II - Noções de Máquinas Elétricas - Transformadores

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NOÇÕES BÁSICAS

DE
MÁQUINAS ELÉTRICAS

TRANSFORMADORES
II – NOÇÕES DE MÁQUINAS ELÉTRICAS

2.1 – TRANSFORMADORES E SUAS APLICAÇÕES

A energia elétrica, até chegar ao ponto de consumo, passa pelas seguintes


etapas:

A) GERAÇÃO:

Onde a força hidráulica dos rios, a força do vapor superaquecido ou a

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força da queima de combustível é convertida em energia elétrica nos chamados
geradores.

B) TRANSMISSÃO:

Os pontos de geração normalmente encontram-se longe dos centros de consumo.


Torna-se necessário elevar a tensão no ponto de geração, para que os condutores
possam ser de seção limitada, por fatores econômicos e mecânicos, e diminuir a tensão
próximo do centro de consumo, por motivos de segurança. O transporte de energia é feito
em linhas de transmissão, que atingem até centenas de milhares de Volts e que
percorrem milhares de quilômetros.

C) DISTRIBUIÇÃO:

Como dissemos acima, a tensão é diminuída próximo ao ponto de consumo, por


motivos de segurança. Porém, o nível de tensão desta primeira transformação, não é
ainda o de utilização, uma vez que é mais econômico distribuí-la em média tensão.
Então, junto ao ponto de consumo, é realizada uma Segunda transformação, a nível
compatível com o sistema final de consumo (baixa tensão). Como podemos notar, é
imprescindível a manipulação do nível de tensão num sistema de potência, quer por
motivos econômicos, quer por motivos de segurança, ou ambos. Isto é possível graças a
um equipamento de construção simples e rendimento elevado, chamado Transformador.

2.1.2 – TIPOS DE TRANSFORMADORES

Sendo um componente que transfere energia de um circuito elétrico a outro, o


transformador toma parte nos sistemas de potência, para ajustar a tensão de saída de
um estágio do sistema à tensão de entrada do seguinte. O transformador nos sistemas
elétricos e eletromecânicos poderá assumir outras funções, como isolar eletricamente os
circuitos entre si, ajustar a impedância do estágio seguinte à do anterior, ou todas estas
finalidades citadas ao mesmo tempo.

A transformação da tensão (e da corrente) é obtida graças a um fenômeno


chamado Indução Eletromagnética, ao qual nos ateremos mais adiante.

2.1.2.1 – DIVISÃO DOS TRANSFORMADORES QUANTO À FINALIDADE:

A) Transformadores de Comando
B) Transformadores de Isolação
C) Transformadores de Corrente
D) Transformadores de Potencial
E) Transformadores de Distribuição
F) Transformadores de Força

2.1.2.2 – DIVISÃO DOS TRANSFORMADORES QUANTO AOS ENROLAMENTOS:

A) Transformadores de dois ou mais enrolamentos


B) Auto transformadores
C) Transformadores “Booster”

2.1.2.3 - DIVISÃO DOS TRANSFORMADORES QUANTO AOS TIPOS


CONSTRUTIVOS
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A) Quanto ao material do núcleo:

1) Com núcleo ferromagnético


2) Com núcleo de ar

B) Quanto à forma do núcleo:

1) Nuclear ou envolvido
2) Encouraçado ou envolvente

C) Quanto ao número de fases:

1) Monofásico
2) Polifásico (principalmente o trifásico)

D) Quanto à disposição relativa dos enrolamentos:

1) Enrolamentos concêntricos
2) Enrolamentos alternados

E) Quanto à maneira de dissipação de calor:

1) Parte ativa imersa em líquido isolante (transformador imerso)


2) Parte ativa envolta pelo ar ambiente (transformador à seco)

2.1.3 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA:

2.1.4 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O transformador consiste de um núcleo de ferro com dois conjuntos de espiras


isoladas: o primário e o secundário. O primário é definido como o enrolamento que
recebe energia da fonte, e o secundário como o enrolamento que entrega energia para a
carga. Entretanto, geralmente nos referimos aos enrolamentos apenas como
enrolamento de alta tensão e enrolamento de baixa tensão.

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O fenômeno de transformação é baseado no efeito da indução mútua. Veja a figura
acima, onde temos um núcleo constituído de lâminas de aço prensadas e onde foram
construídos dois enrolamentos.

