Marco Referencial Agroecologia - Embrapa PDF
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Marco Referencial Agroecologia - Embrapa PDF
Referencial
em
Agroecologia
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Coordenao editorial
Fernando do Amaral Pereira
Mayara Rosa Carneiro
Lucilene M. de Andrade
Normalizao bibliogrfica
Celina Tomaz de Carvalho
1 edio
1 impresso (2006): 5.000 exemplares
ISBN 85-7383-364-5
CDD 631.58
Embrapa 2006
Grupo de Trabalho em Agroecologia
Boa leitura.
Silvio Crestana
Diretor-Presidente da Embrapa
Sumrio
Prefcio .................................................................................... 15
Referncias ............................................................................... 67
14
Prefcio
Paulo Petersen
Diretor-Executivo da AS-PTA
20
Bases conceituais
da Agroecologia
7
Cabe mencionar que, embora explorados em larga escala, alguns sistemas so relativamente sustentveis,
pelo menos do ponto de vista ambiental. Exemplo disto a criao extensiva de gado no Pantanal, que, de
modo geral, mantm a biodiversidade do bioma e a cultura pantaneira.
8
Howard, Steiner, Mollison, Fukuoka, Chaboussou e outros.
9
Gliessman, Altieri, Sevilla Guzmn e muitos outros autores internacionais e nacionais. 27
A transio agroecolgica passa por diversas etapas, dentro
e fora do sistema de produo, dependendo da distncia em que
o sistema produtivo estiver da sustentabilidade. Pode-se dizer que
os primeiros trs passos mencionados a seguir correspondem
transio interna ao sistema produtivo, enquanto o ltimo passo
se refere transio externa. Um autor que bem sintetizou os
passos da transio agroecolgica foi Gliessman (2000):
Transio interna ao sistema produtivo agropecurio
Passo 1 Reduo e racionalizao
do uso de insumos qumicos
A transformao das bases ecolgicas da produo tende
sempre a ser gradual. A reduo e a racionalizao do uso de
agroqumicos e fertilizantes sintticos pode ser um primeiro passo.
Assim, j estamos a caminho de graus maiores de sustentabilidade
pela reduo dos impactos internos e externos unidade de
produo e pela reduo dos custos de produo.
Transio interna ao sistema produtivo agropecurio
Passo 2 Substituio de insumos
Um novo passo fundamental a substituio dos insumos
qumicos por outros de origem biolgica. Nesta fase, pode-se reduzir
a nveis mnimos os impactos ambientais, apesar de os cultivos e
sistemas agropecurios ainda guardarem certa semelhana com os
monocultivos. Portanto, na transio agroecolgica, prticas isoladas
servem como pontos de apoio dentro de um processo de mudanas
profundas nas relaes ecolgicas e no podem se limitar a este
patamar de reconverso tecnolgica.
Transio interna ao sistema produtivo agropecurio
Passo 3 Manejo da biodiversidade e redesenho dos
sistemas produtivos
Nesta etapa os sistemas ganham complexidade em termos
do seu desenho e manejo. O efeito biodiversidade que vai conferir
equilbrio aos sistemas, pois fruto das interaes biticas e
abiticas e das sinergias entre os fatores ambientais. Esta fase
pode ser considerada uma linha divisria entre as agriculturas
28 ecologizadas e as agriculturas complexas. Monocultivos ecologizados
e Agriculturas Ecolgicas simplificadas podem implicar a reduo
dos impactos negativos e mesmo a possibilidade de participao
nos nichos de mercados, onde a substituio de agroqumicos e
fertilizantes sintticos suficiente. Para adquirir graus significativos
de estabilidade ou resilincia, a partir das relaes ecolgicas internas,
o redesenho dos sistemas agrcolas baseado na incorporao de
mdios a altos graus de biodiversidade somente poder desenvolver-
se em sistemas complexos. Neles, o desenho e o manejo so
dependentes da biodiversidade e da agrobiodiversidade, da presena
humana e do cuidado, da habilidade de observao e aprendizado
e do conhecimento transdiciplinar, incluindo o conhecimento local.
Tais condies so caractersticas da agricultura familiar, onde as
estruturas sociais e culturais so mais adequadas aplicao ampla
da gesto complexa dos sistemas agrcolas10.
Transio externa ao sistema produtivo agropecurio
A transio agroecolgica no pode edificar-se unicamente
sobre tecnologias de corte ecolgico. Embora as mudanas
tcnicas e tecnolgicas sejam de grande importncia, a transio
agroecolgica s poder alcanar sua plenitude quando outras
condies, externas unidade de produo, forem estabelecidas.
Assim, h um conjunto de condies mais amplas a ser
construdo pela sociedade e pelo Estado para que a transio
agroecolgica possa se tornar realidade, tais como a expanso
da conscincia pblica, a organizao dos mercados e infra-
estruturas, as mudanas institucionais na pesquisa, ensino e
extenso, a formulao de polticas pblicas com enfoque
agroecolgico e as inovaes referentes legislao ambiental.
