Formas Juridicas Das Empresas em Angola

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Universidade Agostinho Neto

Faculdade de Economia

Programa de Doutoramento em Gestão

FORMAS JURÍDICAS DAS EMPRESAS EM ANGOLA

Doutorandos:
Sabino Pereira Ferraz
e
Francisco André

Docente da Cadeira:
Professor Doutor, Fausto Carvalho Simões

Abril de 2017

FECUAN - Doutoramento em Gestão Forma Jurídica das Empresas em Angola


FORMAS JURÍDICAS DAS EMPRESAS EM ANGOLA

Trabalho de Grupo elaborado por Sabino Pereira Ferraz e Francisco André como
requisito para avaliação na disciplina de Empreendedorismo do Programa de
Doutoramento em Gestão da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto

Docente da Cadeira:
Professor Doutor Fausto Carvalho Simões

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ÍNDICE
Resumo .................................................................................................................... 1
Palavras-Chave: ........................................................................................................ 1
Summary.................................................................................................................. 2
Key words: ............................................................................................................... 2
I. Introdução ........................................................................................................ 3
II. Desenvolvimento .............................................................................................. 7
2.1. Tipos de Empresas ................................................................................... 7
2.2. Empresas Singulares ................................................................................ 8
Empresário em Nome Individual ....................................................................... 8
Sociedade Unipessoal ....................................................................................... 8
2.3. Empresas Colectivas ................................................................................ 9
Sociedade em Nome Colectivo .......................................................................... 9
Sociedade Por Quotas ..................................................................................... 10
Sociedade Anónima ........................................................................................ 10
Sociedade em Comandita ................................................................................ 11
Cooperativas ................................................................................................... 12
2.4. O Sector Empresarial Público ................................................................. 13
III. Conclusão ....................................................................................................... 15
Referências: ........................................................................................................... 17
ANEXO – Quadro Resumo das Diferentes Formas Jurídicas das Empresas em Angola
.............................................................................................................................. 18

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Resumo
Desenvolver uma actividade empresarial exige, à partida, decidir qual a figura
jurídica que melhor convém para servir de veículo para o desenvolvimento de cada
negócio. Como tal, uma das primeiras informações a obter pelo empreendedor consiste
em saber qual o figurino jurídico mais adequado para a empresa a criar, ou para o
negócio que se pretende implementar.
Importa olhar para as formas jurídicas disponíveis e analisar se é melhor ser um
empresário em nome individual, constituir-se como uma Unipessoal (de
responsabilidade limitada ou por acções) ou, ainda, constituir uma Sociedade Comercial.
Partindo da escalpelização das noções de empresa e sociedade comercial e
detendo-nos na análise de cada uma das formas jurídicas de existência das empresas
chegamos à conclusão que:
i) é, principalmente, devido à matéria tributária e ao acesso aos diferentes
veículos de financiamento (prestações suplementares de capital peos
proprietários ou accionistas, acesso ao crédito bancário e fundos do
Estado, etc.), que importa fazer as melhores escolhas em termos da
natureza jurídica da empresa a constituir para levar avante um projecto de
negócio;
ii) antes de tomar uma decisão definitiva sobre o início de um negócio ou a
sua ampliação com a admissão de um sócio, é preciso estudar as vantagens
e as desvantagens de cada tipo de sociedade já que, tal como todas as
outras decisões em empreendedorismo, ter um sócio pode ser bom ou
mau, porque há sempre dois lados a considerar: as vantagens e os riscos;
iii) cada negócio tem particularidades e necessidades específicas é
recomendado que o empreendedor tenha tudo isso em conta no momento
de escolher um tipo de sociedade;
iv) à medida que cada negócio esteja numa certa fase de maturação melhor
se encaixa num ou noutro tipo de sociedade.
v) No processo de selecção de um eventual sócio, é recomendável que até os
laços emocionais devam ser relegados para segundo plano, privilegiando-
se a capacidade de gestão conjunta do negócio.

Palavras-Chave:
Empresa, empresário, sociedade comercial.

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Summary
Developing a business requires, at the outset, to decide which legal structure is
best suited to serve as a vehicle for the development of each business. As such, one of
the first information to be obtain by the entrepreneur is which legal firm is most
appropriate for the company to be create, or for the business to implement.
It is very important to look at the legal forms available and to analyze whether it
is better to be an entrepreneur in an individual name, to be a Sole Proprietor (limited
liability or by shares) or to establish a Commercial Society.
Starting from the scalpel of the notions of company and commercial society and
stopping us in the analysis of each one of the legal forms of existence of the companies
we arrived at the conclusion that:
i) Is mainly due to taxation and access to different financing vehicles
(supplementary capital payments by owners or shareholders, access to bank
credit and State funds, etc.) that the best choices must be made in terms of
the legal nature of the company to be set up to carry out a business project;
ii) Before making a definitive decision about the start of a business or its
expansion with the admission of a partner, it is necessary to study the
advantages and disadvantages of each type of society. This is because, like
all other decisions in entrepreneurship, having a partner can be good or bad;
iii) Each business has particularities and specific needs it’s recommended that the
entrepreneur consider all this when choosing a type of company;
iv) As each business is at a certain stage of maturation, it better fits into one or
another type of company;
v) In the process of selecting a prospective partner, it’s recommended that even
emotional ties should be relegated to the background, focusing on joint
management of the business.

Key words:
Company, entrepreneur, firm.

