Ensaio IED I

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE DIREITO DO LARGO DE SÃO FRANCISCO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I
Prof. Doutor Samuel Rodrigues Barbosa
João Rodrigues Torres (14582844)

Hugo Martins Araujo Fernandes (14578690)
“Guerra na Ucrânia: O desenvolvimento técnico do direito a nível internacional e as

consequências da descentralização da técnica social específica nos conflitos entre
Estados soberanos”
Ensaio de Conclusão de Semestre
SÃO PAULO
2023
Esse aqui é o primeiro parágrafo, o samuel pediu pra ele ser escrito por último
asnsauidfhasuiofbasio
Este ensaio tem como objetivo trabalhar conceitos apresentados por Hans Kelsen
em seu texto “O Direito como técnica social específica”, tendo sido escolhido como objeto o
conflito militar em curso no continente europeu entre a Federação da Rússia e a Ucrânia.
Kelsen, no texto aqui discutido, teoriza acerca do desenvolvimento e do processo de
centralização da técnica social específica do direito ao longo da história das sociedades
humanas. Tal teorização fornece uma interessante chave de leitura para que se analise o
direito internacional contemporâneo, suas técnicas e suas dificuldades em lidar com o
conflito Russo-Ucraniano, em curso desde o início de 2022.
É interessante que, primeiramente, sejam esclarecidos os conceitos kelsenianos
aqui utilizados, para que posteriormente se parta para uma análise do objeto em si. O
direito, na obra em questão, é concebido como a técnica social específica de uma ordem
coercitiva. Uma ordem coercitiva funciona com base em medidas de privação da vida,
saúde, liberdade ou outros elementos essenciais à existência humana, com o objetivo de
ocasionar uma determinada conduta social desejada. A técnica social específica consiste,
portanto, nas ameaças de coerção empregadas por uma ordem normativa jurídica para
alcançar uma conduta social, utilizando-se da técnica da motivação indireta, que associa à
conduta contrária à devida uma determinada sanção.
Kelsen denomina o processo da criação do direito à sua aplicação de dinâmica
típica. A dinâmica típica é, portanto, composta por duas fases: a criação e a aplicação.
Primeiramente, é criada uma norma geral, a qual fixa que a uma determinada conduta será
associada uma sanção. Na fase de aplicação, deve-se determinar que, no caso concreto,
de fato houve o delito, possibilitando que, posteriormente, seja decretada uma sanção de
acordo com a norma geral. Trata-se, portanto, da criação de uma norma individual. Por fim,
há a etapa da execução da sanção, que garante o funcionamento da ordem coercitiva.
Inicialmente, nas sociedades, essa técnica é marcada por uma intensa descentralização.
Não há órgão centralizado criador de normas, a coerção é garantida pela iniciativa individual
e não há decretação por parte de um “terceiro”, ou seja, um juiz, de que no caso concreto
ocorreu delito. As sociedades humanas, de maneira geral, superam a “primitividade” da
técnica social em suas ordens jurídicas internas, centralizando cada uma das etapas da
dinâmica típica apresentada. Surgem os tribunais, a adminsitração e os legisladores, por
exemplo, os quais substituem o costume como fonte principal de criação de normas
jurídicas.
Diferente, no entanto, é a situação do ordenamento jurídico internacional, aqui objeto
de análise. O direito internacional, o qual regula as relações entre Estados, reúne
características de uma ordem coercitiva primitiva e radicalmente descentralizada.
Observa-se nele, por exemplo, a iniciativa individual por parte dos sujeitos prejudicados, a
criação majoritariamente costumeira de normas e a responsabilização coletiva, típica de
ordens primitivas. Seu processo de centralização já teve início com o estabelecimento de
tribunais internacionais, ou seja, órgãos centralizados de aplicação do direito, porém que
não executam sanção. Apesar disso, é inegável que o direito internacional encontra-se em
um estágio ainda bastante descentralizado da técnica social específica, o que dificulta que
confltios a nível internacional sejam disciplinados coercitivamente, como espera-se de um
ordenamento jurídico.

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