Tese - Teresa Sofia Gomes Macário Rodrigues
Tese - Teresa Sofia Gomes Macário Rodrigues
Tese - Teresa Sofia Gomes Macário Rodrigues
ENSINO-APRENDIZAGEM EM
DISLEXIA
Um estudo com Professores do 1º Ciclo do
Ensino Básico
novembro de 2015
____________________________________________________________
I
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS
Escola de Educação
novembro de 2015
II
Se tratarmos as crianças como elas devem ser,
ajudamo-las a tornarem-se o que elas são
capazes de ser. (Adaptado de Johan Wolfgang
Von Goethe)
III
Lista de Abreviaturas
IV
Resumo
A leitura é, hoje em dia, uma das competências mais valorizadas pela sociedade
e sem a qual a nossa comunicação ficaria comprometida. A Dislexia, ou seja, a
desordem que se manifesta na dificuldade em aprender a ler, compromete
significativamente o rendimento académico dos alunos e a sua futura inclusão na
sociedade. Para esta dissertação foram realizados dois estudos, procurando identificar as
conceções, práticas e estratégias, que os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico
(CEB) implementam face à problemática da Dislexia. Foram utilizadas duas
metodologias distintas, sendo o Estudo I um estudo de natureza quantitativa, no qual
103 professores do 1º CEB, a lecionarem em Portugal, responderam a um inquérito por
questionário e o Estudo II com uma metodologia qualitativa, onde foram realizadas 22
entrevistas a professores do 1º CEB a lecionarem no distrito de Lisboa. Os resultados
alcançados indicam que, na sua grande maioria, a Dislexia é percecionada pelos
professores como sendo uma perturbação de caráter permanente, representando uma
dificuldade na leitura e na escrita. Várias foram as práticas / estratégias apresentadas
pelos professores de ambos os estudos, de forma a promover o sucesso escolar destes
alunos.
Palavras-chave
Dislexia, Leitura, Representações dos Professores, Dificuldades de
Aprendizagem Específicas (DAE), Estratégias / Práticas de intervenção.
V
Abstract
Currently, reading is one of the most valued skills by society and without which
our communication would be compromised. Dyslexia – the disorder characterized by a
difficulty in learning to read – significantly undermines the academic performance of
students and their future insertion in society. In the present thesis were carried out two
studies, which the purpose was to identify the conceptions, practices and strategies that
teachers of the Cicle 1 of basic education implement to cope with dyslexia. Two distinct
methodologies were used. In study 1 we conducted a quantitative study in which 103
Portuguese teachers of the Cicle 1 of basic education, answered to a survey. In study 2
we used a qualitative methodology – we conducted 22 interviews to teachers of the
Cicle 1 of basic education teaching in Lisbon district. The results showed that most
teachers sees the Dyslexia as a permanent disorder characterized by the deficit in
reading and writing. There were several practices / strategies presented by teachers from
both studies in order to promote the academic success of these students.
Keywords
Dyslexia, Reading, Teachers Representation, Specific Learning Disabilities,
Intervention Strategies / Practices
VI
Dedicatória
VII
Agradecimentos
Ao Professor Doutor Marco Ferreira, meu orientador nesta dissertação, pelo voto
de confiança, pela disponibilidade demonstrada, pelos seus ensinamentos, apoio e
motivação durante todo o processo de elaboração deste trabalho.
A todos os Professores que me acompanharam durante a realização do Mestrado,
pelos conhecimentos transmitidos.
Aos Professores do 1º CEB, cooperantes neste estudo.
Aos meus pais, pelos fortes alicerces.
À minha amiga e colega de Mestrado, Cláudia, pela cooperação, apoio, partilha
de saberes e pelos bons momentos de convívio.
À minha irmã e colegas de trabalho pelo apoio, interesse, incentivo e animação.
Ao meu marido, Jorge, pelo apoio, carinho, compreensão e por cuidar de mim
nos momentos mais difíceis. Ao nosso filho Rodrigo, que com um simples sorriso
sempre me deu a força que procurava para continuar o meu caminho.
A todos um Bem-haja!
VIII
Índice Geral
X
Limitações do Estudo e Linhas Futuras ..................................................................... 112
Bibliografia ............................................................................................................... 113
Legislação Consultada .............................................................................................. 119
Web Grafia ............................................................................................................... 120
Apêndices ...................................................................................................................... I
Apêndice I – Inquérito por Questionário (Pré-Teste)............................................ I
Apêndice II – Inquérito por Questionário (Versão Final) ............................... VIII
Apêndice III – Inquérito por Entrevista........................................................... XV
XI
Índice de Tabelas
XII
Tabela 21 – Justificação dos professores que mencionam estar preparados para lidar
com um aluno disléxico em sala de aula...................................................................... 70
Tabela 22 – Justificação dos professores que mencionam não estar preparados para
lidar com um aluno disléxico em sala de aula ............................................................. 72
Tabela 23 – Distribuição dos professores pelos indicadores de maior relevância para
sinalizar um aluno com Dislexia ................................................................................. 74
Tabela 24 – Características comportamentais dos alunos disléxicos .......................... 75
Tabela 25 – Opinião dos professores relativamente aos apoios que devem ser prestados
aos disléxicos .............................................................................................................. 76
Tabela 26 – Estratégias de intervenção utilizadas pelos professores da amostra ........ 77
Tabela 27 – Caracterização da amostra do Estudo II ................................................. 81
Tabela 28 – Questão 7 (Q7) – No decorrer da sua experiência profissional tem-se
deparado com Dificuldades de Aprendizagem Específicas (DAE) – Dislexia? ............. 84
Tabela 29 – Questão 8 (Q8) – Quando ouve a palavra Dislexia quais as palavras que
lhe ocorrem?............................................................................................................... 85
Tabela 30 – Questão 9(Q9 – Quais os comportamentos académicos que associa às
crianças com Dislexia? ............................................................................................... 87
Tabela 31 – Questão 10 (Q10) – Nas turmas que lhe têm sido atribuídas, anualmente,
tem facilidade em identificar crianças com dislexia?................................................... 89
Tabela 32 – Questão 10 (Q10) – continuação – Quais os comportamentos observáveis
que lhe facilitam essa identificação? ........................................................................... 91
Tabela 33 – Questão 11 (Q11) - Que tipo de práticas/metodologias utiliza quando
leciona a crianças com Dislexia? ................................................................................ 94
Tabela 34 – Questão 12 (Q12) Nos momentos de avaliação faz alguma diferenciação
nas crianças com Dislexia? Se sim dê exemplos. ......................................................... 96
Tabela 35 – Resumo das práticas / estratégias, com maior relevância, apresentadas
pelos professores ...................................................................................................... 110
XIII
Introdução
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção.”
(Paulo Freire)
2
Após a apresentação dos resultados, procede-se, no capítulo três, à discussão e
interpretação dos mesmos, procurando corroborar as informações alcançadas com a
literatura revista e estudos realizados, por outros autores, recentemente.
Por fim, apresentam-se as considerações finais, as limitações do presente
trabalho e por último as linhas futuras de trabalho. No final desta dissertação são
apresentadas as referências dos autores que sustentam o desenvolvimento deste estudo,
seguindo-se-lhe os apêndices considerados relevantes.
3
Capítulo I – Enquadramento Teórico
Efetua-se neste primeiro capítulo a revisão, com base na literatura da área, dos
conceitos de DA e DAE, nas várias perspetivas, abordando as alterações presentes no
DSM-5 e referindo algumas das características, às quais devemos estar atentos, das DA.
Atendendo ao tema tratado nesta dissertação, tornou-se pertinente, neste
capítulo, abordar o tema da leitura, dando enfoque aos processos cognitivos inerentes à
leitura, assim como às dificuldades da aprendizagem da leitura. Todo este processo de
aquisição da leitura é desenrolado no cérebro. Como tal, e de forma a perceber quais as
possíveis diferenças na aquisição da leitura entre alunos disléxicos e não disléxicos,
procedeu-se a uma pequena abordagem sobre o funcionamento do cérebro dos
disléxicos.
De forma a concluir a revisão literária sobre o tema tratado, procedeu-se por fim
ao estudo da temática da Dislexia. Foi feita uma abordagem pela evolução do conceito,
passando aos tipos e sub-tipos da temática, assim como a etiologia, a prevalência em
Portugal e as doenças a ela associadas. Referenciou-se também quais os sinais de alerta,
as possíveis formas de diagnóstico assim como as possíveis intervenções.
Na perspetiva do investigador o papel do professor é de extrema importância,
facto que o levou a realizar uma breve abordagem neste capítulo sobre a relevância que
o professor tem no diagnóstico/percurso dos alunos que apresentam problemas na
leitura (Dislexia).
4
aprendizagem dita formal, são os obstáculos que os mesmos encontram na captação,
acomodação e assimilação dos conteúdos lecionados.
De forma a compreender o motivo pelo qual um conjunto significativo de
alunos, ditos normais, não alcançava o sucesso escolar surge, no início dos anos
sessenta, o conceito de DA. Em 1962, Kirk define, pela primeira vez, as DA como
sendo
“… um atraso, desordem, ou atraso no desenvolvimento de um ou mais processos de fala,
linguagem, leitura e escrita, aritmética, ou outras áreas escolares, resultantes de uma
desvantagem (handicap) causada por uma possível disfunção cerebral e/ou distúrbios
emocionais ou comportamentais. Não é o resultado de deficiência mental, privação
sensorial ou fatores culturais e institucionais” (Kirk, 1962, citado por Cruz, 1999, p. 53).
Esta é uma definição, que segundo Cruz (1999), é utilizada frequentemente. Cruz
(1999) refere ainda que não se tratando de uma deficiência caracteriza-se como sendo
um conjunto de desordens que intervêm na receção, integração e expressão da
informação dificultando/impedindo a normal aprendizagem da leitura, da escrita ou do
cálculo.
Segundo Correia (2004) um aluno com DA é considerado um aluno médio ou
com capacidades acima da média. Na opinião do mesmo autor, a definição que reúne
maior aprovação é a do Comité Nacional Americano de dificuldades de aprendizagem
(National Joint Committee on Learning Disabilities – NJCLD):
“Dificuldades de aprendizagem é um termo genérico que diz respeito a um grupo
heterogéneo de desordens manifestadas por problemas significativos na aquisição e uso das
capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou matemáticas. Estas desordens,
presumivelmente devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, são intrínsecas ao
indivíduo e podem ocorrer durante toda a sua vida. Problemas nos comportamentos
autorreguladores, na perceção social e nas interações sociais podem coexistir com as DA,
mas não constituem por si só uma dificuldade de aprendizagem. Embora as dificuldades de
aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições de discapacidade
(por exemplo, privação sensorial, perturbação emocional grave) ou com influências
extrínsecas (tal como diferenças culturais, ensino inadequado ou insuficiente), elas não são
devidas a tais condições ou influências” (NJCLD, 1987, citado por Correia, p.372)
Correia (2007), menciona que em Portugal o conceito DA era utilizado segundo
dois sentidos distintos, num sentido lato e num sentido restrito, referindo que:
“No sentido lato, as DA são consideradas como todo o conjunto de problemas de
aprendizagem que grassam as nossas escolas, ou seja, todo um conjunto de situações, de
índole temporária ou permanente, que se aproxima, ou mesmo quererá dizer, risco
5
educacional ou necessidades educativas especiais. Quanto a nós, esta interpretação é a
interpretação dada ao conceito pela maioria dos profissionais de educação. No sentido
restrito, e aqui a interpretação do conceito restringir-se-á a uma minoria de especialistas e
profissionais de educação, DA quererá dizer uma discapacidade ou impedimento específico
para a aprendizagem numa ou mais áreas académicas, podendo ainda envolver a área sócio
emocional. Assim, é importante que se note que as DA não são o mesmo que deficiência
mental, deficiência visual, deficiência auditiva, perturbações emocionais, autismo”
(Correia, 2007, p.163).
Como tal é fundamental classificar as DA como sendo uma problemática das
Necessidades Educativas Especiais (NEE) para que estas crianças tenham acesso aos
serviços especializados de educação especial com o intuito de colmatar as suas
dificuldades.
Em 2002, a dislexia surge no DSM-IV-TR inserida nas Perturbações que
Aparecem Habitualmente na Primeira e na Segunda Infâncias ou na Adolescência, na
secção das Perturbações da Aprendizagem que incluem a “Perturbação da Leitura,
Perturbação do Cálculo, Perturbação da Escrita e Perturbação da Aprendizagem Sem
Outra Especificação.” (DSM-IV-TR, 2002, p. 49). Com a entrada em vigor do DSM-5
(2014) a secção foi alterada para Perturbações do Neurodesenvolvimento passando de
uma categoria específica da aprendizagem para uma categoria mais geral designada por
Perturbação da Aprendizagem Específica (PAE). A Dislexia passa a ser um termo
alternativo para nos referirmos aos problemas das DA. Esta é utilizada especificamente
para as dificuldades presentes na leitura, na compreensão e no raciocino matemático.
O DSM-5 (2014) agrupa na PAE as Perturbações de Aprendizagem
anteriormente estabelecidas no DSM-IV-TR, isto é a Perturbação da Leitura, a
Perturbação do Cálculo, a Perturbação da Escrita e a Perturbação da Aprendizagem Sem
Outra Especificação. Os défices de aprendizagem nas áreas da leitura, da escrita e da
matemática encontram-se codificados com especificadores separados.
Como refere Correia (2008, citado por Cruz, 2009) para adquirirmos todos os
saberes, a nível escolar, é necessário saber ler, escrever e calcular, ao termo DA
deveremos adicionar o termo específicas. Assim sendo, nasce a necessidade de conceder
um sentido categorial ao termo DAE, de forma a ter uma melhor perceção do conceito e
gerar melhores respostas para os alunos com DAE.
6
1.2. Dificuldades de aprendizagem – características principais
7
percurso escolar, para as DA. Como tal, há sinais para os quais devemos estar atentos
no percurso de vida escolar de uma criança. São eles:
- Durante o percurso do pré-escolar:
- esquecimento;
- dificuldades de expressão linguística;
- inversão de letras (escrita do nome em espelho);
- dificuldades em relembrar as letras do alfabeto;
- dificuldades em recuperar a sequência das letras do alfabeto;
- se há alguma história de DA na família;
- dificuldades psicomotoras (tonicidade, postura, lateralidade, somatognosia,
estruturação e organização do espaço e do tempo, ritmo, praxia global e fina, lentidão
nas auto-suficiências);
- dificuldades nas aquisições básicas de atenção, concentração, interação,
afiliação e imitação;
- confusão com pares de palavras que soam iguais (por exemplo: nó-só; tua-lua,
vaca-faca; etc.);
- dificuldade em nomear rapidamente objetos e imagens;
- dificuldades em reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras
simples;
- dificuldades em juntar sons (fonemas) para formar palavras simples;
- dificuldades em completar palavras e frases simples;
- dificuldades em memorizar e reproduzir números, sílabas, palavras,
pseudopalavras, frases, pequenas histórias, lengalengas, etc.
8
- dificuldades psicomotoras;
- perda frequente e desorganização sistemática dos materiais escolares, etc.
9
Critério A: “… dificuldade em aprender capacidades académicas-chave, com início
durante os anos de escolaridade formal (isto é, o período de desenvolvimento)”
Critério B: “… o desempenho do indivíduo nas capacidades académicas afetadas se situa
bastante abaixo da média para a idade”
Critério C: “… as dificuldades de aprendizagem são prontamente aparentes nos primeiros
anos de escola na maioria dos indivíduos”
Critério D: “… as dificuldades de aprendizagem são consideradas «específicas», por quatro
razões. Primeiro, não são atribuíveis a incapacidades intelectuais (incapacidade intelectual
[perturbação do desenvolvimento intelectual]), atraso global do desenvolvimento,
perturbações da visão ou audição, perturbações neurológicas ou motoras” (DSM-5, 2014,
pp. 80-81).
Uma DAE pode ser definida como: “uma perturbação inesperada e inexplicada
que ocorre numa criança de inteligência média ou acima da média, caracterizada por um
atraso significativo em uma ou mais áreas de aprendizagem” (Selikowitz, 2010, p. 16).
Rebelo (1993) e Lopes (2000), referem que as dificuldades gerais de
aprendizagem são resultantes de fatores extrínsecos ou intrínsecos ao indivíduo, assim
sendo, estes autores defendem que as DA são causadas por situações adversas à
aprendizagem normal, dando como exemplos a instabilidade familiar, os meios
desfavorecidos a nível social e económico, pedagogias e didáticas deficientes, entre
outros aspetos. Segundo Citoler (1996) as dificuldades específicas da leitura surgem
quando o indivíduo revela complicações severas na aprendizagem tendo todas as
condições para a aquisição da mesma.
Correia (2008), com o propósito de distinguir DA de DAE, propôs adicionar o
termo Específicas às DA, para que não houvesse confusões, visto as DA serem
consideradas como todo o conjunto de problemas de aprendizagem, o que se aproxima
de uma definição de risco educacional ou de NEE, o autor sugere a seguinte definição:
“As DAE dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a
íntegra, a retém e a exprime -, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas
realizações. As DAE podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da
matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas
de memória, perceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos.
Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas
motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a
10
possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo
como o indivíduo interage com o meio envolvente” (Correia, 2008, pp. 46-47).
As áreas de aprendizagem envolvidas nas DAE podem ser divididas em dois
grupos. O primeiro grupo consiste nas competências académicas básicas, isto é, ler,
escrever, soletrar, aritmética e linguagem (tanto compreensão como expressão), sendo
estas relativamente fáceis de avaliar, através de testes, e são de importância central para
o sucesso escolar. As DAE são classificadas como: Dislexia - dificuldades específicas
da leitura Disortografia – dificuldades ao nível da ortografia e da expressão escrita,
Disgrafia – dificuldades ao nível da caligrafia e ainda Discalculia - as dificuldades
específicas da matemática. O segundo grupo compreende áreas de aprendizagem que
também são de importância vital, pois envolvem mais funções cognitivas. Envolvem a
aprendizagem de competências como a persistência, a organização, o controlo dos
impulsos, a socialização e a coordenação motora.
As DAE são normalmente diagnosticadas quando a criança já frequenta a escola;
costumam ser evidentes quando o trabalho escolar se tornar mais exigente, ou seja, a
partir dos oito anos. Em muitos casos, o Professor é o primeiro a suspeitar que a criança
pode ter uma DAE. Os Professores, devido ao seu trabalho contínuo, estão em posição
de comparar o trabalho e o comportamento de uma criança com o dos colegas e
conseguem frequentemente detetar quando a criança está a ter dificuldades antes dos
pais repararem nisso. Mas, por vezes, contudo, os pais são os primeiros a aperceberem-
se de que o filho pode ter um problema.
O Psicólogo e o Pediatra procedem a uma avaliação em quatro fases:
- Recolha de informação sobre a criança;
- Avaliação (testes) à criança;
- Explicação dos resultados aos pais;
- Recomendação de um plano de intervenção adequado.
Cada Psicólogo seleciona o teste ou testes que considera mais úteis para cada
criança. Atualmente existem muitos testes disponíveis, mas basta que o Psicólogo esteja
familiarizado com um número selecionado deles. Os testes utilizados em crianças com
DA conhecidas, ou quando se suspeita que as possam ter, podem ser divididos em três
tipos básicos:
- Testes de inteligência;
- Testes de Rendimento Escolar;
- Testes de Leitura e de Escrita.