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I. Introdução

Um dos problemas que o empreendedor tem que resolver quando pretende


estruturar um negócio é a escolha do formato jurídico da empresa a constituir. Para
ganhar vantagem competitiva à partida, ele deverá ter em conta que património afectar
ao negócio, que nível de responsabilidade pretende assumir perante os credores, qual
o montante do capital a investir, a que fontes de investimento recorrer (próprias ou
alheias) e, ainda, se pretende realizar o empreendimento individualmente ou com
outros sócios.
Isto impõe a necessidade de conhecer quais os tipos de empresas juridicamente
possíveis de serem constituídas de modo a escolher, de entre as opções oferecidas,
aquela que melhor se ajuste ao modelo de governação e tamanho pretendido para o
negócio e, ainda, o regime tributário e os escudos fiscais de que poderá beneficiar.
Do “Guia do Sistema Tributário para 2017” (AGT – Administração Geral Tributária,
2016) extraiu-se a seguinte passagem que parece bastante elucidativa quanto à
integração da empresa numa categoria de tributação em sede de imposto industrial:
“ (…)
Grupo A
 Com tributação incidente nos lucros efectivamente obtidos pelos
contribuintes e determinados através da sua contabilidade
o As empresas públicas e entes equiparados
o As sociedades constituídas nos termos da Lei das Sociedades
Comerciais ou Lei das Sociedades Unipessoais, de capital social
igual ou superior a Kz 2.000.000,00
o As sociedades constituídas nos termos da Lei das Sociedades
Comerciais ou da Lei das Sociedades Unipessoais, com proveitos
totais anuais de valor igual ou superior a Kz 500.000.000,00
o Associações, Fundações e Cooperativas cuja actividade gere
proveitos adicionais às dotações e subsídios recebidos dos seus
associados, cooperantes ou mecenas
o Sucursais de sociedades não residentes no território angolano
Grupo B
 Com tributação incidente sobre os lucros efectivamente obtidos
pelos contribuintes e determinados através da sua contabilidade,
ou sobre os lucros que presumivelmente os contribuintes
obtiveram, quando não for possível apurar através dos elementos
contabilísticos disponibilizados pelo contribuinte;
o São tributados pelo grupo B, todos os contribuintes que pratiquem
actos sujeitos ao imposto industrial, não abrangidos pelo Grupo A,
e bem assim, os que, da mesma natureza subjectiva, devam
imposto somente pela prática de alguma operação ou acto isolado
de natureza comercial ou industrial;

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 Entende-se por acto isolado de natureza comercial ou industrial a


realização de qualquer actividade comercial ou industrial, como
definida nos termos deste código, que de forma contínua ou
interpolada, não tenha duração superior a 180 dias durante um
exercício fiscal;
 No acto de cadastramento e declaração de início de actividade,
todos os contribuintes serão enquadrados no grupo B do Imposto
Industrial, com excepção daqueles já identificados como devendo
fazer parte do grupo A.
(…)”

Mas, antes de avançarmos para a exploração das diferentes opções jurídicas


oferecidas pelo ordenamento angolano, é de todo útil fazer uma conceptualização do
termo “empresa”.
Segundo o economista Jesús Huerta de Soto (2010, p. 33), as expressões
espanhola e portuguesa empresa, tal como as suas correspondentes francesa e inglesa
entrepreneur derivam etimologicamente do verbo latino in prehendo-endi-ensum, que
significa: descobrir, ver, perceber, dar-se conta de, capturar. A expressão latina in
prehensa reflecte a ideia de acção, no sentido de tomar, agarrar. Daí se deduz que
empresa significa acção. E, logo, sendo a empresa tomada como sinónimo de acção liga-
se a uma atitude empreendedora que consiste em procurar, continuamente, descobrir
ou criar novos fins e meios.
Segundo Rubens Requião, no seu Curso de Direito Comercial (2005, pp. 40-49), a
antiga Teoria dos Actos de Comércio, descendente directa da codificação napoleônica
nunca definiu muito bem o que eram as actividades mercantis, os chamados actos de
comércio. Essa teoria, presente no Código Comercial Português de 18881 confunde as
actividades empresariais com actos de comércio2 (Assembleia Nacional, 2003).
A definição do que eram os actos de comércio não convenceu a doutrina, pois
muitas actividades não eram consideradas comerciais e com a constante inovação
tecnológica do mercado, diversas novas actividades foram surgindo, mas não eram
enumeradas como actos de comércio devido à lentidão do processo legislativo (Ramos,
2012, pp. 4-7). Com o surgimento da “Teoria da Empresa”, marcada pelo Código Civil
italiano de 1942, houve uma evolução da doutrina que passou a considerar qualquer
actividade económica exercida profissionalmente e de forma organizada como empresa,
sendo tutelada, assim, pelo Direito Empresarial (Ramos, 2012, pp. 9-12).
Partindo da noção dinâmica de empresa é possível encontrar no direito
empresarial, a conceptualização da actividade empresarial, ou empresa, como a
actividade económica exercida profissionalmente pelo empresário por meio da
articulação dos factores produtivos para a produção ou circulação de bens ou de
serviços (Coelho, 2010, pp. 12,13).

1Que vigorou em Angola até à aprovação da Lei n.º 6/03 de 3 de março.


2Artigo 2º do Decreto de 23 de agosto de 1888 (retomada pela Lei n.º 6/03 de 3 de março): “são considerados actos de comércio
todos aqueles que se achem especialmente regulados na presente lei e demais legislação complementar e, além deles, todos os
contratos e obrigações dos comerciantes que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não
resultar.”