A transio interna aos sistemas de produo no teria
sentido sem uma mudana geral nos padres de desenvolvimento.
Polticas de crdito e extenso rural, pesquisa agropecuria e
florestal e reforma agrria so condies fundamentais para
avanar sustentabilidade plena e duradoura.
10
Observe-se que estes trs nveis no so e no podem ser excludentes. possvel que j se inicie com
o redesenho (3 nvel) enquanto se aplicam prticas do 1 ou 2 nveis e vice-versa. No obstante, somente
haver aproximao a nveis mais elevados de sustentabilidade quando se alcana o 3 nvel, pois as
agriculturas mais sustentveis so aquelas cujo desenho se aproxima da estrutura do ecossistema onde
est inserida. (CAPORAL; COSTABEBER; PAULUS, 2006) 29
A Agroecologia, como proposta de desenho de sistemas de
cdigo aberto, pode ser aplicada a partir da observao de
experincias sustentveis existentes, pela incorporao do
conhecimento clssico e por influncia das distintas correntes de
Agricultura Ecolgica. Mais importante que a opo por uma ou
outra referncia, o resguardo dos princpios agroecolgicos,
relacionados diretamente com a sustentabilidade socioambiental.
Isto implica uma opo tica por um meio ambiente equilibrado e
por uma sociedade onde prevalea maior eqidade socioeconmica.
Outro aspecto fundamental o reconhecimento de que a
transio agroecolgica no se dar de forma linear, um passo
depois do outro na ordem aqui apresentada, mas que h uma
dialtica entre avanos e recuos, que inerente aos processos de
mudana social. importante ressaltar tambm que nem todos
os passos, indicados aqui como graus crescentes de
sustentabilidade, devem obrigatoriamente ser cumpridos em
qualquer situao. Coexistem na sociedade sistemas com diferentes
nveis de sustentabilidade, o que significa que em alguns casos
certos passos j estaro superados. Tambm vale a pena destacar
que podem existir outros passos alm destes, dependendo de
condies locais ou regionais especficas11. Dessa maneira, no h
um nvel desejvel ou aceitvel de sustentabilidade definido a priori,
que defina o limiar ou a linha divisria entre o sustentvel e o no
sustentvel. Para cada local, regio ou territrio, as condies
socioeconmicas e culturais mudam os parmetros, embora o foco
seja sempre a construo de agriculturas sustentveis.
11
Sistemas tradicionais, nem s por serem baseados em uma cultura e conhecimentos camponeses sero
obrigatoriamente sustentveis, Por exemplo, os manejos de derrubada e queima para a instalao de
cultivos no so sustentveis e sua transio sustentabilidade passa por movimentos de sensibilizao
30 e criao de alternativas que no iniciam com a etapa de reduo e racionalizao do uso de insumos.
Evoluo e estratgias
em Agroecologia
12
Holismo (grego holos, todo) a idia de que as propriedades de um sistema no podem ser explicadas
apenas pela soma de seus componentes. 31
Antecedentes histricos
da agricultura alternativa
No incio do sculo 20, a agricultura estava marcada pela
euforia produtivista gerada pelos achados de Liebig que havia
introduzido a prtica da adubao com fertilizantes sintticos na
agricultura. A partir da dcada de 1920, no entanto, surgiram,
segundo Ehlers (1999), movimentos contrrios que valorizavam
o uso da matria orgnica e de outras prticas culturais favorveis
aos processos biolgicos. Segundo o autor, tais movimentos
podem ser agrupados em quatro linhas. Na Europa surgem (i) a
Agricultura Biodinmica, iniciada por Rudolf Steiner em 1924,
(ii) a Agricultura Orgnica, criada por Albert Howard entre 1925
e 1930, e (iii) a Agricultura Biolgica, idealizada por Hans Muller
no mesmo perodo.
A partir de 1935, surge no Japo outra vertente, a da
Agricultura Natural, baseada nas idias de Fukuoka e Mokiti Okada.
Para Ehlers (1999), o mtodo Lamaire-Boucher, a Permacultura, a
Agricultura Ecolgica, a Agricultura Ecologicamente Apropriada, a
Agricultura Regenerativa, a Agricultura de Baixos Insumos, a
Agricultura Renovvel, Sunshine, Mazdaznan e Macrobitica so
variantes das vertentes mencionadas anteriormente. O autor ainda
cita Margareth Merrill e seu estudo sobre a histria da Agricultura
Ecolgica para situar que as razes dessas correntes nasceram em
trabalhos cientficos do final do sculo 19, a clssica obra de Charles
Darwin, The formation of vegetable mould through the action of worms,
with observations on their habitats, de 1881, e o trabalho de A.B.
Frank, com micorrizas, em 1885.
