Trabalho de Hidrogeografia SAVIANA

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


CENTRO DE RECURSOS DE PEMBA

A DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO GLOBO TERRESTRE E


SUA INFLUENCIA NO MEIO AMBIENTE.
Nome do Estudante: Saviana Jaime Manuel
Código: 708233106

Curso: Ensino de Geografia.


Disciplin
a:Hidrografia
Ano
de frequencia: 2ª ano
Tutor:
Pemba, Setembro, 2024
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Classificação
Nota
Categorias Indicadores Padrões Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Capa 0.5
Aspectos  Índice 0.5
Estrutura
organizacionais  Introdução 0.5
 Actividades 0.5
 Organização
dos dados
 Indicação
correcta da
Conteúdo Actividades2porunidade fórmula 17.0
 Passos da
resolução
 Resultado
obtido
 Paginação,
tipo e
tamanho de
Aspectos letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo,
espaçament
o entre
linhas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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ÍNDIC

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3

1.1.OBJECTIVOS:.....................................................................................................................4

1.1.1.Objectivo geral:..................................................................................................................4

1.1.2.Objectivos específicos.......................................................................................................4

1.2.DESENHO METODOLÓGICO...........................................................................................4

2.NA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................5

2.1.As águas subterrâneas...........................................................................................................5

2.2.Ocorrência e volume das águas subterrâneas........................................................................6

2.3.Qualidade Das Águas Subterrâneas......................................................................................6

2.4.Propriedades Das Águas Subterrâneas..................................................................................7

2.5.Distribuição E Disponibilidade De Água.............................................................................8

3.As Águas Subterrâneas e o Ciclo Hidrológico........................................................................9

3.1.Vantagens das águas subterrâneas......................................................................................11

3.2.O Papel Das Águas Subterrâneas Para A Sustentabilidade Dos Ecossistemas..................11

3.3.Impactos Sobre As Águas Subterrâneas.............................................................................12

3.4.Algumas Estratégias de Protecção, Conservação e Gestão das Águas Subterrâneas.........14

CONCLUSÃO..........................................................................................................................17

Referência bibliográfica............................................................................................................18
INTRODUÇÃO

Este trabalho fundamenta-se no seguinte tópico: “A distribuição das águas subterrâneas no


globo terrestre e sua influência no meio ambiente.” A água é um bem essencial para vida
humana. As civilizações cresceram principalmente às margens de rios ou fontes de água
potável. A partir daí já se propuseram a pensar em como canalizar águas para atender as
cidades, bem como plantações próximas a esses rios. Assim começou empiricamente um
tópico da engenharia: o abastecimento.

A distribuição das águas subterrâneas no globo terrestre e sua influência no meio ambiente é
um tópico complexo e abrangente. Aqui estão algumas informações gerais sobre o assunto:

Distribuição das águas subterrâneas: As águas subterrâneas são aquelas que estão
armazenadas abaixo da superfície terrestre, em rochas e sedimentos. Elas são essenciais para a
vida na Terra, pois fornecem água para rios, lagos e oceanos, além de serem uma fonte
importante de água potável para humanos e animais.

Influência das águas subterrâneas no meio ambiente: As águas subterrâneas desempenham um


papel importante no meio ambiente, pois elas ajudam a regular o clima e a temperatura da
Terra. Elas também são responsáveis por fornecer nutrientes e minerais essenciais para
plantas e animais, além de ajudar a manter a qualidade do solo.

Exemplos de áreas com águas subterrâneas: Existem várias áreas do mundo conhecidas por
ter grandes reservatórios de águas subterrâneas, como o Ogallala Aquifer nos Estados Unidos,
o Guarani Aquifer na América do Sul e o Great Artesian Basin na Austrália.

Desafios relacionados às águas subterrâneas: Apesar de sua importância, as águas


subterrâneas também enfrentam desafios, como a poluição, a sobre extracção e a falta de
gestão adequada. Esses problemas podem ter impactos negativos no meio ambiente e na saúde
humana.

