documento 4.
que elabora as leis; executivo, que as põe em prática; judi-
Montesquieu.
cial, que julga e pune a infração das leis. A teoria da separa-
Questão 5 ção dos poderes é enunciada por Montesquieu na obra
Desenvolver o tema: O Espírito das Leis, ilustrada pelo Doc. 4; no Doc. 3, afirma-se:
O ideário das Luzes. “O poder que brota do consentimento dos povos implica
Introdução: Referência à modernidade do pensamento do necessariamente condições […] que lhe fixam os limites.”
século XVIII e ao papel relevante que desempenhou na
destruição da ordem social e política do Antigo Regime.
Princípios fundamentais do Iluminismo
Módulo 4 Unidade 3
– Crença no progresso material e moral do Homem, numa
época melhor em que a Luz do conhecimento iluminaria a Ficha 6
Terra: veja-se a alegoria reproduzida no Doc. 1, em que a Ver- GRUPO I
dade, representativa do conhecimento, está rodeada de raios
luminosos, que evocam uma época de progresso e felicidade; Questão 1
– valorização da Razão, isto é, das capacidades racionais Referir dois meios de difusão do pensamento iluminista.
do Homem, consideradas o motor do conhecimento, pro- – Os salões aristocráticos, onde decorriam reuniões perió-
gresso e felicidade das sociedades humanas: na alegoria dicas, de índole cultural – “devereis frequentar a casa de
(Doc. 1), é a Razão que revela o conhecimento (a Verdade), Madame… às quartas-feiras”; “É nas casas que podemos
proporcionando um futuro luminoso. A Razão é também a encontrá-los; é aí que se disserta, que o espírito desabro-
condição da liberdade humana: “cada indivíduo da mesma cha” (Doc. 1);
espécie tem o direito de gozar dela [da liberdade] logo que – a Enciclopédia, obra abrangente que pretendia “recolher
goze de Razão” (Doc. 3); todo o conhecimento” da época e que se tornou um êxito
– defesa da superioridade do Direito Natural sobre as nor- imediato (Doc. 1);
mas jurídicas estabelecidas: “o Direito dos homens só pode – os cafés, que acolhiam, em ambiente de tertúlia, gentes
alicerçar-se no Direito da Natureza” (Doc. 2); das letras e das ciências;
– afirmação de que todos os homens nascem livres e iguais, – as academias, rendidas ao experimentalismo e à valoriza-
em virtude da sua própria condição de seres humanos – ção da Razão, enquanto meio de conhecimento;
“O Direito Natural é o que a Natureza confere a todos os – as lojas maçónicas, de marcado cunho político, que,
Homens.”; “A liberdade é um presente do céu” (Doc. 3). oriundas de Inglaterra, se foram espalhando pelo conti-
Ideias e propostas políticas nente.
– Defesa da tolerância/liberdade religiosa e mesmo da se- Questão 2
paração entre a Igreja e o Estado. Pertencendo a escolha Identificar as duas afirmações que podem ser comprova-
da religião a seguir a cada indivíduo, o Estado não deve ter das através da análise do documento.
qualquer interferência em matéria religiosa, separando-se a) Montesquieu e Voltaire encontram-se entre os principais
claramente os dois domínios: “A intolerância é absurda e vultos do Iluminismo.
bárbara” (Doc. 2);
e) A Enciclopédia pretendeu reunir todo o conhecimento da
– soberania popular: em virtude da igualdade e liberdade época.
naturais “nenhum homem recebeu da Natureza o direito de
Questão 3
comandar os outros” – (Doc. 3); “O poder que se adquire
pela violência não passa de uma usurpação e só dura en- Mostrar, referindo dois aspetos contidos no texto, o prestí-
quanto a força do que comanda subjuga os que obede- gio dos intelectuais franceses nos meios cultos da época.
cem.” Assim, defende-se que o poder político reside no O autor da carta, um dinamarquês:
povo, que o confere aos governantes; – desloca-se a Paris, ansioso por encontrar “as gentes de
– contrato social: o poder político estabelece-se mediante letras”, isto é, frequentar o círculo em que se moviam os filó-
sofos iluministas;
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– mostra ter conhecimento da publicação da Enciclopédia e – o rigor de harmonização urbanística estendeu-se aos edi-
ceiro às suas 13 colónias da América do Norte: um conjunto abre com as seguintes palavras: “Nós, o povo dos Estados
de taxas alfandegárias votadas pelo Parlamento britânico, Unidos, […] estabelecemos a presente Constituição.;
que recaiu numa série de produtos, açúcar, papel, vidro, – a Revolução Americana serviu de estímulo à Revolução
chumbo, chá, e um imposto de selo; Francesa, que se iniciará poucos anos depois, em 1789;
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– favoreceu, igualmente, as emancipações coloniais da Módulo 5 Unidade 1
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– Criaram-se Estados-tampão nas fronteiras de França: rei- Questão 2
24 de agosto de 1820.
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A transferência da corte para o Brasil – as Cortes Constituintes legislaram em muitos outros do-
– o Brasil ganha uma crescente autonomia, tornando-se a Explicitar dois fatores que contribuíram para a indepen-
sede da monarquia portuguesa; dência do Brasil.
– a burguesia portuguesa sofreu graves prejuízos; – [a permanência da corte portuguesa no Brasil] a corte por-
tuguesa permaneceu no Brasil durante 13 anos (1808‑1821);
– em 1815, o Brasil é elevado à categoria de Reino;
– [a nova condição política] o Brasil, com capital no Rio de
– após o falecimento de D. Maria I, no Brasil, em 1816,
Janeiro, transformou-se na sede da monarquia portuguesa,
D. João VI torna-se, de direito, Rei de Portugal, não demons-
nos trópicos, na América, foi elevado à categoria de reino
trando qualquer vontade de regressar a Portugal.
em 1815; registou progressos políticos, económicos, sociais
A instauração do Liberalismo em Portugal; a ação das
e culturais extraordinários.