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Esta noção aproxima-se bastante da noção económica que é dada por Soares
Martinez (Martinez, 2001, p. 465) segundo o qual deve entender-se por empresa toda
e qualquer forma de coordenação dos factores produtivos, usando-os conjuntamente
para a obtenção de qualquer produção.
Em estruturas económicas simples, a empresa é, geralmente, individual ou
familiar e, o empresário, não se limitando a coordenar os factores reunidos, fornece ele
próprio, também, o capital, o trabalho e os factores naturais de que se apropriou. Mas
a crescente complexidade dos empreendimentos económicos reduziu, não apenas o
número, mas, sobretudo, a importância relativa das empresas individuais (Martinez,
2001).
Os condicionalismos económicos desenvolvidos a partir do séc. XVI exigiram a
concentração nalgumas empresas de capitais mais elevados. O trabalho afastou-se dos
outros factores de produção e o tamanho dos empreendimentos exigiu que diversos
indivíduos se associassem para os realizarem. Ao mesmo tempo, a ocorrência de rápidos
desenvolvimentos do conhecimento humano e o consequente desenvolvimento
tecnológico associados à relativa abundância de mão-de-obra e à relativa escassez de
capital determinou o predomínio do capital na organização empresarial. É este
predomínio este que caracteriza o capitalismo e as suas estruturas. As grandes
empresas, dispondo de mais e melhores meios de produção, foram removendo dos
mercados que lhes interessavam as pequenas empresas que eram, na maioria das vezes,
pequenas empresas individuais (Martinez, 2001).
Ainda do ponto de vista jurídico, é preciso entender que a empresa não se deve
confundir com o empresário e tampouco com o estabelecimento empresarial. A
empresa como entidade jurídica é uma abstracção. O doutrinador italiano Brunetti,
apud Requião (2005), chegou à abstractividade da empresa ao observar que a empresa,
se do lado político-económico é uma realidade, do ponto de vista jurídico é
“un'astrazione”, porque, reconhecendo-se como organização de trabalho formada por
pessoas e bens componentes da “azienda”, a relação entre a pessoa e os meios de
exercício não pode conduzir senão a uma entidade abstracta, devendo-se na verdade
ligar à pessoa do titular, isto é, ao empresário.
Portanto, a acção ou intenção do empresário com o fim de exercer a actividade
económica é um elemento abstrato e é dele que surge a empresa. Para ser empresa não
basta os elementos organizados, é necessário o exercício da organização. Nesse sentido,
organização é um complexo de bens e um conjunto de pessoas inactivo, ou seja, existem
aí dois elementos, os bens e as pessoas, que não se juntam e, para que isto ocorra, faz-
se necessária a actividade do empresário, actuando na organização e determinando a
actividade que o levará à produção. Desta forma, verifica-se que sem a organização feita
pelo empresário sobre os bens e sobre o pessoal não existe empresa. Daí é que surge a
ideia de que a empresa é o exercício de actividade produtiva e a actividade é uma ideia
abstracta.
A empresa é um objecto de direito e a sociedade é um sujeito de direitos. Esta é a
principal distinção entre ambos os institutos. Diante desta afirmação, sabe-se que a
sociedade comercial quando devidamente constituída nos termos da lei adquire
categoria de pessoa jurídica e, portanto, passa a ter capacidade de direitos e de
obrigações.

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O mais importante a reter é que a sociedade comercial é o empresário em si e


nunca a empresa. É a sociedade empresarial que irá exercer a actividade produtiva como
empresária.
Outro ponto de distinção entre empresa e sociedade está no facto de a empresa
poder ser o exercício da actividade individual de uma pessoa física. Desta forma, verifica-
se que a empresa não requer necessariamente o exercício por sociedade comercial,
podendo existir a empresa individual.
Por fim, é possível existir sociedade comercial sem empresa. Ocorre, por exemplo,
quando duas pessoas fazem um pacto social e o registram nas instituições competentes
do Estado (escritura pública em Cartório Notarial e registo na Conservatória do Registo
Comercial) e a mantêm inactiva. Existe o novo ente, a sociedade, mas não existe a
empresa enquanto exercício de actividade produtiva.

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II. Desenvolvimento

2.1. Tipos de Empresas


Segundo Alberto Asquini apud Tmazette (2002) e Ramos (2012), a partir da
chamada Teoria Poliédrica3, que entende a empresa como um fenómeno jurídico
multifacetado podemos definir critérios para a classificação das empresas com base em
quatro perfis:
1. Perfil subjectivo - a pessoa que exerce a actividade;
2. Perfil funcional - a particular força em movimento que é a actividade
empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo;
3. Perfil objectivo - o conjunto de bens;
4. Perfil corporativo - a organização formada pelo empresário e seus
colaboradores destinada a um fim comum.
A combinação de juízos, segundo os diferentes perfis de análise, permitirá tomar
decisões quanto ao tipo de formato jurídico para as empresas.
A seguir analisamos os diferentes formatos jurídicos existentes no ordenamento
angolano divididos em duas categorias – singulares e colectivas – nas quais encontramos
diferentes tipologias de sociedades:
Empresas Singulares
Empresa em Nome Individual
Sociedade Unipessoal
Por Quotas
Anónima (por acções)
Empresas Colectivas
Sociedade em Nome Colectivo
Sociedade por Quotas
Sociedade Anónima
Sociedade em Comandita
Simples
Por Acções
Cooperativas.