11
Uma criança, segundo Fonseca (2004) e Correia (2008), que apresente uma
DAE, mesmo não sendo portadora de deficiência auditiva, manifesta desordens no
processamento da informação ao nível das funções recetivas - na descriminação
auditiva, identificação fonética e síntese auditiva; das funções integrativas – na
conclusão de palavras e frases, na memória a curto e médio prazo, na associação
auditiva, …; e/ou das funções expressivas – na articulação, no vocabulário, … . A
criança pode recusar-se a fazer os trabalhos de casa ou faltar às aulas, pode tornar-se
retraído, ou agressivo e desafiador, pode ser rejeitado pelas outras crianças e ficar
socialmente isolado, pode denotar uma aprendizagem insuficiente mesmo sendo uma
criança dita esforçada/aplicada e trabalhadora, sendo que estes comportamentos podem
indicar baixa autoestima resultante de dificuldades nos trabalhos escolares, ou podem
indicar uma imaturidade social que é, ela própria, uma DAE.
Com a atualização do DSM-IV, como já foi referido anteriormente, a
terminologia passou a designar-se PAE em vez de DAE. Segundo o DSM-5 (2014) a
PAE “é uma perturbação do neurodesenvolvimento com uma origem biológica, que é a
base das anomalias a nível cognitivo, que estão associadas aos sinais comportamentais
da perturbação” (DSM-5, 2014, p. 80).
Referido igualmente no novo DSM, as incapacidades de aprendizagem
especificas não se englobam numa DA mais geral, como por exemplo a incapacidade
intelectual ou atraso global do desenvolvimento. As PAE ocorrem em indivíduos
intelectualmente «dotados», isto é, em indivíduos que
“…podem ser capazes de manter um funcionamento académico aparentemente adequado
pelo uso de estratégias compensatórias, esforços extraordinariamente altos ou suportes, até
que as exigências de aprendizagem ou procedimentos de avaliação (por exemplo testes
cronometrados) imponham barreiras à demonstração da sua aprendizagem ou cumprimento
das tarefas requeridas” (DSM-5, 2014, p.82).
12
2. Leitura
13
descodificação e compreenção da escrita. Ao nível cientifico, a leitura consiste no
estabelecimento de uma relação entre um padrão visual, que é composto por uma
sequência de letras, e uma pronúncia que lhe corresponde. O ato de ler passa por
descodificar as palavras escritas, podendo assim afirmar-se que um bom leitor é um
bom descodificador.
Segundo Sim-Sim (2006) ler tem como principal objetivo compreender o que foi
lido. Do ponto de vista da mesma autora o acesso ao significado é ativado assim que o
leitor reconheça visualmente as palavras, mas se a forma global da palavra não é
identificada, o acesso ao mesmo é feito através de uma forma fonológica das palavras.
Dentro do mesmo pensamento Capovilla e Capovilla (2007) referem-se à leitura como
um processo de transformação pois, para estes autores, na leitura está implícita uma
transformação da linguagem escrita numa linguagem falada sendo-lhe atribuído um
significado. Na sua perspetiva, esta transformação pode ocorrer segundo a via
fonológica, isto é, através da conversão grafema/fonema ou segundo a via lexical, ou
seja, através da pesquisa na memória a longo prazo. Porém, poderá a leitura revelar-se
ineficiente caso os processos de reconhecimento da palavra não sejam espontâneos e
eficazes, uma vez que todas estas modificações só ocorrem quando a aprendizagem da
leitura tenha sido efetuada com sucesso.
Como refere Dehaene (2007) vários cientistas afirmam a importância da
passagem pelo som, outros garantem que a passagem pela via fonológica é característica
de leitores primários. Salienta-se que uma leitura efetuada fluentemente e eficazmente é
realizada através da via lexical. Contudo, afirma-se que nos leitores fluentes estão
patentes as duas vias (fonológica e lexical) e que ambas são ativadas simultaneamente
aquando a leitura.
Para os autores Colomer e Camps (2002) a leitura é mais do que um ato
mecânico de decifrar signos gráficos,
“ é antes de tudo um acto de raciocínio, já que se trata de saber orientar uma série de
raciocínios no sentido da construção de uma interpretação da mensagem escrita a partir da
informação proporcionada pelo texto e pelos conhecimentos do leitor e, ao mesmo tempo,
iniciar outra série de raciocínios para controlar o progresso dessa interpretação de tal forma
que se possam detectar as possíveis incompreensões produzidas durante a leitura” (Colomer
& Camps, 2002, p.31).
14
2.2. Processos cognitivos implícitos na leitura
Para que as crianças aprendam a ler fluentemente passam por diferentes estádios
ou etapas. Estas etapas estão presentes em todas as nossas leituras e vão sendo
adquiridas ao longo da nossa vida, sendo as mesmas cumulativas. Segundo Cruz (2009)
mediante os processos cognitivos inerentes à leitura, existem duas componentes
essenciais na aprenizagem da mesma, sendo elas: a descodificação e a compreensão.
Segundo Cruz (2007), cada componente tem implicito dois módulos, ou seja, a
descodificação é um processo de nível inferior que envolve os módulos precetiveis e
léxicos e a compreensão é um processo de nível superior no qual estão envolvidos os
módulos sintático e semântico. Estes processos atuam em simultâneo, nos leitores
competentes, sendo os mesmos de carácter fulcral para uma boa leitura. É de salientar
que, mesmo sendo duas componentes interativas, a compreensão não se realiza sem a
descodificação, mas o mesmo não acontece com a descodoficação, pois a mesma pode
existir sem que haja compreensão. Para que se compreenda um texto é necessário que os
processos de descodificação estejam automatizados, assim refere Sim-Sim (2006) “ler
com fluência significa possuir uma r ápida capacidade de descodificar e um dominio das
estruturas semântico-sintáticas que possibilitem a compreensão do texto escrito” (p.19).
2.2.1. Descodificação.
16
organização textual. Citoler (1996), Cruz (1999) e Lopes (2001) corroboram que este
reconhecimento fluído das palavras é um requisito sine qua non para o desenvolvimento
da leitura.
2.2.2. Compreensão.
17
“Afirma-se que ler é descodificar as palavras escritas” (Azevedo, 2006, p. 130).
Considera-se a leitura como sendo uma atividade cognitiva, na qual está implícita uma
constante interação entre os processos perceptivos, cognitivos e linguísticos, que
interagem com os conhecimentos prévios e a experiência anterior do leitor, permitindo-
lhe extrair significações de símbolos visuais (Campanudo, 2009).
Aprender a ler é reconhecer e identificar palavras, ou seja, descodificá-las. Para
fazer esta aprendizagem o leitor tem de compreender como é que o sistema de escrita se
relaciona com o da leitura. Existe uma grande diferença entre a leitura silenciosa e a
leitura em voz alta, isto porque a leitura silenciosa ou mental “é feita superficialmente
de forma a ser feita uma escolha do que se requer ler” (Castro & Gomes, 2000, p. 118),
mais tarde, com atenção, a leitura em voz alta faz com que, “ao dizermos as palavras, a
nossa mente voga sobre outras ideias” (Castro & Gomes, 2000, p. 118).
A função da leitura é, geralmente, a compreensão. A leitura pressupõe processos
específicos de reconhecimento e conversão dos sinais gráficos em representações
mentais.
O ponto de partida para a leitura é o material impresso, ou seja, as escritas
alfabéticas constituídas por letras dispostas em sequência linear. É possível dividir a
leitura em duas vertentes: a via fonológica (em que se convertem as letras em sons) e a
via lexical (em que se reconhece a palavra como um todo).
Para se ler converte-se as letras em sons, isto é, os grafemas (uma letra ou
conjunto de letras que serve para transcrever um fonema) em fonemas. Esta separação
só é possível porque se aprende as regras pelas quais se fazem as conversões letra-som.
O conhecimento destas regras constitui um recurso cognitivo que foi adquirido através
da aprendizagem da leitura, ou seja pelo sistema de Conversão Grafema-Fonema
(CGF). Esta conversão serve para a leitura de novas palavras que não se tem
conhecimento, assim como a leitura de sequências de grafemas que não constituem
palavras, “isto é, as palavras inventadas ou pseudopalavras” (Castro & Gomes, 2000, p.
122). Com estas palavras tenta-se reconhecer formas gráficas que estão representadas no
nosso léxico mental.
O léxico mental serve para se referir ao conhecimento intuitivo que se tem sobre
as palavras: como se devem pronunciar, como se devem escrever e o que querem dizer.
Como o léxico mental tem várias noções, então pode ser interpretado como “léxico
fonológico e léxico ortográfico” (Castro & Gomes, 2000, p. 122).
18
Quanto ao léxico fonológico pode-se afirmar que se refere ao conhecimento que
se tem sobre a maneira como as palavras se pronunciam, à medida que se adquire a
linguagem falada. Por consequente, o léxico ortográfico vai-se formando através do
contacto que se tem com as formas de escrita da língua. Este léxico inicia-se,
primeiramente, com o léxico visual (onde estão armazenadas as formas visuais que o
aluno sabe relacionar com determinadas palavras ou ideias) para depois passar a ser
ortográfico (deixam de ser formas para passarem a ser configurações de letras).
Contudo não se pode deixar de considerar o significado, ou seja, não só saber
como as palavras se dizem e escrevem, mas também o que é que elas querem dizer,
podendo-se afirmar que se está perante o sistema semântico.
Com todos estes aspetos associa-se que as dificuldades de leitura estão ligadas às
DAE. O aluno tem DA quando não consegue acompanhar os progressos de outros
alunos com a mesma idade e em condições semelhantes de estimulação e ensino.
As dificuldades podem acontecer num determinado domínio deixando outros
intactos podendo afetar os vários aspetos do desempenho escolar. Os principais tipos de
DA são: leitura, escrita, cálculo e dificuldades não especificadas. Mas para a análise do
estudo que vai ser referido, é do interesse, analisar as dificuldades de leitura e escrita.
No que diz respeito às operações cognitivas, a leitura requer capacidades ao
nível da linguagem falada, da discriminação visual, da atenção e da memória.
Ao analisar-se o nível da memória e atenção verifica-se que é necessário prestar
atenção às formas gráficas, ser capaz de estar atento no alvo a atingir e ser seletivo (por
exemplo: não se distrair com os ruídos à sua volta). Um aluno que não esteja habituado
a controlar a atenção estará em piores condições para iniciar a leitura do que um aluno
que já desenvolveu esse controlo. Mas prestar atenção não é suficiente, por isso
associada a ela temos a memória, ou seja, o aluno tem de ser capaz de não esquecer das
formas visuais ou palavras que vai reconhecendo.
Conhece-se a “memória operatória que é crucial para a leitura” (Castro &
Gomes, 2000, p. 125) porque o aluno ao soletrar uma palavra, de quatro sílabas, terá
que se recordar das primeiras três, quando estiver na última, para compor o todo.
Para se ler é muito importante não confundir as formas gráficas parecidas, como
tal as letras que compõem a palavra devem ser corretamente identificadas, quer seja pela
via lexical, quer seja pela via fonológica. Segundo Castro e Gomes (2000) “A
capacidade de discriminação visual, outra das competências envolvidas na leitura, está
19
ligada à atenção, mas distingue-se desta por envolver a modalidade sensorial visual” (p.
126).
A aprendizagem da leitura é adquira na infância e sendo uma competência
específica do ser humano, é tomada por todos como garantida. No entanto nem todas as
crianças a adquirem naturalmente e com muita facilidade. São várias as crianças, muitas
delas ditas inteligentes, que sentem dificuldades, por vezes severas, na aprendizagem da
leitura não sendo porém falha das mesmas. Este dilema, vivido na infância por algumas
crianças, traduz-se como Dislexia, isto é, dificuldades de aprendizagem da leitura
(Shaywitz, 2008). O conceito de DA imerge da necessidade de compreender o motivo
pelo qual estas crianças não realizam, com facilidade e naturalidade, uma determinada
aprendizagem. A aprendizagem assenta na leitura, na escrita e ao nível matemático,
surgindo assim o conceito de DAE, ou seja, dificuldades na leitura – Dislexia;
dificuldades na escrita – Disgrafia e Disortografia; e dificuldades ao nível da
matemática – Discalculia.
A linguagem falada coloca o leitor num lugar muito mais favorável para a
aprendizagem da escrita porque este tem um conhecimento bem desenvolvido sobre a
maneira como soa a palavra e qual é o seu significado. Um aluno com pouco
desenvolvimento, neste domínio, terá de aprender a forma escrita da palavra, como ela
se pronuncia e qual é o seu significado.
A importância da sintaxe, ou a facilidade de produzir e compreender frases bem
construídas gramaticalmente, poderá tornar-se menos pesada para a aprendizagem da
leitura. Não é só importante conhecer muitas palavras, como também conhecer tipos de
palavras diferentes e, em particular, “conhecer palavras funcionais e o papel que elas
desempenham na frase” (Castro & Gomes, 2000, p. 126).
Para se obter sucesso na aprendizagem da leitura é necessário adquirir um
conjunto de ferramentas cognitivas específicas com o objetivo de elaborar uma
representação linguística a partir do material impresso. Para esta aquisição é preciso
capacidades mnésicas, de atenção e visuais, assim como, a linguagem falada.
De acordo com Castro e Gomes (2000) “As dificuldades de leitura são
observadas através da maneira como o aluno lê as palavras e as pseudopalavras, tendo-
se a noção do que é a idade de leitura” (p. 140). Existe uma diferença entre idade
cronológica e idade de leitura, ou seja, para determinar a idade de leitura é necessário
utilizar provas de leitura específicas para o efeito, sendo que as tarefas de leitura
20
agrupam-se por níveis de dificuldade crescente que correspondem a anos de frequência
escolar ou idade cronológica. A idade de leitura não serve, apenas, para distinguir os
“normais” dos que têm dificuldades. Ela é útil para dar uma medida discriminativa do
nível de leitura separando a idade cronológica dos anos de instrução escolar. Um dos
critérios que é, frequentemente, utilizado é um atraso de dois anos na idade de leitura
relativamente à idade cronológica, “fazendo com que se distinga os “bons leitores” dos
“maus leitores”” (Castro & Gomes, 2000, p. 141).
21
Segundo Shaywitz e colaborabores em 1998 (cit. in Teles, 2004), com a
finalidade de estudar o funcionamento do cérebro durante a leitura, foi utilizada a
ressonância magnética, tendo sido identificadas três áreas no hemisfério esquerdo, que
desempenham funções chave no processo de leitura. As áreas referidas foram:
- a região inferior-frontal - é a área da linguagem oral. Zona do cérebro na qual se
processa a vocalização e articulação das palavras, onde se inicia a análise dos fonemas.
Com o intuito de auxiliar a leitura, a subvocalização, fornece um modelo oral das
palavras. Esta zona está particularmente ativa nos leitores iniciantes e disléxicos;
- a região parietal-temporal - é a área onde é feita a análise das palavras. Zona onde é
realizado o processamento visual da forma das letras, a correspondência grafofonémica,
a segmentação e a fusão silábica e fonémica. Esta leitura analítica processa-se
lentamente e é utilizada pelos leitores iniciantes e disléxicos;
- a região occipital-temporal - é a área onde se processa o reconhecimento visual das
palavras, onde se realiza a leitura rápida e automática. Zona para a qual convergem
todas as informações dos diferentes sistemas sensoriais, armazena o «modelo
neurológico da palavra» que contem a informação relevante sobre cada palavra, integra
a ortografia «como parece», a pronúncia «como soa», o significado «o que quer dizer».
Quanto mais automaticamente for feita a ativação desta área, mais eficiente é o processo
leitor.
Ao contrario dos leitores eficazes, que utilizam o percurso rápido e automático
para ler as palavras, estimulam intensamente os sistemas neurológicos que envolvem a
região parietal-temporal e a occipital-temporal, os leitores disléxicos fazem uso de um
processo moroso e analítico para descodificarem as palavras, ativando intensamente as
regiões inferior-frontal, na qual vocalizam as palavras e parietal-temporal, onde
segmentam as palavras em sílabas e em fonemas, fazendo posteriormente a tradução
grafo-fonémica, a fusão fonémica e as fusões silábicas de forma a aceder ao seu
significado.
É apresentado, nas crianças com dislexia, um défice no sistema neurológico que
resulta numa dificuldade no processamento fonológico e consequentemente no acesso
ao sistema de análise das palavras e ao sistema de leitura automática.
22
3. Dislexia
23
oportunidades socioculturais. Depende de distúrbios cognitivos fundamentais que são,
frequentemente, de origem constitucional…” (p. 151). Indo ao encontro desta definição
Selikowitz (2010), afirma que a dislexia é uma DAE, “…é uma condição inesperada e
inexplicável que ocorre numa criança de inteligência média ou superior, caracterizada
por um atraso significativo em uma ou mais áreas de aprendizagem” (p.15).
Em Portugal, foram reorganizados os serviços de Educação Especial (EE), através
do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, que revogou o Decreto-Lei n.º 319/91, de 23
de agosto. Esta revogação teve como principal objetivo garantir a qualidade de ensino,
orientada para o sucesso de todos os alunos.
Vários investigadores têm sentido algumas dificuldades em definir a dislexia
desde que o termo foi usado pela primeira vez em 1887. Decompondo o vocábulo (dis +
lexia), o prefixo grego “dis” significa dificuldade/perturbação e o elemento grego de
composição “lexia” direciona para ler. Assim, e segundo Cruz (2007), dislexia significa,
“dificuldade em ler”, tratando-se de um distúrbio na leitura e/ou linguagem.
Indo de encontro ao mencionado pelas autoras Torres e Fernandéz (2001),
quando nos referimos a dislexia não nos estamos apenas a referir a problemas de leitura,
mas também a problemas: na escrita; nas relações espaciais; no obedecer a instruções;
na sequência temporal; na capacidade da memorização, entre outros problemas, que
afetam os indivíduos disléxicos causando-lhes grandes transtornos nas suas vidas
diárias. Crianças disléxicas apresentam, por vezes, uma caligrafia indecifrável,
demonstrando igualmente uma tendência para trocar letras, por exemplo, o v/f; b/d; t/d;
g/c; … tendo já ultrapassado a idade dita normal para que isso suceda.
Segundo Pereira (2011), a definição adotada pela Associação Internacional de
Dislexia em 2003, refere a Dislexia como sendo:
“…uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É
caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa
competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um Défice Fonológico,
inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas.
Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura
reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”
(p. 5).
Considerando esta definição Carvalho (2011) considera que a dislexia:
- é uma DAE;
- é de etiologia neurobiológica;
24
- caracteriza-se por dificuldades no reconhecimento das palavras e por défices na
soletração e na descodificação;
- apresenta estas dificuldades devido à presença de um défice nas componentes
fonológicas da linguagem;
- poderá apresentar como consequências secundárias a longo prazo das dificuldades
fonológicas, problemas na compreensão e fluência da leitura.
Na sua maioria, os autores afirmam que o termo dislexia afeta tanto a leitura
como a escrita, pois abarca não só uma dificuldade na leitura como também dificuldades
na distinção e memorização de letras ou grupos de letras, problemas de ordenação,
ritmo, compreensão e estruturação de frases. São diversas as definições atribuídas por
vários autores a esta problemática de grande ocorrência. Segundo Fonseca (2009),
dislexia é uma inesperada dificuldade de aprendizagem que não é uma incapacidade e
muito menos uma doença, apresentando o individuo uma inteligência média ou superior
devendo ter-se em conta o meio socioeducacional no qual o individuo se encontra
inserido. Logo, o mesmo autor defende que um individuo disléxico não tem,
obrigatoriamente, um QI baixo, pois pode ocorrer em todos os seus níveis, ou de
disfunções visuais e auditivas detetadas por meios médicos convencionais.