cortes constituintes
– [a extinção do exclusivo comercial] a abertura dos portos
– A Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, insti-
brasileiros à navegação estrangeira, em 1808, ampliado em
tuída a 28 de setembro de 1820, com a junção dos gover-
1810, pelo Tratado de Comércio Anglo-Português, marca o
nos do Porto e de Lisboa, reconheceu a revolução vintista,
fim do exclusivo colonial/comercial que caracterizava o re-
organizou eleições para as Cortes Constituintes e forçou o
gime económico e comercial entre as colónias e as metró-
regresso do rei – D. João VI – a Portugal: “[…] ambiciosos
poles: o número de embarcações portuguesas no porto de
homens forçavam o nosso Soberano a faltar à palavra que
Belém, no Pará – e só tendo em conta este porto –, de-
nos dera de voltar para Portugal?” (Doc. 1);
cresce significativamente entre 1816 e 1821, registando-se
– a família real chega a Portugal a 3 de julho de 1821, dei-
uma queda de 23 para 10 barcos e, ao invés, o número de
xando o filho primogénito, o Príncipe Real D. Pedro, no Bra-
embarcações estrangeiras, nomeadamente inglesas, anali-
sil, como regente;
sando o mesmo porto – Belém –, aumenta, no mesmo pe-
– coube às Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes ríodo, de 9 para 29 (Doc. 1);
da Nação Portuguesa ou Soberano Congresso – (Doc. 2) –
– [o despertar do sentimento nacionalista] o Brasil era o
reunidas desde janeiro de 1821, elaborar o mais antigo texto
orgulho de uma colónia branca que ultrapassava o milhão
constitucional português – a Constituição de 1822: “[…]
de habitantes;
Art. 1.° – A Constituição política da Nação Portuguesa tem
– [os ecos de liberdade das colónias espanholas] o senti-
por objetivo manter a liberdade, segurança e propriedade
mento de liberdade coletiva que desde o início do sé-
de todos os Portugueses. […]” (Doc. 2);
culo XIX arrastava as colónias americanas espanholas para
– a Constituição de 1822 foi promulgada pelo rei D. João VI a independência manifesta-se, desde cedo, também no
a 1 de outubro de 1822; Brasil com uma rebelião nacionalista em Vila Rica (Ouro
– D. João VI passava de monarca absolutista a monarca Preto), em 1789, a “Inconfidência Mineira”, a Revolução Re-
constitucional; publicana de Pernambuco, em 1817;
– extinguia-se, oficialmente, o Antigo Regime português; – [a atitude de D. João VI] ciente destes desejos autonomis-
– a Constituição de 1822 foi fruto da ala mais radical dos depu- tas, D. João VI, ao regressar a Portugal, em 1821, deixa no
tados presentes às Cortes Constituintes – os vintistas (Doc. 3); Brasil o príncipe herdeiro – D. Pedro – como regente (Doc. 2);
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– [a reação de D. João VI] “Pedro, se o Brasil se separar, primeiro súbdito”, José Agostinho de Macedo contraria
antes seja para ti que me hás de respeitar, do que para essa legitimidade ao proferir “[…] A Carta, como eles dizem,
algum desses aventureiros”, diz-lhe o pai, D. João VI, pe- outorgada pelo Senhor D. Pedro, não é, nem pode ser, obra
rante a inevitabilidade de uma independência próxima; sua [...]. É uma lei fundamental feita arbitrariamente, sem au-
– [a política antibrasileira das Cortes Constituintes de Por- diência de interessados [...]”;
tugal] que exigiam o regresso de D. Pedro ao país, a pre- – [o reconhecimento do monarca D. Miguel] o exilado em
texto de concluir a sua educação na Europa, e anulavam os Londres não vê qualquer legitimidade na figura do rei, por-
benefícios comerciais, administrativos, judicias e militares que não cumpriu as promessas feitas ao irmão, D. Pedro I,
atribuídos aos Brasil, precipitaram a decisão de D. Pedro imperador do Brasil, IV de Portugal, em 1826, “[…] os absolu-
(Doc. 2); tistas pretendem despojar Portugal das instituições que o
– [a reação do Príncipe regente] aconselhado a desobede- Senhor D. Pedro IV, seu legítimo monarca […] e o governo
cer aos decretos das Cortes Constituintes portuguesas, representativo, de facto, deixou de existir em Portugal. [...]”,
D. Pedro – em carta enviada ao pai, em 1822 – escreve José Agostinho de Macedo defende a legitimidade de
“[…] não mandei ainda executar nenhum dos decretos des- D. Miguel como rei português, em regime de absolutismo
sas horrorosas e desorganizadas Cortes.” (Doc. 2); “[…] O rei legítimo de Portugal é o Senhor D. Miguel I, por-
– [a desobediência de D. Pedro] “[…] De Portugal nada; não que entrou na categoria de [filho] primogénito, porque su-
queremos nada […] triunfa e triunfará a independência bra- cede pelas leis primordiais a seu pai, porque é reconhecido
sileira, ou a morte nos há de custar.” ( Doc. 2); e proclamado pela Nação, legitimamente representada nos
– [a independência] O Brasil decreta a sua independência três estados do reino [...]”, alegando que “[...] Os dois mais
a 7 de setembro de 1822; D. Pedro I torna-se Imperador do poderosos motivos por que D. Pedro perdeu o direito que,
Brasil. como primogénito, tinha ao trono de Portugal foram a revo-
lução do Brasil, pela qual se separou para sempre de Portu-
gal, e a guerra que declarou a seu pai e à Nação [...]”;
– [o restabelecimento do absolutismo régio em Portugal]
Módulo 5 Unidade 2 enquanto o autor do documento 1 condena, com veemên-
Ficha 10 cia, a restruturação do absolutismo régio, em 1828, porque
era um regime político que contrariava os princípios da
GRUPO I
Carta Constitucional e a vontade expressa por D. Pedro IV
Questão 1 “[…] Chegou por fim o Infante Regente, e então respiraram
O Brasil proclama a sua independência no ano os absolutistas, que [...] ocuparam os primeiros cargos e de-
c) 1822. puseram todos os homens afetos à causa de D. Pedro [...].
Foi dissolvida a Câmara dos Deputados, [...] sem causa jus-
Questão 2
tificada [...].”, o autor do documento 2 considera a ação de
Identificar o acontecimento político que, em 1826, levou
D. Miguel válida e legítima, concordando com todas as alte-
D. Pedro IV a abdicar do trono português a favor da filha,
rações políticas efetuadas em Portugal, porque tinha toda a
Maria da Glória, de sete anos de idade.
Nação do seu lado “[…] Sua Majestade não assumiu o título
A morte do pai, D. João VI e a impossibilidade de acumular de rei senão depois de manifestar a todas as nações que o
os dois tronos (brasileiro e português). assumia por direito e por aclamação […]”;
Questão 3 – [a ilegalidade das Cortes de 1828] enquanto o autor do
A Carta Constitucional de 1826 representa uma tendência documento 1 refere que “[…] a convocação das Cortes à ma-
do liberalismo português que consagra neira antiga. [...] [são] ilegais, todas as suas decisões serão
d) a soberania da Nação, o sufrágio censitário, o funciona- igualmente nulas e não podem aproveitar ao partido usur-
mento bicamaral das Cortes Legislativas e a separação dos pador.” José Agostinho de Macedo contraria tal argumenta-
poderes, cabendo ao rei o poder moderador. ção, ratificando que “[…] nós somos livres, o nosso rei é
Questão 4 livre, dizem em 1828 as Cortes de Lisboa. Não queremos
outro rei senão o Senhor D. Miguel I”.