3
Desenvolvida pelo jurista italiano Alberto Asquini num artigo intitulado Profili dell’impresa dedicado ao estudo do Código Civil
italiano de 1942, a teoria poliédrica confere perfis à empresa, estudando-a segundo quatro aspectos distintos: a) subjetivo; b)
objetivo; c) funcional; e d) corporativo (ou institucional).
O aspecto subjectivo consiste no estudo da pessoa que exerce a empresa, ou seja, a pessoa natural (empresário individual) ou
a pessoa jurídica (sociedade empresária) que exerce a actividade empresarial. O aspecto objectivo foca-se nas coisas utilizadas
pelo empresário individual ou sociedade empresária no exercício de sua actividade. São os bens corpóreos e incorpóreos que
instrumentalizam a vida negocial. Em resumo, consiste no estudo da teoria do estabelecimento empresarial. O aspecto
funcional, refere-se à dinâmica empresarial, isto é, a actividade própria do empresário ou da sociedade no seu cotidiano
negocial. Nesse aspecto, a empresa é entendida como o exercício da actividade (complexo de act os que compõem a vida
empresarial). Finalmente, o aspecto corporativo ou institucional estuda os colaboradores da empresa, empregados que, com o
empresário, envidam esforços à consecução dos objectivos empresariais.

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2.2. Empresas Singulares


Lei n.º 06/03 de 3 de Março - Lei de Revisão do Código Comercial (Assembleia
Nacional, 2003)
Empresário em Nome Individual
Titular: um único indivíduo ou pessoa singular.
Sector: comercial, industrial, de serviços ou agrícola.
Firma: contém sempre o nome civil completo ou abreviado do empresário.
Pode ser adicionada uma alcunha pela qual o empresário é conhecido e ainda,
pode conter uma expressão alusiva ao negócio.
No caso de o empresário ter obtido a empresa por sucessão, pode acrescentar ao
nome “sucessor de” ou “herdeiro de”.
Empresários que exercem uma actividade económica lucrativa e não comercial,
podem ter no nome da sua empresa uma expressão referente ao ramo de actividade.
Capital: não existe montante mínimo para o capital.
Património: património pessoal e património do negócio encontram-se unidos.
Responsabilidade: ilimitada – o empreendedor responde por todas as dívidas
contraídas pela empresa com todos os bens constituintes do seu património pessoal ou
empresarial.
Criação da Empresa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.
Vantagens:
 Total controlo do proprietário sobre o negócio;
 Possibilidade de redução dos custos fiscais;
 Constituição e dissolução simples;
 Não existe capital social mínimo.
Desvantagens:
 Risco associado à fusão do património da empresa com o património pessoal do
proprietário;
 Dificuldade em obter créditos para fundos.

Sociedade Unipessoal
Lei n.º 19/12 de 11 de Junho - (Assembleia Nacional, 2012)
Titular: constitui-se por um único sócio na modalidade de sociedade por quotas
ou de sociedade anónima.
Firma: contém a expressão “Sociedade Unipessoal” ou a palavra “Unipessoal”, ou
ainda a abreviatura “SU”, seguida da abreviatura “Lda.” ou “SA” conforme a tipologia
adoptada.

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Capital: O valor mínimo do capital social é o valor em Kz correspondente a US$


1.000,00 (mil dólares americanos) se for uma sociedade por quotas, e US$ 20.000,00
(vinte mil dólares americanos) caso se trate de uma sociedade anónima, não podendo
as acções terem valor inferior a US$ 100,00 (cem dólares americanos).
Responsabilidade: limitada ao montante do capital social, ou ao valor das acções.
Criação da Empresa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.
Vantagens:
 Total controlo do proprietário sobre o negócio;

 Património pessoal do proprietário não responde pelas dívidas contraídas pela


empresa, visto que se encontra separado do património da mesma.
Desvantagens:
 Maior complexidade na constituição da empresa;

 Sem vantagens fiscais;

 Exigência de um capital social mínimo.

2.3. Empresas Colectivas


Lei n.º 01/04 de 13 de Fevereiro (Assembleia Nacional, 2004)
Sociedade em Nome Colectivo
Sócios: mínimo de dois, sendo admitidos sócios de indústria desde que, no pacto
social, seja atribuído um valor à sua contribuição em indústria.
Firma: composta pelo nome completo ou abreviado do apelido ou da firma de
todos, alguns ou um dos sócios, seguido da expressão “e Companhia”, a sua abreviatura
“Cia” ou ainda qualquer outra expressão ou palavra que indicie a existência de mais
sócios.
Capital: não existe montante mínimo obrigatório.
Responsabilidade: Ilimitada, subsidiária e solidária, visto que os sócios respondem
não só pelas suas entradas, mas também pelas entradas de todos os outros sócios.
Os empresários entram também com o seu património pessoal, caso haja uma
insuficiência do património da sociedade.
Os sócios de indústria possuem uma responsabilidade igual à dos restantes sócios.
Contudo, no plano interno, só respondem pelas perdas sociais se assim o estipular o
contrato estabelecido.
Património: património pessoal dos sócios e o património da sociedade
encontram-se fundidos.
Criação da empresa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.
Uma das principais características deste tipo de sociedade funciona ao mesmo
tempo como vantagem e desvantagem – a responsabilização solidária. Ou seja, cada

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sócio responde não só pelas suas dívidas, mas também pelas dívidas de todos os outros
sócios.

Sociedade Por Quotas


Sócios: mínimo de dois sócios. Não são admitidos sócios de indústria.
Firma: obrigatoriamente, a firma deve terminar com a palavra “Limitada” ou a sua
abreviatura “Lda.”, podendo escolher-se a primeira parte do nome de entre as seguintes
opções: a) nome composto pelo nome completo ou abreviado de um, alguns, ou de
todos os sócios; b) expressão alusiva ao ramo de actividade; c) conjugação dos
elementos a) e b).
Capital: mínimo equivalente em Kz a US$ 1.000,00 (mil dólares dos Estados
Unidos) dividido por quotas.
Património: património da empresa é independente do património pessoal dos
sócios.
Responsabilidade: limitada ao capital social, é este capital que responde perante
as dívidas da sociedade. Os sócios podem ter acréscimos na sua responsabilidade se o
contrato estipulado assim o indique.
Criação da Empresa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.
Vantagens:
 Separação do património da empresa com o património pessoal dos sócios, não
respondendo este último pelas dívidas da empresa;
 Diversificação de experiências e conhecimentos de diferentes sócios;

 Maior facilidade em arranjar fundos e investimentos.

