Re Sen Hae Narra Tiva
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RESENHA CRÍTICA
Em Ideias para Adiar o Fim do Mundo, Ailton Krenak oferece uma crítica profunda ao modelo
de desenvolvimento da sociedade ocidental, que coloca o crescimento econômico e o consumo
acima da preservação ambiental e do respeito às culturas tradicionais. Para Krenak, a noção de
"progresso", associada ao capitalismo, está diretamente ligada à destruição dos ecossistemas,
à extinção de povos indígenas e à desconexão do ser humano com a natureza. Ele argumenta
que a sociedade moderna perdeu o equilíbrio necessário para viver de maneira sustentável e
respeitosa com o planeta.
Em resposta a essa crise, o autor propõe a sabedoria indígena como uma alternativa. Ele vê a
Terra não como um recurso a ser explorado, mas como um ser com o qual devemos viver em
harmonia e reciprocidade. A cosmovisão indígena, que valoriza o cuidado com a natureza, a
solidariedade e a espiritualidade, é apresentada como uma solução para os desafios ambientais
e sociais atuais, oferecendo um contraponto à exploração desenfreada que caracteriza a visão
ocidental.
Outro ponto central da obra é a reflexão sobre a perda da conexão com o sagrado. Krenak
acredita que a espiritualidade dos povos indígenas, que está intimamente ligada à Terra, é um
dos pilares para superar a crise ecológica e espiritual que enfrentamos. Para ele, o "fim do
mundo" não é apenas uma crise ambiental, mas uma crise profunda de valores, onde a
humanidade perdeu a capacidade de se relacionar com o mundo de forma reverente e
cuidadosa.
O estilo de Krenak, poético e filosófico, pode ser desafiador, mas é justamente essa forma
introspectiva que convida o leitor a refletir sobre suas próprias escolhas e a transformação
necessária para reverter a atual crise. Em vez de soluções prontas, a obra provoca uma mudança
de perspectiva, desafiando-nos a repensar nossa relação com o mundo e com o sagrado.
O livro de Krenak é de grande relevância nos dias de hoje, especialmente diante das crescentes
crises ambientais e sociais. Ele nos chama a repensar os valores que orientam nossas vidas e a
agir com mais responsabilidade para com a Terra e as culturas que ainda preservam uma relação
harmônica com ela.
Em resumo, "Ideias para Adiar o Fim do Mundo" é uma obra profunda que não apenas denuncia
os problemas atuais, mas também oferece uma visão alternativa para a construção de um futuro
mais justo, sustentável e respeitoso, tanto com a natureza quanto com as culturas ancestrais.
Pequenos grupos de resistência cultural surgem como guardiões das histórias e saberes
ancestrais. Esses grupos, chamados de "Guardiões da Memória," vivem isolados, preservando
os fragmentos do que um dia foi uma coexistência harmoniosa entre a humanidade e a Terra.
Entre eles está Anaí, uma jovem descendente de povos originários que cresceu em uma
comunidade protegida em uma região inóspita e esquecida pelas corporações. Anaí é a guardiã
de um artefato chamado "Livro dos Sonhos," uma antiga coletânea de histórias, poemas e
narrativas que simbolizam a conexão espiritual e prática entre os povos ancestrais e o planeta.
Para Anaí e sua comunidade, o livro é mais do que um objeto; ele representa uma esperança de
reconexão para a humanidade.
Essa tranquilidade é rompida quando uma grande corporação descobre a existência do livro.
Após interceptar informações sobre o poder simbólico e estratégico do objeto, a corporação
acredita que ele contém mapas ou pistas para localizar recursos naturais escondidos. Decidida
a capturá-lo, a empresa envia mercenários e drones para invadir a comunidade de Anaí. Durante
o ataque, o vilarejo é destruído, forçando Anaí a fugir com o livro e deixando sua família e
amigos para trás.
Sozinha em um mundo desconhecido e hostil, Anaí é obrigada a enfrentar não apenas os perigos
externos, mas também suas dúvidas internas sobre o peso de sua missão. Em sua jornada, ela
encontra Ivan, um cientista que abandonou a corporação após perceber o impacto destrutivo
de suas ações. Ivan, atormentado pela culpa, vê em Anaí uma oportunidade de redenção. O
segundo aliado é Caio, um jovem ativista urbano que sobrevive em zonas controladas pelas
corporações, hackeando seus sistemas e criando redes clandestinas para disseminar mensagens
de resistência. Embora os três venham de mundos completamente diferentes, eles formam uma
aliança baseada na necessidade mútua de sobrevivência e no reconhecimento de que a luta de
Anaí transcende interesses individuais.
Enquanto fogem, o grupo atravessa paisagens devastadas: cidades em ruínas, campos secos e
mares de lixo. Essas cenas reforçam o contraste entre o presente sombrio e as narrativas do
"Livro dos Sonhos," que Anaí compartilha ao longo da jornada. As histórias contidas no livro
revelam como os povos ancestrais viam a Terra como uma mãe generosa e não como um
recurso a ser explorado. Ivan e Caio, inicialmente céticos, começam a perceber que as histórias
não são apenas metáforas, mas também lições práticas e espirituais sobre como reconstruir um
mundo perdido.
A jornada culmina em um local sagrado, um antigo reduto natural ainda preservado, onde Anaí
acredita que o livro estará seguro. No entanto, o grupo é seguido pela corporação, que lança
um ataque final para capturá-lo. Durante o confronto, Anaí é capturada e levada diante do líder
da corporação, que lhe oferece um acordo: entregar o livro em troca de sua liberdade.
Confrontada com a escolha entre sua sobrevivência ou a preservação do livro, Anaí recorre às
histórias ancestrais para encontrar força.
Em um ato de sacrifício, Anaí decide destruir o livro, mas não antes de compartilhar todo o seu
conteúdo por meio das redes clandestinas de Caio. Usando tecnologia e estratégias de guerrilha,
eles conseguem disseminar as histórias para milhares de pessoas ao redor do mundo. A
destruição do livro físico torna-se um gesto simbólico, enfatizando que o verdadeiro poder do
"Livro dos Sonhos" não está em sua materialidade, mas em sua capacidade de ressoar na
memória coletiva e inspirar transformação.
Adiar o Fim é uma narrativa de luta, sacrifício e conexão. Inspirada nos pensamentos de Ailton
Krenak, a história propõe uma reflexão urgente sobre a crise ambiental, a espiritualidade e a
necessidade de reimaginar a relação entre a humanidade e o planeta. Mais do que uma história
distópica, é um convite a sonhar com um futuro possível, onde memória e ação se unem para
salvar o que ainda resta.
CONCLUSÃO
A nossa narrativa é uma história "alternativa" contando a história de outro personagem, em um
sentido mais linear e aventuroso, tendo um pouco de ação, um tipo de antagonista e um lugar
fictício no meio da história.
Diferente de “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, é uma narrativa com menos aventura,
contada de uma maneira não linear, fazendo também uma crítica aos tempos modernos da
sociedade e da situação da natureza.