Segundo Sousa (2009), a Dislexia pode significar: dificuldades intrínsecas da
criança (QI baixo, doença neurológica, problemas sensoriais, défices percetivo-
mnésicos, etc.), existência de dificuldades emocionais (familiares, sociais, culturais) ou
ainda que há inadequações ou ineficiências pedagógicas extrínsecas.
Kamhi (1992, citado por Hennigh, 2005), defendia uma definição inclusiva
centrada na linguagem, e na separação das dificuldades sentidas no processamento de
informação de caráter fonológico. Efetivamente, esta definição vai de encontro ao
pensamento atual, que argumenta a possibilidade de distinção de leitores pouco
eficientes, e crianças com dislexia.
A necessidade de clarificação do termo dislexia torna-se muito importante, não
só para que a escola e a família possam compreender este tipo de problema, quando de
facto ele existe, mas acima de tudo para que o aluno possa ser ajudado a superar a sua
dificuldade e não se desencoraje ou desista de continuar a trabalhar.
Em 2002 o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-IV-
TR), inclui a Dislexia nas perturbações de aprendizagem, utiliza a denominação
«perturbação da leitura» estabelecendo os seguintes critérios de diagnóstico:
25
“A. O rendimento na leitura, medido através de provas normalizadas de exactidão ou
compreensão da leitura, aplicadas individualmente, situa-se substancialmente abaixo do
nível esperado para a idade cronológica do sujeito, quociente de inteligência e escolaridade
própria para a sua idade;
B. A perturbação do Critério A interfere significativamente com o rendimento escolar ou
actividades da vida quotidiana que requerem aptidões de leitura;
C. Se estiver presente um défice sensorial, as dificuldades de leitura são excessivas em
relação às que lhe estariam habitualmente associadas” (DSM-IV-TR, 2002, p. 53).
De acordo com o DSM V (2013) a dislexia passou de uma categoria específica
da aprendizagem para uma categoria mais geral designada por PAE. Como referido
anteriormente (ponto 2.1.) as PAE abarcam a Perturbação da Leitura, a Perturbação do
Cálculo, a Perturbação da Escrita e a Perturbação da Aprendizagem Sem Outra
Especificação, encontrando-se os défices de aprendizagem da área da leitura, da escrita
e da matemática codificados com especificadores separados. A Dislexia passa a ser vista
como
“…um termo alternativo usado para referir um padrão de dificuldades de aprendizagem que
se caracteriza por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras,
descodificação e capacidades de soletração pobres. Se o termo dislexia é usado para
especificar este padrão particular de dificuldades, é também importante especificar
quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na
compreensão da leitura ou no raciocínio matemático” (DSM-5, 2014, p. 79).
Nas PAE, segundo o DSM-5 (2014), ao nível escolar, um dos seis sintomas,
deve persistir durante seis meses seguidos, mesmo que tenha existido intervenções
direcionadas para essas dificuldades, conforme mencionado no Critério de
Diagnóstico/Característica A – “Dificuldades em aprender e usar as capacidades
académicas, como indicado pela presença de pelo menos 1 dos sintomas seguintes, que
persistiram pelo menos 6 meses, apesar do fornecimento de intervenções direcionadas
para essas dificuldades” (DSM-5, 2014, p. 78). Para um melhor despiste e
consequentemente melhor intervenção na área específica dever-se-á ter em conta as
seguintes dificuldades:
- A leitura de palavras e pseudopalavras de uma forma lenta, esforçada e imprecisa
(leitura soletrada, leitura incorreta/lenta/hesitante, erros frequentes de leitura,
dificuldade na audição de novas palavras);
- Dificuldade em perceber o significado do que está a ler (lê fluentemente mas não
compreende o que lê);
26
- Dificuldade em soletrar [ortografia] (omite/adiciona letras, substitui vogas por
consoantes);
- Dificuldade na expressão escrita (dá vários erros gramaticais/pontuação nas frases,
utiliza uma pobre organização de parágrafos, escreve expressões/ideias de uma foram
pouco clara);
- Dificuldade nas sequências numéricas, nos factos numéricos e nos cálculos (ter uma
pobre utilização e relação entre os números, contar pelos dedos para adicionar mais um
digito, fraco cálculo aritmético);
- Dificuldade no raciocínio matemático (dificuldades em aplicar conceitos matemáticos,
fraca resolução problemática – problemas quantitativos).
27
conseguindo ler palavras irregulares.
O individuo demonstra dificuldades no uso de ambas as vias,
Dislexia profunda
lexical e sublexical.
28
- a dislexia diseidética ou visual: assinalada por uma “… deficiência primária na
percepção de palavras completas” (Torres & Fernández, 2001, p. 17), ou seja, é
realizada a substituição de uma palavra ou fonema por outra de sonoridade idêntica (ex.
apertar por apartar).
- a dislexia aléxica ou visuoauditiva: caracterizada pela “… quase total incapacidade
de leitura” (Torres & Fernández, 2001, p. 17). Os indivíduos com aléxia apresentam
dificuldade quer na análise fonética das palavras quer na perceção de letras e palavras
completas.
De acordo com as autoras acima referidas existem dois subtipos de dislexia de
desenvolvimento (evolutivas):
- a “audiolinguistica”: na qual os indivíduos demonstram um atraso na linguagem,
dislalias, ou seja, perturbações articulatórias, anomia, isto é, dificuldades em nomear
objetos, e erros na leitura e na escrita, por problemas nas correspondências grafemas –
fonemas.
- a “visuoespacial”: na qual os indivíduos apresentam dificuldades de orientação
esquerda/direita, agnosia digital, ou seja, dificuldade de reconhecimento de objetos
familiares pelo tato, fraca qualidade da letra (disgrafia) e erros de leitura e escrita que
indicam falhas na codificação da informação visual, como por exemplo escrita invertida
ou em espelho.
3.3. Etiologia
29
afirmação é realizada uma vez que, no mínimo, um familiar de uma criança disléxica é
portador de dislexia. Cerca de 30% a 40% dos irmão de crianças disléxicas poderão,
também eles, serem disléxicos.
As causas da dislexia, segundo Torres e Fernández (2001), podem ser várias e
dependem muito de vários fatores, entre eles os fatores neurológicos e cognitivos.
No que se refere aos fatores neurológicos, as autoras afirmam que estes se
encontram associados à relação existente entre lateralidade, dominância cerebral e
erros dos indivíduos disléxicos. Considerou-se, primeiramente, que os disléxicos tinham
falta de dominância hemisférica para a linguagem, apresentando como principais razões
as seguintes afirmações:
“a) As crianças produzem inversões e imagens em espelho – por exemplo: parto em vez de
prato, …;
b) As inversões e as imagens em espelho correlacionam-se com uma dominância cerebral
incompleta;
c) A ausência de dominância hemisférica associa-se a deficiências da organização cerebral
e, por conseguinte, os disléxicos são diferentes dos não-disléxicos” (Torres & Fernández,
2001, p. 8).
Contudo, e segundo as mesmas autoras, estas afirmações apresentam algumas
dúvidas, uma vez que nem todos os disléxicos produzem erros de inversão ou em
espelho e não contemplam a plasticidade do funcionamento hemisférico no desenrolar
do desenvolvimento, assim como, apresentam problemas metodológicos em relação às
possíveis diferenças entre rapazes e raparigas.
No seguimento dos estudos, defendeu-se a existência de um atraso na maturação
do desenvolvimento cerebral funcional dos leitores disléxicos. Todavia, concluiu-se que
“as dificuldades na leitura têm origem em problemas perceptivo-motores que
posteriormente se associam a dificuldades auditivo-linguísticas” (Torres & Fernández,
2001, p.9).
Mais tarde sugeriu-se que a síndrome disléxica poderia ser uma manifestação de
uma representação bilateral do processamento espacial, no hemisfério direito, que
interferiria com o processamento das funções linguísticas do hemisfério esquerdo,
permitindo assim afirmar que os disléxicos apresentariam um funcionamento deficitário
do hemisfério direito.
30
Em relação aos fatores cognitivos é importante referir os principais défices
cognitivos, segundo Torres e Fernández (2001), encontrados em alunos disléxicos. São
eles:
- Défices percetivos e da memória:
“chegou-se à conclusão de que os disléxicos têm problemas perceptivos quando os
estímulos apresentados têm um carácter verbal. Os sujeitos evidenciam problemas na
leitura não apresentam problemas de percepção visual, mas já os manifestam quando se
requere a atribuição de um nome – uma “etiquetagem” verbal – a uma configuração visual”
(Torres & Fernández, 2001, p.11).
- Défices no processamento verbal: efetuada a analise dos problemas específicos de
linguagem dos disléxicos considerou-se que “… não se trata de um problema
conceptual, uma vez que a sua inteligência é normal surgindo as dificuldades surgem
nos momentos em que têm de abstrair e generalizar a informação verbal, em tarefas de
transferência de informação ou quando têm de realizar integrações visuoverbais”
(Torres & Fernández, 2001, p. 11).
“Quando lêem recordam-se essencialmente das cadeias de palavras letra a letra
mas não conseguem lembrar-se dos termos exactos nem dos seus significados” (Smith,
1983, cit. por Torres & Fernández, 2001, p. 12).
Segundo Fonseca (2004), existem duas causas para a origem da dislexia - as
causas exógenas, ou seja, causas exteriores à criança onde o envolvimento é
predominante; e as causas endógenas, isto é, causas interiores da criança, que se
evidenciam em termos de desenvolvimento desarmónico, de dificuldades no
processamento da informação.
No que diz respeito às causas exógenas realça as seguintes:
“- Má frequência escolar;
- Deficiente orientação pedagógica;
- Inexistência de ensino pré-primário;
- Recursos do ambiente escolar (oposição);
- Problemas de motivação cultural;
- Falta de hábitos de trabalho;
- Falta de aprendizagem mediatizada; …” (Fonseca, 2004, p.461).
Em relação às causas endógenas salienta as seguintes:
“- Carências instrumentais;
- Dificuldades de processamento da informação visual e auditiva;
31
- Imaturidade psicomotora com problemas de imagem do corpo, de lateralidade e de
orientação no espaço e no tempo;
- Deficiente desenvolvimento da linguagem ou imaturidade psicolinguística (expressão
limitada, vocabulário diminuto, construção sintáctica pobre, problemas de comunicação
verbal), etc.;
- Problemas orgânicos e genéticos que se podem reflectir na dificuldade de aprendizagem,
como sejam, por exemplo: o problema do SNC, disfunções cerebrais, diabetes, anomalias
enzimáticas, afecções congénitas dos elementos constituintes do sangue, etc.;
- Hipersensibilidade, superestimulação e hiperatividade com problemas globais de atenção”
(Ong, 1968, citado por Fonseca, 2004, p. 461).
O mesmo autor refere que estas duas causas não aparecem isoladas uma da
outra, e não se opõem. As duas estão interligadas, existindo uma dinâmica dialética, isto
é, umas são condições das outras.
São apontados como causas ou fatores de risco e de prognóstico, assim
mencionados no DSM-5 (2014), os seguintes:
- Ambientais: a prematuridade, o baixo peso à nascença e a exposição pré-natal à
nicotina;
- Genéticos e fisiológicos: a hereditariedade, ou seja,
“A história familiar de dificuldades de leitura (dislexia) e as capacidades de literacia
parentais predizem os problemas de literacia ou perturbação da aprendizagem específica
nos descendentes, … Existe uma elevada hereditabilidade tanto para a capacidade como
para a incapacidade de leitura em línguas alfabéticas e não alfabéticas…” (DSM-5, 2014. p.
85).
- Modificadores do curso: a desatenção, o atraso ou perturbações na fala/linguagem nos
anos pré-escolares associado à falta de intervenções adequadas e a comorbilidade com
PHDA.
3.4. Prevalência
33
3.5. Comorbilidades da Dislexia
34
- inadaptação pessoal – encontrasse, com alguma facilidade, um conjunto de
comportamentos, nas crianças disléxicas, que demonstram níveis de desajuste
emocional. Estudos revelam três comportamentos fundamentais, são eles: insegurança,
presunção e teimosia.
- Características manifestadas no contexto escolares:
As caraterísticas escolares mais evidentes encontram-se relacionadas com a
leitura, a escrita. Para além destas áreas, que são o cerne dos problemas da dislexia,
estes alunos deparam-se com dificuldades acrescias na disciplina de história, revelando
dificuldades na captação das sequências temporais; na de geografia onde as dificuldade
se encontram no estabelecimento de coordenadas e na de geometria devido às
dificuldades que apresentam nas relações espaciais.
Por sua vez, a leitura nas crianças disléxicas revela-se lenta, sem ritmo, lendo
parcialmente as palavras, fazendo alguma confusão quanto à ordem das letras, inversões
de letras ou palavras e incapacidade na leitura fonológica. No que diz respeito à escrita,
a mesma provoca um cansaço muscular que conduz a uma caligrafia irregular, com
letras pouco diferenciadas e mal elaboradas. Devido a uma perceção e memorização
visual pouco eficientes a criança disléxica poderá ostentar uma ortografia precária.
É de salientar que as características da dislexia poderão ser observadas no dia a
dia da criança em tarefas muito simples como o distinguir a esquerda da direita (falha na
lateralidade). Por este motivo e não só, Torres e Fernandez (2001) afirmam que
“uma intervenção correta permite seguramente diminuir o impacto das manifestações mais
tardias da dislexia, como a dificuldade em elaborar frases correctamente, a utilização
inadequada de tempos verbais, a leitura vacilante e mecânica, ou as dificuldades de
compreensão, principalmente quando a leitura é silenciosa” (p.15).
35
O conhecimento das características - sinais e sintomas - de qualquer perturbação,
problema ou dificuldade permite que os pais e professores sinalizem a criança para um
especialista, para além de constituir uma importante informação diagnóstica para este
profissional. Torres e Fernández (2001) defendem que a deteção precoce da Dislexia é
altamente benéfica para a redução do seu impacto, por isso é importante referir que os
indicadores primários podem verificar-se a dois níveis: na fala ou na linguagem e na
psicomotricidade. Para qualquer deles, a faixa etária mais típica de manifestação situa-
-se entre os 4 e os 6 anos, aproximadamente.
Existem alguns sinais que podem indiciar dificuldades futuras. Se esses sinais
forem observados e se persistirem ao longo de vários meses os pais devem procurar
uma avaliação especializada. Não se pretende ser alarmista, mas sim estar consciente de
que, se uma criança mais tarde tiver problemas, os anos perdidos não podem ser
recuperados. A intervenção precoce é provavelmente o fator mais importante na
recuperação dos leitores disléxicos.
Shaywitz (2008) refere os seguintes sinais de alerta:
36
3.6.2. No jardim-de-infância e pré-escolar
b) Problemas de linguagem
- Discurso pouco fluente com pausas, hesitações, «um’s»...
- Pronúncia incorrecta de palavras longas, não familiares e complexas.
38
- Uso de palavras imprecisas em substituição do nome exacto: a coisa, aquilo, aquela
cena...
- Dificuldade em encontrar a palavra exacta, humidade/humanidade...
- Dificuldade em recordar informações verbais, problemas de memória a curto termo:
datas, nomes, números de telefone, sequências temporais, algoritmos da
multiplicação…
- Dificuldades de discriminação e segmentação silábica e fonémica.
- Omissão, adição e substituição de fonemas e sílabas.
- Alterações na sequência fonémica e silábica.
- Necessidade de tempo extra, dificuldade em dar respostas orais rápidas.
3.7. Diagnóstico
39
de leitura já deverão estar adquiridas. É normal que crianças com esta patologia recusem
a realizar atividades que envolvam a leitura. Por isso o professor deve estar atento a
algumas características especificas apresentados pela criança (Nielsen, 1999; Cruz,
2009; Moura, 2011, citado por Coelho, 2013), são eles:
- Na oralidade:
- dificuldade em utilizar as palavras adequadas para comunicar;
- Frases curtas e pobres (vocabulário restrito);
- repetição de sílabas/palavras.
- Na leitura e escrita:
- dificuldades a nível da consciência fonológica;
- confundem letras, sílabas e palavras com grafia semelhante (“a-o”; “m-n”; “i-
j”; …) e grafia semelhante com diferente orientação espacial (“b-d”; “d-p”; “n-u”; …);
- inventam sílabas ou palavras;
- omitem ou adicionam sons, sílabas ou palavras;
- dificuldades nas palavras homófonas – palavras com o mesmo som e grafia
diferente;
- dificuldades na divisão silábica;
- escrita em espelho (“p-q”; “b-d”);
- grandes dificuldades na construção e organização de ideias para a escrita
criativa.
No entanto é necessário que o diagnóstico seja o mais precoce possível, uma vez
que, quanto mais tarde se diagnostique a criança mais poderá comprometer a sua vida
académica e social.
A formulação do diagnóstico de dislexia requer a conjugação de esforços de uma
equipa multidisciplinar, requerendo testes adequados, administrados por profissionais
competentes, para a comprovação do problema. Na opinião de Ribeiro e Batista (2006),
um diagnóstico adequado exige a cooperação do professor do ensino regular, do
professor de educação especial, do psicólogo e do médico. Para estes autores poderão
ser realizadas quatro tipos de avaliação, são elas:
- Avaliação Neuropsicológica, afim de identificar os problemas inerentes ao
funcionamento cerebral;
- Avaliação Psicolinguística, para identificar os mecanismos responsáveis pela dislexia;
40
- Avaliação Psicológica, para a realização de um exame psicológico em que serão
avaliadas as áreas da linguagem, leitura, nível de inteligência e memória imediata;
- Avaliação Compreensiva, que consiste na avaliação de áreas básicas de
desenvolvimento.
Segundo o DSM-5 (2014), a característica essencial para diagnosticar a Dislexia
encontra-se patente no Critério de Diagnóstico A, isto é, a dificuldade em aprender
capacidades académicas-chave, com inicio nos anos de escolaridade formal. “As
capacidades académicas-chave incluem a leitura de palavras simples com precisão e
fluência, compreensão da leitura, expressão escrita e soletração, cálculo aritmético e
raciocínio matemático…” (DSM-5, 2014, p. 80). Uma das manifestações mais comuns
da Dislexia são as dificuldades em aprender a correspondência das letras com os sons da
sua língua – ler palavras escritas.
3.8. Intervenção
41
“Os programas de intervenção centrados em exercícios de linguagem têm
melhores resultados, que os que focalizam apenas o treino visuomotor ou
visuopercetivo” (Bautista, 1993, p. 145).
As intervenções com crianças identificadas (ou sinalizadas) com dislexia devem
ter em consideração: a idade em que ocorre a identificação, a intensidade, a frequência e
o conteúdo da instrução, a monitorização constante, a articulação entre os intervenientes
e a competência do professor.
O programa de intervenção tem como objetivo a reeducação das áreas
subdesenvolvidas que revelam necessidade de desenvolvimento ou otimização.
Associadas ao programa de reeducação da Dislexia podem constar ainda, outras
estratégias de intervenção facilitadoras do processo da aprendizagem da criança.
Sempre que possível, a metodologia aplicada em sessões de intervenção deve ser
utilizada em todos os contextos onde a criança se insere, nomeadamente em casa e na
escola. Ao longo do processo de intervenção, deverão ser realizadas reavaliações
periódicas, no sentido de recolher informação acerca do ritmo de desenvolvimento, das
áreas ainda subdesenvolvidas e da continuidade da intervenção.
