Brincar e A Psicomotricidade

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oBRINCAR ea

PSICOMOTRICIDADE
A realidade infantil é construída a partir da magia.

O jogo, as brincadeiras e o faz-de-conta para as


crianças são como os sonhos para os adultos.
O que a criança brinca é coisa séria, é como a
criança constrói a si mesma, a sua identidade e o
mundo que a rodeia.

Ela precisa de espaço e tempo para esse ‘’crescer’’.


O corpo, essa estrutura orgânica neurofisiológica pode ser
considerada como o nosso ‘’equipamento’’ existencial.

O desenvolvimento psicomotor se processa de acordo com


a maturação do sistema nervoso, capacitando o organismo
a responder aos estímulos de uma maneira mais ordenada
e permitindo maior elaboração dos atos motores
voluntários.

A maturação do sistema nervoso, para o desenvolvimento


refere-se ao processo de mielinização.
Ao contrário de outros animais, o bebê humano
depende do ‘’outro’’ na sua sobrevivência, ele
apresenta certa prematuridade biológica.

Para que o sujeito exista nesse corpo orgânico, é


preciso que ele tenha reconhecimento no olhar do
Outro.

Esse Outro é aquele que dá sentido, significado às


funções desse equipamento.
Na ausência do prazer como é que a criança evoca a sua
presença?

Brincando....

O brincar, da mesma forma como os distúrbios


psicomotores, está no lugar entre o prazer real e sua
evocação. Enquanto o adulto realiza tarefas que lhe
promovem prazer (ler, pintar, escrever, etc.) a criança
brinca.

A infância tem urgência na vida de uma criança.

É nessa fase que o lugar do brincar tem o seu maior


projeto - o ser adulto.
O brincar da criança conjuga-se em três tempos:
passado, presente e futuro.

Quando ela utiliza do imaginário no real ela pode


estar antecipando o futuro, ou revendo o passado ou
até mesmo modificando o presente.

A criação na representatividade da criança enquanto


brinca transforma o tempo, daí a infância ter
urgência.
O desenvolvimento psicomotor obedece a estruturação de três condutas, a saber:

CONDUTAS MOTORAS DE BASE:


-Equilibro
-Coordenação dinâmica geral
-Respiração consciente
-Coordenação motora fina

CONDUTAS NEURO MOTORAS:


-Esquema corporal
-Controle psicomotor
-Lateralidade

CONDUTAS PERCEPTIVO MOTORAS:


-Orientação corporal
-Orientação espacial
-Orientação temporal
Desde os primórdios da civilização o brincar é uma atividade
das crianças e dos adultos.

TEMPO- É fundamental que a criança tenha tempo para brincar, dentro do seu
dia-a-dia. Que os afazeres a ela atribuídos lhe permitam um período livre de
obrigações, pois se ela ‘’tem que...’’ não é brincar.

ESPAÇO- O espaço é importante, mas a criança descobre o prazer do brincar


nos próprios botões da sua camisa. Isso não significa que o adulto não deva
oferecer espaços reservados para atividades infantis, muito pelo contrário, a
cada dia devemos estar mais preocupados onde, em qual local a criança brinca.

ACOMPANHANTES- Com quem a criança brinca?


Consigo mesma, com outras crianças, da mesma ou de idade diferente, com
adultos, enfim... a companhia é a representação que o Outro tem na formação
da imagem corporal e na personalidade de cada uma, portanto Ele é muito
significativo no brincar.
BRINQUEDOS- Eles podem ser de forma concreta e/ou
abstrata, pois eles representam o instrumento do brincar.
Não importa o tipo, o material, a função, a cor, a forma, o
tamanho nem a origem. A criança é capaz de descobri-lo no
próprio corpo.
Ele é um meio, uma estratégia, um caminho da criança entrar
no mundo mágico da imaginação, de simbolizar sentimentos
ou de representar a realidade.

AÇÃO: Ela é o próprio brincar. Acontece física ou mentalmente


na atividade lúdica. O importante que ela é a pulsão maior do
prazer e o simples ato de divertir a criança a faz importante.

CARATER- Ele pode ser formal ou informal, isto é, brincar


sempre terá um fundo de aprendizagem, independente dos
objetivos.
Preservar e valorizar o brincar espontâneo é uma maneira de fazermos
a nossa história e a nossa cultura. O brincar nunca deixará de ter seu
papel importante na aprendizagem e na terapia, daí a necessidade de
não permitirmos suas transformações negativas e estimularmos a
permanência e existência (autêntica e espontânea) da atividade lúdica
infantil.

O que há de importante na expressão mais autêntica do brincar é o


crescimento humano saudável.
A criança que brinca será capaz der ser o inventor, o cientista, o
sociólogo, o filosofo que está nos faltando para os problemas do
mundo e, quem sabe, o grande salvador da pátria.
Quanto menor a criança, maior a exigência de que suas
brincadeiras sejam supervisionadas e a qualidade dos brinquedos
rigorosamente observada. Pontas afiadas, material quebrável,
pecinhas miúdas, cordões perigosos, tintas tóxicas podem estar
em brinquedos que escondem riscos, mas que devem ser
previstos e eliminados.