O núcleo de ferro funciona como um “condutor” para o fluxo magnético que se


estabelece quando circula corrente no primário.
Se for aplicada uma tensão alternada V1 no primário, circulará uma corrente
alternada nas espiras deste enrolamento, gerando um campo magnético variável.
O fluxo magnético variável induz uma tensão alternada V2 no secundário. A
tensão V2 no secundário pode ser maior ou menor que a tensão V1 aplicada ao primário
dependendo do número de espiras de cada enrolamento. Sendo N1 o número de espiras
no primário e N2 o número de espiras no secundário tem-se:

V1 = N1 = a
V2 N2

Se é conectada uma carga no secundário, circula uma corrente I2 neste


enrolamento. Sendo I1 a corrente que circula no primário, e admitindo-se que se trata de
um transformador ideal em que a potência de entrada é igual à potência de saída ( sem
perdas ), pode-se escrever que:
V1 . I1 = V2 . I2
Das relações acima, tira-se que:
N1 . I1 = N2 . I2

Quando a tensão do primário V1 é superior à do secundário V2 temos um


transformador abaixador. Caso contrário, teremos um transformador elevador de tensão.
Para o transformador abaixador a > 1 e para o elevador de tensão a < 1.
Deve ser ressaltado que não existe ligação elétrica entre os enrolamentos primário
e secundário. Toda energia fornecida ao primário é transferida para o secundário por
efeito de indução eletromagnética.
Cabe ainda fazer notar que sendo o fluxo magnético proveniente de corrente
alternada, este também será alternado, tornando-se um fenômeno reversível, ou seja,
podemos aplicar uma tensão em qualquer dos enrolamentos que teremos a f.e.m. no
outro.
Baseando-se neste princípio, qualquer dos enrolamentos poderá ser o primário ou
secundário. Chama-se de primário o enrolamento que recebe energia e secundário o
enrolamento que alimenta a carga.
O núcleo do transformador é formado por uma série de lâminas de aço, isoladas
entre si por uma folha de papel ou verniz. O objetivo é minimizar a circulação de
correntes parasitas (correntes de foucault) que são induzidas no núcleo pelo fluxo
magnético variável. O aço utilizado tem silício em sua composição, a fim de apresentar
uma alta resistência elétrica.

2.1.5 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS NORMALIZADAS


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2.1.5.1 – POTÊNCIA NOMINAL:

Entende-se por potência nominal de um transformador, o valor convencional de


potência aparente, que serve de base ao projeto, aos ensaios e às grandezas do
fabricante, e que determina o valor da corrente nominal que circula, sob tensão nominal,
nas condições especificadas na respectiva norma.

As principais potências nominais em KVA, normalizadas pela ABNT (NBR-5440),


dos transformadores trifásicos são as seguintes:

- 15; 30; 45; 75; 112,5 ; 150; 225 ; 300 ; 500; 750 ; 1000; 1500; 2000; 2500; 5000 KVA

2.1.5.2 – TENSÃO NOMINAL

É o valor da tensão destinada à alimentação da instalação.

As principais tensões nominais em V ou KV, normalizadas pela ABNT (NBR-5440),


dos transformadores trifásicos são as seguintes:

- 220/127 V; 380/220 V; 440/220 V; 20/0,22 KV; 13,8/0,48 KV; 13,8/4,16 KV

2.1.5.3 – CORRENTES

2.1.5.3.1 – CORRENTE NOMINAL

A corrente nominal é a corrente para o qual o enrolamento foi dimensionado. Ela é


determinada em função da capacidade do transformador em KVA e a tensão nominal do
enrolamento em apreço.

2.1.5.3.2 – CORRENTE DE EXCITAÇÃO

A corrente de excitação ou a vazio é a corrente de linha que surge quando em um


dos enrolamentos dos transformador for ligado a sua tensão nominal e freqüência
nominal, enquanto os terminais do outro enrolamento em circuito aberto, apresentam a
tensão nominal.

2.1.5.3.3 – CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Em um curto circuito no transformador, é preciso distinguir a corrente permanente


(valor efetivo) e a corrente de pico (valor de crista).

2.1.5.3.3.1 – CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO PERMANENTE

Quando o transformador, alimentado no primário pela sua tensão e freqüência


nominal e o secundário estiver curto-circuitado nas três fases, haverá uma corrente de
curto-circuito permanente, que se calcula pela seguinte expressão:

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Icc(A)= In(A)/ez(%) * 100

Onde:

In – Corrente nominal (A)


ez – Impedância a 75C (%)

A intensidade e a duração máxima da corrente de curto que deve suportar o


transformador são normalizadas.

Se a Icc calculada for superior a 25 vezes a corrente nominal, o transformador


deverá suportar durante 3 segundos 25 vezes In. Porém, se a Icc calculada for inferior, o
equipamento deverá suportar durante 2 segundos a mesma corrente do caso anterior.