Importância da conservação das águas subterrâneas: A conservação das águas subterrâneas é


fundamental para garantir sua disponibilidade para as gerações futuras. Isso inclui a
implementação de práticas sustentáveis de uso da água, a protecção dos aquíferos e a
promoção da educação ambiental sobre o assunto. É fato que água é uma necessidade básica e
essencial para diversas actividades, o que chama a atenção ao problema de escassez hídrica

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1.1. OBJECTIVOS:

1.1.1. Objectivo geral:


 Compreender a distribuição das águas subterrâneas no globo terrestre.
1.1.2. Objectivos específicos
 Explicar a distribuição das águas subterrâneas no globo terrestre e sua influência no
meio ambiente;
 Identificar os factores da distribuição das águas subterrâneas no globo terrestre e sua
influência no meio ambiente;
 Descrever os factores da distribuição das águas subterrâneas no globo terrestre.
1.2. DESENHO METODOLÓGICO

De acordo com o objectivo da pesquisa, apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre o tema:
A distribuição das águas subterrâneas no globo terrestre e sua influência no meio
ambiente.”, os autores estão evidentemente citados no trabalho e na referência bibliografia.

Quanto a organização o presente trabalho apresenta a seguinte estrutura: introdução onde faz
apresentação do tema de uma forma simples, desenvolvimento onde aborda-se o tema e os
respectivos subtemas de uma forma mais profunda, e por fim a respectiva conclusão seguida
das referências bibliográficas.

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2. NA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo apresentou se alguns conceitos ou mesmo alguns pressupostos básicos


portanto, como embasamento teórico para esta pesquisa pretendeu-se esclarecer alguns termos
através de alguns autores conhecedores do tema em estudo.

2.1. As águas subterrâneas

As águas subterrâneas são aquelas que se encontram abaixo da superfície do solo,


preenchendo completamente os poros das rochas e dos sedimentos, e constituindo assim os
chamados aquíferos. Críticas para a segurança hídrica global, as águas subterrâneas
representam 97% das águas doces e líquidas do planeta, o que torna os aquíferos o maior
reservatório de água potável da humanidade. As águas subterrâneas são essenciais para a vida,
não apenas por abastecerem as cidades e o campo e servirem de insumo para diversas
actividades económicas, mas também por sustentarem vários sistemas aquáticos como rios,
lagos, mangues e pântanos. Sem as águas subterrâneas, as florestas em regiões de clima seco
ou tropical não sobreviveriam, tampouco os ambientes aquáticos existiriam ou cumpririam as
suas funções ambientais. Ao contrário das águas superficiais, as águas subterrâneas não se
revelam facilmente aos olhos, fato que compromete sua gestão: longe dos olhos, longe do
coração.

É considerada água subterrânea toda aquela que sucede abaixo da superfície terrestre, que vão
preenchendo os poros ou vazios inter granulares das rochas sedimentares, ou espaços entre as
rochas compactadas, e que ao submeter-se as forças de adesão e de gravidade, desempenham
um papel essencial na conservação da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. Uma
fase do ciclo hidrológico, é realizada pelas águas subterrâneas, uma vez que constituem uma
da parcela água precipitada. (ABAS, 2016).

Parte das águas que se infiltram e percolam no interior do subsolo, são das precipitações que
ocorrem em períodos de tempo extremamente variáveis, decorrentes de vários factores:

 Porosidade do subsolo: a argila presente no solo faz com que sua permeabilidade
diminui, impedindo uma grande infiltração;
 Cobertura vegetal: A cobertura de vegetação faz com que um o solo seja mais
permeável do que um solo desmatado;
 Inclinação do terreno: A água escoa com mais rapidez em terrenos com declividades
acentuadas, diminuindo a possibilidade de infiltração;
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 Tipo de chuva: Os solos são saturados por chuvas acentuadas, à medida que as
chuvas finas e demoradas têm mais tempo para a infiltração.

Quando ocorre a infiltração da água sob a acção da força de capilaridade ou de adesão, forma-
se a zona não saturada, pela água retida nas regiões próximas da superfície do solo. A zona
saturada é formada pela parcela de água.

2.2. Ocorrência e volume das águas subterrâneas

As águas subterrâneas se interagem no ciclo hidrológico dependendo das condições


climáticas, do mesmo modo que as água superficiais. No entanto as águas subterrâneas
(10.360.230 km3 ) são mais abundantes aproximadamente 100 vezes mais que as águas
superficiais dos rios e lagos (92.168 km3 ). Apesar de serem encontradas armazenadas nas
mínimas fissuras e poros das rochas, elas ocorrem em extensões grandes, gerando alto volume
de águas na ordem de aproximadamente 23.400 Km2 , distribuídas em uma área de
aproximadamente 134,8 milhões de Km2 , resumindo-se em reservas de água doce.
(Shikwmanov, 1998).