Os termos reeducação e intervenção são utilizados pelas autoras Torres e
Fernández (2001) para falar de reabilitação da dislexia, pois para as mesmas esta
denominação descreve de forma clara um conjunto de procedimentos psicológicos
destinados a alterar e melhorar os processos que o requerem, assim como sublinha que o
objetivo terapêutico é a educação das funções alteradas a partir das capacidades
disponíveis, de forma a que a leitura e a escrita atinjam níveis suficientes. As mesmas
autoras referem que tanto a exploração como a intervenção devem iniciar-se o mais
cedo possível - entre os 4 e os 6 anos - de forma a evitar o aparecimento de problemas
mais severos.
Para realizar o tratamento neuropsicológico da Dislexia é necessário seguir os
seguintes passos concretos, segundo Hynd e Cohen (1987, citado por Torres e
Fernández, 2001):
- “Avaliação das potencialidades e vulnerabilidades neuropsicológicas de cada criança…”;
- “Relacionar as capacidades neuropsicológicas da criança com um método terapêutico
destinado a estimulá-las…”;
- “Aumentar a motivação e autoconfiança durante toda a intervenção...” (p. 53).
Esta intervenção deve também obedecer a alguns princípios. Sendo eles:
42
- “Descrever de modo claro e objetivo a terapêutica a seguir, para que outros profissionais
possam aplicá-la”;
- “Levar a cabo a intervenção através de profissionais treinados nos procedimentos
terapêuticos escolhidos”;
- “Intervir durante um período de tempo suficientemente prolongado para provocar o
desenvolvimento das capacidades disponíveis” (Torres e Fernández, 2001, p. 53).
Em relação à intervenção psicolinguística na Dislexia realizam-se de acordo
com as seguintes fases:
- Identificação de mecanismos que falham quando a criança tem de reconhecer letras,
produzir palavras ou, a partir da leitura e/ou escrita de um termo, aceder à sua
representação semântica ou ao seu significado;
- Aplicação de estratégias de intervenção orientadas para o mecanismo afetado e para os
erros que este origina. Este procedimento permite o desenvolvimento de programas de
intervenção individualizados, uma vez que se tem em consideração os défices tanto nos
pré-requisitos para a aprendizagem da leitura e da escrita como nas destrezas inerentes à
leitura e à escrita.
Durante a intervenção, segundo Torres e Fernández (2001), devem ser
trabalhadas a auto-estima e a motivação, uma vez que as crianças disléxicas ostentam
uma baixa auto-estima devido à frustração em relação ao insucesso escolar. Perante
estes aspetos é urgente que em todas as escolas sejam elaborados programas de
intervenção eficazes, assim como uma intervenção precoce nos jardins de infância de
forma a prevenir.
43
intervenção engloba a memória visual, auditiva, articulatória, tátil, grafomotora e
rítmica.
44
- garantir que a leitura é constantemente monitorizada.
- Método Fonomímico – Elaborado por Paula Teles (Teles, 2009) consiste num método
fónico e multissensorial de desenvolvimento das competências fonológicas, de ensino e
reeducação da leitura e escrita, estruturado e cumulativo tendo como principal objetivo
treinar e automatizar as fusões silábicas sequenciais de forma a realizar a descodificação
automática e imediata de cada palavra e a aquisição de uma leitura fluente,
compreensiva e expressiva. A criança, através deste método, ativa todos os sentidos –
ouve, vê e faz o gesto identificador de cada fonema. Vários são os materiais disponíveis
neste método, como exemplos: cartões fonomímicos e cantilenas do abecedário,
abecedário e silabário, livros de leitura e ortografia e o vocabulário cacográfico. Todos
estes materiais trabalham a consciência fonémica, a leitura, a ortografia, a escrita e a
automatização de todas estas áreas de aprendizagem.
Para Shaywitz (2008) de forma a serem eficazes, os programas de intervenção
devem focalizar:
- o ensino sistemático e direto ao nível da consciência fonémica, procedendo à
identificação e manipulação dos sons da linguagem falada; do método de ensino da
leitura, iniciando na forma como as letras e os grupos de letras representam os sons da
linguagem falada – “ler palavras em voz alta (descodificar); soletrar; ler palavras
irregulares que têm de ser reconhecidas à vista; vocabulário e conceitos; estratégias de
compreensão da leitura” (Shaywitz, 2008, p. 285);
- a rotina na aplicação das competências à leitura e à escrita;
- o treino da fluência;
- vivenciar experiencias como o contar histórias e ouvir falar.
O professor deve apoiar o aluno disléxico tendo em conta algumas atitudes que
deve ter e as que deve evitar. Sendo elas:
Atitudes Positivas – atitudes que o professor deve ter:
- encorajar e elogiar;
- corrigir os conteúdos gramaticais (conhecimentos e não a ortografia);
- destacar os acertos e não realçar os erros;
- privilegiar a avaliação oral;
- ensinar a criança a dividir as palavras longas em sílabas para lhe facilitar a
leitura;
45
- individualizar o ensino;
- dividir a matéria em partes e verificar se ele as compreende;
- repetir a informação as vezes necessárias;
- auxiliar o aluno a relacionar as novas aprendizagens com as experiências já
vividas;
- permitir que o aluno disponha do tempo necessário para organizar o
pensamento e para executar as tarefas;
- marcar trabalhos de casa motivantes e não muito extensos;
- respeitar e avaliar o aluno segundo o seu ritmo de trabalho, reforçando as
iniciativas tomadas e os progressos registados.
Atitudes Negativas – atitudes que o professor deve evitar:
- riscar (a vermelho) os erros, isto é, realçar a parte negativa;
- solicitar ao aluno que faça uma leitura em voz alta, quando este se mostrar
inseguro;
- ridicularizar a criança, ou ser irónico para com ela;
- insistir na correção de todos os erros nas produções escritas;
- compará-lo com os outros;
- obrigá-lo a reescrever o trabalho;
- pedir-lhe para alterar a sua caligrafia.
É de salientar que o trabalho de intervenção que é desenvolvido na escola não
basta, deverá ter continuidade no seio familiar.
Fazendo referência a Sim-Sim (2005), nos dias que correm, temos, em sala de
aula, uma população com ritmos de aprendizagem diferentes, com capacidades a níveis
de funcionamento diversos e com características pessoais e sociais muito distintas
devido à universalização da educação. Esta diversidade veio levantar questões cruciais e
46
de grandes dificuldades aos professores na gestão de sala de aula, assim como na forma
de ensinar crianças com características tão particulares.
Ter a perceção da problemática emocional que é intrínseca à dislexia é de
extrema importância para qualquer professor, pois se as questões emocionais não forem
devidamente geridas, o insucesso pode resultar numa repulsa a todas as atividades
ligadas ao setor escolar. Sendo assim todos os adultos intervenientes no processo de
ensino, isto é, pais e professores, deverão incidir e valorizar todos os progressos obtidos
pelos alunos, mesmo os mais ínfimos progressos. No que diz respeito ao professor é
necessário que este contenha um vasto conhecimento do processo ensino/aprendizagem
da leitura, da escrita e da dislexia de forma a utilizar as estratégias mais adequadas a
cada aluno.
Sendo o professor um dos principais agentes educativos é ele que, maior parte
das vezes, dá o primeiro alerta o que é muito importante para o diagnóstico e a
intervenção precoce. Em 2002 Cogan refere que todos os alunos, mesmo os alunos
disléxicos, podem alcançar o sucesso necessitando apenas de um ensino/aprendizagem
diferenciado. Para que assim seja um professor deve:
- ter em conta que poderá ter em sala alunos disléxicos, mas que ainda não foram
diagnosticados;
- reconhecer que provavelmente existe um desfasamento entre desempenho o escolar (as
classificações) e as capacidades reais do aluno;
- reconhecer que uma criança com DAE – dislexia, pode demorar mais tempo a
aprender e cansa-se com alguma facilidade;
- garantir que os direitos legais do aluno são respeitados, no que se refere às provas de
avaliação, tempo suplementar, etc.;
- demonstrar segurança e ser criativo;
- nunca aplicar um “rótulo” à criança mas sim ao seu comportamento;
- assegurar-se que o ambiente educativo é estruturado, previsível e ordenado, na medida
em que as crianças com DAE reagem de uma forma mais positiva quando estão
reunidas estas condições;
- avaliar o aluno disléxico relativamente aos seus esforços e progressos e nunca
compará-lo com os seus colegas;
- fornecer instruções claras, a ritmo mais lento e/ou repetido.
47
- favorecer, sempre que possível, a avaliação oral dos conhecimentos uma vez que, na
sua maioria, estes alunos têm maior facilidade em expressar os seus conhecimentos
oralmente;
- fornecer ao aluno disléxico informações claras sobre a estrutura das aulas, para que
desta forma seja mais fácil assimilar os conteúdos (a informação nova deve ser repetida,
dada a sua diminuta memória de trabalho e às dificuldades de atenção);
- valorizar as capacidades da criança e procurar ensiná-la, apoiando-se nos seus pontos
fortes;
- atribuir mais tempo para a realização dos trabalhos;
- avaliar os trabalhos escritos e os testes pelo conteúdo e não descontar os erros
ortográficos;
- aceitar que o aluno disléxico se distraia e canse com mais facilidade do que os outros
colegas, uma vez que a leitura para ele implica um esforço maior;
- ter em consideração que para estes alunos, ouvir e escrever simultaneamente pode
tornar-se difícil;
- colocar o aluno à vontade para que este coloque questões durante a aula, sempre que
não perceba os conteúdos lecionados;
- sentá-lo nas primeiras filas e prestar-lhe uma atenção individualizada, sempre que
possível;
- ajudá-lo a pronunciar corretamente as palavras, não pretendendo que alcance um nível
leitor igual ao dos colegas;
- evitar, sempre que possível, que o aluno tenha que copiar muita informação do quadro,
podendo no entanto facultar-lhe a informação em fotocópias ou apontamentos
certificando-se sempre se a informação é percetível ao aluno;
- procurar estar informado sobre os problemas patentes na criança disléxica de forma a
poder atuar mais corretamente;
- reconhecer a frustração sentida por um aluno disléxico e que o seu desempenho pode
estar aquém do seu potencial;
- reconhecer possíveis problemas de comportamento ou autoestima;
- fazer com que as outras crianças compreendam a natureza da dislexia, de forma a que
não terem comportamentos menos próprios para com a aluna disléxica.
48
Os professores devem manter determinados comportamentos para lidarem mais
corretamente com a dislexia em sala de aula, assim sendo e de acordo com Fernandes
(2006) e Félix (2009) o professor deve:
- sentar o aluno afastado de portas e janelas para evitar que o mesmo se distraia com
estímulos exteriores;
- sentar o aluno de preferência perto do professor e longe das paredes;
- manter sempre contacto visual com os alunos, tentando nunca falar de costas;
- possibilitar algum movimento extra ao aluno durante as atividades mais longas, pois
estas crianças sentem a necessidade de um momento para acalmar o “esforço mental”
que realizam aquando das atividades, principalmente se for uma atividades com o
código escrito;
- adotar uma rotina de aula clara e previsível;
- dar enfase às palavras-chave da matéria que está a lecionar, podendo destaca-las com
um marcador, de forma a facilitar a retenção da informação por parte do aluno;
- verificar os trabalhos do aluno com uma maior frequência;
- dividir as atividades, principalmente as escritas e de leitura, em partes menores;
- solicitar resumos orais (parafrasear) da matéria lecionada a fim de perceber se o aluno
compreendeu e só depois passar para a escrita;
- utilizar cores e marcadores durante a explicação da matéria, seja no quadro ou no
livro;
- privilegiar o conteúdo das tarefas e não descontar pelos erros ortográficos nas provas;
- sempre que possível, transformar as tarefas em jogos para que a motivação para a
aprendizagem aumente;
- realizar atividades em conjunto e estimular a participação oral da criança na sala de
aula;
- dar primazia a tarefas visuo-auditivas ou multissensoriais, visto que as tarefas com
mais de uma pista, facilitam a compreensão e assimilação da informação;
- conceder à criança reforços positivos, elogiando o seu esforço, sempre que esta seja
bem sucedida numa tarefa, mesmo que os sucessos sejam diminutos;
- intercalar as atividades de alto e baixo interesse ao longo do dia, não concentrando o
mesmo tipo de tarefas num só período de tempo;
- estimular a utilização de estratégias facilitadoras de leitura como: acompanhar o texto
com o dedo, lápis ou régua;
49
- compreender que as dificuldades destas crianças são reais e neurológicas e que eles
necessitam de tratamento especializado para evoluir como os demais, mas nunca
privilegiar a criança por ter dislexia;
- nos momentos de avaliação, e não só:
- apresentar textos mais curtos, questões mais diretas, leitura e explicitação das
mesmas por parte dos professores;
- elaborar provas ainda mais curtas;
- apresentar enunciados ampliando o espaço entre linhas, o espaço para a
resposta, ter cuidado com a nitidez., etc. .;
- proceder à adaptação das instruções - as perguntas devem ter baixa
complexidade morfossintática, semântica e lexical, podendo ser utilizados testes com
respostas múltiplas;
- relembrar o aluno que leia atentamente/reveja os testes antes de os entregar;
- não contabilizar os erros ortográficos, embora sejam naturalmente corrigidos;
- compreender que os alunos disléxicos tendem a construir textos mais curtos e
pobres de conteúdo;
- diversificar os meios de avaliação, dando maior peso à oralidade;
- privilegiar a avaliação contínua, dado ser comum que os disléxicos apresentem
um desempenho instável e com retrocessos.
Por fim e não menos importante, pois só assim poderemos realizar um bom
trabalho de forma a ajudar estas crianças a progredirem nos estudos, o professor deve
manter um contacto periódico com os profissionais que trabalham diretamente com
criança, a fim de saber o que já foi trabalhado e qual a melhor forma de proceder em
sala de aula.
Cada vez se exige mais ao professor, tanto como transmissor de conhecimentos
como ser cultural. De forma a assegurar a todos os alunos as condições para o sucesso
escolar é de extrema importância a formação dos professores na área das DAE, para que
possam orientar da melhor forma, utilizando as estratégias mais adequadas, os alunos
disléxicos. Segundo Cogan (2002) nesta formação dever-se-ia abordar aspetos como a
correspondência grafema/fonema, a ligação entre a linguagem oral e a escrita, os
diferentes modelos de funcionamento do processo de leitura, sendo eles: o de tratamento
descendente; o de tratamento ascendente; e os combinados e interativos de
50
aprendizagem da leitura, assim como as suas implicações nas dificuldades da leitura; a
estrutura fonémica da língua, regras de ortografia, sintaxe, semântica.
51
implementação de um apropriado programa de leitura. Assim corroboram Beard, R.,
Leite,I,, Siegel, L., (2010) afirmando que os professores necessitam de melhorar a sua
formação no que concerne à compreensão e ao conhecimento dos métodos fónicos, à
sua capacidade de fazer emergir o gosto pela leitura e levar à discussão de vários textos
de géneros diversificados, assim como a utilização de técnicas de leitura, isto é, leitura
partilhada ou orientada.
O professor de NEE, na ótica de Condemarin e Blomquist (1986), deve
promover atitudes positivas no que diz respeito à aprendizagem da leitura em crianças
disléxicas, trabalhando de forma compreensiva e estimulante, para tal é necessário que
apresente as seguintes características:
- conhecimento dos métodos de ensino da leitura;
- conhecimento das investigações e teorias relativas à leitura;
- capacidade para organizar, adaptar ou criar materiais;
- capacidade de fomentar uma boa relação com os pais.
Dentro do mesmo ideal, Lopes (2010), refere que é crucial que os professores conheçam
os processos da aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita, pois só assim serão
capazes de trabalhar com as dificuldades que os alunos apresentam na leitura. O mesmo
autor menciona ainda que é elementar, por parte dos professores, que tenham
consciência que a aprendizagem não é linear e que haverá momentos de rápida evolução
e outros em que o desenvolvimento ficará aquém do espectável.
No Decreto-Lei 3/2008, de 7 de janeiro, a função do professor de NEE tem
como objetivo adequar o processo ensino-aprendizagem de forma a promover a
aprendizagem e a participação de todos os alunos, sendo uma das medidas possíveis o
apoio pedagógico acrescido (art.º 17.º), o qual aponta para:
- O reforço das estratégias utilizadas no grupo ou turma aos níveis da organização, do
espaço e das atividades;
- O estímulo e reforço das competências e aptidões envolvidas na aprendizagem;
- A antecipação e reforço da aprendizagem de conteúdos lecionados no seio do grupo ou
turma;
- O reforço e desenvolvimento de competências específicas.
Nas horas destinadas ao apoio na reeducação de alunos com dislexia, o professor
deverá realizar um trabalho específico e especializado à criança.
52
Capítulo II – Estudo Empírico
53
em alcançar o sucesso académico. Devido a esta relevância, Pereira (2009) refere que
estudos sobre a temática da Dislexia devem continuar para que, cada vez mais, seja
possível ajudar, mais precocemente, as crianças com esta dificuldade, visto que uma
rápida e eficaz intervenção irá traduzir-se numa melhor reeducação. Também Correia
(2008) menciona que perto de 5% dos nossos alunos que revelam DAE não são
devidamente acompanhados. Posto isto, pareceu pertinente elaborar o presente estudo
de forma a contribuir para que, cada vez mais, os professores do 1º CEB, estejam alerta
aos possíveis indicadores de dislexia presentes nos seus alunos.
Saber quais as práticas, perceções, dificuldades e estratégias dos professores do
1º CEB é de extrema importância para podermos agir, como tal o presente estudo
pretende conhecer as várias estratégias/práticas implementadas pelos professores
quando confrontados com alunos com dificuldades de aprendizagem da leitura.
Pereira (2009) refere que em Portugal existe uma percentagem muito
significativa de alunos com DAE, nomeadamente Dislexia, o que contribui para as taxas
elevadas de insucesso escolar existentes no nosso país. Em grande parte, somos nós, os
professores do 1º CEB que podemos fazer a diferença, mas para que isso possa
acontecer é necessário estar informado e atento para esta temática.
2. Objetivos do Estudo
54
2.2. Objetivos específicos:
55
- qualidades de pertinência: deverá tentar compreender os fenómenos estudados, ser
uma verdadeira pergunta.
Tendo como referência as qualidades apresentadas pelos autores anteriormente
referidos, as questões que sustentam e orientam a nossa investigação são:
- Quais as conceções dos professores do 1º Ciclo acerca da dislexia?
- Quais as práticas de ensino-aprendizagem implementadas pelos professores do 1º
Ciclo quando confrontados com alunos com dislexia?
Mais especificamente pretendemos saber:
Q1 - Como é percecionada a Dislexia pelos Professores do 1º Ciclo do Ensino
Básico?
Q2 - Quais as maiores dificuldades sentidas pelos Professores do 1º Ciclo do
Ensino Básico ao trabalharem com crianças disléxicas?
Q3 - Quais os indicadores mais assinalados, pelos Professores do 1º Ciclo do
Ensino Básico, para sinalizar uma criança disléxica?
Q4 - Os Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico consideram que a sua
formação corresponde às necessidades sentidas para trabalhar com uma criança
disléxica?
Q5 - Quais as práticas / estratégias de intervenção mais utilizadas pelos
Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, de forma a melhorar o desenvolvimento
escolar dos alunos disléxicos?
Q6 - Quais os tipos de apoio, que os Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico
consideram fundamentais para as crianças disléxicas?