Tais obras teriam influenciado a pesquisa agronmica de
maneira que, no comeo do sculo 20, surgem duas contribuies
cientficas de alta relevncia: Fertilidade do Solo e Agricultura
Permanente, de Hopkins (1910), em Boston (Estados Unidos), e
Fazendeiros por Quarenta Sculos, de King (1991), em Londres
(Inglaterra). Portanto, os pensamentos e as obras de Steiner e
Howard, na dcada de 1920, e de Okada e Mller, na dcada de
1930, conformam as evidncias de que duas correntes de
pensamento distintas estavam sendo geridas dentro do saber
agronmico no incio do sculo passado. Para Ehlers (1999),
talvez a principal contribuio desses autores tenha sido a
32 sistematizao dos princpios bsicos da chamada Primeira
Revoluo Agrcola, quais sejam: a rotao de culturas e a fuso
da produo animal e vegetal. O conjunto dessas vertentes seria
chamado de Agricultura Alternativa, nos anos 1970.
No Brasil, o movimento ecolgico nasceu a partir do debate
internacional, portanto, fora do contexto da agricultura. A
incorporao de questes nacionais ao debate e a criao de um
sentimento nacional de conservao da natureza foram produtos
iniciais do movimento. A agricultura no sofria crticas mais severas
desde o ponto de vista ecolgico (CANUTO, 1998). Todavia, os impac-
tos ecolgicos da agricultura moderna contriburam para modificar
esse panorama, vinculando o movimento ecolgico agricultura.
A partir dos anos 1970 comea a se desenvolver a experincia
de Agricultura Ecolgica, inicialmente por parte de agricultores
inovadores. J nos anos 80, com a realizao dos histricos
Encontros Brasileiros de Agricultura Alternativa (EBAAs) 13, se
desencadearam vrios projetos de produo e a mobilizao e
organizao de agricultores ecolgicos. Os EBAAs se constituram
em espao de convergncia desses produtores, das organizaes
de Agricultura Ecolgica, de alguns pesquisadores e de algumas
foras polticas (CANUTO, 1998).
A trajetria das experincias brasileiras em Agricultura
Ecolgica marcada por importantes contribuies de vrias
instituies, que estimularam as discusses sobre os impactos da
agricultura moderna e propostas alternativas; a Federao dos
rgos para Assistncia Social e Educacional (Fase), que por
meio do projeto de Tecnologias Alternativas (TA) se dedicou a
Recuperar ou catalogar as inovaes geradas na prtica dos pequenos
agricultores, organizar sistemas de difuso atravs das organizaes
de movimentos populares no campo, sistematizar as experincias
mais avanadas, articular a sensibilizao em organismos de
investigao tecnolgica governamentais para que incorporem este
acmulo emprico de conhecimentos (FASE, apud CANUTO, 1998).
40
Pesquisa,
desenvolvimento
e inovao em
Agroecologia
48
O estado-da-arte
da Agroecologia
na Embrapa
Prximos passos
Visando iniciar um processo de construo participativa e
exgena da posio institucional da Embrapa em Agroecologia,
a Diretoria-Executiva e a Superintendncia de Pesquisa e
Desenvolvimento (SPD) da Embrapa promoveram, na Embrapa
Cerrados, entre 10 e 11 de outubro de 2005, a Reunio de
Trabalho sobre Agricultura de Base Ecolgica. Contando com apoio
financeiro da prpria Embrapa, Ministrio da Agricultura, Pecuria
e Abastecimento (Mapa), Ministrio do Desenvolvimento Agrrio
(MDA) e Ministrio do Meio Ambiente (MMA), o evento teve a
participao de representantes de 32 centros de pesquisa da
Embrapa (divididos em 13 Unidades ecorregionais, 12 Unidades
de produtos, 5 Unidades temticas e 2 Unidades de servios),
alm de representantes de ministrios e rgos pblicos (Mapa,
MDA, MMA, MCT, MDS, Instituto Nacional de Colonizao e
Reforma Agrria (Incra)) e movimentos sociais (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Confederao Nacional
de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Articulao Nacional
de Agroecologia (ANA)), totalizando 81 participantes. O evento
teve o objetivo de nivelar onde estamos, levantar as prioridades
da Embrapa e as expectativas dos parceiros em Agricultura de
Base Ecolgica e definir a estratgia institucional da Embrapa
em Agricultura de Base Ecolgica. Aps o nivelamento das aes
executadas e em andamento, foram levantados os temas
prioritrios futuros das Unidades da Embrapa, ministrios, rgos
pblicos e movimentos sociais em pesquisa, desenvolvimento e
inovao em Agricultura de Base Ecolgica.
Em seguida, o diretor-presidente da Embrapa, Silvio
Crestana, instituiu o Grupo de Trabalho em Agroecologia (GT
52 Agroecologia), pela Portaria n 1.322, de 23 de novembro de
2005, justamente com a finalidade de encaminhar as deliberaes
da Reunio de Trabalho sobre Agricultura de Base Ecolgica e
elaborar, executar e avaliar os resultados do Plano de
Agroecologia, com prazo para concluso dos trabalhos estipulado
em 31 de dezembro de 2006.