Segundo Rebouças et al. (2002):

A quantidade de água subterrânea pode chegar até 60 milhões de km3 , mas a sua
ocorrência em grandes profundidades pode impossibilitar seu uso. a quantidade
passível de ser captada estaria a menos de 4.000 metros de profundidade,
compreendendo cerca de 10 milhões de km3 que, estaria assim distribuída: 65.000
km3 constituindo a umidade do solo; 4,2 milhões de km3 desde a zona não-saturada
até 750 m de profundidade, e 5,3 milhões de km3 de 750 m até 4.000 m de
profundidade, constituindo o manancial subterrâneo.

Além do que, o volume de água que pode ser armazenada pelas rochas e materiais sólidos em
geral depende da porosidade do material de armazenamento, que pode ser de 45% da ligação
de seus poros ou da quantidade e tamanho das aberturas e fissuras existentes. (IGM, 2001).

Nem todos os materiais formados geologicamente têm qualidade hidrodinâmicas que


permitem a extracção economicamente viável de água subterrânea que atendem as médias e
grandes vazões pontuais (FUNDAJ, 2003).

2.3. Qualidade Das Águas Subterrâneas

Durante o trajecto de permeabilidade da água no subsolo e rochas ocorrem um processo ao


qual a mesma se purifica, através de uma série de agentes físico-químicos (troca iónica,
diminuição radioactivo, retirada de sólidos em suspensão, pH em meio poroso no estado de

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neutralização, entre outros) e bacteriológicos (Suspensão de microrganismos por causa da
falta de nutrientes e oxigénio que os possibilitem) que actuando sobre a água, alteram as suas
características anteriormente adquiridas, tornando-a em especial mais adequada ao consumo
humano (Silva, 2003).

Por isso, a formação química da água subterrânea é a decorrência da mistura de água que
penetra no solo e do processo químico influenciado directamente pelas litologias atravessadas,
contudo o volume de substâncias que se dissolvem nas águas subterrâneas aumenta segundo o
seu percurso (SMA, 2003).

Para Wrege, (1997):


As águas subterrâneas apresentam algumas propriedades que tornam o seu uso mais
vantajoso em relação ao das águas dos rios: são filtradas e purificadas naturalmente
através da percolação, determinando excelente qualidade e dispensando tratamentos
prévios; não ocupam espaço em superfície; sofrem menor influência nas variações
climáticas; são passíveis de extracção perto do local de uso; possuem temperatura
constante; têm maior quantidade de reservas; necessitam de custos menores como
fonte de água; as suas reservas e captações não ocupam área superficial; apresentam
grande protecção contra agentes poluidores; o uso do recurso aumenta a reserva e
melhora a qualidade; possibilitam a implantação de projectos de abastecimento à
medida da necessidade.

2.4. Propriedades Das Águas Subterrâneas

Com o aumento da degradação da qualidade das águas superficiais, as águas subterrâneas


assumem uma posição de maior importância para o uso humano. Devido às suas
características e propriedades, podem exercer diferentes funções. Além disso, estas conferem-
se às águas subterrâneas diversas vantagens.
No que tangem vantagens entre elas Rebouças et al., (2002), aponta as seguintes:
 Distribuição: As águas subterrâneas se estendem por áreas bem maiores do que a
calha de um rio ou lagoa, o que permite a perfuração de poços nos locais onde as
demandas ocorrem. Nesse quesito, as águas subterrâneas facilitam a distribuição
sectorizada, visto que a distância dos poços até o reservatório ou caixa de água é, em
geral, de pequena extensão;
 Usos: Além dos diversos usos das águas subterrâneas (por exemplo, abastecimento,
indústria, agricultura, entre outros), aquelas que apresentam temperaturas elevadas
podem ser exploradas economicamente em actividades relacionadas com o turismo
termal e na indústria;