Comparar as duas perspetivas sobre o confronto entre li-
berais e absolutistas, expressas nos documentos 1 e 2, Questão 5
quanto a três aspetos em que se opõem Desenvolver o tema:
– [a legitimidade da Carta Constitucional] enquanto o exi- A resistência ao Liberalismo em Portugal (1823-1834).
lado em Londres considera que a Carta Constitucional é o Introdução: O movimento sucedido no Porto, a 24 de
único diploma válido “[…] Sendo a Carta Constitucional esta- agosto de 1820, instaura o Liberalismo. As Cortes Gerais
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belecida por D. Pedro, legítimo rei de Portugal, só por ele Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, reu-
ou por Deus pode a mesma ser revogada, e nunca por nidas desde janeiro de 1821, procederão à elaboração do
D. Miguel, que jurou cumpri-la e guardá-la como seu mais antigo texto constitucional português, promulgado
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pelo rei D. João VI a 1 de outubro de 1822. Demasiado pro- e do rei, [...] vão buscar asilo na Grã-Bretanha para [...] vili-
• abdicou dos seus direitos ao trono português a favor da – declarada maior de idade, em 1834, D. Maria II jura a Carta
filha mais velha, a princesa D. Maria da Glória, de 7 anos de Constitucional e inicia efetivamente o seu reinado (D. Pedro
idade, que deveria celebrar casamento com o seu tio, o in- morre nesse ano);
fante D. Miguel, que juraria o cumprimento da Carta Consti- – em 1834, o liberalismo constitucional triunfa, finalmente,
tucional após o seu regresso do exílio a Portugal, na quali- em Portugal.
dade de príncipe regente;
– dando cumprimento ao estipulado pelo irmão mais velho GRUPO II
à maneira tradicional, com os três braços da sociedade do Apresentar dois argumentos para a situação da nobreza
Antigo Regime: “[…] Era rei legítimo e não usurpador [...]” titular, em Portugal, após 1834, que é de “declínio material
(Doc. 2); […] e terá tido entre nós um alcance que não tem paralelo
– abateu-se sobre os simpatizantes do Liberalismo uma re- noutros países da Europa da época.”
pressão sem limites, originando o exílio de milhares em – No final do Antigo Regime, a nobreza titular vivia per-
França e na Inglaterra; outros, que escaparam à prisão e à manentemente endividada e com as reformas liberais efe-
morte, refugiaram-se na ilha Terceira, nos Açores, o único tuadas em 1834, foram-lhe infligidos; os “mais duros golpes
território português que não resvalou para o absolutismo: na situação material da nobreza titular do Antigo Regime”: a
“[…] Todos os portugueses [...] se devem indignar quando se supressão dos vínculos, a extinção dos forais, a abolição
lembrarem que os liberais, [...] inimigos da pátria, da religião das comendas;
20
– a nobreza titular apoiou D. Miguel e a restauração do ab- GRUPO II
21
Questão 2 As dificuldades políticas do reinado de D. Maria II –
– ponderou-se a demissão da rainha, D. Maria II, e a procla- – “Respeitando os seus direitos individuais, consagrar a in-
mação da República; fluência deles sobre a coisa pública, chamá-los a participar
do exercício do poder, através de decisões e de votos, ga-
– a situação agravou-se consideravelmente (Doc. 3);
rantir-lhes o direito de controle e de vigilância pela manifes-
– as “papeletas da ladroeira”, as “Leis da Saúde” as “Leis
tação das suas opiniões e, preparando-os desse modo,
das Estradas” envolveram na revolta setembristas, cartistas
pela prática, para essas funções elevadas, dar-lhes ao
puros, e até miguelistas, povo, clero, nobreza e burguesia:
mesmo tempo o desejo e a faculdade de executá-las.”
“[…] Sou, Real Senhora, um ministro de Deus vivo, e como
tal encarregado de espalhar a paz na terra. Eis o motivo por Questão 3
que me introduzi entre o povo; e porque me acho aclamado Identificar o nome do novo sistema de organização polí-
pelo mesmo povo – general comandante das forças popu- tica, económica e social que o mundo ocidental implantou
lares do Minho e de Trás-os-Montes […].” (Doc. 4); com particular intensidade no século XIX.
– ao abrigo da Quádrupla Aliança, em 1834, o governo de Liberalismo.
Lisboa solicitou a intervenção de Espanha e de Inglaterra; a Questão 4
rainha D. Maria II ficou sob a proteção da França e da Ingla- A criação de escolas públicas como a apresentada no
terra; Doc. 2, baseia-se no princípio
– a intervenção estrangeira ditou os termos da Convenção c) do laicismo.
de Gramido, após a rendição das forças patuleias (Doc. 3),
Questão 5
garantindo uma amnistia geral e nomeando um novo go-
Explicitar o significado simbólico da imagem (Doc. 4), tendo
verno;
em conta a consciencialização da universalidade dos di-
– só a partir da década de 50, do seculo XIX, – já após a reitos humanos.
morte precoce de D. Maria II – se conquista a estabilização
– A imagem representa a destruição dos grilhões que sub-
da vida nacional, sob o signo da Regeneração.
jugaram secularmente os negros africanos. Traduz a liber-
dade finalmente conquistada;
– os textos jurídicos (Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão e Constituições) do Liberalismo definiram a li-
ETHA11DP @ Porto Editora
23
originados pela condição humana. No entanto, coexistem Os mecanismos institucionais adotados para garantir o
da América.
Noruegueses, fui eleito representante no Departamento Fi-
nanceiro, na Junta Comercial, na Deputação de Revisões
de Contas e no Pão dos Pobres de Santana […]”;
27
– a burguesia, no século XIX, demarca-se das ociosas elites
Questão 2 Questão 2
Identificar a nova sociedade oitocentista, assente nos Ordenar cronologicamente os seguintes acontecimentos
“frutos da educação que os pais lhe proporcionaram” relativos ao movimento operário.
(Doc. 2, linhas 1-2), no poder económico, na situação pro- b); a); d); c).
fissional e no grau de instrução e cultura. Questão 3
A sociedade de classes. Identifica o conceito marxista que apela à luta de classes
Questão 3 e à “solidariedade dos trabalhadores” de todo o mundo
Referir duas consequências da generalização do ensino (Docs. 1 e 2).
(Doc. 2) para o incremento e heterogeneidade das classes Internacionalismo operário OU internacionalização do movi-
médias. mento operário OU “proletários de todos os países, uni-vos”.
– as classes médias apresentavam-se como um mundo he- Questão 4
terogéneo composto por milhões de indivíduos; Desenvolver o tema:
– a aposta dos governos liberais e demoliberais na instru- As propostas socialistas de transformação revolucioná-
ção dos seus cidadãos – necessária ao alargamento do su- ria da sociedade.
frágio – faz com que o acesso à educação formal e regular Introdução: A Revolução Industrial fez surgir a fábrica e
se torne obrigatório a partir dos sete anos de idade, na criou o operário – o proletário na ótica marxista. A fábrica e
maior parte dos países ocidentais; as máquinas eram pertença do empresário burguês e do
– as escolas primárias proliferam para ambos os sexos, os capital de que ele dispunha. O proletário, detentor apenas
liceus multiplicam-se e as universidades ganham uma maior da sua força de trabalho que vende ao burguês, sujeitou-se
frequência; no século XIX a condições de trabalho degradantes e mise-
– a proliferação do setor terciário e dos serviços associados ráveis.