56
Estudo I
4. Metodologia de Investigação
57
Recorremos ao inquérito por questionário, para efetuar a recolha de dados, pois
trata-se de um instrumento fiável (Carmo & Ferreira, 2008; Tuckman, 2012). É de
salientar que, aquando da elaboração do inquérito, foram tidos em atenção vários
aspetos, entre eles: as perguntas e instruções serem claras, maior parte das questões
serem fechadas apresentando um número de possíveis respostas adequado. Acresce
ainda o facto de o recurso ao inquérito como instrumento de pesquisa, tornar a obtenção
de dados fácil e rápida, conduzindo a uma simplicidade e objetividade de processos na
análise dos mesmos (Carmo & Ferreira, 2008).
De forma a facilitar a leitura da caracterização da amostra e de resumir toda a
informação contida no estudo optou-se por recorrer à estatística descritiva visto a
mesma ter como objetivo a descrição dos dados de uma amostra.
4.2. Amostra
58
variante Educação Visual e Tecnológica; 1 Professor do 2º CEB– variante
Português/Inglês e 1 Professor do 2º CEB que não especificou qual a variante.
59
Tabela 5 - Distribuição da amostra em relação às habilitações literárias
Habilitações Literárias Frequência Percentagem
Bacharelato 1 1%
Licenciatura 64 62%
Pós-graduação 12 12%
Mestrado 25 24%
Doutoramento 1 1%
Outro 0 0%
Total 103 100%
60
Tabela 7 - Distribuição da amostra em relação ao número de alunos por turma
Número de alunos Frequência Percentagem
Menos de 15 3 3%
15 a 20 11 11%
21 a 25 36 35%
26 a 30 53 51%
Total 103/107 100%
Para recolha de dados enveredou-se pelo inquérito por questionário, visto este
ter um caráter preciso e formal na sua construção, assim como uma fácil e prática
aplicação, concedendo a possibilidade de comparar as respostas dos vários sujeitos da
amostra (Quivy & Campenhouldt, 2005). Vários foram os motivos tidos em conta na
escolha do inquérito por questionário. São de salientar algumas afirmações feitas por
vários autores: “O questionário constitui o meio mais rápido e barato de obtenção de
informações, além de não exigir treinamento de pessoal e garantir o anonimato” (Gil,
2002, p.116); é uma técnica que permite “interrogar um grande número de pessoas (...),
e quantificar uma multiplicidade de dados” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p.191).
De forma a confirmar a validação dos questionários, foram aplicados numa
primeira fase, denominada como pré-teste 18 questionários (Apêndice I) a professores
61
do 1º CEB em atividade. Após a devolução dos mesmos, foram realizadas alterações
pertinentes, sugeridas pelos inquiridos no pré-teste, dando origem ao questionário final
(Apêndice II). Posteriormente foram aplicados 103 questionários a professores do 1º
CEB.
A elaboração do questionário regeu-se por uma determinada estrutura, ou seja,
primeiramente foi colocada uma nota introdutória - na qual se explica o objetivo do
estudo e o contexto no qual está inserido; de seguida apresentaram-se instruções de
preenchimento - de forma a facilitar as respostas; e por fim foram colocadas questões de
identificação seguidas de questões com o intuito de perceber quais as conceções e
práticas dos professores do 1º CEB sobre a Dislexia.
O questionário foi estruturado em três partes:
- Identificação: na qual foram colocadas seis questões sociodemográficas, com o
intuito de recolher dados sobre o perfil de cada inquirido - sexo, idade, habilitações
literárias, formação inicial, nível de ensino que leciona e tempo de serviço.
- Conhecimento da problemática: foram elaboradas nove questões, cinco das
quais com alíneas, sendo uma delas de resposta aberta, sujeita a análise de conteúdo,
com o intuito de perceber se os professores se sentem preparados para lidar com uma
criança disléxica. As questões realizadas prenderam-se com a intenção de proceder à
recolha de dados referente:
- à experiência profissional dos inquiridos com alunos disléxicos;
- à colaboração dos vários profissionais intervenientes no processo de
intervenção;
- às perceções dos professores relativamente à temática da Dislexia;
- à capacidade, ou não, dos inquiridos identificarem os alunos disléxicos
de acordo com as características apresentadas pelas crianças;
- à formação, suficiente ou não, dos professores de forma a lidarem
corretamente com os alunos disléxicos;
- Conhecimento de estratégias: às dificuldades sentidas pelos professores no
processo de ensino-aprendizagem, assim como todo o trabalho desenvolvido com
crianças disléxicas;
- ao conhecimento de práticas e estratégias de intervenção com crianças
disléxicas por parte dos professores.
62
A aplicação dos inquéritos foi realizada através de uma amostragem não
probabilística e de conveniência abarcando 103 indivíduos. As questões formuladas
foram na sua maioria de caráter fechado, de forma a que as respostas fossem restritas e
objetivas, facilitando a análise das mesmas através de técnicas quantitativas.
4.4. Procedimentos
Tabela 10 - "Para colmatar as dificuldades destes alunos, tem vindo a obter algum tipo de
apoio?"
Apoio Frequência Percentagem
Sim 84 97%
Não 3 3%
Total 87 100%
De forma a perceber que tipo de apoio foi prestado aos alunos dos 87
professores, que afirmaram ter obtido apoio, colocou-se uma questão de resposta
múltipla, na qual os professores indicavam qual o técnico que prestou esse apoio –
“Esse apoio foi prestado por um:”. Conforme está indicado na Tabela 11, esse apoio foi
prestado por vários técnicos de educação. É de salientar, que os inquiridos poderiam
optar pelas quatro respostas possíveis. Denota-se uma escolha maioritária nos
Professores de Apoio Pedagógico e Psicólogos, sendo que 70 professores inquiridos
(43%) declaram ter tido apoio por parte do Professor de Apoio Pedagógico e 60 por
parte de um Psicólogo (37%). O apoio prestado por um Terapeuta da Fala foi assinalado
por 19 inquiridos (12%) e somente 14 professores (8%) indicaram o apoio prestado por
um Professor de Necessidades Educativas Especiais.
64
Tabela 11 – Tipos de técnicos de apoio às crianças disléxicas
Técnicos de Educação Frequência Percentagem
Professor de Necessidades Educativas
14 8%
Especiais
Professor de Apoio Pedagógico 70 43%
Psicólogo 60 37%
Terapeuta da Fala 19 12%
Total 163 100%
Uma das questões orientadoras desta investigação tinha como objetivo saber
“Como é percecionada a Dislexia pelos Professores do 1ºCiclo do Ensino Básico?”
(Q1), posto isto quisemos saber na opinião dos inquiridos que dificuldade se encontra
patente na Dislexia e se a mesma é de caráter permanente ou temporário.
A amostra foi unanime (100%) em relação à dificuldade que a Dislexia
representa, tendo os 103 inquiridos respondido que é uma dificuldade na leitura e na
escrita.
No que diz respeito ao caráter da Dislexia, podemos observar e confirmar os
dados na Tabela 13, que 81 dos professores (79%) referem que é uma problemática
permanente, 19 professores (18%) defendem que é uma problemática temporária e 3
professores (3%) mencionam que não sabem responder.
65
Tabela 13 – Distribuição dos professores inquiridos em relação ao caráter da Dislexia
Caráter Frequência Percentagem
Permanente 81 79%
Temporário 19 18%
Não sei responder 3 3%
Total 103 100%
66
podemos verificar na Tabela 16. Os professores foram unanimes excluindo o
“Comportamento” como sendo uma dificuldade e selecionando como uma das
principais dificuldades a “Leitura”. 41 professores (16%) apontaram como dificuldade a
“Expressão oral”, 40 incidiram na dificuldade do “Ensino-aprendizagem” (16%), na
dificuldade de “Interpretação” responderam 35 professores (14%) e 29 inquiridos (11%)
afirmaram que crianças disléxicas tem maiores dificuldades na “Compreensão”. Com
menos relevância para os professores inquiridos encontramos a “Motivação”, com 20
professores (8%), a “Orientação espacial”, com 18 professores (7%) e por fim a
“Ortografia” selecionada por 14 professores (5%).
67
Tabela 17 – Distribuição dos professores relativamente à perceção que têm da sua formação
Portador de formação na área da Dislexia Frequência Percentagem
Sim 31 30%
Não 72 70%
Total 103 100%
Dos 31 professores (100%) que declararam ter formação suficiente para lecionar
a crianças disléxicas, 20 referiram ter assistido a “Formações em Dislexia” (50%), 10
mencionaram ter uma “Pós-graduação em NEE” (25%), 6 assumiram que a “Formação
inicial” era suficiente (15%), 3 referiram ter “Mestrado em NEE” (8%) e 1 faz
referência a “Conferencias e Debates” (2%). Como se pode verificar na Tabela 18, foi
dada a possibilidade aos professores de mencionarem mais do que uma hipótese, logo a
frequência é de 40.
68
Tabela 19 – Distribuição dos professores relativamente às dificuldades sentidas ao trabalhar
com disléxicos
Dificuldades Frequência Percentagem
Falta de conhecimento da Dislexia 2 2%
Preparação de estratégias variadas 49 47%
Falta de recursos 6 6%
Turmas numerosas 46 45%
Outras 0 0%
Total 103 100%
Tabela 20 – Distribuição dos professores relativamente à perceção que têm sobre a sua
preparação para lidar com disléxicos em contexto sala de aula
Tem preparação para trabalhar com alunos
Frequência Percentagem
disléxicos
Sim 31 30%
Não 72 70%
Total 103 100%
69
Apresentando como categoria as estratégias, sete professores mencionaram que
se sentiam preparados para trabalhar com disléxicos, visto terem facilidade na
preparação das estratégias mais adequadas às crianças em causa.
No que se refere ao conhecimento da problemática da dislexia, como
subcategoria do conhecimento, reteve-se cinco unidades de registo. Dez professores
mencionaram que trabalhavam com crianças disléxicas com regularidade, dois referiram
somente que tinham conhecimento da temática, um professor referiu que dependia do
grau de dislexia da criança, outro mencionou efetuar pesquisas de forma a manter-se
informado e organizado, tendo um dos professores respondido somente “Sim”.
A cooperação foi uma das categorias apresentadas por um professor tendo como
unidade de registo o trabalho de cooperação entre o professor, os psicólogos e o
professor de NEE.
Por fim, foi mencionado como categoria a formação dos professores, na qual foi
indicada a formação académica como subcategoria e repartida por quatro unidades de
registo. Três dos professores referiram ter um elevado tempo de serviço o qual, na sua
perspetiva, lhes confere formação suficiente para lecionar a disléxicos. Vinte e cinco
professores referiram ter formação específica na temática, sendo que vinte professores
alegaram ter assistido a várias formações em Dislexia, dois professores disseram ter
realizado pós-Graduação em NEE e três professores um mestrado em NEE.
Tabela 21 – Justificação dos professores que mencionam estar preparados para lidar com um
aluno disléxico em sala de aula
Unidades de
Categorias Subcategorias Frequência
registo
Sente-se
Preparação de estratégias preparado para
Estratégias 7
variadas trabalhar com
crianças disléxicas
Trabalha com
10
crianças disléxicas
Conhecimento da Conhecimento da
Conhecimento 2
problemática da Dislexia temática
Depende do grau
1
da dislexia
70
Pesquisa de
informação da
temática e 1
posterior
organização
Porque sim 1
Trabalha em
cooperação com
Cooperação com outros
Cooperação psicólogos/ 1
técnicos
professores de
NEE
Tempo de serviço
3
elevado
Formações em
20
Formação Formação académica Dislexia
Pós-Graduações
2
em NEE
Mestrado em NEE 3
51
Dos 62 professores que responderam, não se sentirem preparados para lidar com
crianças disléxicas em contexto de sala de aula, somente 59 justificaram a sua escolha
sendo que os restantes 3 não deram resposta. As suas justificações estão representadas
no Tabela 22.
Trinta e um professores assumiram, perante a categoria de estratégias, não estar
preparados para delinear estratégias variadas para trabalhar com disléxicos.
No que se refere ao conhecimento da problemática da dislexia, como
subcategoria do conhecimento, organizaram-se duas unidades de registo nas quais cinco
professores alegaram não ter conhecimento da problemática e seis referiram que a sua
experiência é muito diminuta ou mesmo nula.
Em relação à categoria das turmas, treze professores referem que as mesmas
atualmente são muito numerosas para termos crianças com problemáticas como a que
estamos a estudar.
71
Por último, na categoria de formação, identificaram-se duas unidades de registo,
nas quais, treze professores referiram não ter formação adequada e um respondeu que
não era da sua competência.
Tabela 22 – Justificação dos professores que mencionam não estar preparados para lidar com
um aluno disléxico em sala de aula
Unidades de
Categorias Subcategorias Frequência
registo
Sente dificuldade
Preparação de estratégias na preparação de
Estratégias 31
variadas estratégias
variadas
Ausência de
conhecimento
5
sobre a
problemática
A sua experiência
Conhecimento da
Conhecimento em relação à
problemática da Dislexia
problemática em 6
estudo é diminuta
ou nula
Depende do grau
2
da dislexia
Número excessivo
Turmas Turmas numerosas de alunos por 13
turma
Não é da sua
1
competência
Formação Formação académica
A sua formação
13
não é a adequada
Não responderam 3
74
Quanto aos indicadores de maior relevância para sinalizar um aluno com dislexia
os professores inquiridos tiveram oportunidade de indicar, cada um, 5 respostas que
72
para eles lhes fosse mais apelativas. Estes dados serviram para dar resposta a uma das
questões orientadoras – “Quais os indicadores mais assinalados, pelos Professores do
1º Ciclo do Ensino Básico, para sinalizar uma criança disléxica?” (Q3).
Como se pode verificar, na Tabela 23, dos cinco indicadores com maior
frequência o mais escolhido foram a “Omissão/adição de letras/sílabas na leitura”, com
97 respostas (19%), seguido de 96 respostas (19%) ao nível de uma “Leitura lenta,
silábica e cansativa”. Com um número menor de respostas, mas na mesma com
relevância, encontra-se a “Substituição de palavras por estas serem “difíceis”
(“Automóvel” – “Carro”)” a qual foi selecionada por 69 dos professores inquiridos
(13%), sucede-lhe o facto de os alunos “Perderem a linha de leitura” a qual foi indicada
por 61 professores (12%), assim como o “Nível de leitura abaixo do esperado para a sua
faixa etária” que foi eleita por 56 professores (11%). Com menor relevância, 28 dos
professores inquiridos (5%) apontaram a “Omissão/adição de letras/sílabas na escrita”,
seguidamente a “Escrita com erros ortográficos” foi selecionada por 26 professores
(5%) e a “Dificuldade de interpretação” foi mencionada por 16 dos professores (3%).
Por sua vez 14 professores (3%) referenciaram a “Recusa da leitura em voz alta perante
os colegas” e com diferença de um professor, isto é 13 professores (3%), mencionam a
“Desmotivação” como um indicador para sinalizar uma criança como possível
disléxico. A “Dificuldade na orientação espacial” foi referida por 10 professores (2%),
seguida de 8 professores (1%) que mencionaram que “Na escrita espontânea demostram
severas complicações – composição e organização de ideias”, também a “Elaboração de
frases curtas e simples” foi referenciada por 6 professores (1%). Com o mesmo número
de respostas encontramos a “Dificuldade de retenção” e as “Alterações
comportamentais”, as quais foram seleccionadas por 4 professores (1%). Seguidamente
com 3 respostas (1%) temos a “Dificuldade de concentração” e por fim somente 2
professores (0%) selecionaram a “Dificuldade de memorização” e a “Caligrafia
irregular”.
73
Tabela 23 – Distribuição dos professores pelos indicadores de maior relevância para sinalizar
um aluno com Dislexia
Indicadores de Dislexia Frequência Percentagem
Desmotivação 13 3%
Alterações comportamentais 4 1%
Leitura lenta, silábica e cansativa 96 19%
Substituição de palavras por estas serem
69 13%
“difíceis” (“Automóvel” – “Carro”)
Omissão/adição de letras/sílabas na leitura 97 19%
Omissão/adição de letras/sílabas na escrita 28 5%
Nível de leitura abaixo do esperado para a
sua faixa etária 56 11%
Caligrafia irregular 2 0%
Escrita com erros ortográficos 26 5%
Dificuldade de interpretação 16 3%
Dificuldade de retenção 4 1%
Dificuldade de concentração 3 1%
Recusa a leitura em voz alta perante os
colegas 14 3%
Dificuldade de memorização 2 0%
Elaboração de frases curtas e simples 6 1%
Perdem a linha de leitura 61 12%
Dificuldade na orientação espacial 10 2%
Na escrita espontânea demostram severas
complicações – composição e organização 8 1%
de ideias
De forma a obter dados para responder a mais uma questão orientadora – “Quais
os tipos de apoio, que os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico consideram
fundamentais para as crianças disléxicas?” (Q6) os professores deram a sua opinião
em relação aos tipos de apoio que deveriam ser prestados aos disléxicos, podendo
assinalar mais do que uma resposta. Como podemos verificar na Tabela 25 a opinião
dos inquiridos incidiu com maior relevância no “Programa Educativo Especial – Apoio
pedagógico” tendo o mesmo 95 respostas (25%), seguido do “Programa Educativo
Especial – Condições especiais de avaliação” com 92 respostas (24%). Um dos tipos de
apoio mais mencionados foi o “Tempo extra para realizar as tarefas” que obteve 88
75
respostas (23%). Os professores referiram ainda 64 vezes (17%) o “Apoio dos
psicólogos”, 29 vezes (8%) o “Apoio com o professor de NEE”, 6 vezes (2%) o
“Programa Educativo Especial - Currículo adaptado” e 2 vezes (0%) a “Psicoterapeuta”.
Por fim 4 professores (1%) selecionaram a opção – “Outros”, tendo referido a família.
Tabela 25 – Opinião dos professores relativamente aos apoios que devem ser prestados aos
disléxicos
Tipos de apoio Frequência Percentagem
Professor de NEE 29 8%
Psicólogo 64 17%
Programa Educativo Especial - Apoio
95 25%
pedagógico personalizado
Programa Educativo Especial - Condições
92 24%
especiais de avaliação
Programa Educativo Especial - Currículo
adaptado 6 2%
Psicoterapeuta 2 0%
Tempo extra para realizar as tarefas 88 23%
Outro 4 1%
Total 380 100%
76
referem (10%) que “Organizam trabalho diferenciado” de acordo com as características
das crianças, 78 inquiridos (9%) alegam organizar a sala de aula evitando fontes de
estimulação para a criança, sentando-a perto de si, … Por sua vez 75 professores (9%)
optam por “Informar o Encarregado de Educação sobre o
comportamento/aproveitamento do aluno”, 44 professores (5%) permite que o aluno
saia da sala (Time-out) e com o mesmo número de referências, 25 professores (4%),
encontramos as estratégias de regras de sala de aula expostas e organização de uma
folha de registos com os progressos do aluno. Com um menor número de respostas
encontramos: a estratégia de “Sugerir à criança que relate o que está a fazer” com 25
respostas (3%), a entrega de “Recompensas sociais” com 16 respostas (2%) e por fim,
com 2 respostas (0%) a oferta de “Recompensas materiais”. Podemos ainda observar 5
respostas (1%) na opção de “Outros”, delineando como única estratégia a leitura
individual (sem os colegas na sala), visto que as restantes 4 respostas referiam que
nunca trabalharam com disléxicos e que responderam o que lhes parecia mais adequado
(2 professores) e que não sabiam responder (2 professores).