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 Custos: O valor de perfuração dos poços, assim como os prazos de execução, são em
geral, menores que os necessários para as obras de captação e transporte de águas de
superfície. Destaca-se também a facilidade da perfuração de poços que permite o
planeamento da implantação gradual do sistema de abastecimento à medida que cresce
a demanda, e os custos de manutenção e operação são inferiores. Além disso, não há
custo de armazenamento primário, como nas barragens e açudes, e não requer a
desapropriação de grandes áreas;
 Meio ambiente: Os impactos ambientais devido as instalações para o aproveitamento
das águas subterrâneas são consideravelmente pequenos, uma vez que instalados e
operados adequadamente, ficam restritos a área de captação (poço tubular). Para efeito
de comparação têm-se os impactos causados pelas barragens, que envolvem grandes
áreas e alteram o equilíbrio dos ecossistemas.

Por outro lado, devidos seus aspectos, as águas subterrâneas exigem certos cuidados:
 A renovação (recarga) das águas extraídas dos aquíferos nem sempre ocorre na mesma
velocidade de sua retirada, podendo provocar a superexaltação ou sua exaustão. Nesse
sentido, a exploração das águas subterrâneas exige um monitoramento constante dos
volumes extraídos;
 Por estarem muitas vezes em grandes profundidades, as águas subterrâneas são mais
difíceis de serem avaliadas, exigindo metodologias complexas;
 A baixa circulação da água nas fracturas (aquíferos fissurais), principalmente em
locais com alto índice de evaporação, pode provocar a salinização (aumento do teor de
sal) do aquífero;
 Ao explorar os aquíferos de forma inadequada, principalmente em áreas carbonáticas,
pode causar subsidência (afundamentos) de terrenos;
 Em caso de poluição ou contaminação os custos e a complexidade técnica de
recuperação (processo de despoluição e minimização dos impactos negativos) podem
ser extremamente elevados, demandados longos períodos.
2.5. Distribuição E Disponibilidade De Água

A maior parte da superfície da Terra está coberta por água (70%), por isso a chamamos de
Planeta Azul. Do volume total de água do planeta, 97,5% é salgada, compondo os mares e
oceanos, e apenas 2,5% é doce. Porém, da água doce existente na Terra, 68,9% formam as
calotas polares, geleiras e neves eternas (que cobrem os cumes das montanhas), 0,9%
corresponde à umidade do solo e pântanos, 0,3% aos rios e lagos, e os 29,9% restantes são
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águas subterrâneas. Desta maneira, do total de água doce disponível para consumo,
descontando-se aquela presente nas calotas polares, geleiras e neves eternas, as águas
subterrâneas representam um total de 96%.

Figura 1: Distribuição da água na Terra.

Água
Salgad 96%
31,10 Água
%

97,5% Água 4%
Doce
Águ
a
68,9% Superfici
2,5%
De toda água
Água Doce
presente no
(Gelo +
Líquida)

Fonte: Rebouças, (2004).

A água doce não está uniformemente distribuída pela superfície do planeta, ocorrendo regiões
de extrema escassez e outras com relativa abundância. No Brasil, um dos países com maior
disponibilidade hídrica da Terra, existem regiões extremamente ricas, como a Amazónica, e
outras com baixa disponibilidade. Com relação à abundância e à distribuição das águas
subterrâneas, a situação não é diferente.

O país como um todo possui uma reserva de águas subterrâneas estimada em cerca de
112.000 km3, considerando uma profundidade de até 1000 metros, com um volume de
reabastecimento (recarga) de 3.500 km3 anuais (Rebouças, 1997).

Há regiões com grande disponibilidade hídrica subterrânea, como aquelas abrangidas pelo
Aquífero Guarani e regiões sedimentares em geral, e outras pobres, como aquelas de
ocorrência das rochas cristalinas no semiárido.

3. As Águas Subterrâneas e o Ciclo Hidrológico

O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o movimento contínuo da água presente nos oceanos,
continentes (superfície, solo e rocha) e na atmosfera (Figura 2). Esse movimento é alimentado
pela força da gravidade e pela energia do Sol, que provocam a evaporação das águas dos
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oceanos e dos continentes. Na atmosfera, forma as nuvens que, quando carregadas, provocam
precipitações, na forma de chuva, granizo, orvalho e neve.