à expansão urbana e ao incremento da instrução faz surgir Esta “questão social” fez desencadear reações, teorias e
profissões variadas e heterogéneas: os profissionais libe- práticas diversas que culminaram com a apresentação das
rais, os funcionários públicos e estatais e das empresas pri- propostas socialistas de transformação da sociedade de
vadas – os “colarinhos-brancos” (empregados de escritório) Karl Marx e Friedrich Engels.
– professores, funcionários das comunicações, militares, A condição operária – situação laboral e modos de vida
polícias, bombeiros, cobradores, bancários, empregados – O trabalho do operário – situado no patamar inferior da
de companhias de seguros, contabilistas, pequenos empre- sociedade oitocentista – (Doc. 2), na fábrica ou nas minas,
sários da indústria e do comércio, lojistas; representava uma mão de obra não qualificada, totalmente
– o seu grau de instrução, o seu trajo, as suas maneiras dis- sujeita à arbitrariedade e à exploração do empresário bur-
tinguiam-nos dos trabalhadores fabris, apesar de, muitas guês: “[…] A Grã-Bretanha tem desenvolvido […] o despo-
vezes, os seus salários serem mais baixos. tismo do capital e a escravidão do trabalho” (Doc. 1);
Questão 4 – a fábrica era um local inóspito, com um frio glacial no in-
Apresentar dois fatores do crescimento urbano, no sé- verno e uma canícula sufocante no verão, com condições
culo XIX. de arejamento insalubres e com um barulho ensurdecedor
das máquinas;
– a Revolução Industrial provocou o êxodo rural, transfe-
rindo-se grandes camadas da população para as cidades, – os riscos de acidentes do trabalho eram constantes e a
que partem em busca de novas oportunidades de emprego; proteção laboral inexistente;
– o emprego aumenta e diversificam-se as profissões; a par – os salários eram precários, dependentes apenas do livre
do emprego nas fábricas, a instrução generaliza-se e favo- jogo da oferta e da procura, a jornada de trabalho longa e
rece as novas necessidades urbanas que impulsionaram a penosa, que podia chegar às 16 horas diárias, sem descanso
terciarização da sociedade; semanal;
– a atração pela cidade intensifica-se. – o recurso à mão de obra infantil, que era um terço do sa-
lário dos homens, e a feminina, metade do salários do ho-
mens (Doc. 3);
– o uso da violência para acelerar a cadência da produção
e da movimentação era comum;
28
– as condições de vida, permitidas pelos salários de misé- – no século XIX, devido à Revolução Industrial, o modo de
ria, eram indignas e degradantes: as habitações exíguas, produção capitalista assente na sociedade de classes,
sobrelotadas, sem luz, água e aquecimento, nas periferias burguesa, atingia o seu auge “[…] Na Grã-Bretanha ocor-
muito distantes das cidades e dos locais de trabalho e em reu um divórcio completo entre a propriedade e o traba-
caves húmidas ou sótãos abafados “[…] e os assalariados lho. Em nenhum outro país, aliás, a guerra entre as duas
vivendo na miséria […]” (Doc. 1); classes que constituem a sociedade moderna assumiu di-
– a alimentação insuficiente e desequilibrada; mensões tão colossais e características tão distintas e visí-
– as doenças encontravam o espaço ideal de contágio célere; veis […]” (Doc. 1);
– o alcoolismo, a prostituição, a promiscuidade, a delin- – o proletário era apenas detentor da sua “força de traba-
quência e a criminalidade grassavam nestes ambientes lho” – separada dos “meios de produção” (capitais, terras,
inóspitos e insalubres. matérias-primas, ferramentas e equipamentos, métodos e
O movimento operário – associativismo e sindicalismo técnicas de trabalho) na posse da burguesia – “[…] Têm de
– os operários rebelaram-se desde cedo contra as duras libertar das amarras infames do monopólio a capacidade de
condições de trabalho e de vida, inicialmente sem qualquer produção de riqueza, sujeitando-a ao controlo coletivo dos
sucesso pela falta de organização e de união, patentes no produtores. […] (Doc. 1);
“ludismo”; – o modo de produção capitalista repousa na “mais-valia”,
– o associativismo operário que lhe seguiu, levando à fun- isto é, o salário do operário não corresponde ao valor do
dação de “associações de socorros mútuos” – “mutualida- seu trabalho, a sua exploração é o lucro do burguês;
des” ou “sociedades fraternas” – mitigou as ínfimas neces- – a luta de classes é inevitável – entre proletários e burgue-
sidades do emergente “movimento operário”; ses – para extinguir o capitalismo; apelava-se à “união de
– os sindicatos – “Trade Unions” – nascidos na Inglaterra e todos os proletários” e internacionalizava-se o “movimento
reconhecidos pelos governos dos países mais industrializa- operário”. (Doc. 4);
dos a partir do terceiro quartel do século XIX – pautaram a – o proletariado organizado em sindicatos e partidos para a
sua ação pela força e agressividade crescentes, como conquista do poder político, exercia a “ditadura do proleta-
forma de estabelecerem organizações de massa e lutarem riado” – a etapa antecessora – da verdadeira sociedade
por um conjunto de reivindicações laborais, muitas vezes socialista, o comunismo. “[…] As classes trabalhadoras, para
com o recurso a gigantescas manifestações e lutas grevis- terem êxito, não querem a força, mas a organização da sua
tas (Doc. 3); força comum, a organização das classes trabalhadoras. […]”
– o “movimento operário”, alicerçado sobretudo no sindica- (Doc. 1);
lismo, fez surgir progressos fundamentais na legislação la- – A sociedade de classes seria extinta – a pirâmide do sis-
boral e social, a partir de finais do século XX, nos países in- tema capitalista – (Doc. 2), sendo substituída por uma socie-
dustrializados (Doc. 4). dade sem classes, sem propriedade privada e sem “explo-
O marxismo ração do homem pelo homem”;
– Inspirado no idealismo e nos projetos fracassados do so- – as “Internacionais Operárias” ou “Internacionais” coorde-
cialismo utópico ou romântico – sobretudo em Proudhon – nariam as ações e o movimento de solidariedade dos traba-
e na dialética hegeliana, o marxismo, desenvolvido no sé- lhadores de todo o mundo para o derrube do capitalismo e
culo XIX, apresenta-se como um conjunto de princípios da sociedade burguesa e levariam à construção da socie-
doutrinários e um programa minucioso de ação; dade socialista.