O GT Agroecologia gerou o Plano de Agroecologia (ver
www.catir.sede.embrapa.br), que dividido em cinco atividades,
sendo elas (i) Formao de Recursos Humanos, (ii) Sistematizao
de Conhecimentos Internos da Embrapa, (iii) Compatibilizao e
Priorizao no Atendimento de Demandas Externas, (iv) Criao
de Rede de Projetos em Agricultura de Base Ecolgica e (v)
Articulao Interinstitucional, contando com diviso de atribuies
entre o gabinete do diretor-presidente, a Diretoria-Executiva, a
Superintendncia de Pesquisa e Desenvolvimento (SPD), o
Departamento de Gesto de Pessoal (DGP), o Conselho Gestor
de Projetos (CGP) e o prprio GT Agroecologia.
Alm das aes estratgicas,desde 2005 a operacionalizao
dos conceitos e mtodos propostos pelo presente Marco Referencial
em Agroecologia a partir da formao de uma Rede Nacional de
Competncia em Agroecologia (rede de projetos), com
participao de Unidades da Embrapa e parceiros externos, vem
sendo trabalhada pela Superintendncia de Pesquisa e
Desenvolvimento (SPD). A rede supracitada ser criada ainda em
2006, com previso de incio de projetos no ano seguinte.
Trabalhando dentro dos princpios agroecolgicos para
estabelecimento de parcerias e formao de arranjos locais, a
Embrapa pretende alocar recursos prprios em editais internos
para suas Unidades e buscar recursos externos adicionais para
contemplar parceiros locais.
Para estimular o processo de criao e/ou fortalecimento
de arranjos locais para elaborao e execuo de futuros projetos
e processos sociais em Agroecologia, a Embrapa ofereceu um
Curso de Nivelamento Conceitual e Metodolgico, em agosto de
2006, em Campinas (SP), com a presena de 40 tcnicos e
pesquisadores de 36 centros de pesquisa e servios. O curso foi
ministrado por quatro instrutores externos Embrapa Jos
Antnio Costabeber (Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso
Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS)) no tema Bases
Conceituais da Agroecologia; Luis Antnio Margarido
(Universidade Federal de So Carlos (UFSCar)) no tema Evoluo 53
e Estratgia em Agroecologia, Paulo Petersen (AS-PTA) no tema
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao em Agroecologia; Julia
Guivant (Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)) no tema
Pesquisa Participativa que trabalharam sua base terica
integrada ao contedo proposto no Marco Referencial em
Agroecologia (segunda verso). Posteriormente, os participantes
partiram para discutir o contedo do curso e do documento no
mbito local, contado com a presena de tcnicos e pesquisadores
de sua Unidade da Embrapa e parceiros externos de rgos
pblicos, associaes e cooperativas de produtores rurais e
organizaes no-governamentais locais. certo que esses
processos locais de mobilizao e debate em vigncia contribuiro
para formar e fortalecer o capital social e amadurecer os laos
locais para a boa execuo de futuros projetos agroecolgicos.
54
Desafios futuros
e diretrizes da
Embrapa em
Agroecologia
Diretrizes e demandas
em pesquisa agroecolgica
Institucionalizar o Marco Referencial em Agroecologia
Para que a Embrapa avance decisivamente na elaborao,
definio e implantao de um amplo programa de pesquisa,
56 desenvolvimento e inovao em Agroecologia, fundamental que
haja um processo de institucionalizao da mesma dentro da
Empresa. Baseado no histrico de elaborao e execuo de
projetos agroecolgicos, conforme demonstra o Captulo 4, o
processo de institucionalizao da Agroecologia na Embrapa teve
incio na Reunio de Trabalho sobre Agricultura de Base Ecolgica,
ocorrida em outubro de 2005. A partir desse encontro, o processo
teve continuidade com a institucionalizao do Grupo de Trabalho
de Agroecologia (GT Agroecologia), seguido da elaborao e
discusso interna e externa do Marco Referencial em Agroecologia.
A partir das definies em torno desse documento, a Diretoria-
Executiva, a Superintendncia de Pesquisa e Desenvolvimento
(SPD), a Secretaria de Gesto e Estratgia (SGE) e o Departamento
de Gesto de Pessoas (DGP) esto inserindo na programao de
pesquisa, desenvolvimento e inovao formao de recursos
humanos, editais e cursos de nivelamento conceitual e metodolgico
em Agroecologia, com alocao de recursos prprios e captao de
fontes externas.