O direito de brincar é como o direito de respirar, é tão natural, tão


espontâneo, tão intrínseco à vida que não precisa ser objeto de
declarações, convenções ou leis. As pessoas simplesmente respiram não
precisa ser objeto de declarações, convenções ou leis. As pessoas
simplesmente respiram então não há porque colocar isso numa lei.
Analogamente, o brincar é tão espontâneo, tão natural, tão próprio da
criança que não haveria como entender sua vida sem brinquedo...
Muitos brinquedos surgiram dessa criativa cumplicidade. De um lado o
espírito infantil, buscando/desenvolvendo, a seu modo, formas de
expressão, exploração, manipulação, socialização, diversão, projeção,
verbalização, locomoção e prazer. De outro, a habilidade artesanal,
transformando madeiras, metais ou argila em objetos aos quais as
crianças deram a função lúdica

Os primeiros brinquedos que as crianças ganhavam surgiram no próprio ambiente


familiar. Eram bonecos de palha, argila ou pano, cavalinhos de madeira, bolas
rudimentares e carrinhos de lata confeccionados artesanalmente. A indústria
modernizou isso tudo e revolucionou o comércio desses obejtos. No entanto
podem ser brinquedos simples, ou até rudimentares diante de alguns padrões estéticos
impostos pela sociedade, mas são eles, com sua originalidade e criatividade que evocam as
melhores lembranças infantis, preservando valores e tradições da cultura de um povo.
Inúmeras definições temos, mas citamos somente algumas:

Câmara-Cascudo – ‘’é o objeto com o qual se brinca e também a própria ação de


brincar. Pela sua classificação pode-se dizer que o pega-pega no qual não se utiliza
nenhum objeto, é brinquedo’’

Alceu M. Araújo – ‘’é o objeto com o qual a criança se diverte sem que haja uma
disputa. Quando o divertimento envolve competição entre duas ou mais crianças, como
bolinha de gude, tem-se a brincadeira.’’
Henri D’Allemagne – “O brinquedo corresponde a uma das necessidades da vida social. Onde
estiver a criança lá estará o brinquedo, que é o primeiro instrumento da atividade humana”.

Laurence Frank - “O brinquedo é a mais refinada forma de educação, capaz de desenvolver


iniciativa, imaginação e interesse além de ser o mais completo dos processos educativos, já que
influencia o intelecto, a parte emocional e o corpo da criança”.
O brinquedo é a ferramenta do brincar infantil.
Tudo aquilo que estimula a criança a descobrir, inventar, analisar, comparar,
diferenciar, classificar, etc. é sem duvida muito importante na sua formação
geral e no conhecimento infantil – e isso o brinquedo é capaz de fazer... e
muito bem, espontaneamente, sem compromisso e obrigatoriedade.

A maneira que a criança tem de conhecer e explorar são destruindo e


construindo, assim ela aprende como é feito e investe-se a criar. Muitas vezes
isso demonstra ao adulto que a criança não dá o mínimo valor a determinados
brinquedos. Esse valor dado pela criança ao brinquedo é comandado pela sua
sensibilidade, emoção e afeto. É comum não valorizarmos uma tampinha
encontrada na gaveta de uma criança e resolvermos jogá-lá fora. Com isso
podemos magoá-la... Só ela pode dizer o que aquela tampinha representava. O
adulto não tem o direito de invadir a privacidade infantil.
Nomenclaturas e classificações à parte, há os brinquedos de valor intrínseco,
confeccionados por artesões, pelas próprias crianças ou industrias, com a
função especifica de ser brinquedo: boneca, bola, pião, bolinha de gude,
perna de pau, cata-vento, pipa, carrinhos. Há os que se transformam em
brinquedos pela ação criativa, independente de uma confecção especifica:
corda, balança, gangorra. E aqueles que independem de qualquer objeto,
existindo em função da espontaneidade: esconde-esconde, pega-pega, mão-
da-rua, tudo-que-seu-rei-mandar, também chamados de brincadeiras.

Com toda a importância que mostramos do brincar no desenvolvimento psicomotor,


não poderíamos deixar de mencionar a importância de escolha de brinquedos em
relação a faixa etária. Quando falamos em desenvolvimento infantil lembramos, com
certeza, de Piaget. Os estágios descritos por esse importante estudioso nos mostra
as leis que regem o desenvolvimento humano. Em função disso devemos respeitar
os interesses e aptidões das crianças em relação à fase que se encontram quando
lhe damos brinquedos ou lhe propomos atividades lúdicas.
Acreditamos muito útil e prática a classificação de André Michelet
(educador francês) que nos oferece uma classificação psicológica (por
categorias, de valores com funções educativas) e uma classificação por
famílias de brinquedos. Na classificação psicológica os brinquedos são
selecionados para o desenvolvimento corporal, intelectual, afetivo,
criativo e social.