– o socialismo marxista retira o seu nome do alemão Karl
Marx que, juntamente com o seu compatriota Friedrich En-
gels, se radica em Londres, Inglaterra, para um contacto
mais objetivo e direto com a realidade dramática do opera-
riado inglês;
Módulo 6 Unidade 3
– o Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848,
altera por completo a conceção da sociedade, partindo de Ficha 15
uma análise rigorosa da História da Humanidade;
GRUPO I
– o livro Das Kapital, publicado em 1867, explicaria o funcio-
namento do sistema capitalista e a sua iminente destruição; Questão 1
– uma sucessão de modos de produção: esclavagismo, feu- 1. Apresentar três argumentos de Condorcet a favor da
dalismo e capitalismo determinaram a evolução histórica, concessão dos direitos de cidadania às mulheres.
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sempre baseada no princípio da “luta de classes” – o motor – A universalidade dos direitos do Homem, resultantes do
da História –, entre os oprimidos e explorados e os opres- facto de serem seres racionais e sensíveis, portanto: “As
sores e exploradores, pela alteração das condições mate- mulheres que têm, então, as mesmas qualidades, têm ne-
riais da existência; cessariamente os mesmos direitos.”;
29
– o direito ao sufrágio é um direito inerente às mulheres: democrático e livre – levaram ao alargamento do corpo
saico de etnias, religiões e interesses diferenciados. Indicar dois contributos das Exposições (Doc. 1, linhas 14-20)
O agudizar das tensões internacionais para o desenvolvimento do país.
– A corrida aos armamentos inicia-se de forma inexorável; – Favorecimento das viagens pela Europa de uma burgue-
as despesas com armamento sobem exponencialmente sia endinheirada, mas ignorante “A Primeira Exposição Uni-
(Alemanha) (Doc. 4); versal de Londres e a subsequente Exposição de Paris fize-
– vive-se um clima de “paz armada” na Europa (Doc. 4); ram viajar pela primeira vez no Centro da Europa muita
– formam-se alianças militares: Tríplice Aliança em 1882, gente rica até então sedentária, caturra e odienta, além dos
que congrega os interesses dos Impérios Alemão e Austro- janotas expedidos em comissões do Estado” (Doc. 1);
-Húngaro, e à qual se junta a Itália; em resposta, em 1907, – alteração de comportamentos, costumes e mentalidades,
surge a Tríplice Entente ou Entente Cordiale, associando a sofisticação de formas de estar “vieram-nos repentinos e
Inglaterra, a França e a Rússia; consideráveis desenvolvimentos de elegância e de moda,
– no dia 28 de junho de 1914, em Sarajevo, capital da Bós- novas necessidades de luxo e novos requintes de prazer.
nia-Herzegovina, sob domínio do Império Austro-Húngaro, […] Importámos […] novos sistemas financiais, receitas de
o herdeiro do trono, o arquiduque Francisco Fernando e
sindicatos […] jogos […], o “bacarat” para o Grémio.” (Doc. 1);
sua mulher, são alvo de um duplo assassinato por um estu-
– construção e modernização de obras públicas, por exem-
dante sérvio, “o atentado de Sarajevo”;
plo, “Palácio de Cristal, no Porto”, em 1865, da autoria do
– a Península Balcânica é, no início do século XX, um “barril
arquiteto inglês Thomas Dillen Jones.
de pólvora”;
– à Sérvia, protegida da Rússia, é declarada guerra pelo Im- Questão 5
pério Austro-Húngaro; Explicitar dois aspetos do comentário de Ramalho Orti-
– o sistema de alianças entra em ação; em catadupa sur- gão “Era com efeito uma ‘regeneração’ completa na polí-
gem declarações de guerra aos países-membros; tica, nos negócios, nos costumes!” (linha 21).
– em agosto, inicia-se oficialmente a Primeira Guerra Mun- – Após quase meio século de turbulência político-social, “o
dial, a mais mortífera das guerras até então sucedidas; a país estava cansado e desiludido”, coube aos governos da
Europa estava preparada há muito para uma guerra, que Regeneração proporcionar a acalmia, “a Regeneração deu
era expectável e até desejada (Doc. 4); o governo mais perfeito que ainda houve.”;
– no final, em 1918, a Europa perderá a sua hegemonia secular.
– procedeu-se à revisão da Carta Constitucional “Promul-
gou-se […] o Ato Adicional à Carta Constitucional; alargou-
-se a área do sufrágio, e estabeleceu-se o Tribunal de Con-
tas […].”;
Módulo 6 Unidade 4 – favoreceu-se o desenvolvimento económico, dotando o
Ficha 16 país de obras públicas, meios de transporte e de comunica-
GRUPO I
ção, necessários à criação do mercado interno e à abertura
à Europa e a participação em Exposições Universais “criou-
Questão 1 -se logo depois o Ministério das Obras Públicas, Comércio
Indicar o período da vida política portuguesa que decor- e Indústria, pórtico triunfal destinado a dar ingresso à nova
reu entre 1851 e o fim do século XIX, a que se refere o senda dos melhoramentos materiais. […], todos os inventos
documento 1.
científicos da moderna civilização europeia, vapor e a eletri-
Regeneração. cidade, a locomotiva, o fio telegráfico, o cabo submarino,
Questão 2 e todos os novos sistemas de docas, de portos de abrigo,
Referir uma alteração introduzida pelo Ato Adicional de de navegação, de alumiamento e balizagem das costas ma-
1852 que permitiu ao país finalmente conhecer o “sos- rítimas.”;
sego” político. – os portugueses sentiam-se felizes “e ao receber cada um
- o alargamento da “área de sufrágio”; destes melhoramentos, o país sentia-se alegre, feliz, e quase
- a criação do Tribunal de Contas. tão orgulhoso como se fosse ele próprio.”
32
GRUPO II no Baixo Alentejo e a Vila Nova de Gaia, chegando, logo a
seguir, às principais regiões do país: 1864: 691 km; 1878:
Questão 1
1014 km; 1890: 2071 km de extensão. (Doc. 1);
1. Identificar três melhoramentos materiais introduzidos
– porém, o primeiro grande investimento fez-se sentir na
no país, a partir da segunda metade do século XIX.
construção rodoviária, com um conjunto de estradas maca-
– “Melhoraram-se portos” […], o “país foi dotado com o trá- damizadas: passaram de 218 para 678 km, e, em 1884, já
fego elétrico e com cabos submarinos” (Doc. 3). Fontes Pe- ultrapassavam os 9000 km de extensão;
reira de Melo inicia o “lançamento da rede ferroviária nacio-
– a construção de pontes foi igualmente fundamental para
nal” (Doc. 4).
o êxito das circulações rodoviária e ferroviária: a ponte
Questão 2 D. Maria Pia, no Porto, é inaugurada em 1877, em 1878, a
“O primeiro-ministro das Obras Públicas” foi governante ponte de Viana do Castelo e, em 1886, a ponte D. Luís I,
durante os reinados de também no Porto;
b) D. Pedro V e D. Luís I. – a construção de portos, a instalação do telégrafo e do te-
lefone e a reforma dos correios intensificaram a revolução
Questão 3
dos transportes e das comunicações no país: “[…] o Estado
Desenvolver o tema:
procura melhorar os portos e realizar outras obras de inte-
As obras públicas portuguesas na segunda medade do resse público.” (Doc. 3);
século XIX.