77
Repreensões para comportamentos impróprios
(exemplo: por o nome da criança no quadro) 0 0%
Reprimendas verbais 0 0%
Organização de trabalho diferenciado 81 10%
Encaminhar o aluno para o Conselho Executivo 0 0%
Obriga-lo a ler em voz alta 0 0%
Informar o Encarregado de Educação acerca do seu
aproveitamento/comportamento 75 9%
78
Estudo II
5. Metodologia de investigação
Por sua vez, a opção por realizar um segundo estudo e pela seleção de uma
metodologia de caráter qualitativo prendeu-se ao facto desta, segundo Merriam (1998)
ser descritiva e ter como objetivo principal compreender a realidade a partir do seu
contexto natural. Ao contrário da investigação quantitativa, que faz uso dos números de
forma a expressar o que se apreendeu, a investigação qualitativa faz uso das palavras
para exprimir todo o resultado da investigação. Pareceu-nos uma excelente forma de
complementar a nossa investigação, a realização de um estudo com este tipo de
metodologia.
Outra razão pela qual se optou por esta metodologia foi a existência, segundo
Bogdan e Biken (1994), de cinco características fundamentais, sendo elas: o ambiente
natural como fonte de dados, o ser descritiva, o interesse por parte do investigador no
processo e não somente nos resultados, o facto da análise dos dados ser elaborada de
uma forma indutiva e por fim, mas não menos importante, a importância que é atribuída
ao significado.
“A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento: envolve a obtenção de dados descritivos,
obtidos no contacto direto do pesquisador com a situação estudada: enfatiza mais o
processo do que o produto e se preocupam retratar a perspetiva dos participantes” (Bogdan
& Biklen, 1994, p. 213).
Segundo Denzin e Lincoln (2005) os investigadores fazem uso da investigação
qualitativa de forma a analisar os fenómenos no seu contexto natural dando-lhes sentido
ou interpretando-os através dos significados que os outros lhes atribuem. Nesta forma
de investigação, segundo Marques (2006), o investigador encurta a distância entre a
teoria e os dados, entre o contexto e a ação utilizando a compreensão dos fenómenos no
seu contexto natural e na sua generalidade utilizando a sua descrição e interpretação,
assim sendo, favorece a compreensão dos comportamentos a partir da perspetiva dos
sujeitos da investigação.
79
A recolha de dados efetuada perante esta metodologia foi igualmente o
Questionário, mas sob a forma de entrevista estruturada na qual se recolheram
perceções sobre o problema em estudo.
5.2. Amostra
80
Tabela 27 – Caracterização da amostra do Estudo II
Perg.1 Perg.2 Perg.3 Perg.4 Perg.5 Perg.5.1. Perg.6
Sexo Habilitações Literárias Formação Inicial Ano a que Leciona
Nº de Tempo
Professor Prof.
Idade alunos de
M F B. L. P.G. M. D. E.B. – Outro 1º 2º 3º 4º
por turma Serviço
1ºCiclo
P1 1 47 1 1 1 24 10
P2 1 51 1 1 1 13 25
P3 1 52 1 1 1 20 26
P4 1 49 1 1 1 28 22
Magistério
P5 1 59 1 1 14 30
Primário
P6 1 45 1 1 1 24 22
P7 1 33 1 1 1 22 7
P8 1 30 1 1 1 24 5
P9 1 36 1 1 1 26 12
P10 1 36 1 1 1 18 9
P11 1 33 1 1 1 24 4
P12 1 33 1 1 1 22 3
P13 1 37 1 1 1 24 12
P14 1 37 1 1 1 20 13
P15 1 38 1 1 1 28 10
P16 1 40 1 1 1 28 13
Variante
P17 1 34 1 1 28 2
em EVT
P18 1 38 1 1 1 25 11
P19 1 63 1 1 1 19 31
P20 1 33 1 1 1 25 2
P21 1 40 1 1 1 20 11
P22 1 31 1 1 1 18 2
Magistério
Primário e
Resultados 1 21 31-63 4 14 2 2 0 20 5 6 6 5 13-28 2-31
Variante
em EVT
82
perguntas, cuja ordem e redação permanece invariável para todos os entrevistados, que
geralmente são em grande número” (p.121).
Na elaboração do inquérito para a entrevista (Apêndice III) teve-se em atenção a
estrutura colocando-se, no início do inquérito, uma breve nota introdutória na qual se
explicava o objetivo do estudo e o contexto no qual está inserido.
Sendo este estudo um complemento ao estudo I, a estrutura do inquérito foi em
tudo semelhante à do primeiro estudo (já apresentado anteriormente).
O inquérito foi estruturado em três partes:
- Identificação: na qual foram colocadas seis questões sociodemográficas, com o
intuito de recolher dados sobre o perfil de cada inquirido - sexo, idade, habilitações
literárias, formação inicial, nível de ensino que leciona e tempo de serviço.
- Conhecimento da problemática: foram elaboradas quatro questões, três das
quais sujeitas a análise de conteúdo com o intuito de perceber se os professores se
sentem preparados para lidar com uma criança disléxica. As questões realizadas
prenderam-se com a intenção de proceder à recolha de dados referente:
- à experiência profissional dos inquiridos com alunos disléxicos;
- às perceções dos professores relativamente à temática da Dislexia;
- à capacidade, ou não, dos inquiridos identificarem os alunos disléxicos
de acordo com as características apresentadas pelas crianças.
- Conhecimento de estratégias: foram realizadas duas questões, com recurso à
analise de conteúdos com o intuito de perceber quais as estratégias implementadas pelos
professores. As questões prenderam-se:
- ao conhecimento de práticas / estratégias de intervenção com crianças
disléxicas por parte dos professores;
- à diferenciação pedagógica realizada no momento da avaliação.
É de salientar que o anonimato de todos os entrevistados foi salvaguardado.
No que se refere aos procedimentos utilizados no Estudo II, foi tido em conta a
revisão da literatura no âmbito das DAE, incidindo com maior intensidade na Dislexia,
visto ser o cerne da presente investigação. De forma a responder à pergunta de partida e
consequentemente às questões orientadoras da investigação, foi elaborado um inquérito
83
por entrevista como instrumento de investigação, no qual constam sete questões de
identificação pessoal e seis questões referentes ao conhecimento da Dislexia. A
entrevista foi feita a 22 docentes a lecionarem no distrito de Lisboa, tanto em escolas
públicas como em privadas. As entrevistas foram realizadas no contexto escolar dos
professores no decorrer do mês de julho de 2015. Posteriormente à recolha dos dados,
os mesmos foram analisados descritivamente e discutidos à luz da revisão da literatura e
de estudos de caráter científico já realizados.
84
Total 22
Tabela 29 - Questão 8 (Q8) – Quando ouve a palavra Dislexia quais as palavras que lhe
ocorrem?
Opinião Professor/a Frequência
Troca de fonemas P1; P4; P6; P14; P16; P20; P22 7
P3; P5; P6; P8; P9; P10; P11; P12; P13;
Troca de grafemas 12
P16; P17; P22
Omissões de fonemas P4; P13; P16; P21 4
Omissão de grafemas P5; P11; P12; P16; P21 5
P1; P2; P3; P5; P6; P9; P13; P15; P19;
Dificuldade na leitura 11
P20; P22
Dificuldade na escrita P1; P2; P3; P6; P17; P20; P22 7
Caligrafia irregular e ilegível P1 1
Dificuldade na comunicação P3 1
Erros ortográficos P6; P7; P8; P9; P11; P13; P14; P15; P19 9
Dificuldades na lateralidade P6; P11; P12 3
Dificuldades P7; P10; P13; P17; P18 5
85
PAE – Plano de Apoio Educativo P7 1
Desmotivação P10; P19 2
Baixa concentração P21 1
Dificuldades de
P22 1
organização/orientação
Total 70
87
poderá associar-se desmotivação na
área do Português…”; P11; P12; P14;
P15; P19; P20; P22
Pouco participativos P5 1
Fraca autoestima P7; P8; P14; P15 4
Fraca orientação espacial P7 “apontamentos confusos” 1
P13 “Expressão oral pausada, algo
«baralhada».”; P16 “… com
Dificuldade na oralidade dificuldades na organização do discurso 2
e também na sequência lógica de
ideias.”;
P14“Dificuldades no Português.”; P21
Dificuldades gerais na área de
“… dificuldades de aprendizagem, 2
Português
sobretudo no Português”
Demonstra comportamentos
P15; P21 2
desajustados
P21; P22 “ dificuldades na resolução de
Dificuldade na área de Matemática situações problemáticas; dificuldade em 2
simetrias…”;
Dificuldade na memorização P22 1
Não respondeu P18 1
Total 91
Tabela 31 – Questão 10 (Q10) – Nas turmas que lhe têm sido atribuídas, anualmente, tem
facilidade em identificar crianças com dislexia?
89
No que diz respeito aos comportamentos facilitadores da identificação de
crianças disléxicas (Q10 - continuação) por parte dos professores entrevistados, foram
mencionados 14 comportamentos distintos, como se pode observar na Tabela 32. Visto
6 professores não mencionarem ou referirem falta de experiência com alunos disléxicos,
em 16 professores, 11 mencionaram as dificuldades na leitura como um dos principais
comportamentos facilitadores da identificação. O P2 referiu que o aluno “…salta
linhas”, o P3 apontou uma “…leitura muito silábica…”, o P4 indicou as “…omissões e
troca de alguns sons…”, assim como o P12 que indicou “…troca/omissões de
fonemas…” e o P21 que alegou “…se existem omissões ou trocas de fonemas/grafemas
quer na leitura, escrita ou linguagem verbal.”. O P6 referiu uma “…leitura lenta” e o
P22 uma “…grande dificuldade em ler, interpretar e escrever.”. Seguido das
dificuldades de leitura foram assinaladas as dificuldades de escrita por 9 professores,
dos quais, o P2 referiu a “…escrita em espelho”, o P4 as “…omissões e troca de
algumas letras…”, assim como o P6 “…com trocas de grafemas/sílabas (o b com d,
p/b, pra-par…”, o P12 “…troca/omissões de grafemas…”, o P21“…se existem
omissões ou trocas de fonemas/grafemas quer na leitura, escrita ou linguagem
verbal….escrita em espelho.” e o P22 “…troca de letras…”. Já o P18 mencionou que
“…este problema nota-se principalmente na realização dos ditados.”. Mencionado por
7 professores, foram os erros ortográficos associados à dislexia, como exemplos o P2
mencionou a “…escrita em espelho”, por sua vez o P4 referiu as “…omissões e troca
de algumas letras…”, assim como o P6 “…com trocas de grafemas/sílabas (o b com d,
p/b, pra-par…”, o P12 “…troca/omissões de grafemas…”, o P21“…se existem
omissões ou trocas de fonemas/grafemas quer na leitura, escrita ou linguagem
verbal….escrita em espelho.” e o P22 “…troca de letras…”, por fim o P18 referiu que
“…este problema nota-se principalmente na realização dos ditados.”. A falta de
concentração foi um comportamento, facilitador de identificação, mencionado por 6
professores, tendo o P4 referido que “…o poder da concentração, em algumas crianças
com esta problemática, é muito reduzido.". A dificuldade na área de Matemática foi
referida pelo P2 como uma “… dificuldade em compreender a ordem e o valor dos
números”, já o P4 e o P5 mencionaram “…troca de números…”. O P12 apontou
dificuldades “no cálculo mental.” e o P21 referiu as “…dificuldades em simetrias.; e
…troca de números.”. A lateralidade ainda não definida foi mencionada por 4
professores e a desmotivação e a dificuldade a nível oral por 3 professores cada. Em
90
relação à dificuldade oral o P6 referiu o “…nível da pronuncia de palavras…” e o P21
salientou que “…se existem omissões ou trocas de fonemas/grafemas quer na leitura,
escrita ou linguagem verbal.” será provável que a criança seja disléxica. Somente 2
professores mencionaram a troca de grafemas, a caligrafia irregular, a insegurança na
realização do trabalho, assim como a necessidade de tempo extra para a realização das
suas tarefas, tendo o P4 aludido que “Nem sempre concluem as tarefas, ou por
dificuldades ou por saturação.”. Por fim, foi referido, por apenas um professor, as
dificuldades na orientação espacial e os problemas comportamentais.
91
pra-par…”; P8; P12 “…troca/omissões de
grafemas…”; P15; P18 “…este problema
nota-se principalmente na realização dos
ditados.”; P21“…se existem omissões ou
trocas de fonemas/grafemas quer na leitura,
escrita ou linguagem verbal….escrita em
espelho.”; P22 “…troca de letras…”
P2 “… dificuldade em compreender a ordem
e o valor dos números”; P4 “…troca de
Dificuldade na área da números…”; P5 “…troca de números…”;
5
Matemática P12 “no cálculo mental.”; P21
“…dificuldades em simetrias.; …troca de
números.”
P3 “…troca de letras com sons idênticos…”;
P6; P7 “…normalmente troca de letras…”;
P14 “…em alguns casos de leitura.”; P15
Erros ortográficos 7
“…erros e trocas de letras.”; P16; P17
“…troca de letras, como o «b por p», «d por
b», «v por f», …”
Problemas comportamentais P4 1
Necessidade de mais
P4 “Nem sempre concluem as tarefas, ou por
tempo/atenção para terminar 2
dificuldades ou por saturação.”; P19
as tarefas
Insegurança na realização das
P8; P14 2
tarefas
Desmotivação P8; P14; P19 3
Não menciona P13 1
Refere falta de experiência
P1; P9; P10; P11; P20 5
com dislexia.
Total 64
92
professores, a atribuição de mais tempo para a realização das diferentes tarefas,
mencionada por 11 professores e por 9 professores foi indicada a estratégia de manter o
aluno sentado nas filas da frente. Em relação à organização de trabalho diferenciado
para estes alunos, o P6 referiu que procura “… fichas adequadas para que os erros mais
frequentes sejam corrigidos…”, o P9 mencionou a utilização de “…dois livros
específicos para dislexia (fichas de trabalho)…”, o P7 aludiu que efetua uma
“…correção diferenciada nos exercícios ortográficos…”, o P8, o P13 e o P14 referiram
o “…ensino direcionado …”, assim como o P12 que mencionou o “… ensino
direcionado para a criança em questão e não penalizo nas palavras que sei que à
partida são erros derivados da sua dislexia…”. Por sua vez o P15 afirmou que “… se
necessário simplifico exercícios”, o P16 mencionou a utilização “… de exercícios de
reeducação pedagógica que permitam dar uma maior maturidades no domínio
linguístico e coordenação visuomotora.”, o P17 indicou que as “… fichas de avaliação
ou trabalhos são adaptados às características desses alunos.” e o P20 transmitiu que
“…no 1º ano de escolaridade utilizo o método fonomímico Jean Qui Rit.”. Por 5
professores foi mencionada a estratégia de ensino/ apoio individualizado, assim como o
facto de valorizar o sucesso e não o fracasso, tendo sido referido pelo P10 a realização
de “… um reforço positivo e nunca negativo para que não se sinta diferente.” e o P12
mencionou que atribui sempre que possível “… elogios e incentivos para que a criança
se sinta mais motivada…”. A apresentação de exercícios utilizando várias cores, a
leitura de provas, a minimização de elementos distratores e a forma de articular
calmamente as palavras, foram referidas por 3 professores, sendo que o P12 indicou
claramente a estratégia de “Articular calmamente as palavras em que sei que a criança
vai errar, dando importância ao ponto de fricção dos fonemas, utilizando muitas vezes
um gesto identificando a letra…”. Por 2 professores cada, foram mencionadas as
práticas de correção de trabalhos na presença do aluno, apresentação das fichas em letra
de tamanho superior, o número reduzido de exercícios por página e a leitura orientada,
tendo o P3 referido que recorre “… a imagens para apoiar a compreensão da leitura e
solicito a ilustração dos textos.”. Referenciados por somente um professor foram a
ajuda, referida pelo P1 que mencionou transmitir “… à criança que pode contar com a
minha ajuda…”, a orientação na organização do trabalho, a realização de reuniões com
o encarregado de educação com alguma regularidade e a colocação de uma elevação na
93
mesa de trabalho do aluno em questão. Por fim, foi mencionada pelo P3 a tutoria, ou
seja, o “Ensino recorrendo a pares…”.
94
ortográficos…”; P8 “…ensino direcionado ao
aluno em questão; P9 “…dois livros específicos
para dislexia (fichas de trabalho)…”; P12
“…ensino direcionado para a criança em
questão e não penalizo nas palavras que sei que
à partida são erros derivados da sua
dislexia…”; P13 “…ensino direcionado …”;
P14“…ensino direcionado …”; P15 “… se
necessário simplifico exercícios; P16 “Utilizo
exercícios de reeducação pedagógica que
permitam dar uma maior maturidades no
domínio linguístico e coordenação
visuomotora.”; P17 “… fichas de avaliação ou
trabalhos são adaptados às características
desses alunos.”; P18; P20 “…no 1º ano de
escolaridade utilizo o método fonomímico Jean
Qui Rit.” ; P21
Sentar o aluno na fila da frente P8; P10; P11; P12; P13; P14; P15; P18; P22 9
P12 “Articular calmamente as palavras em que
sei que a criança vai errar, dando importância
Articular calmamente as ao ponto de fricção dos fonemas, utilizando
3
palavras muitas vezes um gesto identificando a letra…”;
P15; P21 “…partir as palavras
silabicamente…”
Leitura das provas/exercícios P8; P10; P15 3
Minimizar elementos de
P13; P14; P22 3
distração
Reunir com regularidade com
P15 1
os pais
Mesa com elevação P22 1
Segue as recomendações que
P9 1
constam no relatório
Não menciona P5 1
Total 70
95
Por fim, os professores foram questionados se no momento da avaliação efetuam
alguma diferenciação para as crianças com dislexia (Q12), resposta à qual, grande
maioria, ou seja, 18 dos entrevistados, mencionaram não descontar os erros de
ortografia. Foi referido também, por 11 professores a atribuição de mais tempo para a
resolução das tarefas dadas. Por sua vez, 6 dos 22 professores, alegaram ler as questões
dos testes às crianças disléxicas, sendo que 2 destes professores, o P3 e o P15, fizeram
referência também à realização de testes diferenciados, assim como o P17 que afirmou
realizar fichas estruturadas “… para ter poucos exercícios em cada página e o texto é
estruturado por mais parágrafos com o objetivo de ajudar a organizar as ideias.” Por
fim é referido por um professor cada, seis formas de diferenciação no momento da
avaliação, sendo elas: avaliação pelo conteúdo e não pela organização, permissão de
leitura em voz alta de forma a ouvir-se ler para melhor compreender, uso de cores
diferentes nos enunciados, destaca as palavras-chave de cada exercício sublinhando-as,
privilegia a avaliação oral e o P9 que referiu que “Em principio uma criança com
dislexia terá condições especiais de avaliação e as normas serão consideradas e
respeitadas.”, ou seja, o que estiver mencionado no PEI será respeitado. Dois dos
entrevistados não mencionaram nenhuma diferenciação.
Tabela 34 – Questão 12 (Q12) Nos momentos de avaliação faz alguma diferenciação nas
crianças com Dislexia? Se sim dê exemplos.
Diferenciação Professor/a Frequência
Não desconta erros P2; P3; P4; P7; P8; P10; P11; P12; P13; P14;
18
ortográficos P15; P16; P17; P18; P19; P20; P21; P22
Avalia pelo conteúdo das
respostas (e não pela P2 1
organização)
Mais tempo para a execução P3; P4; P6; P8; P10; P11; P12; P13; P14;
11
das tarefas P18; P19
Lê as perguntas dos testes P3; P6; P12; P15; P21; P22 6
P3; P15 “…se necessário mudo a linguagem
ou simplifico os exercícios.”; P17 “…as
Testes diferenciados fichas de avaliação são estruturadas para ter 3
poucos exercícios em cada página e o texto é
estruturado por mais parágrafos com o
96
objetivo de ajudar a organizar as ideias.”