Desvantagens:
 Não existe um controlo absoluto da empresa por um empresário;
 Um sócio pode ser chamado pelos credores para responder pela totalidade do
capital;
 Maior complexidade na constituição e dissolução da empresa;

 Sócios não podem colocar no seu IRS prejuízos do seu negócio;

 Existência de um capital social mínimo.

Sociedade Anónima
Sócios: mínimo de cinco sócios singulares ou colectivos (também referidos como
accionistas), ou dois sócios desde que um deles seja o Estado. Não são admitidos sócios
de indústria. As sociedades anónimas podem ser constituídas por via de subscrição
pública (com abertura da subscrição do capital ao público logo após a constituição) ou
sem subscrição pública (se os fundadores subscrevem integralmente o capital social).

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Firma: termina sempre com a expressão “Sociedade Anónima” ou a sua


abreviatura “SA”. Podendo escolher-se o resto do nome de entre as seguintes opções:
a) nome composto pelo nome completo ou abreviado de um, alguns ou de todos os
sócios; b) expressão alusiva ao ramo de actividade; c) conjugação dos elementos a) e b).
Capital: mínimo em Kz equivalente a US$ 20.000,00 (vinte mil dólares dos Estados
Unidos), dividido em acções de valor – nominal e igual – mínimo em Kz, equivalente a
US$ 50,00 (cinquenta dólares americanos) cada.
Acções: podem encontrar-se representadas de forma titulada – documentos em
papel, ou de forma escritural – representadas por registo na conta de quem adquire,
junto da entidade registadora. Existem acções nominativas onde se conhecem os
titulares, ou acções ao portador, nas quais o emitente não conhece a identidade dos
titulares.
Responsabilidade: limitada ao valor das acções que se encontra subscrito.
Criação da empresa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.
Vantagens
 Maior facilidade na transmissão dos títulos representativos da sociedade;

 Cada sócio arrisca apenas o capital subscrito, não respondendo pelas dívidas da
sociedade;
 Maior facilidade de acesso ao crédito fundos de investimento.

Desvantagens
 Grande diluição do controlo da empresa, desde os mais pequenos aos maiores
accionistas;
 Constituição e dissolução da sociedade complexa e dispendiosa;

 Sujeição a uma fiscalização rigorosa, cuja intensidade aumenta caso a sociedade


seja cotada num mercado de capitais.

Sociedade em Comandita
Sócios: trata-se de uma sociedade mista, pois existem dois tipos de sócios:
Comanditados – contribuem com bens ou serviços
Comanditários – contribuem com capital, assumem a gestão e a direcção efectiva
da sociedade.
Para além de dois tipos de sócios diferentes, existem também duas formas
possíveis de sociedades em comandita:
Simples – cujo número mínimo de sócios é dois;
Por acções – em que as participações dos sócios comanditários se encontram
representadas por acções. Numa sociedade em comandita por acções, o número
mínimo de sócios é seis – cinco comanditários e um comanditado.
Firma: nome completo ou abreviado, ou a firma de pelo menos um dos sócios de
responsabilidade ilimitada (comanditado), seguido de “em Comandita” ou “&

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Comandita” para sociedades do tipo simples, e no caso de sociedades por acções


acrescentar “em Comandita por Acções” ou “& Comandita por Acções”.
Responsabilidade: é diferente para diferentes tipos de sócios:
Comanditários – têm responsabilidade limitada, sendo que respondem apenas
pelas suas entradas;
Capital: não existe montante mínimo obrigatório se for simples e igual ao das
sociedades anónimas se for por acções.
Comanditados – perante as dívidas da sociedade este tipo de sócios responde de
forma ilimitada e solidária entre si (cada sócio responde não só pela proporção que lhes
corresponde nas dívidas da sociedade, mas também pelas dívidas de todos os outros
sócios, afectando o seu património pessoal se assim for necessário).
Património: no caso dos sócios comanditários o património pessoal encontra-se
totalmente separado do património da empresa. Os sócios comanditados, pelo
contrário, possuem os bens patrimoniais da sociedade fundidos com os seus bens
pessoais.
Criação da empresa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.

Cooperativas
Lei nº 23/15 de 31 de Agosto (Assembleia Nacional, 2015)
Definição: pessoas colectivas autónomas, de livre constituição, de capital e
composição variáveis e de controlo democrático, em que os seus membros se obrigam
a contribuir com recursos financeiros, bens e serviços, para o exercício de uma
actividade empresarial, de proveito comum e com riscos partilhados.
Finalidade: visa a promoção dos interesses sociais e económicos dos seus
membros, com retomo patrimonial predominantemente realizado na proporção das
suas operações com a cooperativa.
Divide-se em dois graus diferentes:
Primeiro grau – constituídas por pessoas singulares e/ou colectivas, cujo objecto
assenta na prestação directa de serviços aos seus membros;
Grau superior – constituídas por uniões, federações ou confederações de
cooperativas cujo objecto assenta na coordenação, financiamento, formação,
orientação e organização produtiva em maior escala dos serviços das suas cooperativas
filiadas, bem como na defesa e promoção dos interesses das suas filiadas perante
instituições públicas ou privadas.
Firma: A denominação adoptada deve ser seguida ou precedida, conforme os
casos, das expressões «cooperativa», «união de cooperativas», «federação de
cooperativas», «confederação de cooperativas» e, ainda, seguida «de responsabilidade
limitada», ou «de responsabilidade ilimitada» ou das respectivas abreviaturas.
Cooperadores: o número de membros de uma cooperativa é variável e ilimitado,
não podendo ser inferior a dez na cooperativa de primeiro grau e a dois na cooperativa