– a eletricidade chega ao país: “[…] No começo da segunda
Introdução: Em 1851, um golpe de Estado levado a cabo metade do século, o país foi dotado com o tráfego elétrico
pelo marechal-duque de Saldanha depôs Costa Cabral e e com cabos submarinos.” (Doc. 3);
deu origem a uma nova etapa política do Liberalismo, a Re- – no final do século XIX, em 1890, inaugura-se a estação
generação. Conciliou as diversas fações em litígio há mais ferroviária do Rossio, em Lisboa, do arquiteto José Luís
de 30 anos. A Regeneração dedicou uma atenção especial Monteiro, em estilo neomanuelino: (Doc. 2);
ao desenvolvimento dos transportes e dos meios de comu-
– o automóvel e o carro elétrico tornaram-se familiares dos
nicação, iniciando um processo excecional de fomento de
portugueses também em finais do mesmo século.
obras públicas.
– como resultados a médio prazo desta política de fomento
O Fontismo das infraestruturas essenciais ao país, destacam-se: a cria-
– O grande dinamizador desta política de construção de in- ção de um mercado nacional único, o fomento das ativida-
fraestruturas, consideradas fundamentais para o progresso des económicas e o alargamento das relações internacio-
económico e para a modernização do país, foi António nais;
Maria Fontes Pereira de Melo, um engenheiro convidado – no entanto, Portugal não conseguiu aproveitar todas as
para chefiar o primeiro Ministério das Obras Públicas, Co- oportunidades expectáveis, porque a dívida pública aumen-
mércio e Indústria, criado em 1852. tou exponencialmente: “[…] à custa de empréstimos da fi-
– Designada por “fontismo”, Portugal inicia a marcha irre- nança estrangeira, que se calcula viessem a ser pagos pelo
versível, no seculo XIX, para a modernização e aproxima- enriquecimento do país.” (Doc. 4).
ção – embora tardiamente – aos países europeus mais de-
senvolvidos material e economicamente: “Caberá a Fontes
GRUPO III
Pereira de Melo, primeiro-ministro português das Obras Pú-
blicas […]” (Doc. 4); Questão 1
– Fontes Pereira de Melo era engenheiro de formação: Comparar a pequena e a grande indústrias, com base nas
“[…] O fontismo, política de alicerce filosófico positivista, conclusões do “Inquérito Industrial” de 1881, quanto a
concebida e praticada por engenheiros formados pela Es- dois aspetos em que se opõem.
cola Politécnica de Lisboa, intentou a transformação mate- – [mão de obra] enquanto na pequena indústria predomina
rial do país.” (Doc. 4). o trabalho braçal ou manual, na grande indústria existem
O desenvolvimento de infraestruturas: transportes e exércitos de operários assalariados;
meios de comunicação – [trabalho] enquanto na pequena indústria o artesão usa a
– A introdução da rede ferroviária nacional será lançada sua força de trabalho, na grande indústria predominam os
neste período, sendo da responsabilidade do Ministério das motores mecânicos e os maquinismos;
Obras Públicas, sob chefia de Fontes: “[…] a tarefa de iniciar – [unidade de produção] a pequena indústria dispersa-se
o lançamento da rede ferroviária nacional” (Doc. 4); por oficinas e a grande indústria limita-se a fábricas avulta-
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– a revolução ferroviária teve, portanto, o mérito e a glória das, mas poucas em Portugal;
de Fontes Pereira de Melo. O primeiro troço de via-férrea – [preços] a pequena indústria está dependente apenas do
foi inaugurado pelo rei D. Pedro V, em 1856, ligando Lisboa preço da transformação da matéria-prima, a grande indús-
ao Carregado; em 1864, consumava-se a ligação à fronteira tria onera de forma mais grave os preços dos produtos.
33
ETHA11DP_SOLUCOES CAD ALUNO_03
Questão 2 – “fatores de ordem económica e cultural: a falta de poder
Apresentar três aspetos favorecedores dos bloqueios da – a política agrícola, que originou situações menos satisfa-
indústria portuguesa. tórias que agravarão a crise financeira de 1880-1890.
[doc. 1] Questão 3
– Fraca competitividade nacional e internacional “parece A agricultura desenvolve-se “em estreita articulação com
que muitas indústrias do nosso país ou hão de revestir este a crescente procura do mercado, sobretudo externo” (Doc. 1,
carácter ou definhar e morrer na concorrência.” Apenas 10% linhas 1-2), beneficiando, no período da Regeneração, da
da produção era passível de ser exportada; política económica.
– deficiente preparação dos recursos humanos “o trabalho c) livre-cambista.
braçal ou manual” ainda era preponderante. Existência de
“muitas pequenas oficinas.” GRUPO II
[doc. 2]
Questão 1
– reduzida diversificação dos setores industriais;
Explicitar dois objetivos de Fontes Pereira de Melo ao dis-
– predomínio do setor têxtil: 39 597 trabalhadores;
cursar perante as Câmaras.
– atraso no “take-off” industrial: um século de atraso relati-
– Fontes Pereira de Melo, no seu discurso perante as Câ-
vamente à Grã-Bretanha, à Bélgica, à França, à Alemanha e
maras, faz o elogio da sua política, salientando apenas os
aos Estados Unidos da América;
êxitos conseguidos para o desenvolvimento económico e
– aperfeiçoamento tecnológico precário: “907 oficinas e
para a modernização do país: “Temos tido cinco anos de
338 fábricas”, relevância do trabalho domiciliário, em 1881;
paz profunda, e a mais completa liberdade. Temos pago
– tardia introdução das vias-férreas “1864 – 691 km de linha
pontualmente os vencimentos dos servidores do Estado e
férrea; 1870 – 1014”, a par da fraca rede viária, necessárias à
satisfeito os encargos da dívida fundada interna e externa
circulação e distribuição rápida de mercadorias para os
[…] Melhorou o crédito público […]; Organizou-se o ensino
mercados interno e externo e à redução do preço dos
da primeira e mais útil das artes, a agricultura” (Doc. 2);
transportes;
– a necessidade de autorização das Câmaras para a conti-
– reduzido mercado interno pela falta de poder de compra
nuidade do recurso a empréstimos nacionais e estrangeiros
dos portugueses ou pela opção de produtos estrangeiros.
também objetivo da “propaganda” do fontismo;
– pretende Fontes Pereira de Melo o aval dos deputados
da Nação para a consecução das suas políticas de fomento.
Módulo 6 Unidade 4 Questão 2
Ficha 17 Comparar as duas perspetivas sobre a situação econó-
mica vivida em Portugal no período da Regeneração.