Permite a leitura em voz alta P6 1
Sublinho as palavras chave
P15 1
dos exercícios
P20 “…utilizar cores diferenciadas nos
Utilização de cores diferentes enunciados de forma a facilitar a
1
nos enunciados interpretação dos enunciados por parte dos
alunos.”
Privilegia a avaliação oral P22 1
P9 “Em principio uma criança com dislexia
O que consta no PEI terá condições especiais de avaliação e as 1
normas serão consideradas e respeitadas.”
P5 “Não tive oportunidade de fazer uma
Não faz referência 1
avaliação a crianças com dislexia.”
Não faz diferenciação P1 1
Total 46
97
Capítulo III
98
“dificuldades da leitura”, seis indicaram, igualmente, as dificuldades de escrita. São
ainda referidas, com alguma relevância, as trocas/omissões de grafemas/fonemas assim
como os erros ortográficos. Estas conclusões vão ao encontro da revisão da literatura
efetuada neste estudo. Assim sendo, vão ao encontro das autoras Torres e Fernández
(2001), que afirmam,
“… a maioria dos autores consideram que o termo dislexia engloba uma dificuldade na
aprendizagem da leitura. Nos últimos anos o conceito tem ganho especificidade,
designando uma síndrome determinada, que se manifesta em dificuldades de distinção ou
memorização de letras ou grupos de letras e problemas de ordenação, de ritmo e de
estruturação das fases, afectando tanto a leitura como a escrita” (Torres & Fernández, 2001,
pp. 3-4).
Refletindo nestas definições pôde-se afirmar que os professores, das nossas amostras,
são portadores de conhecimento sobre a temática.
Estas conclusões são ainda corroboradas pelo estudo, sobre “A Perceção dos
Professores do 1º Ciclo face aos Métodos de Leitura e Escrita em Crianças
Disléxicas”, de Rodrigues (2012), que concluiu que “… dos 71 inquiridos, 69
indivíduos responderam que consideravam a dislexia como sendo uma dificuldade na
leitura e na escrita” (Rodrigues, 2012, p.105). Por sua vez, na investigação, “As
Implicações da Dislexia no Processo de Aprendizagem na Perspetiva dos Professores
do 1º Ciclo do Ensino Básico”, efetuada por Cancela (2014), comprovou-se
igualmente que “… uma elevada percentagem de respondentes (82,6%) referem a
dislexia como uma «perturbação da leitura e escrita»” (Cancela, 2014, p. 82).
À semelhança dos estudos anteriormente mencionados, também Gama (2013),
na sua investigação sobre “As Dificuldades de Aprendizagem da Leitura e da
Escrita…”, alcançou a mesma conclusão, visto que 37% dos inquiridos alegaram falta
de conhecimento para responder e 59% referiram que “… a Dislexia é uma dificuldade
que compromete a leitura e a escrita ...” (Gama, 2013, p. 113). Por sua vez, Guerreiro
(2012), no seu estudo efetuado a professores do 1º CEB, refere que os professores
definem Dislexia como sendo uma perturbação da leitura e da escrita.
Contudo, é de salientar que com a entrada em vigor do DSM V (2013) a dislexia
passou de uma categoria específica da aprendizagem para uma categoria mais geral
designada por PAE - com défice na leitura.
No que diz respeito à segunda questão orientadora da nossa investigação –
Quais as maiores dificuldades sentidas pelos Professores do 1º Ciclo do Ensino
99
Básico ao trabalharem com crianças disléxicas? (Q2), somente foi apresentada no
Estudo I, podendo porém ser inferida no Estudo II. As dificuldades mais significativas
apresentadas pelos professores inquiridos do Estudo I foram: a preparação de
estratégias, o elevado número de alunos por turma e a falta de formação dos professores
para fazer face às dificuldades apresentadas por estes alunos. O elevado número de
alunos por turma é destacado pelo estudo realizado por Lopes (2011), que menciona “…
que o excessivo número de alunos por turma é uma grande dificuldade face à inclusão
de alunos Disléxicos …” (p. 83)
O Estudo II tendo em conta que a questão foi: “ Nas turmas que lhe têm sido
atribuídas, anualmente, tem facilidade em identificar crianças com dislexia? Quais os
comportamentos observáveis que lhe facilitam essa identificação?” acabou por
clarificar o estudo anterior, uma vez que, pode inferir-se que a falta de formação e
experiência nesta problemática é uma das maiores dificuldades sentidas pelos
professores. Também Cancela (2014) refere que os professores sentem que não têm
formação suficiente para trabalhar, da melhor forma possível, com crianças disléxicas.
Igualmente Pinheiro (2009) menciona, no seu estudo, que “… são poucos os professores
que possuem formação específica nesta área, deste modo, torna-se imprescindível que
as universidades, durante a formação inicial dos professores, incluam e reforcem estes
conteúdos no seu programa educativo” (Pinheiro, 2009, p.107). Na mesma linha de
pensamento, corroborando a informação anteriormente exposta, Correia (2003)
menciona que o professor necessita de estar munido de conhecimentos sobre as
problemáticas que lhe possam surgir em sala de aula, escolhendo e implementando a
estratégia mais adequada.
No que concerne à terceira questão orientadora – Quais os indicadores mais
assinalados, pelos Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, para sinalizar uma
criança disléxica?, no Estudo I podemos observar que os professores consideram,
como sendo os maiores indicadores de dislexia, a “Omissão/adição de letras/sílabas na
leitura”, com 97 respostas; a “Leitura lenta, silábica e cansativa”, com 96 respostas; a
“Substituição de palavras por estas serem “difíceis” (“Automóvel” – “Carro”)” com
69 respostas; o facto dos alunos “Perderem a linha de leitura” com 61 respostas e o
“Nível de leitura abaixo do esperado para a sua faixa etária” com 56 respostas, ou
seja, as dificuldades na leitura. Estes indicadores apresentados vão ao encontro do que é
mencionado por Teles (2009) em relação à Dislexia, isto é, que a Dislexia é uma
100
perturbação causada por dificuldades no processamento fonológico e manifesta-se ao
nível da linguagem oral. A mesma autora refere os seguintes indicadores:
“… 1º ano de escolaridade: dificuldades fonológicas (identificação, substituição de sílabas
e fonemas); em aprender as correspondências grafema-fonema; em aprender o princípio
alfabético; em fazer a fusão fonémica e as fusões silábicas sequenciais; em segmentar as
palavras em sílabas e fonemas; em automatizar a leitura; queixas em relação à dificuldade
de leitura; recusa ou adiamento sistemático das tarefas da leitura; história familiar de
dificuldades leitoras e ortográficas.
2º ano de escolaridade: progresso muito lento na aprendizagem da leitura; leitura oral
sincopada, trabalhosa, apoiada no contexto; erros de substituição, omissão e adição de
fonemas; dificuldades em ler palavras desconhecidas, multissilábicas e funcionais; falta de
gosto pela leitura recreativa; os trabalhos de casa parecem não ter fim; ortografia
desastrosa; escrita irregular, por vezes ilegível, …” (Teles, 2009, p. 15).
No Estudo II, o indicador apresentado com maior relevância foi a dificuldade na
leitura, assinalada por 14 professores (mais da metade dos inquiridos). Também Estrela
(2009) afirma que os indicadores com maior pontuação são
“… ao ler substituir letras acentos ou palavras e ao ler inverter a ordem das letras,
seguindo-se ao ler adiciona letras, acentos ou palavras; sucedendo ao ler omite letras,
acentos, palavras. A lentidão na execução das tarefas também foi considerada como
relevante” (Estrela, 2009, p. 116).
Assim sendo, e revisitando a revisão da literatura, podemos verificar que a maioria dos
professores inquiridos e entrevistados, nos dois estudos têm conhecimento do que é a
Dislexia. Segundo Fonseca (2004) a Dislexia está presente em qualquer aluno que
“revele uma dificuldade na aprendizagem da leitura” (Fonseca, 2004, p. 460). Correia
(2004) alude-se à Dislexia como sendo uma dificuldade primária para a leitura, tendo
por base um diferente funcionamento do cérebro. Por sua vez, Torres (2004) refere-se à
Dislexia como sendo uma perturbação da linguagem, incidindo numa dificuldade da
leitura e da escrita. Lopes (2011) aponta dificuldades ao nível do processo e consciência
fonológica, bem como a omissão ou adição de letras/sílabas.
Por sua vez e contrastando o que até este momento foi mencionado, Rodrigues
(2012) refere que os professores inquiridos apontam como principais indicadores a
dificuldades de atenção/concentração, a indisciplina, escrita com erros, caligrafia
irregular e a lentidão da execução das tarefas, assim como, e indo ao encontro ao
apurado no nosso Estudo I, a substituição de letras, a leitura incorreta e a
omissão/adição de letras.
101
Ainda no Estudo I foi referido pelos inquiridos, com algum relevo, as
dificuldades na escrita, ou seja, a “Escrita com erros ortográficos” com 28 respostas e a
“Omissão/adição de letras/sílabas na escrita” com 26 respostas, assim como no Estudo
II que foram apontadas estas características por 12 professores inquiridos. Da mesma
forma, Lopes (2011) refere que “… de 25 (22%) dos 40 inquiridos afirme que atraso na
aquisição das competências da leitura e da escrita, seja uma manifestação de Dislexia”
(Lopes, 2011, p.81). Estes indicadores – dificuldade na leitura e escrita – são igualmente
defendidos por Lopes (2001) que menciona “As características escolares observam-se
basicamente na leitura, na escrita – disgrafia e disortografia – e, algumas vezes, no
cálculo” (Lopes, 2001, p.129).
Contudo pode-se constatar, através do Estudo II (Q10), que se encontra
manifesta uma dificuldade por parte dos professores na identificação de alunos
disléxicos em sala de aula, assumindo os mesmos que solicitam ajuda de profissionais
especializados, encaminhando os alunos para avaliações de despiste. Esta constatação
vai ao encontro ao mencionado por Lopes (2001) e Ferreira (2008) que defendem que,
para a identificação correta dos indicadores de Dislexia por parte dos professores, os
mesmos deveriam ser observadores atentos principalmente ao desenvolvimento da
leitura e escrita, assim como deveriam ter uma formação mais adequada.
Relativamente à quarta questão – Os Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico
consideram que a sua formação corresponde às necessidades sentidas para
trabalhar com uma criança disléxica? Constatamos no Estudo I que na grande
maioria, isto é, 72 (70%) professores consideraram não ter formação suficiente para
trabalhar com crianças disléxicas e que, somente 31 professores consideraram ser
formados para a intervenção com alunos com estas características. Os estudos efetuados
por Pinheiro (2009) e Lopes (2011) corroboram esta constatação sendo apresentados,
no estudo de Pinheiro (2009), somente 15 professores de entre 100 indivíduos
obtiveram formação específica, destacando porém que
“Destes, 3 (3%) referem tê-la recebido ao longo da sua formação académica e/ou extra-
curricular, tendo sido o interesse pessoal o factor de motivação para a sua realização. Os
outros 12 docentes (12%) referem apenas formação extra-curricular, apontando o mesmo
motivo para a realização da mesma” (Pinheiro, 2009, p. 97).
Por sua vez Lopes (2011) menciona que 85% dos professores inquiridos consideram
não ter formação suficiente para trabalharem com alunos disléxicos, referindo que a “…
existência de formação nesta área facilitaria, em muito, a integração dos alunos
102
disléxicos…” (Lopes, 2011, p. 86). Resultados contraditórios são os do estudo efetuado
por Rodrigues (2012) no qual a autora menciona que, dos 71 inquiridos, 66 professores
(93%) afirmam estar preparados para trabalhar com alunos disléxicos e somente uma
minoria de 3 professores (4%) refere não estar preparado. No nosso Estudo I, dos 31
docentes, 20 (50%) referiram que as acções de formação em Dislexia, 10 professores
(25%) a Pós-graduação em NEE, 6 professores (15%) a formação inicial seria suficiente
para lecionarem a alunos disléxicos, 3 (8%) mencionaram ter Mestrado em NEE e por
fim um referiu ter assistido a conferencias e debates. Os professores tiveram a
possibilidade de escolher mais do que uma das hipótese, logo, a amostra que respondeu
a esta questão ser de 31 docentes e a frequência ser de 40, ou seja, houve professores
que fizeram referencia a mais do que uma resposta. Em relação ao tipo de formação que
os professores efetuaram, Rodrigues (2012) menciona no seu estudo que 67
participaram em ações de formação no âmbito escolar, 50 participaram em conferencias,
6 participaram em congressos, 5 em colóquios, 3 mencionaram ter realizado uma pós-
graduação e 2 professores participaram em seminários. Rodrigues (2012) termina a sua
investigação referindo “… que as formações contribuem para um melhor
desempenho…” (Rodrigues, 2012, p. 109). Estas constatações corroboram com as
afirmações feitas por Florian (1998) e Campos (2002), uma vez que um professor
deverá realizar formação contínua, pois “… um professor sem formação apropriada, …,
não conseguirá dar a educação apropriada aos alunos com dificuldades de aprendizagem
ou outras necessidades educativas especiais…” (Florian, 1998, p.4). Sendo assim, a
formação dos professores deverá ser de caracter contínuo, pois o professor é o
“instrumento” fulcral no ensino da leitura e da escrita dos seus alunos e se o mesmo não
estiver munido do conhecimento das patologias, tão presentes nas nossas salas de aula,
dificilmente conseguirá ultrapassar as barreiras geradas pelas patologias. Correia (2003)
afirma que “É crucial que os professores adquiriram as aptidões cientificas e
pedagógicas para além daquelas adquiridas nos seus cursos de formação inicial que lhes
permitam poder atender às necessidades de todas as crianças que tenham a seu cargo
…” (Correia, 2003, p.20).
O professor do 1º CEB, como foi referido na revisão da literatura, é uma das
primeiras, se não a primeira pessoa a deparar-se com as dificuldades das crianças,
nomeadamente das disléxicas, logo, quanto mais rápida for a identificação, mais rápido
será o despiste/ avaliação e posterior intervenção. Shaywitz (2008) refere que um
103
professor informado e dedicado pode fazer a diferença entre o fracasso ou o sucesso de
um aluno, assinalando igualmente que a formação e experiência na área que o professor
ostenta, são a chave para uma adequada implementação de um apropriado programa de
leitura.
No nosso Estudo II (Q10) constatámos que os professores referem que não se
sentem preparados para lecionarem a crianças disléxicas, sendo que 4 alegam falta de
experiência, 5 mencionam pouca facilidade na identificação da problemática
argumentando a falta de formação e dos 13 que responderam ter facilidade na
identificação de crianças disléxicas, 4 mencionaram que os encaminham para
especialistas. Guerreiro (2012) no seu estudo alude que a maioria dos professores
(67,6%) sente-se pouco preparado para lecionar a alunos disléxicos. Assim como
Cancela (2014) refere que metade dos inquiridos indicam possuir formação na área da
dislexia e que a mesma foi adquirida em contexto de formação especializada em
educação especial. Carneiro (2011) chegou à mesma constatação, pois somente 15 dos
60 professores inquiridos indicam ter formação especializada na área. A mesma autora
refere que é de estrema importância a formação de professores na área da educação
especial, visto ser necessário que o professor se encontre informado de qual a melhor
estratégia para passar todo o conhecimento necessário para o desenvolvimento
académico de qualquer aluno.
A quinta questão orientadora destaca – Quais as práticas / estratégias de
intervenção mais utilizadas pelos Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, de
forma a melhorar o desenvolvimento escolar dos alunos disléxicos? O objetivo era
tenta compreender e identificar as várias práticas / metodologias e estratégias utilizadas
pelos professores em contexto de sala de aula quando se deparam com alunos com
dificuldades de aprendizagem da leitura. Verificou-se no Estudo I que os professores
aplicam com maior frequência (96 respostas) o reforço positivo perante os pequenos
resultados positivos obtidos pelos alunos, seguido do respeito pelo ritmo de trabalho que
cada criança (92 respostas) e a realização de tarefas curtas, bem definidas e
sequenciadas. Em relação à estratégia do reforço positivo, também Guerreiro (2012) fez
referência que os inquiridos no seu estudo assinalaram essa estratégia como sendo uma
das utilizadas. Foram, igualmente, assinaladas por mais da metade dos inquiridos a
supervisão frequente do trabalho dos alunos disléxicos, a correção imediata do erro
cometido, a organização de trabalho diferenciado tendo em conta as características
104
individuais de cada criança, a organização da sala de aula de forma a sentar a criança
disléxica longe de fontes distrativas e perto do professor, sendo ainda mencionada a
importância da comunicação escola-família salientando a importância de informar o
Encarregado de Educação sobre o comportamento/aproveitamento do aluno. Estas
foram muitas das atitudes positivas descritas no enquadramento teórico, como sendo as
atitudes que o professor deverá levar a cabo perante a problemática em estudo. Torres e
Fernandez (2001) referem que durante a intervenção também a auto-estima e a
motivação devem ser trabalhadas, pois são uma base forte para o início da
aprendizagem. Por norma, as crianças disléxicas apresentam uma auto-estima baixa
devido à frustração sentida perante o fracasso académico, sendo assim de extrema
importância ter em conta estes dois aspetos.
Em relação ao Estudo II os professores inquiridos mencionaram com maior
frequência a organização de trabalho diferenciado para as crianças disléxicas, a
atribuição de mais tempo para a realização das diferentes tarefas e manter o aluno
sentado nas filas da frente. No estudo desenvolvido por Cancela (2014) podemos que
observar que estas estratégias também estão contempladas, sendo que a autora refere
que alguns dos “… inquiridos mencionam ainda outras estratégias utilizadas na sala de
aula (mais tempo disponibilizado na realização de todas as tarefas; trabalho colaborativo
a pares; ficarem sentados na fila da frente; recurso a meios informáticos e
acompanhamento individualizado (apoio) ao aluno disléxico)…” (Cancela, 2014, pp.
99-100)
Um dos inquiridos do Estudo II referiu que no 1º ano de escolaridade utiliza o
método fonomímico Jean Qui Rit de forma a melhor ensinar a leitura e escrita. Vários
são os métodos, abordados no enquadramento teórico, possíveis de utilizar com crianças
disléxicas. É referido por Bautista (1993) que programas de intervenção que façam uso
de exercícios de linguagem e de consciência fonológica apresentam melhores
resultados.
Ainda em relação à referencia supracitada de Cancela (2014), também no nosso
estudo se pode verificar que o ensino / apoio individualizado foi uma das estratégias
mencionada, assim como a tutoria e o facto de valorizar o sucesso e não o fracasso.
Com menor significado, mas também válidas, foram referidas as estratégias de
apresentação de exercícios utilizando várias cores, a leitura de provas, a minimização de
elementos distratores e a articulação lenta das palavras. Ainda se verificaram as práticas
105
de correção de trabalhos na presença do aluno, a apresentação das fichas em letra de
tamanho superior, o número reduzido de exercícios por página, a colocação de uma
elevação na mesa de trabalho do aluno em questão e a realização de reuniões com o
encarregado de educação com alguma regularidade.
Num estudo realizado por Carneiro (2011) foram corroboradas algumas das
estratégias mencionadas nos Estudos I e II da nossa investigação. A autora mencionou
a implementação de uma pedagogia individualizada, na adaptação dos materiais
tornando-os mais apelativos de forma a transmitir maior motivação pela aprendizagem.
A autora refere também que os professores devem recorrer ao reforço positivo “…
centrando-se nas suas evoluções e progressos, ou seja devem valorizar todos os
progressos obtidos pelas crianças, centrando-se mais pequenas conquistas que nas
falhas” (Carneiro, 2011, p.121). A autora refere, igualmente, a importância do momento
de avaliação “… daí a importância dos professores efectuarem adequações na avaliação
dos disléxicos.”