Fortalecer a capacitao de equipes em Agroecologia
Para institucionalizar a Agroecologia na programao de pesquisa,
desenvolvimento e inovao da Embrapa, estratgias vm sendo
construdas para trabalhar a formao e capacitao de equipes
com essa nova concepo. Apesar de existirem vrias Unidades,
pesquisadores e tcnicos da Embrapa com diferentes projetos
que apresentam interface em sistemas sustentveis, de maneira
geral, essas aes ainda encontravam-se isoladas, pontuais e,
em geral, sem uma viso sistmica, integrada e participativa que
o processo agroecolgico exige. Alm disso, a compreenso acerca
dos aspectos conceituais e metodolgicas no uniforme, o que
exige aes para internalizar e possibilitar um entendimento
comum acerca dos fundamentos sobre os processos
agroecolgicos. Esse trabalho coletivo ser fundamental para a
assimilao das diretrizes institucionais, visando estruturao e
fortalecimento de projetos e redes em Agroecologia. Assim, um dos
primeiros passos dados consiste na organizao de pesquisadores e
tcnicos que j possuem trabalhos ou que tenham sensibilidade e
interesse na Agroecologia, para promover uma ampla discusso
conceitual e metodolgica, valorizando o histrico individual e o
conhecimento institucional acumulado.
Sistematizar aes e experincias dos agricultores em
Agroecologia Tendo em vista que a construo da pesquisa 57
participativa em processos agroecolgicos deve ocorrer de maneira
exgena, levando-se em considerao as experincias acumuladas,
fundamental desencadear um amplo trabalho de levantamento,
organizao, sistematizao e avaliao das tecnologias de base
ecolgica j desenvolvidas externamente. Esse trabalho
proporcionar um momento especial de comunicao entre a
Embrapa, instituies oficiais de pesquisa, tcnicos e agricultores
(esses por intermdio das suas organizaes). A sistematizao e
anlise das tecnologias e processos empricos desenvolvidos
constituiro um acervo fundamental para construo de desenhos
de agroecossistemas na perspectiva da transio agroecolgica.
Desenvolver processos participativos e com enfoque
sistmico fundamental que os trabalhos de pesquisa,
desenvolvimento e inovao em Agroecologia sejam concebidos
e executados de maneira compartilhada e dialogada com os
agricultores e suas respectivas organizaes, respeitando as
dinmicas existentes entre as diferentes comunidades e
incorporando as experincias e o saber popular ao processo de
construo do conhecimento sistematizado. Todo esse processo
dever ser realizado por intermdio de mtodos participativos e
interativos, dentro do conceito de comunicao e construo do
conhecimento. Vale destacar que o processo de construo e
resgate do saber popular no prescinde da incorporao de
importantes e autnticos avanos da cincia clssica na
compreenso dos agroecossistemas, porm articula-os em um
processo amplo de interesse tecnolgico, social, cultural, poltico,
econmico e ambiental. Esse novo paradigma da pesquisa
participativa ou pesquisa-ao implica, necessariamente, um
enfoque sistmico, onde a pesquisa disciplinar e analtica dever
ser integrada a processos sistmicos, encarando-se o
agroecossistema como uma unidade e em todas as suas dimenses,
ou seja, agronmica, econmica, ecolgica, social e cultural.
Para colocar em prtica essa concepo, torna-se necessrio criar
mecanismos e instrumentos de aproximao de tcnicos e
pesquisadores da Embrapa com representaes de agricultores e
redes regionais e nacionais de Agroecologia. importante destacar
tambm que a Embrapa precisa buscar, dentro da legalidade,
maior flexibilidade institucional para possibilitar e facilitar a
realizao de parcerias e arranjos com as organizaes dos
agricultores tradicionais, da sociedade civil e outras envolvidas
58 nos processos de construo da Agroecologia.
Trabalhar a dimenso da eqidade As perspectivas de
pesquisa, desenvolvimento e inovao, a construo do
conhecimento e a gerao de tecnologia, bem como sua utilizao
e apropriao, decorrem de um processo histrico de desen-
volvimento e de interao das foras polticas, econmicas, sociais
e culturais existentes no interior da sociedade. Ou seja, a cincia
no um ente abstrato, puro, absoluto e independente, mas sim
uma construo coletiva (URCHEI, 2003). Muitas vezes, a cincia
clssica tem trabalhado os aspectos tecnolgicos, preocupando-
se com o como acontece determinado fenmeno, sem fazer
uma reflexo suficiente sobre o por que, para que ou para
quem ser gerada a tecnologia. Ao se buscar inserir o tema
Agroecologia na programao de pesquisa, desenvolvimento e
inovao, torna-se fundamental considerar a eqidade no
processo de construo do conhecimento.
Pblico preferencial e
demandas dos movimentos sociais
Pblico preferencial Conforme o Captulo 1, a
implementao da Agroecologia dependente do processo de
transio agroecolgica. Na transio interna ao sistema
produtivo, trs passos so fundamentais (Reduo e Racionalizao
do Uso de Insumos Qumicos; Substituio de Insumos; Manejo da
Biodiversidade e Redesenho dos Sistemas Produtivos), com a
agricultura de grande escala adaptada para os dois primeiros
passos e a agricultura familiar aos trs passos propostos. Ao
encontro desse conceito, a Embrapa trabalhar a transio
agroecolgica em todos os setores produtivos, tendo os
agricultores familiares, os assentados da reforma agrria, as
populaes tradicionais, as comunidades indgenas e as
comunidades afro-descendentes, alm dos consumidores rurais e
urbanos, como pblico preferencial para a Agroecologia. Os
agricultores familiares, alm de representarem mais de 85% dos
estabelecimentos rurais do Pas e serem responsveis por quase
77% do Pessoal Ocupado (PO), ou seja, quase 14 milhes de
pessoas, possuem uma vocao para a diversificao e integrao
das atividades e menor utilizao de insumos externos. Nesse
sentido, at para que possam continuar cumprindo seu papel
social no meio produtivo, os agricultores familiares tm a 59
necessidade premente de buscarmodelos mais integrados, que
reciclem e reutilizem os recursos internos dos agroecossistemas.