GRUPO I
Estamos perante duas visões totalmente antagónicas relati-
Questão 1 vamente à política governativa do país, a de Ramalho Orti-
Identificar três inovações agrícolas introduzidas em Por- gão e a de Fontes Pereira de Melo:
tugal na segunda metade do século XIX. – Ramalho Ortigão critica, com veemência, a orientação go-
A debulha mecânica a vapor, a difusão de novos processos vernativa do período considerado “[…] Em Portugal, a inca-
de trabalho e de melhoramentos das técnicas de cultivo, a pacidade governativa produziu um resultado funesto: […] o
utilização de adubos químicos e a mecanização. predomínio da incompetência científica na direção dos ne-
Questão 2 gócios dissolveu a liga que deveria estreitar a convergên-
Enunciar duas evidências dos bloqueios agrícolas no pe- cia de todas as atividades para um fim comum.” (Doc. 1), en-
ríodo considerado. quanto Fontes Pereira de Melo exalta a sua política
– “A maioria das explorações rurais era de pequena dimen- governativa, fazendo-lhe rasgados elogios perante as Câ-
são, impedindo a utilização de máquinas agrícolas”; os agri- maras da Nação: “[…] Temos tido cinco anos de paz pro-
cultores portugueses dispunham de propriedades de redu- funda, e a mais completa liberdade. Temos pago pontual-
zidas dimensões, sobretudo visível no norte do país, por mente os vencimentos dos servidores do Estado e satisfeito
isso, a mecanização tornou-se mais significativa nas lezírias os encargos da dívida fundada interna e externa.” (Doc. 2);
ribatejanas (na produção de arroz) e nas planícies alenteja- – Ramalho Ortigão critica o recurso contínuo ao crédito: “[…]
nas (na produção de trigo); Trocadas as descomposturas sobre a questão da fazenda,
34
decide-se indispensável, ainda mais uma vez, recorrer ao Questão 3
crédito, e faz-se um novo empréstimo.” (Doc. 1), já Fontes Pe- Desenvolver o tema:
reira de Melo regozija-se com o pagamento dos créditos: A crise financeira de 1880-1890.
“[…] satisfeito os encargos da dívida fundada interna e ex- Introdução: A partir do terceiro quartel do século XIX, a
terna.” (Doc. 2); economia portuguesa depara-se, mais uma vez, com um
– Ortigão condena o surgimento de permanentes novos im- período particularmente difícil, justificado por um conjunto
postos para angariar dinheiro para o cumprimento dos cré- de condicionalismos e de fatores, quer de ordem endógena
ditos: “[…] e cria-se um novo imposto. Fazem-se emprésti- quer de ordem exógena.
mos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os Fatores do relativo insucesso da política económica da
juros dos empréstimos.” (Doc. 1), num círculo vicioso contí- Regeneração
nuo e imparável, enquanto Fontes Pereira de Melo minimiza – A Regeneração e a sua política livre-cambista foi favore-
esta dependência, justificando com a abundante criação de cedora das exportações portuguesas, mas não conseguiu
infraestruturas de modernização do país, listando-as pe- evitar a concorrência estrangeira e o encerramento dos
rante as Câmaras: “[…] Uma secção de trinta e seis quilóme- mercados internacionais aos produtos portugueses tradi-
tros de caminho de ferro; noventa e duas léguas de exce- cionalmente de exportação, os agrícolas (nomeadamente
lente estrada foram construídas; fizeram-se dezassete os vinhos, a carne, as sedas);
pontes importantes e trabalha-se em vinte e oito, está-se
– o país é inundado de produtos industriais estrangeiros,
montando um telégrafo elétrico; criaram-se escolas de ins-
malgrado o esforço industrial que se faz sentir a partir deste
trução primária; organizou-se o ensino da primeira e mais
período;
útil das artes, a agricultura [...]” (Doc. 2);
– a industrialização nacional tardia, um aperfeiçoamento
– por último, Ramalho Ortigão, muito preocupado com o fu- tecnológico irrisório, máquinas com uma diminuta energia
turo próximo do país, interroga-se: “[…] O país espera o motriz (cavalos-vapor), recursos humanos muito pouco qua-
quê?” (Doc. 1), Fontes, tranquilo e otimista declara “Temos lificados, matérias-primas escassas, um mercado interno
tido cinco anos de paz profunda, e a mais completa liber- pouco encorajador, um desenvolvimento de infraestruturas
dade.” (Doc. 2). (transportes e meios de comunicação) serôdio;
– a fraca competitividade internacional;
GRUPO III
– o recurso ao expediente dos empréstimos externos: em
Questão 1 Londres estavam os banqueiros do Estado português, a
Para a situação do país em que “na histórica sessão de casa Baring & Brothers, “[…] Em 1875-76, os encargos da
30 de janeiro [de 1892] foi necessário abrir falência (Doc. 1, dívida pública subiam já a 55% da receita ordinária.” (Doc. 1);
linhas 19-20), contribuíram – a abertura ao capital estrangeiro e aos investimentos ex-
c) o desequilíbrio da balança comercial e o endividamento ternos para a implementação da política de obras públicas “
no período da Regeneração. […] isto fazia dizer ao Tribunal de Contas que o governo e o
Questão 2 poder legislativo tinham de regular e limitar prudentemente
Referir o efeito que resultou da alteração da “composição a extensão dos recursos ao crédito.” (Doc. 1);
da emigração” para o Brasil (Doc. 4, linha 9). – a dívida pública em Portugal quadruplica entre 1851 e
1867-68 (Doc. 3) e ascende a 20 000 contos, cerca de 1890,
– A composição da emigração para o Brasil altera-se a par-
valores assustadores, mais de 11 vezes superiores aos do
tir de finais do século XIX, devido a modificações sociopolí-
ano de 1851 (Doc. 3);
ticas, económicas e sociais no Brasil, nomeadamente a
abolição da escravatura (1888) e a consequente queda da – as remessas dos emigrantes no Brasil descem considera-
monarquia e implantação da república (1889); velmente pela alteração da composição da emigração (Doc. 4).
Medidas tomadas para a resolução da crise financeira
– “A partida das famílias dos emigrantes é cada vez mais
frequente: tal modificação ameaçava diminuir o volume das – em janeiro de 1892, declarou-se a bancarrota “[…] Em 17
transferências de dinheiro do Brasil.”; de janeiro de 1892, subiu Dias Ferreira ao poder. […] Era
tarde já e na histórica sessão de 30 de janeiro foi necessá-
– as remessas dos emigrantes no Brasil para Portugal dimi-
rio abrir falência e declarar que não era possível pagar os
nuem porque, até então, “constituíam o reverso de uma
coupons da dívida nacional.” (Doc. 1);
emigração predominantemente masculina.”;
– o país teve de repensar o modelo económico em que se
– “A condição necessária para que os ganhos do trabalho
fundamentara o período da Regeneração – o livre-cam-
realizado além-mar regressassem ao país, integrando-se no
bismo;
circuito económico, era a permanência no país das mulhe-
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de austeridade nacional (Doc. 2). O povo resignado, mais – elaboração, pela Sociedade de Geografia de Lisboa, do
Questão 2
Associar as citações do texto que constam da coluna A às
opções político-ideológicas discriminadas na coluna B.