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de grau superior. Legislação complementar respeitante a cada ramo de actividade pode


exigir, como mínimo um número superior de membros.
Capital: não existe montante mínimo obrigatório. O capital social das cooperativas
e variável, podendo os respectivos estatutos determinar o seu montante mínimo inicial.
o capital subscrito pode ser realizado em dinheiro, bens ou direitos, trabalho ou
serviços.
Joia: os estatutos da cooperativa podem exigir a realização de uma joia de
admissão, a ser paga de uma só vez ou em prestações periódicas. O montante das joias
reverte para as reservas legais que forem estatutariamente definidas.
Responsabilidade: os membros podem adquirir diferentes estatutos dentro das
cooperativas – com responsabilidade limitada para uns, e ilimitada para outros.
Comummente, a responsabilidade de cada cooperador é limitada ao montante de
capital subscrito.
Criação da cooperativa: no método tradicional, junto do GUE ou do SIAC.

2.4. O Sector Empresarial Público


O sector empresarial público representa na economia angolana uma grande fatia
do mercado. Daí que tivesse ocorrido a necessidade de se dotar o este segmento
económico de legislação própria que, por um lado, procura reflectir as modernas
concepções sobre as relações do Estado com as suas empresas e, por outro, que tenta
criar condições de jure para a eficiência na sua gestão, através da definição de critérios
pelos quais de devem pautar as condutas dos gestores.
Desde um outro prisma de análise, a legislação sobre o sector empresarial público
visa, ainda, clarificar a função económica e social das empresas públicas como
instrumento da Administração Indirecta, garantindo a racionalidade dos recursos e
adequação da actividade empresarial pública, designadamente na produção de bens
públicos4.
A Lei n.º 11/13 de 3 de Setembro que estabelece o regime jurídico do Sector
Empresarial Público (Assembleia Nacional, 2013) reparte o sector empresarial público
em três classes de empresas:
a) As empresas públicas;
b) As empresas com domínio público;

4 A principal justificação económica para a intervenção do Estado na economia é a promoção da afectação óptima dos recursos
produtivos. Não obstante, mesmo os economistas liberais (pouco propensos a aceitar a participação do Estado na economia) não
põem em causa que, em certas condições, o Estado pode e deve intervir. De facto, é facilmente reconhecível que o mercado nem
sempre promove as soluções eficientes no que respeita à afectação (óptima) dos factores de produção, justificando-se assim a
intervenção do Estado para corrigir essa ineficiência (as falhas do mercado). É o que acontece quando se regista a ocorrência de:
 Bens públicos;
 Bens comuns;
 Bens semipúblicos;
 Externalidades;
 Mercados de concorrência imperfeita;
 Informação assimétrica (como os problemas associados de selecção adversa e risco comportamental);
 Desemprego dos factores de produção.

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c) As participações públicas minoritárias.


Empresas Públicas – São aquelas que, por diploma legal, assim são expressamente
qualificadas sendo o seu capital integralmente detido pelo Estado
Empresas com Domínio Público – São as empresas criadas ao abrigo da Lei das
Sociedades Comerciais, em que o Estado directamente, ou através de outras entidades
públicas, exerce isolada ou conjuntamente uma influência dominante em virtude de
alguma das seguintes circunstâncias:
a) Detenção da totalidade ou da maioria do capital ou dos direitos de voto;
b) Direito de designar ou de destituir a maioria dos membros dos órgãos de
administração ou de fiscalização.
Participações Públicas Minoritárias – As participações públicas minoritárias
referem-se às situações em que o conjunto das participações detidas pelo Estado ou
outras entidades públicas não origine o domínio público. A integração das empresas
participadas no sector empresarial público aplica-se apenas à respectiva participação
pública, designadamente no que se refere ao seu registo e controlo, bem como ao
exercício pelo Estado dos seus direitos de accionista ou sócio.
Alternativas de Exploração e Gestão de Empresas Públicas
De acordo com o regime jurídico previsto na Lei de Delimitação de Sectores da
Actividade Económica (Assembleia Nacional, 2002) e na Lei das Privatizações
(Assembleia Nacional, 1994), podem, parcial ou totalmente, ser confiadas a outras
empresas do Sector Empresarial Público ou a entidades privadas:
a) A exploração de actividades desenvolvidas por empresas públicas ou por
empresas com domínio público;
b) A gestão e exploração de bens pertencentes às referidas empresas ou a elas
afectos;
c) A gestão dessas empresas.
Para esse efeito podem ser celebrados contratos de concessão de exploração de
actividades, de gestão e exploração de bens e de gestão da empresa.