Alm disso, diferentes organizaes representantes dos movimentos
sociais e dos agricultores familiares j possuem vrias experincias
em relao a modelos sustentveis de produo agropecuria.
Para a construo e consolidao desse processo, deve-se
trabalhar, simultaneamente, os consumidores rurais e urbanos,
pois os mesmos tambm tm grande interesse nessa questo
quando procuram alimentos mais saudveis e produzidos com
responsabilidade social e sob menor risco de impacto ambiental.
Pesquisar processos para a Transio Agroecolgica
O processo de transio agroecolgica fundamental para
viabilizar a consolidao do modelo sustentvel de produo
agropecuria, constituindo-se como uma das principais demandas
para a pesquisa em Agroecologia. A compreenso dos processos
agronmicos, biolgicos, ecolgicos, econmicos e socioculturais
envolvidos no redesenho dos sistemas de produo imprescindvel
para o sucesso da transio de prticas convencionais para
agroecolgicas. Ademais, em qualquer programa de pesquisa de
transio agroecolgica, dois aspectos so fundamentais: o
manejo da agrobiodiversidade e o estabelecimento de indicadores
de sustentabilidade. O enfoque das atividades a serem executadas
na Embrapa deve pautar-se, principalmente, na utilizao de
variedades tradicionais ou rsticas sob manejo agroecolgico,
com vistas ao melhoramento participativo. Dessa forma, ser
possvel o resgate e avaliao do comportamento de espcies
alimentcias e medicinais em sistemas de cultivos diversificados
sob manejo agroecolgico. H, tambm, a necessidade de se
proceder avaliao participativa de diferentes sistemas de
produo e do processo de interveno, estabelecendo-se
indicadores de sustentabilidade dos agroecossistemas e da
eficincia do processo de transio agroecolgica. Esses
indicadores sero quantificados e seus resultados avaliados
mediante processos participativos.
Trabalhar estratgias para o desenvolvimento territo-
rial sustentvel A Agroecologia uma importante ferramenta
para trabalhar processos de desenvolvimento territorial sustentvel.
Esse processo deve passar, necessariamente, pela satisfao dos
interesses e expectativas da populao local rural e urbana, assim
60 como pelo fortalecimento da agricultura dentro de uma ao
estratgica de desenvolvimento rural. A questo territorial
entendida pelo espao geogrfico suficiente e necessrio para se
produzir uma inter-relao dinmica entre diferentes atores sociais
e econmicos, privados, pblicos e no-governamentais, de forma
a surtir efeitos positivos e virtuosos para o desenvolvimento dos
territrios (cooperao, solidariedade, reciprocidade, relaes
sociais de proximidade, confiana, regras comuns tacitamente
aceitas, etc.). O territrio tende a ser uma microrregio com
claros sinais de identidade coletiva e sentimento de pertencimento,
compreendendo um nmero de municpios que mantenham uma
convergncia em termos de expectativas de desenvolvimento e
que promova uma forte integrao econmica e social, no mbito
local. Dentro desse novo cenrio, a gerao ou adaptao de
inovaes tecnolgicas, gerenciais e organizacionais que
contemplem o desenvolvimento de alternativas de suprimento local
de energia, a gerao de sistemas agroecolgicos e agroflorestais,
as prticas voltadas agregao de valor (transformao
agroindustrial, rastreabilidade e certificao de qualidade e
segurana), alm de referncias e estudos para identificao de
novas oportunidades para o desenvolvimento so questes
fundamentais.