Nos continentes, a água precipitada pode seguir os diferentes caminhos:

 Infiltra e percola (passagem lenta de um líquido através de um meio) no solo ou nas


rochas, podendo formar aquíferos, ressurgir na superfície na forma de nascentes,
fontes, pântanos, ou alimentar rios e lagos.
 Flui lentamente entre as partículas e espaços vazios dos solos e das rochas, podendo
ficar armazenada por um período muito variável, formando os aquíferos.
 Escoa sobre a superfície, nos casos em que a precipitação é maior do que a capacidade
de absorção do solo.
 Evapora retornando à atmosfera. Em adição a essa evaporação da água dos solos, rios
e lagos, uma parte da água é absorvida pelas plantas. Essas, por sua vez, liberam a
água para a atmosfera através da transpiração. A esse conjunto, evaporação mais
transpiração, dá-se o nome de evapotranspiração.
 Congela formando as camadas de gelo nos cumes de montanha e geleiras.

Figura 2: Ciclo Hidrológico

Fonte: Rebouças, (2004).

Apesar das denominações água superficial, subterrânea e atmosférica, é importante salientar


que, na realidade, a água é uma só e está sempre mudando de condição. A água que precipita
na forma de chuva, neve ou granizo, já esteve no subsolo, em icebergs e passou pelos rios e

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oceanos. A água está sempre em movimento; é graças a isto que ocorrem: a chuva, a neve, os
rios, lagos, oceanos, as nuvens e as águas subterrâneas.

3.1. Vantagens das águas subterrâneas

As águas subterrâneas têm viabilizado o desenvolvimento de diversas actividades


económicas, haja vista as seguintes vantagens:

a) A água subterrânea possui excelente qualidade natural, geralmente potável,


permitindo seu uso directo com pouco ou nenhum tratamento na maioria das
captações;
b) O aquífero tem uma grande capacidade de armazenamento de água, tornando as
vazões dos poços estáveis, mesmo após longos períodos de estiagem;
c) Desde que respeitados os cuidados e a legislação sobre o tema, os poços podem ser
perfurados em quase qualquer localidade, propiciando o abastecimento sem a
necessidade de longas linhas de adução;
d) A construção de captações pode ser escalonada no tempo. À medida que a demanda
por água aumenta, pode-se perfurar mais poços, evitando-se grandes investimentos
iniciais;
e) O poço é uma obra simples e rápida e há várias empresas perfuradoras detentoras de
tecnologias modernas e adequadas. Um poço em terreno cristalino pode ser finalizado
em apenas uma semana e poços em sedimentos, em até um mês;
f) Os poços apresentam baixo custo de operação e manutenção, podendo funcionar de
forma autónoma, sem a necessidade de atenção contínua de um técnico. Essas
características têm implicado na perfuração de poços tubulares de forma crescente em
todo o país, viabilizando inclusive aqueles negócios e empreendimentos distantes de
rios ou da rede pública de água. Somente entre os anos de 2010 e 2015, houve um
aumento de 9 vezes nas concessões de outorgas no país (ANA 2016).
3.2. O Papel Das Águas Subterrâneas Para A Sustentabilidade Dos Ecossistemas

As águas subterrâneas são parte integral do ciclo hidrológico. As águas no interior de um


aquífero fluem de forma lenta, desde a zona de recarga, onde geralmente infiltram-se as
precipitações atmosféricas, até a zona de descarga, onde as águas subterrâneas vertem
directamente em corpos de água superficial, como rios, lagos, pântanos e o mar. A descarga
das águas dos aquíferos para um corpo superficial é seguramente a mais importante função
ecológica que desempenham as águas subterrâneas.
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Durante a estiagem, os rios, pântanos, mangues e lagos não recebem águas das chuvas e a sua
perenidade é assegurada pelo fluxo de base, ou seja, pela descarga de água advinda dos
aquíferos. Quando, por algum motivo climático, geológico ou de interferência antrópica, essa
descarga não ocorre, o corpo de água superficial seca. A perenidade desses corpos superficiais
não apenas contribui para o fluxo de água em si, como também é necessária para manter a
vida aquática e a vegetação de margem, para propiciar o transporte de sedimentos ao longo de
seus canais e para promover a diluição de esgotos e resíduos lançados impropriamente no seu
curso, além de propiciar beleza cénica.