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III. Conclusão
É, principalmente, devido à matéria tributária e ao acesso aos diferentes veículos
de financiamento (prestações suplementares dos proprietários ou accionistas, crédito
bancário, fundos do Estado, etc.), que importa fazer as melhores escolhas em termos
da natureza jurídica da empresa a constituir para levar avante um projecto de negócio.
A classificação da empresa num ou noutro grupo de tributação pode influenciar a forma
de cobrança do imposto industrial (e não só) bem como a incidência e forma de aferição
do montante do imposto.
Antes de tomar uma decisão definitiva sobre iniciar um negócio ou ampliá-lo com
um sócio, é preciso estudar as vantagens e as desvantagens de cada tipo de sociedade.
Tal como todas as outras decisões em empreendedorismo, ter um sócio pode ser bom
ou mau, já que há sempre dois lados a considerar: as vantagens e os riscos.
A grande vantagem de ter um sócio é que o empreendedor passa a repartir as
responsabilidades — riscos e dificuldades — do negócio. Além disso, ele passa a ter um
parceiro para ajudar a implementar o negócio, já que é mais uma pessoa interessada no
seu sucesso. Doutro ponto de vista, agregar um sócio ao negócio é, muitas vezes, a
forma obter fundos para investimentos quando o capital para realizar o negócio é
insuficiente.
Entretanto, também há que pesar desvantagens. A primeira reside no facto de
dois indivíduos, geralmente, não coincidirem nas suas ideias o que pode ser gerador de
desavenças que podem colocar o negócio em risco. Se todos os acordos preliminares ao
contrato de sociedade não forem bem discutidos previamente e esgotadas todas as
diferenças quanto à forma de tomada de decisões e mecanismos de execução das ideias,
num momento qualquer os sócios vão acabar a discutir, seja sobre investimentos a
realizar, seja sobre a aplicação dos resultados, ou outras questões. Eventualmente, em
casos mais graves, uma disputa entre sócios pode tomar contornos judiciais e aí um dos
sócios (ou até mesmo todos) podem ver o negócio desfeito e incorrerem em perdas
patrimoniais.
Como cada negócio tem particularidades e necessidades específicas é
recomendado que o empreendedor tenha tudo isso em conta no momento de escolher
um tipo de sociedade:
Um pequeno negócio, geralmente funciona bem com a criação de uma sociedade
unipessoal;
Se pretender administrar o negócio em parceria com um único sócio, a sociedade
em nome coletivo é a mais indicada;
Já uma sociedade em comandita ajusta-se normalmente à necessidade de
estabelecer níveis de responsabilidade e gerência diferentes para os sócios;
A sociedade anónima, por seu lado, é a mais indicada para negócios mais exigentes
do ponto de vista de capitalização e dimensão, porque a venda de acções permite
formas de garantia de financiamento crédito e crédito.
Há ainda a considerar que à medida em que cada negócio esteja numa certa fase
de maturação melhor se encaixa num ou noutro tipo de sociedade. É evidente que, em
casos excepcionais, pode fazer todo o sentido escolher uma opção pouco usual. Por isso,

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é importante que o empreendedor avalie sempre questões como a solidez do


empreendimento, os seus objectivos, o seu posicionamento no mercado e a sua
estrutura em geral para definir o tipo societário que melhor se adequa às suas
necessidades.
Uma das formas de evitar ou diminuir as desvantagens de uma sociedade consiste
justamente em escolher correctamente com quem se vai dividir o ónus e o bónus de ter
um negócio. Nesse processo, é recomendável todo o cuidado e cautela para que a
escolha recaia sobre a melhor pessoa.
Nesse sentido até os laços emocionais devem ser relegados para um plano
diferente, privilegiando-se a capacidade de gestão conjunta do negócio. Para tal,
algumas questões devem ser avaliadas, como por exemplo:
 O potencial sócio tem a mesma visão do negócio?
 O potencial sócio pode agregar valor ao negócio?
 O que é que o potencial sócio pode trazer de bom ao negócio (experiência
profissional, capacidade de investimento, conhecimento de mercado, etc.)?
Essas e outras perguntas são as mais importantes e, por isso, nem sempre os laços
familiares ou afectivos serão os melhores critérios para encontrar um sócio ou sócios.
Finalmente, e muito importante, também é preciso garantir que no processo de
escolha esta incida sobre um potencial sócio que esteja de acordo com todas os
princípios da sociedade. Se não houver concordância à partida, as hipóteses de
insucesso crescem exponencialmente.

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Referências:
AGT – Administração Geral Tributária. (2016). Guia do Sistema Tributário Angolano
2017. Luanda: WhereAngola Book Publisher.
Assembleia Nacional. (1994). Lei das Privatizações - Lei n.º 10/94 de 31 de Agosto.
Diário da República I Série nº 38, 455-458.
Assembleia Nacional. (2002). Lei de Delimitação de Sectores da Actividade Económica.
Diário da República I Série n.º 30, 398-399.
Assembleia Nacional. (2003). Lei de Revisão do Codigo Comercial - Lei n.º 06/03 de 3
de Março. Diário da República, I Série nº 17, 353 e seguintes.
Assembleia Nacional. (2003). Lei de Revisão do Código Comercial - Lei nº 06/03 de 3 de
Março. Diário da República, I Série n.º 17, 353-357.
Assembleia Nacional. (2004). Lei das Sociedades Comerciais. Diário da República I Série
n.º 13, 210 e seguintes.
Assembleia Nacional. (2012). Lei das Sociedades Unipessoais. Diário da República I
Série nº 110, 2635-2639.
Assembleia Nacional. (2013). Lei de Bases do Sector Empresarial Público. Diário da
República Iª Série n.º 169, 2277.
Assembleia Nacional. (2015). Lei das Cooperativas. Diário da República I Série nº 124,
3246-3264.
Coelho, F. U. (2010). Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva.
Martinez, S. (2001). Economia Política 9ª ed. Coimbra: Livraria Almedina.
Ramos, A. L. (2012). Direito Empresarial Esquematizado 2ª ed. São Paulo: Método.
Requião, R. (2005). Curso de Direito Comercial 26ª edição. São Paulo: Saraiva.
Soto, J. H. (2010). A Escola Austríaca 2ª ed. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises
Brasil.
Tomazette, M. (1 de Abril de 2002). A teoria da empresa: o novo Direito "Comercial".
Obtido de Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 56: http://jus.com.br/artigos/2899