Foi possível, através da análise da questão 12 do Estudo II, perceber quais as
principais diferenciações efetuadas, no momento da avaliação nas crianças disléxicas,
sendo evidente o facto de não serem descontados os erros ortográficos dos alunos em
questão. Conforme já mencionado anteriormente, as estratégias, também adotadas pelos
professores, no momento da avaliação, foram: a atribuição de mais tempo para a
resolução das tarefas dadas, leitura das questões dos testes às crianças disléxicas,
referindo também a realização de testes diferenciados, a avaliação pelo conteúdo e não
pela organização, a permissão de leitura em voz alta de forma a ouvir-se ler para melhor
compreender, o uso de formas diferenciadas para destacar conteúdos mais importantes
dos enunciados.
Finalizamos a discussão dos resultados respondendo à sexta e última questão
orientadora, ou seja, Quais os tipos de apoio, que os professores do 1º Ciclo do
Ensino Básico consideram fundamentais para as crianças disléxicas? Tendo sempre
presente que “É importante que a todos os alunos seja provida uma educação que
respeite as suas necessidades e características, que, na sua essência, constituem direitos
fundamentais de toda a criança” (Nielsen, 1999, p. 9), os professores do Estudo I
referiram como sendo dos apoios mais importantes no desenvolvimento destas crianças,
o apoio pedagógico e as condições especiais de avaliação, inseridas no Programa
Educativo Especial. Com alguma pertinência foram mencionados pelos mesmos
106
professores, o tempo extra para a realização das tarefas, assim como o apoio prestado
quer pelo psicólogo, quer pelo professor de NEE. Com uma menor relevância foram
apresentados a adaptação do currículo, inserido no Programa Educativo Especial, assim
como a psicoterapia e o apoio da família. Estes dados vão ao encontro com as
diferenciações no momento de avaliação mencionadas pelos professores entrevistados
do Estudo II.
Segundo Correia (2008) o professor deve saber adequar o currículo comum a
uma criança com dificuldades de aprendizagem, propor apoios extra para que a criança
atinja o sucesso na sala de aula e, não só, adaptar as avaliações à necessidade da criança.
Num estudo efetuado por Pinheiro (2011) é mencionado o apoio intra-escola –
educação especial, como sendo o apoio mais referido pelos professores como possível
alternativa para intervenção na dislexia. Em relação ao apoio extra-escolar a autora faz
referência ao apoio prestado por um psicólogo, por um especialista com formação na
área, por um psicopedagogo, por um terapeuta da fala e por um pedopsicólogo.
Corroborando as ideias desta autora e os dados obtidos no nosso estudo, também
Carneiro (2011) afirma que, a maioria dos professores inquiridos encaminham os alunos
disléxicos para especialistas com formação na área, para um apoio educativo, para um
terapeuta da fala ou para um psicólogo.
Como professores devemos ter sempre presente que cada criança tem o seu
tempo/ritmo de aprendizagem e uma intervenção que funciona com uma criança pode
não ser a mais indicada para outra. Assim, processos de diferenciação pedagógica e de
flexibilidade curricular devem ser sempre valorizados por todos os agentes educativos.
107
Considerações Finais
O presente estudo tratou de uma problemática que cada vez mais está presente
nas nossas salas de aula e para a qual devemos estar preparados para lecionar. Este
estudo foi efetuado tendo como base a problemática da dislexia. Esta temática tem
merecido a atenção de vários autores, como se pode verificar no enquadramento teórico
no qual se confirmou que existe uma grande diversidade de opiniões sobre a dislexia. O
termo dislexia descreve uma dificuldade de aprendizagem específica da
linguagem/leitura, isto é, o termo dislexia é
“…um termo alternativo usado para referir um padrão de dificuldades de aprendizagem que
se caracteriza por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras,
descodificação e capacidades de soletração pobres. Se o termo dislexia é usado para
especificar este padrão particular de dificuldades, é também importante especificar
quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na
compreensão da leitura ou no raciocínio matemático” (DSM-5, 2014, p. 79).
Associadas à dislexia encontram-se outras problemáticas como a disgrafia e a
disortografia, entre outras.
Sabendo que a linguagem, a leitura, a compreensão leitora e a escrita são bases
fortes para a aprendizagem, é de extrema importância que sejam dadas as mesmas
oportunidades de aprendizagem às crianças disléxicas, uma vez que, segundo Shaywitz
(2008) não se considera que um aluno com dificuldades de aprendizagem específicas –
Dislexia, se encontre numa situação irreversível estando provado que, se as intervenções
realizadas com a criança forem eficazes ao nível da leitura resultam na recuperação
cerebral. Porém, não nos devemos esquecer, que cada criança tem o seu tempo e que
esse deve ser respeitado por cada professor. Os bons resultados académicos dos
disléxicos não dependem única e exclusivamente deles próprios, mas também do
desempenho e da relação criada com o professor. Este foi um dos motivos pelo qual se
tornou pertinente averiguar “Quais as conceções dos professores do 1º Ciclo acerca
da dislexia?”, assim como “Quais as práticas de ensino-aprendizagem
implementadas pelos professores do 1º ciclo quando confrontados com alunos com
dislexia?” de forma a saber se os professores se sentem ou não preparados para
lecionarem a crianças disléxicas.
Atendendo aos objetivos propostos no estudo passaremos a apresentar as
considerações finais do mesmo.
108
No que concerne ao trabalho com alunos disléxicos, mais de metade das
amostras, tanto num estudo como no outro, afirmaram já terem lecionado a crianças
disléxicas. Indo de encontro com o que é mencionado por Fonseca (1999), que descreve
a dislexia como sendo uma dificuldade duradoura, os professores dos Estudos
efetuados, referem a problemática como uma dificuldade de caráter permanente. A
Dislexia é referida, pelos professores dos estudos, como uma dificuldade na leitura e na
escrita, assim como, está definido pelo Portal da Dislexia, isto é, que “As crianças com
Dislexia apresentam um conjunto significativo de alterações na leitura e escrita; que
podem conduzir a dificuldades na aprendizagem escolar.” (Moura, 2015, Portal da
Dislexia). Para os professores dos Estudos, a Dislexia é uma dificuldades na leitura o
que corrobora com as várias definições dadas na revisão da literatura, como é o caso de
Cruz (2007) e Fonseca (2008) que se referem à dislexia como sendo um distúrbio na
leitura e Serra e Santos (2007) que a definem como sendo uma perturbação que afeta a
leitura e a escrita.
Nos tempos que correm, urge todos os professores serem portadores de
conhecimento sobre as NEE, nomeadamente sobre a Dislexia, visto ser uma das
problemáticas mais notórias em sala de aula, apresentando, num estudo realizado por
Vale et. al (2011), em Portugal uma taxa de prevalência em crianças do 1º CEB de
5,4%. Pôde-se constatar, através de ambos os Estudos, que a maior dificuldade sentida
pelos professores é a escassa formação na área da Dislexia, o que conduz ao
pensamento de Serra (2008), no qual, o mesmo refere que é indispensável dotar os
nossos professores de
“saberes que os habilitem a compreender as necessidades educativas comuns e específicas,
a encontrar criativamente as formas diferenciadas de promover aprendizagens, a identificar
e intervir sobre os factores facilitadores e inibidores de sucesso educativo, no plano da
motivação individual, da relação interpessoal, dos contextos e estruturas educativas, da
organização da escola” (Serra, 2008, p. 139).
A formação que cada professor apresenta faz a diferença para uma lecionação mais
adequada às problemáticas com as quais nos deparamos em sala de aula, assim sendo,
“um professor sem formação apropriada, por muito aberto e bem intencionado que seja,
não conseguirá dar a educação apropriada a alunos com dificuldades de aprendizagem
ou outras necessidades educativas especiais” (Florian, 1998, p.45).
A preparação de estratégias e o elevado número de alunos por turma
representam também uma grande dificuldade para os professores dos estudos.
109
Para colmatar estas dificuldades sentidas pelos professores, urge adotar e
partilhar práticas e estratégias de forma a auxiliar os alunos, com esta problemática, a
alcançarem melhores resultados académicos. Foram referidas várias estratégias e
práticas por parte dos professores de ambos os estudos. De forma a facilitar a
visualização, as mesmas foram agrupadas na tabela seguinte.
Tabela 35 – Resumo das práticas / estratégias, com maior relevância, apresentadas pelos
professores
110
oportunidade ao aluno de modificar a sua leitura, corrigindo o modelo neural da palavra
que se encontra guardado.
Também no que diz respeito à leitura acompanhada, isto é, à leitura de provas,
textos e exercícios, Ferreira (2001) “dá forte ênfase à leitura em voz alta, orientada e
repetida, destacando que esta atividade permite passar de forma ordenada para o
reconhecimento automático das palavras, frases e textos” (Ferreira, 2001, citado por
Ferreira & Horta, 2014, p. 150).
Contudo pareceu-nos pertinente alertar para a referência realizada por Perrenoud
(1999), em relação à diferenciação, na qual menciona que “a diferenciação não passa de
um sonho nunca realizado, porque as condições de trabalho, o número de alunos nas
turmas, a sobrecarga dos programas, a rigidez de horário ou qualquer outra imposição
fazem do ensino uma fatalidade ou quase” (Perrenoud, 1999, p. 74).
Não nos poderemos esquecer de que a formação contínua é uma mais-valia para
nós, professores, pois só assim poderemos auxiliar, corretamente, as nossas crianças que
mais necessitam do nosso apoio e dedicação. É igualmente de extrema importância a
partilha de boas práticas entre professores.
111
Limitações do Estudo e Linhas Futuras
112
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%20Como%20Identificar%20-%20Como%20Intervir%20-%20Actualizado.pdf
121
Apêndices
1. Género:
Feminino
Masculino
2. Idade:
Menos de 25 anos
25 a 35 anos
35 a 45 anos
46 a 55 anos
56 a 65 anos
3. Habilitações Literárias:
Bacharelato
Licenciatura
Pós-Graduação
Mestrado
Doutoramento
I
4. Formação inicial:
Professores do Ensino Básico – 1º Ciclo
Outros: ____________________________________________________________
6. Tempo de serviço:
0 a 10 anos
11 a 20 anos
21 a 30 anos
Mais de 30 anos
7.1. Para combater as dificuldades destes alunos, tem vindo a obter algum tipo de
apoio?
Sim
Não
Se respondeu negativamente passe para a pergunta oito.
II
7.2. Esse apoio foi prestado por um:
Professor de Necessidades Educativas Especiais (NEE)
Professor de Apoio Pedagógico
III
9.1. Quantos alunos tem?
1a3
4a6
7a9
9.2. Das seguintes áreas, aponte 5 nas quais esses alunos apresentem maiores
dificuldades?
Leitura
Comportamento
Ensino-aprendizagem
Atenção e Concentração
Expressão oral
Motivação
Compreensão
Interpretação
Ortografia
Orientação espacial (cadernos, secretária, …)
10. Considera que tem formação suficiente para trabalhar com crianças de diagnóstico
DAE - Dislexia?
Sim
Não
Se respondeu negativamente passe para a pergunta onze.
IV
11. Quais as dificuldades sentidas ao trabalhar com alunos de diagnóstico DAE -
Dislexia?
Falta de conhecimentos das DAE - Dislexia
Preparação de estratégias variadas
Falta de recursos
Turmas grandes
12. Assinale os 5 indicadores de maior relevância para sinalizar um aluno com DAE -
Dislexia?
Desmotivação
Alterações comportamentais
Leitura lenta, silábica e cansativa
Substituição de palavras por estas serem “difíceis” (“Automóvel” – “Carro)
Omissão/adição de letras/sílabas na leitura
Omissão/adição de letras/sílabas na escrita
Nível de leitura abaixo do esperado para a sua faixa etária
Caligrafia irregular
Escrita com erros ortográficos
Dificuldade de interpretação
Dificuldade de retenção
Dificuldade de concentração
Recusa a leitura em voz alta perante os colegas
Dificuldade de memorização
Elaboração de frases curtas e simples
Perdem a linha de leitura
Dificuldade na orientação espacial
Na escrita espontânea demostram severas complicações – composição e organização
de ideias
V
13. Das características comportamentais citadas abaixo assinale 5 que pense serem
comuns à maioria dos alunos com DAE – Dislexia.
Medo de arriscar
Desorientação
Esquecimento
Preguiça
Falta de empenho
Desorganização
Baixa autoestima
Insegurança
Ansiedade
Medo de se expor/ de ser humilhado
Desmotivação
Provocação para com os outros
Indisciplina
15. Que estratégias de intervenção utiliza, em contexto escolar, nas crianças com DAE –
Dislexia para melhorar o seu desenvolvimento escolar?
Recompensas sociais (atenção, louvores, afetos, privilégios,…)
Recompensas materiais (comestíveis e não comestíveis)
Respeitar o ritmo de trabalho
Time-out (tempo de afastamento da turma)
Organização da sala de aula (evitar fontes de estimulação que não o próprio material
de aprendizagem, sentar a criança perto do professor,…)
Sugerir à criança que relate o que está a fazer
VI
Supervisão frequente do trabalho
Reforçar positivamente os “pequenos” resultados positivos
Organizar uma folha de registo para anotar os progressos do aluno
Preparar um “canto” da sala onde a criança possa isolar-se dos outros, caso seja
necessário
Regras da sala de aula identificadas e afixadas na sala
Repreensões para comportamentos impróprios (exemplo: por o nome da criança no
quadro)
Reprimendas verbais
Organização de trabalho diferenciado
Encaminhar o aluno para o Conselho Executivo
Obriga-lo a ler em voz alta
Informar o Encarregado de Educação acerca do seu aproveitamento/comportamento
Ameaçar o aluno (exemplo: “se não fizeres … sais da sala”)
Corrigir de imediato o erro cometido
Tarefas curtas, bem definidas e bem sequenciais
17. Qual a sugestão que faz para melhorar este instrumento de recolha de dados?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
VII
Apêndice II – Inquérito por Questionário (Versão Final)
1. Género:
Feminino
Masculino
2. Idade:
menos de 30 anos
31 a 45 anos
mais de 45 anos
3. Habilitações Literárias:
Bacharelato
Licenciatura
Pós-Graduação
Mestrado
Doutoramento
Outro: ______________________________________________________
VIII
4. Formação inicial:
Professores do Ensino Básico – 1º Ciclo
Outro: ____________________________________________________________
6. Alunos da turma:
Menos de 15
15 a 20
21 a 25
26 a 30
7. Tempo de serviço:
0 a 10 anos
11 a 20 anos
21 a 30 anos
Mais de 30 anos
9. Para combater as dificuldades destes alunos, tem vindo a obter algum tipo de apoio?
Se responder negativamente passe para a pergunta 11.
Sim
Não
IX
10. Esse apoio foi prestado por um:
Professor de Necessidades Educativas Especiais (NEE)
Professor de Apoio Pedagógico
Psicólogo
Terapeuta da fala
14. Tem alunos com Dislexia? Se responder negativamente passe para a pergunta 17.
Sim
Não
X
16. Das seguintes áreas, aponte 5 nas quais esses alunos apresentem maiores
dificuldades?
Leitura
Comportamento
Ensino-aprendizagem
Atenção e Concentração
Expressão oral
Motivação
Compreensão
Interpretação
Ortografia
Orientação espacial (cadernos, secretária, …)
17. Considera que tem formação suficiente para trabalhar com crianças de diagnóstico
Dislexia? Se responder negativamente passe para a pergunta 19.
Sim
Não
XI
20. Sente-se preparado para lidar com um aluno disléxico em sala de aula?
Sim
Não
21. Justifique:
______________________________________________________________
_____________________________________________________________________
22. Assinale os 5 indicadores de maior relevância para sinalizar um aluno com Dislexia?
Desmotivação
Alterações comportamentais
Leitura lenta, silábica e cansativa
Substituição de palavras por estas serem “difíceis” (“Automóvel” – “Carro)
Omissão/adição de letras/sílabas na leitura
Omissão/adição de letras/sílabas na escrita
Nível de leitura abaixo do esperado para a sua faixa etária
Caligrafia irregular
Escrita com erros ortográficos
Dificuldade de interpretação
Dificuldade de retenção
Dificuldade de concentração
Recusa a leitura em voz alta perante os colegas
Dificuldade de memorização
Elaboração de frases curtas e simples
Perdem a linha de leitura
Dificuldade na orientação espacial
Na escrita espontânea demostram severas complicações – composição e organização
de ideias
XII
23. Das características comportamentais citadas abaixo assinale 3 que pense serem
comuns à maioria dos alunos com DAE – Dislexia.
Medo de arriscar
Desorientação
Esquecimento
Preguiça
Falta de atenção
Desorganização
Baixa autoestima
Insegurança
Ansiedade
Medo de se expor/ de se sentir constrangido
Desmotivação/desinteresse pelo estudo
Provocação para com os outros
Indisciplina
24. Na sua opinião, que tipos de apoio estas crianças devem usufruir?
Professor de NEE
Psicólogo
Programa Educativo Especial – Apoio pedagógico personalizado
Programa Educativo Especial – Condições especiais de avaliação
Programa Educativo Especial – Currículo adaptado
Psicoterapeuta
Tempo extra para realizar as tarefas
Outro: ____________________________________________________
XIII
25. Que estratégias de intervenção utiliza, em contexto escolar, nas crianças com
Dislexia para melhorar o seu desenvolvimento escolar?
Recompensas sociais (atenção, louvores, afetos, privilégios, elogios, …)
Recompensas materiais (comestíveis e não comestíveis)
Respeitar o ritmo de trabalho
Time-out (tempo de afastamento da turma)
Organização da sala de aula (evitar fontes de estimulação que não o próprio material
de aprendizagem, sentar a criança perto do professor,…)
Sugerir à criança que relate o que está a fazer
Supervisão frequente do trabalho
Reforçar positivamente os “pequenos” resultados positivos
Organizar uma folha de registo para anotar os progressos do aluno
Preparar um “canto” da sala onde a criança possa isolar-se dos outros, caso seja
necessário
Regras da sala de aula identificadas e afixadas na sala
Repreensões para comportamentos impróprios (exemplo: por o nome da criança no
quadro)
Reprimendas verbais
Organização de trabalho diferenciado
Encaminhar o aluno para o Conselho Executivo
Obriga-lo a ler em voz alta
Informar o Encarregado de Educação acerca do seu aproveitamento/comportamento
Ameaçar o aluno (exemplo: “se não fizeres … sais da sala”)
Corrigir de imediato o erro cometido
Tarefas curtas, bem definidas e sequenciadas
Outro: ________________________________________________________
XIV
Apêndice III – Inquérito por Entrevista
1. Género:
Feminino
Masculino
2. Idade:
menos de 30 anos
35 a 45 anos
mais de 65 anos
3. Habilitações Literárias:
Bacharelato
Licenciatura
Pós-Graduação
Mestrado
Doutoramento
6. Tempo de serviço:
0 a 10 anos
11 a 20 anos
21 a 30 anos
Mais de 30 anos
XVI
9. Quais os comportamentos académicos que associa às crianças com Dislexia?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
10. Nas turmas que lhe têm sido atribuídas anualmente tem facilidade em identificar
crianças com Dislexia?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
XVII
11. Que tipo de práticas/metodologias utiliza quando leciona a crianças com Dislexia?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
12. Nos momentos de avaliação faz alguma diferenciação nas crianças com Dislexia?
Se sim dê exemplos.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
XVIII