Polticas pblicas
A implantao de um modelo de desenvolvimento agrcola
e rural no Brasil, pautado na Agroecologia e nos preceitos da
sustentabilidade, no tarefa fcil nem ser atingido com aes
isoladas. Dever ser uma poltica de Estado e perpassar vrias
instncias, num enfoque de desenvolvimento com polticas
transversais, envolvendo de maneira integrada o Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), Ministrio do
Desenvolvimento Agrrio (MDA), Ministrio do Desenvolvimento
Social (MDS), Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), Ministrio
da Integrao Nacional (MIN), Ministrio do Meio Ambiente
(MMA), Ministrio da Educao (MEC) e Ministrio da Sade (MS),
visando estruturar e criar as condies necessrias e favorveis
para a consolidao desse novo processo. A seguir, levantamos
algumas sugestes para serem levadas e discutidas nas instncias
de deciso dos governos federal, estaduais e municipais, para a
elaborao de polticas pblicas transversais e integradas. 61
Reforma Agrria No objetivo do presente documento
discutir a questo da Reforma Agrria no Brasil. No entanto,
no possvel falar em polticas pblicas para a implantao de
um modelo de desenvolvimento rural sustentvel em nosso pas
sem se atentar para o tema. Nesse sentido, entendemos ser
momento oportuno discutirmos polticas pblicas para a
consolidao do desenvolvimento rural sustentvel no Brasil, assim
como fazermos uma reavaliao do modelo de Reforma Agrria
vigente e o papel da Agroecologia nesse contexto. Apesar de
alguns avanos significativos, a poltica brasileira de Reforma
Agrria ainda apresenta problemas de concepo que tm
comprometido sua sustentabilidade. Assim, considerando que o
tema retornou agenda internacional, a partir da realizao da
Conferncia Internacional de Reforma Agrria e Desenvolvimento
Rural (promovida pela FAO e MDA, em Porto Alegre, RS, em
maro de 2006), a Embrapa se dispe a colaborar, em conjunto
com os movimentos sociais e outros ministrios que possuem
atribuies e interface com o tema, no levantamento de problemas
existentes e na definio de tecnologias agroecolgicas para a
Reforma Agrria.
Formao de novos profissionais Para que o modelo
agroecolgico se consolide, premente a reviso dos paradigmas
dos cursos ligados s Cincias Naturais, tanto os relacionados ao
ensino mdio como ao ensino superior. Se continuarmos formando
profissionais sem uma reviso curricular, que internalize conceitos
de territrios, de Agroecologia e noes bsicas de cincias sociais,
teremos dificuldades para impulsionar o processo de
desenvolvimento rural sustentvel. Nesse sentido, fundamental
ao Pas promover e fortalecer uma discusso interministerial, sob
coordenao do Ministrio da Educao (MEC), para formatao
de cursos de nvel mdio e superior com esse enfoque, viabilizando-
se, em curto, mdio e longo prazo, a formao de profissionais
capacitados a impulsionar o modelo agroecolgico.
Estimular a criao de um Programa Nacional de
Transio Agroecolgica Para a estruturao e consolidao
de um modelo de desenvolvimento rural sustentvel no Brasil,
fundamental o estabelecimento de polticas pblicas para viabilizar
um amplo Programa Nacional de Transio Agroecolgica. Apesar
de existirem linhas de financiamento rural que j trabalham com
62 agricultura orgnica ou agroecolgica, as mesmas so insuficientes
para estimular e consolidar a sustentabilidade. Alm disso,
premente a implantao de um programa de financiamento rural
especfico para serem iniciados os passos da transio agroecolgica.
Essa questo crucial para a consolidao do modelo de
desenvolvimento rural pautado na Agroecologia, pois muitos
agricultores chegam, por vezes, a iniciar processos de transio, no
entanto, como pode levar at 5 anos, em meio s dificuldades
inerentes sua prpria sobrevivncia imediata, ao insuficiente nvel
de organizao dos prprios agricultores e ausncia de polticas
pblicas mais efetivas para viabilizar essa transio, a maioria acaba
cessando esse processo de ganho qualitativo.
Incrementar Programa de Orientao e Acompanha-
mento Tcnico Outro importante pilar de polticas pblicas
para implantao do modelo agroecolgico refere-se orientao
e acompanhamento tcnico, a chamada Assistncia Tcnica e
Extenso Rural (Ater). premente a reorganizao de um
Programa de Orientao e Acompanhamento Tcnico sob novas
bases conceituais e metodolgicas. De fato, esse processo est
em curso, liderado pelo Ministrio do Desenvolvimento Agrrio
(MDA), que passou a ser o responsvel pelas atividades de
Assistncia Tcnica e Extenso Rural, de acordo com o que
estabelece o Decreto n 4.739, de 13 de junho de 2003. Por
delegao da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do MDA,
um grupo de tcnicos coordenou a elaborao da nova Poltica
Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural (PNATER),
promovendo um amplo processo de consulta, a partir de
audincias pblicas, encontros e seminrios envolvendo
representaes dos agricultores familiares, de movimentos sociais
e de prestadoras de servios de Ater governamentais e no-
governamentais. Esse processo participativo, que envolveu mais
de cem entidades e 500 pessoas, levou construo de alguns
consensos que culminou no documento que sintetiza a Poltica
Nacional de Assistncia Tcnica e Extenso Rural. De acordo com
o MDA (BRASIL, 2005), essa poltica tem os seguintes princpios:
(a) contribuir para a promoo do desenvolvimento rural
sustentvel, com nfase em processos de desenvolvimento
endgeno, visando potencializar o uso sustentvel dos recursos
naturais; (b) adotar uma abordagem multidisciplinar e
interdisciplinar, estimulando a adoo de novos enfoques
metodolgicos participativos e de um paradigma tecnolgico
baseado nos princpios da Agroecologia; (c) desenvolver processos 63
educativos permanentes e continuados, a partir de um enfoque
dialtico, humanista e construtivista, visando formao de
competncias, mudanas de atitudes e procedimentos dos atores
sociais, que potencializem os objetivos de melhoria da qualidade
de vida e de promoo do desenvolvimento rural sustentvel.