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ANEXO – Quadro Resumo das Diferentes Formas Jurídicas das Empresas em Angola

Tipo de Empresa N.º Mínimo Capital Mínimo Representação do Responsabilidade dos sócios
de Sócios (US$) Capital
Empresa em Não Não
Nome Individual 1 tem tem Ilimitada
Sociedade
Unipessoal por Quotas 1 1.000,00 Quotas Limitada ao capital
Sociedade
Unipessoal por Acções 1 1.000,00 Acções Limitada ao valor das acções
Sociedade em Não
Nome Colectivo 2 Tem Não tem Ilimitada e solidária
Sociedade por
Quotas 2 1.000,00 Quotas Limitada ao capital (quotas)
Sociedade Anónima Limitada ao valor das acções detidas
(Por Acções) 5 20.000,00 Acções
Sociedade em Sócios comanditados: ilimitada e solidária
Comandita Simples 2 1.000,00 Quotas Sócios comanditários: limitada ao capital
(Por Quotas)
Sociedade Sócios comanditados: ilimitada
Em Comandita 6 20.000,00 Acções Sócios comanditários: limitada ao valor das
Por Acções acções detidas
Empresas Estado N/E N/E Ilimitada
Públicas Adequado ao
Exercício do
Objecto Social
Empresas com são as sociedades comerciais criadas ao abrigo da Lei das Sociedades Comerciais, em que o Estado
Domínio Público directamente, ou através de outras entidades públicas, exerce isolada ou conjuntamente uma influência
dominante por totalidade ou da maioria do capital ou dos direitos de voto ou por deter o direito (continua)

Tipo de Empresa Firma Administração Observações


Empresa em Contém o nome civil 1 ou mais gerentes À firma ode ser adicionada uma alcunha pela qual
Nome completo ou abreviado o empresário é conhecido e pode ainda conter
Individual do empresário uma expressão alusiva ao negócio
Sociedade … Sociedade 1 ou mais gerentes A quota única deve ter o valor em Kz igual a
Unipessoal por Quotas Unipessoal, Lda. 1.000,00 US$.
… Unipessoal, Lda.
… SU, Lda.
Sociedade … Sociedade 1 ou mais gerentes Acções nominativas de valor nominal mínimo em
Unipessoal por Acções Unipessoal, SA Kz igual a US$ 100,00.
… Unipessoal, SA
… SU, SA
Sociedade … e Companhia A firma é composta pelo nome completo ou
em … e Cia. abreviado, do apelido ou da firma de todos,
Nome Colectivo alguns ou um dos sócios, seguido da expressão
“e Companhia”, a sua abreviatura “Cia” ou,
ainda, qualquer outra expressão ou palavra que
indicie a existência de mais sócios.
Sociedade …, Limitada. A firma deve terminar com a palavra “Limitada”
por …, Lda. ou a sua abreviatura “Lda.”, podendo escolher-se
Quotas a primeira parte do nome de entre as seguintes
opções: a) nome composto pelo nome completo
ou abreviado de um, alguns, ou de todos os
sócios; b) expressão alusiva ao ramo de
actividade; c) conjugação dos elementos a) e b).
Sociedade … Sociedade Anónima Conselho de Administração, Termina sempre com a expressão “Sociedade
Anónima … SA ou Conselho de Administ. Anónima” ou a sua abreviatura “SA”, podendo
(Por Acções) Executivo e Conselho Geral escolher-se o resto do nome de entre as
e de Supervisão. Número seguintes opções: a) nome composto pelo nome
impar de Diretores ou completo ou abreviado de um, alguns ou de
Administradores todos os sócios; b) expressão alusiva ao ramo de
actividade; c) conjugação dos elementos a) e b).

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Quadro Resumo das Diferentes Formas Jurídicas das Empresas em Angola (Continuação)
Tipo de Empresa Firma Administração Observações
Sociedade em … Em Comandita 1 ou mais gerentes A firma contém o nome completo ou abreviado,
Comandita Simples … & Comandita Só os sócios comanditados ou a firma de pelo menos um dos sócios de
(Por Quotas) podem ser gerentes, salvo responsabilidade ilimitada (comanditado),
se os estatutos permitirem seguido de “em Comandita” ou “& Comandita”
a nomeação de sócios para sociedades do tipo simples
comanditários
Sociedade … Em Comandita por 1 ou mais gerentes A firma contém o nome completo ou abreviado,
Em Comandita Acções Só os sócios comanditados ou a firma de pelo menos um dos sócios de
Por Acções … & Comandita por podem ser gerentes, salvo responsabilidade ilimitada (comanditado),
Acções se os estatutos permitirem seguido de “em Comandita por Acções” ou “&
a nomeação de sócios Comandita por Acções”.
comanditários
Empresas A denominação das Conselho de Administração
Públicas empresas públicas deve composto por até 11
integrar a expressão administradores, entre
"empresa pública" ou Executivos e não Executivos
"EP"
Empresas com (continuação)
Domínio Público de designar ou de destituir a maioria dos membros dos órgãos de administração ou de fiscalização.

Fonte: autores (adaptado das leis: de revisão do codigo comercial de 1888, das sociedades comerciais,
das sociedades unipessoais, de bases do sector empresarial público e das cooperativas).

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