3.3. Impactos Sobre As Águas Subterrâneas

Com o crescimento das cidades e aumento da demanda por água, tanto em ambiente urbano
quanto rural, os problemas envolvendo a manutenção da qualidade e da quantidade das águas
superficiais e subterrâneas tendem a se agravar. Neste contexto, é importante lembrar que
tudo que afecta as águas subterrâneas pode também afectar as águas superficiais, já que estas
possuem uma forte relação.

a) Superexplotação

A superexplotação, ou seja, quando a extracção de água ultrapassa o volume infiltrado, pode


afectar o escoamento básico dos rios, secar nascentes, influenciar os níveis mínimos dos
reservatórios, provocar subsidência (afundamento) dos terrenos, induzir o deslocamento de
água contaminada, salinizar, provocar impactos negativos na biodiversidade e até mesmo a
exaurir completamente o aquífero. Em áreas litorâneas, a superexplotação de aquíferos pode
provocar a movimentação da água do mar no sentido do continente, ocupando os espaços
deixados pela água doce (processo conhecido como intrusão da cunha salina). CPRM, 1997)

b) Poluição das Águas Subterrâneas

Devido às baixas velocidades de infiltração e aos processos biológicos, físicos e químicos que
ocorrem no solo e na zona não saturada, os aquíferos são naturalmente mais protegidos da
poluição. Porém, ao contrário das águas superficiais, uma vez ocorrida a poluição, as baixas
velocidades de fluxo tendem a promover uma recuperação muito lenta da qualidade.
Dependendo do tipo de contaminante, essa recuperação pode levar anos, com custos muito
elevados, não raro, proibitivos. O risco potencial de um determinado aquífero ser
contaminado está relacionado ao tipo de contaminante e suas características, como: litologia
(tipo de rocha), hidrogeologia, gradientes hidráulicos (diferença de pressão entre dois pontos),
12
entre outros. A maior ou menor susceptibilidade de um aquífero à contaminação e poluição é
chamada de vulnerabilidade. A poluição/contaminação da água subterrânea pode ser directa
ou indirecta. Ambas podem estar relacionadas com as actividades humanas e/ou por processos
naturais.

As fontes mais comuns de poluição e contaminação directa das águas subterrâneas são:

 Deposição de resíduos sólidos no solo: descarte de resíduos provenientes das


actividades industria, comerciais ou domésticas em depósitos a céu aberto, conhecidos
como lixões. Nessas áreas, a água de chuva e o líquido resultante do processo de
degradação dos resíduos orgânicos (denominado chorume), tendem a se infiltrar no
solo, carreando substâncias potencialmente poluidoras, metais pesados e organismos
patogénicos (que provocam doenças).
 Esgotos e fossas: o lançamento de esgotos directamente sobre o solo ou na água, os
vazamentos em colectores de esgotos e a utilização de fossas construídas de forma
inadequada constituem as principais causas de contaminação da água subterrânea.
 Actividades agrícolas: fertilizantes e agro-tóxicos utilizados na agricultura podem
contaminar as águas subterrâneas com substâncias como compostos orgânicos,
nitratos, sais e metais pesados. A contaminação pode ser facilitada pelos processos de
irrigação mal manejados que, ao aplicarem água em excesso, tendem a facilitar que
estes contaminantes atinjam os aquíferos.
 Mineração: a exploração de alguns minérios, com ou sem utilização de substâncias
químicas em sua extracção, produz rejeitos líquidos e/ou sólidos que podem
contaminar os aquíferos.
 Vazamento de substâncias tóxicas: vazamentos de tanques em postos de
combustíveis, oleodutos e gasodutos, além de acidentes no transporte de substâncias
tóxicas, combustíveis e lubrificantes.
 Cemitérios: fontes potenciais de contaminação da água, principalmente por
microorganismos.

As formas mais comuns de poluição/contaminação indirecta são:

 Filtragem vertical descendente: poluição de um aquífero mais profundo pelas águas de


um aquífero livre superior (que ocorre acima do primeiro).