Na sociedade consumista em que nos encontramos, podemos verificar que a


importância do material utilizado para a fabricação de brinquedos precisa ser
repensada. Não só pelo fator financeiro, mas também pela segurança e saúde
de nossas crianças. Atualmente se fala e se tenta fazer algo pela ecologia e o
meio ambiente. Parece haver, no pensamento de algumas pessoas
conscientes, uma preocupação com o “lixo”. É muito importante a participação
da criança nessa situação, pois ela, sendo um futuro cidadão, deve começar a
cuidar da qualidade do mundo que a cerca.
Há uma casa de água no interior de uma mulher gestante. O habitante é um ser
especial que se desenvolve a cada instante, massageado por um líquido
nutritivo. Ele ouve, vê, tem paladar e sente dor.
Ao nascer esse ser “criança” perde grande parte de sua relação com a água ,
afinal o seu habitat a partir de então passa a ser outro. Mas não podemos
esquecer que além de lá ter sido sua primeira morada, a água é um elemento
cósmico, um brinquedo fascinante e um meio prazeroso de estar.

A relação existente entre a criança e a água é e sempre será de nutrir e


alimentar as emoções, hidratar o equipamento biológico nosso que é o corpo e
o principal... nos dar liberdade de movimentos, leveza nas ações, retardando o
tempo de execução e nos tornando leves para imaginar mil maneiras de ser e
de fazer.
Na atuação com brinquedos, a criança cria normas e funções que apenas
tem significados naquela relação especifica. Para a criança o brinquedo e a
brincadeira representam uma parte do mundo que ela conhece, são os
personagens de sua historia atual, que irão tomar novos papéis mais tarde
em sua vida.

Apesar de nomes diferentes, variações nas regras e principalmente na letra da


sua musica característica, existe uma enorme gama de brincadeiras populares
surgidas nas mais diferentes regiões do Brasil.
Dentre tantas podemos citar: Boca de forno, Pega pega, Lenço atrás, Passa
anel, etc...

Toda cultura tem suas tradições lúdicas e a nossa é riquíssima.


A brincadeira surge na vida da criança já no útero da mãe. Os movimentos
reflexos arcaicos poderiam ser considerados como respostas estimuladas por
sensações prazerosas .

Nessa evolução da brincadeira podemos verificar que a criança passa de uma situação
de livre escolha para a priorização dos interesses de um grupo. Daí inicia o seu preparo
para ser adulto e cidadão numa sociedade, ensaiando assim os diferentes papéis.

Brincar, brinquedo, brincadeira e jogo se confundem no processo de


aprendizagem humana. O jogo é aquela brincadeira com regras... O valor do jogo
reside nas funções que ele assume: desenvolvimento, socialização e aprendizagem.

Há muitas classificações, mas a que mais apreciamos é por famílias:


Tradicional, Exercício, Simbólico, de Construção, Educativo, etc...
O brinquedista é aquele adulto que tem muito amor para dar, está sempre bem
humorado, não se deixa atingir pelo cansaço, é comunicativo e paciencioso
com a inquietude infantil, respeita o tempo de cada criança, permite e valoriza
as suas iniciativas.

Para auxiliar e principalmente cuidar de crianças em condições diferenciadas


existe o profissional de Recreação Terapêutica, o qual trabalha todos os
aspectos de problemas acometidos nelas, através de atividades de lazer.

A infância, como já dissemos, possui


urgência, ela não pode esperar a
deficiência passar, esta pode existir e
conviver com aquela.
Brinquedoteca é o nome dado a um local muito especial.
Não é lar, mas também educa...
Não é escola, mas também ensina...
Não é clinica, mas também trata...

De origem européia e criada inicialmente para o empréstimo de


brinquedos, a Brinquedoteca evoluiu conforme as necessidades de cada
país e ao longo de sua expansão passou a oferecer uma multiplicidade de
serviços.
No Brasil ainda é muito pouco difundido a idéia na sua essência. Há vários
locais destinados a recreação infantil, mas poucos são somente para
brincar.
Uma brinquedoteca é sempre resultado do sonho e da emoção de um adulto, portanto ela
deve promover o encantamento na criança. Mas esta deve sentir-se livre para explorar
todos os “cantinhos”, que devem ser destinados as mais variadas atividades infantis. São
eles os de parques, de jardins, de atividades corporais, musicais e teatrais, de oficinas
para pintura, modelagem, colagem, desenho, da sucata, do faz-de-conta, de histórias e do
que a imaginação daquele que a montar criar.

No Brasil podemos encontrar brinquedotecas em escolas, em


comunidade ou bairros, para crianças portadoras de deficiências físicas
e mentais, em hospitais, em universidades, para testagem de
brinquedos, circulantes, em clínicas psicológicas, em centros culturais,
junto a bibliotecas, temporárias, etc.
MUITO OBRIGADA PELA OPORTUNIDADE
DE CONVERSARMOS SOBRE

O BRINCAR E A PSICOMOTRICIDADE

Cacilda Gonçalves Velasco


www.cacildavelasco.com.br
Email: cacilda@cacildavelasco.com.br

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