2.1.5.3.3.2 – CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO DE PICO

Entende-se como corrente de curto-circuito de pico o valor máximo instantâneo da


onda de corrente, após a ocorrência do curto-circuito. Esta corrente provoca esforços
mecânicos elevados e é necessário que os enrolamentos estejam muito bem ancorados
por cuidadosa disposição de calços e amarrações para tornar o conjunto rígido.

Enquanto a corrente de pico afeta o transformador em sua estrutura mecânica, a


corrente permanente afeta de forma térmica.

2.1.5.4 – LIGAÇÃO DOS ENROLAMENTOS DE FASE E INDICAÇÃO DO


DESLOCAMENTO ANGULAR

Nos transformadores trifásicos os enrolamentos podem ser ligados em estrela,


triângulo ou Zig-Zag.

A ligação em estrela, em triângulo ou em Zig-Zag, de um conjunto de enrolamentos


de fase de um transformador trifásico, deve ser indicada pelas letras Y, D ou Z para o
enrolamento de alta tensão e y, d ou z para enrolamentos de baixa tensão.

Se o ponto neutro de enrolamento em estrela ou Zig-Zag for acessível (bucha de


neutro) as indicações deverão ser, respectivamente, YN ou ZN e yn e zn.

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O deslocamento angular é indicado no mostrador de um relógio cujo ponteiro
grande (minutos) se acha parado em 12 e coincide com o fasor da tensão entre o ponto
neutro (real ou imaginário) e um terminal de linha do enrolamento de alta tensão e cujo
ponteiro pequeno (horas) coincide com o fasor da tensão entre o ponto neutro (real ou
imaginário) e o terminal de linha correspondente do enrolamento considerado.

O fasor do enrolamento de alta tensão é tomado como origem. A figura 2 apresenta


exemplos de diagramas fasoriais que mostram o uso da indicação horária dos fasores.

A marcação dos terminais I, I, III e i, ii, iii são utilizados na figura apenas para fins
ilustrativos.

Figura 2 – Diagrama fasorial

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2.1.5.5 – POLARIDADE:

Os pontos nos desenhos acima indicam os terminais de polaridade


correspondente. Se compararmos as tensões nos dois enrolamentos, as tensões de um
terminal marcado para um terminal não marcado serão da mesma polaridade instantânea
para primário e secundário. Como pode ser visto na figura, o sentido do enrolamento
secundário determina qual terminal será marcado com o ponto.

2.2 – TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS

A grande expansão dos sistemas elétricos exige o uso de correntes e tensões cada
vez maiores. Estes sistemas para serem controlados e protegidos precisam transmitir em
cada instante aos instrumentos de medição e proteção essas grandezas.

Como é impraticável o uso de instrumentos que meçam diretamente as tensões e


correntes de linha, usamos os transformadores de instrumentos que suprem os relés e
medidores com grandezas proporcionais aos circuitos de potência, mas suficientememte
reduzidas, de forma que estes instrumentos possam ser fabricados com isolamento
reduzido.

Então podemos afirmar que os transformadores para instrumentos, como definidos


por normas da ABNT (NBR 6546, NBR 6821, NBR 6856), são usados na medição,
controle e proteção por cinco razões fundamentais:

A) Alimentar o sistema de proteção e medição com tensão e corrente reduzidas, mas


proporcionais as grandezas do circuito de força. Estendendo o alcance dos
instrumentos ou aparelhos.

B) Proporcionar isolamento entre o circuito de alta tensão e os instrumentos.

C) Proteger os instrumentos e os operadores do contato com alta tensão.

D) Permitem ligar, nos secundários uma quantidade razoável de instrumentos de medida


e aparelhos, evitando assim que eles sejam isolados para tensões mais altas, e assim
tornando o conjunto mais econômico.

E) Permitem padronizar as características dos instrumentos com relação às tensões e


correntes nominais.

Praticamente apenas duas grandezas são medidas diretamente através de


transformadores de instrumentos:
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- a corrente de linha.
- a tensão entre fases ou fase e terra.

Para medi-las usamos respectivamente:

- o transformador de corrente (TC).


- O transformador de potencial (TP).

A padronização dos transformadores de instrumentos é feita por três


características básicas:

- Valores nominais de relação;


- Tensão, corrente e carga secundária;
- Exatidão.

2.2.1 – TRANSFORMADOR DE CORRENTE – TC:

É um aparelho destinado a reduzir as intensidades de correntes do circuito primário


a valores convenientes para a medição e proteção. São utilizados para medição de
intensidade de corrente (A), energia ativa (KWH), energia reativa (KVAR), potência ativa
instantânea (KW), potência reativa instantânea (KVar) e para proteção (acionamento dos
relés de sobrecorrente, de terra, diferencial ou direcional).