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 Contaminação Natural: provocada pela transformação química e dissolução de
minerais, podendo ser agravada pela acção antrópica (aquela provocada pelos seres
humanos), por exemplo, a salinização, presença de ferro, manganês, carbonatos e
outros minerais associados a formação rochosa.
 Poços mal construídos e/ou abandonados: poços construídos sem critérios técnicos,
com revestimento corroído/rachado, sem manutenção e abandonados sem o
fechamento adequado (tamponamento), podem constituir vias importantes de
contaminação das águas subterrâneas.
c) Impermeabilização

O crescimento das cidades causa diversos impactos ao meio ambiente, com reflexos directos
na qualidade e quantidade da água. A impermeabilização do solo a partir da construção de
casas, prédios, asfaltamento de ruas, ausência de jardins e parques, entre outros, reduz a
capacidade de infiltração da água no solo. Como a água não encontra locais para infiltrar,
acaba escoando pela superfície, adquirindo velocidade nas áreas de declive acentuado, em
direcção às partes baixas do relevo. Os resultados desse processo são bastante conhecidos:
redução do volume de água na recarga dos aquíferos, erosão dos solos, enchentes e
assoreamento dos cursos de água. Normalmente os rios possuem dois leitos, o menor (onde a
água escoa na maior parte do tempo), e o maior, que é naturalmente inundado em períodos de
chuvas intensas. A ocupação do leito maior pelos seres humanos potencializa os impactos das
enchentes. As enchentes causam grandes prejuízos à população, não só materiais, como de
saúde (doenças de veiculação hídrica). Em locais sem redes pluviais e/ou colecta de lixo, o
escoamento superficial tende a carregar grande quantidade de sedimentos e de lixo para os
rios, aumentando o risco de enchente e comprometendo ainda mais a qualidade destas águas.

3.4. Algumas Estratégias de Protecção, Conservação e Gestão das Águas


Subterrâneas

Pelo exposto, observa-se que a Lei de Águas, bem como outros diplomas legais visam o
estabelecimento da gestão de recursos hídricos de forma mais integrada possível. Uma
abordagem integrada pressupõe a utilização e gestão coordenada da água, solo e recursos
relacionados, a fim de maximizar o bem-estar económico e social resultante, de maneira
equitativa sem comprometer a sustentabilidade de ecossistemas vitais, incluindo o
desenvolvimento coordenado e o gerenciamento das águas superficiais e subterrâneas, bacias

14
hidrográficas, seus ambientes adjacentes costeiros e marítimos e os interesses a montante e a
jusante (GWP, 2006).

Neste sentido, uma efectiva gestão integrada e protecção dos aquíferos compreende:

 A confecção e actualização de mapas de vulnerabilidade de aquíferos, com


identificação das fontes poluidoras potenciais, integrados à gestão de uso e ocupação
do solo.
 O estabelecimento de legislação de protecção das águas subterrâneas e inserção na
gestão integrada dos recursos hídricos.
 A educação ambiental voltada para a protecção das águas subterrâneas.
 O estabelecimento de perímetros de protecção, normas construtivas para poços
tubulares profundos e fiscalização da construção e operação dos mesmos.
 O monitoramento da qualidade e da quantidade das águas subterrâneas.
 O acompanhamento das áreas contaminadas e o cadastramento de fontes poluidoras.
 A remediação (processo de despoluição e minimização dos impactos negativos) das
áreas contaminadas.
 A fiscalização e o acompanhamento dos lançamentos de efluentes e da disposição de
resíduos.
 O reconhecimento da água subterrânea como um recurso estratégico, incentivando
sistemas de abastecimento mistos.

Além disso, este processo deve contar com a participação de toda a sociedade, que pode
ajudar a proteger as águas subterrâneas com atitudes simples, como:

 Antes de perfurar um poço deve-se procurar o órgão estadual de recursos hídricos,


visando obter informações sobre normas técnicas para a perfuração e exigências para a
regularização de poços tubulares (autorização para perfuração, licença ambiental e
outorga de direito de uso).
 Contratar empresas idóneas de perfuração, que possuam: Responsável Técnico,
Registro no CREA e Atestado de Capacidade Técnica.
 Exigir que a empresa de perfuração apresente a Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) e realize: teste de bombeamento de 24 horas, análise físico-química-
bacteriorológica, desinfecção e devidas medidas de protecção sanitária do poço, além
de Relatório Técnico Detalhado (contendo, no mínimo: descrição das amostras,