Incentivar Processos de Certificao Participativa e
Avaliao da Conformidade Aspectos fundamentais para o
desenvolvimento rural sustentvel so (a) a garantia de qualidade
do produto e (b) o direito de o consumidor conhecer a origem do
mesmo, que podem ser assegurados por distintos processos de
certificao e avaliao da conformidade. De um lado, existem
profissionais ligados ao processo de certificao convencional (ou
avaliao da conformidade) que preconizam a presena de uma
certificadora com auditores externos e sem ligaes com os
agricultores e consumidores locais, neutros para certificar e validar
a qualidade e origem dos produtos. Do outro lado, existe o
conceito de certificao participativa, onde vrias organizaes
no governamentais, associaes de agricultores familiares e
movimentos sociais de diferentes regies do Pas tm trabalhado
na perspectiva de um sistema solidrio de gerao de confiana
entre ao atores locais, ou seja, agricultores, tcnicos e
consumidores. A certificao convencional (ou avaliao da
conformidade) j tem bases consolidadas que buscam mercados
externos realidade do agricultor ofertante do produto certificado
(criando uma relao de confiana indireta e no presencial).
No entanto, ainda demanda indicadores cientificamente validados
para certificao, dentro de uma proposta que reduza a
subjetividade da auditoria (ex: a madeira um produto que
demonstra a necessidade do processo de certificao convencional,
pois todas regies demandam o produto, mas poucas delas tem
oferta do mesmo; logo, a certificao convencional, com relao
no presencial entre ofertante e demandante, cumpre um papel
indireto de estabelecimento de confiana). As bases da certificao
participativa tambm necessitam de apoio para ampliar sua
consolidao, sendo um instrumento muito adequado para a
garantia da qualidade e origem do produto em processos
agroecolgicos, entendendo que cabe aos atores sociais envolvidos
a criao de mecanismos solidrios, participativos e responsveis
de credibilidade recproca (ex: mercados e feiras locais so
estratgias importantes para a certificao participativa; a
64 interao entre produtor e consumidor cria laos formais e
informais de confiana que legitimam os processos de certificao
participativa). Dessa forma, fundamental a ampliao de
polticas pblicas de estmulo e fortalecimento aos processos de
certificao participativa e avaliao da conformidade, visando
ao fortalecimento dos paradigmas agroecolgicos, envolvendo,
tambm, as instituies estaduais de pesquisa, a Embrapa e demais
atores que tenham interface com o tema.
Fortalecer os Programas de Agregao de Valor e
Comrcio Solidrio Um fator importante para viabilizar a
consolidao da Agroecologia a estruturao de processos de
agregao de valor e de comercializao solidria. Para isso,
sugere-se a implementao e o fortalecimento de polticas pblicas
para integrar e consolidar os Programas de Agregao de Valor
e Comrcio Solidrio, envolvendo agentes de rgos pblicos,
organizaes de agricultores e consumidores. Para que esse
processo se consolide, fundamental criar mecanismos de incentivo
e apoio organizao de agricultores, na perspectiva de criao
de redes agroecolgicas por regies, visando troca de
experincias e ao fortalecimento de modelos sustentveis de
desenvolvimento rural. Logo, a Embrapa se dispe a colaborar
com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a
Secretaria de Agricultura Familiar, do Ministrio do Desenvolvi-
mento Agrrio (MDA), e a Secretaria de Economia Solidria, do
Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), que j vm desenvolvendo
polticas com essas diretrizes.
Educao Ambiental e Ecoturismo A Agroecologia pode
ter uma contribuio importante para a educao ambiental,
uma vez que trabalha diretamente a questo da sustentabilidade.
Nesse sentido, temas como a produo de alimentos saudveis
com equilbrio ambiental, biodiversidade e eqidade social podem
ser embasados e potencializados por intermdio dos princpios
filosficos e cientficos da Agroecologia. Para isso, o ecoturismo
constitui-se em um instrumento interessante para poder integrar
a discusso da Agroecologia e do desenvolvimento sustentvel
do espao rural, na perspectiva territorial. Esse processo valoriza
o saber local, levando em considerao aspectos culturais, sociais,
econmicos e organizativos. Assim, fundamental a estruturao
e consolidao de um amplo programa de educao ambiental e
ecoturismo como poltica pblica, pautado nos princpios da
Agroecologia. A Embrapa se dispe a colaborar com a Diretoria 65
de Educao Ambiental (DEA), do Ministrio do Meio Ambiente
(MMA), e com o Programa Ecoturismo, do Ministrio do Turismo
(MT), que j vm atuando nesses temas, mas ainda sem grande
interface com os princpios da Agroecologia.
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Referncias
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71
Impresso e acabamento
Embrapa Informao Tecnolgica
ISBN 85-7383-364-5
9 788573 833645
CGPE 5902