A afirmação “que tendo gasto mais do que lhe competia,
se defende suspendendo as garantias constitucionais” a) – 1; b) – 4; c) – 5.
(Doc. 1) alude Questão 3
b) aos adiantamentos à Casa Real e à ditadura de João Mostrar, apresentando dois aspetos, a influência das
Franco. ideias socialistas na elaboração do documento.
Questão 3 Aspetos:
Comparar as duas opiniões sobre D. Carlos expressas nos – a penalização do capital e da propriedade privada, pa-
Docs. 1 e 2, quanto a dois aspetos em que se opõem tentes no imposto único, a incidir sobre o capital (“18.° –
– [Carácter de D. Carlos] enquanto, no artigo do Jornal La Substituição dos impostos atuais por um imposto único e
Libre Pensée – Doc. 1 – D. Carlos é descrito como um irres- progressivo sobre o capital”) e nos impostos sobre as he-
ponsável, sem escrúpulos, “homem de má-fé” capaz de ranças (“19.° – Pesado imposto sobre as sucessões e aboli-
qualquer torpeza em seu próprio benefício, no Doc. 2 – texto ção da herança em linha colateral”);
publicado pela Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro – – a importância conferida ao Estado como detentor dos
D. Carlos é visto como um homem íntegro, “sem medo e meios de produção, visível na proposta de nacionalização
sem mancha”, fiel à palavra dada, com um “verdadeiro tem- dos bancos e grandes empresas e na inalienabilidade da
peramento de herói”;
propriedade pública (“16.° – Inalienabilidade de proprie-
– [D. Carlos como rei] enquanto no Doc. 1 se desvaloriza por dade pública. Supressão de todos os monopólios; naciona-
completo o governante, considerando que nada de bom lização dos bancos, caminhos de ferro, minas e seguros”);
trouxe ao país – “um parasita”– e acusando-o de falsificar
– a valorização da classe trabalhadora, patente na prefe-
as eleições (“que falsifica as eleições enchendo até ao li-
rência a dar, nos concursos públicos, às associações de tra-
mite as urnas de falsos boletins”) e suprimir as garantias
balhadores (“21.° – As obras de utilidade pública feitas por
constitucionais “para se defender” dos erros cometidos, o
concurso e preferindo nele as associações ou sindicatos de
Doc. 2 mostra-o empenhado em servir a Pátria (“profunda-
trabalhadores ou operários”) ou no incremento de explora-
mente convicto de que mais uma vez servia o bem da sua
ções agrícolas comunitárias (art. 25.°);
pátria mantendo inexoravelmente no poder o último minis-
tério do seu reinado”) , “firme na consciência do dever cum- – as preocupações de índole social, como é o caso do en-
prido” e muito hábil na política externa (“fazendo subida sino extensivo a todos (“10.º – Instrução universal, integral,
honra à diplomacia portuguesa em todas as chancelarias secular e gratuita […] gastos escolares da alimentação, fatos
da Europa e da América”); e compêndios à custa do município, da província ou da
– [atuação em prol da cultura] o Doc. 1 atribui a D. Carlos um nação”), do direito ao trabalho e da proteção dos mais ne-
total menosprezo pela educação do seu povo, afirmando cessitados (“22.° – Direito de trabalho para os válidos, e di-
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que se encontrava “firmemente decidido a manter o povo reito de alimentação para os inválidos e crianças, garantido
no seu estatuto […] iletrado”; inversamente, as palavras de pelo município, pela província ou pelo Estado”), ou das con-
Ramalho Ortigão atribuem-lhe um enorme empenho nas dições de trabalho (“23.° – Fixação das horas de trabalho
questões culturais – “Foi ele, de todos os poderes do […] proibição do trabalho das crianças menores de 14 anos”).
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Questão 4 Questão 3
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GRUPO III Questão 3
Desenvolver, a partir dos documentos 1 a 3, o tema:
Questão 1
Novas correntes artísticas, na segunda metade do século XIX.
Identificar a corrente artística em que se insere cada uma
das obras apresentadas. Introdução: A segunda metade do século XIX assistiu a
uma sucessão de movimentos artísticos que renovaram as
– O Pagamento dos Ceifeiros (Doc. 1) – Realismo;
artes e as letras. Arrojados, constituíram o primeiro contra-
– Passeio Sobre a Falésia (Doc. 2) – Impressionismo;
ponto à arte académica oficial.
– Cartaz publicitário para as linhas ferroviárias Paris-Lyon-
Temas predominantes
-Mediterrâneo (Doc. 3) – Arte Nova.
– Cenas da vida real, privilegiando muitas vezes as gentes
Questão 2
simples e os aspetos da realidade como o trabalho exte-
Comparar a obra de Léon Augustin L’hermitte (Doc. 1) e a
nuante e a pobreza (Doc. 1). Estes temas adquirem um claro
de Claude Monet (Doc. 2) quanto a dois aspetos em que se
pendor social – Realismo;
distinguem.
– cenas do quotidiano, retratadas de forma ligeira e jovial,
– [Tema] enquanto a obra de Léon Augustin L’hermitte –
como o passeio sobre a falésia de duas damas da burgue-
Doc. 1 – adquire uma feição social, pondo em evidência a
sia – Impressionismo (Doc. 2);
vida árdua dos trabalhadores rurais, o quadro de Claude
– a paisagem, tal como se apresenta, despida de toda a
Monet – Doc. 2 – mostra um quotidiano ligeiro e aprazível,
idealização e emotividade romântica – Realismo;
isento de preocupações de intervenção social;
– [tratamento do tema] enquanto a obra realista se foca – a paisagem e os seus cambiantes, resultantes da luz e
nas figuras retratadas, apresentando-as tal como são, na das variações atmosféricas – Impressionismo (Doc. 2);
obra impressionista as personagens perdem relevo face à – a figura feminina, animais frágeis e delicados e elementos
paisagem, que parece ser o que verdadeiramente interessa vegetalistas, criando o mundo de linhas leves e ondulantes
ao pintor; patente no cartaz de Alfonse Mucha – Arte Nova (Doc. 3).
– [paleta cromática] às cores sóbrias, escuras e acastanha- Técnicas utilizadas
das – que o academismo considerava de bom gosto –, utili- – Desenho prévio e composição cuidada, de acordo com
zadas na pintura reproduzida no Doc. 1, contrapõe-se o azul as regras do academismo (Docs. 1 e 3);
intenso e vibrante do céu sobre a falésia, pontuado pelas – aplicação de cores previamente misturadas na paleta
nuvens claras (Doc. 2); (Docs. 1 e 3).
– [técnica] enquanto a obra realista recorre à pormenori-
– perfeito acabamento da obra (Docs. 1 e 3);
zada técnica académica, apresentando uma composição
– execução rápida, muitas vezes sem desenho preliminar,
cuidada, uma textura lisa e uma perfeita modelação dos vo-
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