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interpretação do teste de vazão e descrição dos materiais aplicados e quantidades).
Esses documentos são necessários para solicitar a licença e outorga do poço tubular
profundo.
 Perfurar poços tubulares profundos somente em casos de extrema necessidade.
 Destinar a água proveniente dos poços tubulares profundos para fins mais nobres (por
exemplo, consumo humano) utilizando esse recurso com racionalidade.
 Realizar, periodicamente, as análises da qualidade da água e a manutenção de rotina
dos poços.
 Lançar esgoto somente na rede pública de esgotamento sanitário, não na rede de
águas pluviais.
 Perfurar poços somente em locais com boas condições sanitárias, longe de fossas,
lixões, criadouros de animais e áreas de cultivo.
 Respeitar sempre a legislação e as normas municipais de uso e ocupação do solo,
procurando participar da sua elaboração (Plano Director, Zoneamento Ambiental,
Económico Ecológico, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Código de Posturas Urbanas e
Estatuto da Cidade).
 Evitar a impermeabilização das áreas externas, optando-se, sempre que possível, por
jardins, gramados ou hortas (como forma de facilitar a infiltração da água de chuva no
solo).
 Colectar e armazenar a água de chuva das calhas dos telhados; essa água pode ser
utilizada para os mais diversos fins (irrigação de jardins, limpeza de pisos, etc.).
 Aproveitar as águas já utilizadas, destinando-as para fins menos nobres (por exemplo,
a água da máquina de lavar para limpeza de pisos, descarga sanitária, entre outros).
 Participar ou indicar seus representantes no Sistema Estadual de Recursos Hídricos,
por meio dos comités de bacias ou conselhos estaduais de recursos hídricos.

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CONCLUSÃO
A água é um bem essencial para vida humana. As civilizações cresceram principalmente às
margens de rios ou fontes de água potável. A partir daí já se propuseram a pensar em como
canalizar águas para atender as cidades, bem como plantações próximas a esses rios. Assim
começou empiricamente um tópico da engenharia: o abastecimento.

Os mananciais hídricos subterrâneos são utilizados como fontes de abastecimento para uso
doméstico, industrial ou agrícola. A qualidade de suas águas, associada à facilidade de
extracção em locais com escassez de águas de superfície, tem sido um factor importante e
decisivo para o desenvolvimento de sistemas de extracção em larga escala com redução de
custos. Com a visão em satisfazer, quase sempre, demandas cada vez mais elevadas. Serviços
públicos precários ou muitas vezes inexistentes podem também levar a busca por soluções
mais imediatas e sem o devido controlo por parte da comunidade.

A qualidade e quantidade das águas subterrâneas podem ser comprometidas caso a


exploração não seja fundamentada em estudos preliminares de planeamento e de uso
consciente dos mananciais. É de extrema importância que a qualidade e a quantidade dos
mananciais hídricos, sejam asseguradas, bem como a protecção dos mesmos contra fontes
poluentes, para não comprometer as gerações futuras. Cabe ressaltar, que a recuperação de
aquíferos contaminados é complexa, visando à lenta renovação de suas águas, com
velocidades de fluxo reduzidas, bem como os elevados custos de remediação.

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Referência bibliográfica

Agência Nacional de Águas (2010). Atlas Brasil: abastecimento urbano de água: panorama
nacional/Agência Nacional de Águas; Engecorps/Cobrape - Brasília: ANA:
Engecorps/Cobrape.

Agência Nacional de Águas (2013). Estudos Hidrogeológicos na Bacia Hidrográfica do São


Francisco - Sistema Aquífero Urucuia/Areado e Sistema Aquífero Bambuí. 2013.
Disponível em:. Acesso em: 20 ago. 2024.

Associação Brasileira de Águas Subterrâneas- ABAS- Águas subterrâneas- Disponível em


https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas. Acesso em outubro 2016.

Bertolo, R; Hirata, R; Conicelli, B.; Simonato, M; Pinhatti, A; Fernandes, A. (2015). Água


subterrânea para abastecimento público na Região Metropolitana de São Paulo: é
possível utilizá-la em larga escala? Revista DAE, v. 63, p. 6-17.

CPRM. (2018). SIAGAS: Sistema de Informações de Águas Subterrâneas.


http://siagasweb.cprm. gov.br/layout/.

Rebouças, A. (2004). Uso inteligente da Água. (1ª Ed), São Paulo: editora escrituras.

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