Cada TC tem o seu enrolamento primário ligado em série com o circuito de alta
tensão. A impedância do TC, vista do primário, é desprezível comparada com a do
sistema ao qual estará instalado, mesmo que se leve em conta a carga que se coloca no
seu secundário. Desta forma, a corrente que circulará no primário dos transformadores de
corrente estará em função do circuito de potência.

2.2.1.2 – Princípio de Funcionamento

O funcionamento de um TC difere de um transformador de potência ou de


potencial, já que em função da baixa impedância de carga no secundário(em geral,
bobinas de corrente de instrumentos), a operação de um TC se aproxima de uma
condição de curto-circuito. Além disso, tendo em vista que a corrente no primário é função

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da carga no circuito principal, conclui-se que a corrente no secundário varia com a carga
no sistema principal.

A relação real entre as correntes I1/I2 pode ser melhor compreendida através do
estudo da figura abaixo.

As correntes na figura estão multiplicadas pelas espiras a fim de representar as


forças magnetomotrizes no primário e no secundário, o que facilita a compreenção, tendo
em vista que:
N1xI1 = N2xI2
n1Io – representa a forção magnetomotriz requerida para estabelecer a circulação do
fluxo através da relutância do ferro.

O valor da relação I1/I2 varia ligeiramente em função do valor da corrente principal


I1 e da carga no secundário do TC, denominando-se Fator de Correção da relação de
Transformação Total, o valor pelo qual se multiplica a relação I1/I2 nominal, para termos a
relação I1/I2 real. Assim:

FCTtotal x I1/I2 nominal = I1/I2 real


Onde:

FCTtotal = FCRc x FCAc


FCRc – Fator de Correção da Relação;
FCAc – Fator de Correção do Angulo de Fase.

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As bobinas dos instrumentos são conectadas em série no secundário dos TC´s,
sendo que quanto maior o número de instrumentos, mais elevada é a tensão requerida
para fazer circular a corrente I2 correspondente aos amperes-espiras do primário.

Uma característica importante dos TC´s é que sempre devem ser operados com o
circuito fechado através das bobinas dos instrumentos ou através de chaves de curto-
circuito do secundário. Jamais se deve abrir o circuito do secundário de um TC quando o
circuito primário estiver em carga, já que a corrente I1 é fixada pela carga ligada ao
circuito externo.

Se I2 = 0, isto é, com o secundário aberto, não haverá o efeito desmagnetizante desta


corrente e a pequena corrente de magnetização Io passará a ser a própria corrente I1,
originando um fluxo muito elevado no núcleo. Como conseqüência, temos:

- Aquecimento excessivo causando a destruição do isolamento, podendo provocar


contato do circuito primário com o secundário e com a terra;
- Uma f.e.m. induzida E2 de valor elevado, com perigo para o operador;
- Este fluxo elevado causará uma magnetização forte no núcleo, alterando suas
características de funcionamento e precisão.

Por isto nunca devemos utilizar fusíveis no secundário dos TC´s.

2.2.1.3 – Tipos Construtivos

Segundo a norma NBR 6856 da ABNT, os TC´s são classificados, de acordo com a
sua construção, em um dos seguintes tipos:

1) Tipo Enrolado – Transformador de Corrente cujo enrolamento primário, constituído por


uma ou mais espiras, envolve mecanicamente o núcleo do transformador. Os
enrolamento primários e secundários são completamente isolados e permanentemente
montados no núcleo. Sua principal utilização está nos serviços de proteção onde
pequenas relações são necessárias.

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2) Tipo Barra – Transformador de Corrente cujo enrolamento primário é constituído por
uma barra montada permanentemente através do núcleo do transformador. Os
enrolamentos primário e secundário são completamente isolados e permanentemente
montados no núcleo.

3) Tipo Janela – Transformador de Corrente sem primário próprio, construído com uma
abertura através do núcleo por onde passa um condutor formando o circuito primário. O
secundário é completamente isolado e é permanentemente montado no núcleo.

4) Tipo Bucha – Transformador de Corrente tipo janela projetado para ser instalado sobre
uma bucha de um equipamento elétrico. O enrolamento secundário é completamente
isolado e montado permanentemente no núcleo, enquanto que o primário não possui
isolamento, devendo ser usado junto com um disjuntor ou um TP.

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5) Tipo com Núcleo Dividido – Transformador de Corrente tipo janela em que parte do
núcleo é separável ou basculhante, para facilitar o enlaçamento do condutor primário. O
enrolamento secundário é completamente isolado e montado no núcleo. É muito comum
em instrumentos portáteis tipo amperímetro alicate.

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6) Tipo com Vários Enrolamentos primários – Transformador de Corrente com vários
enrolamentos distintos e isolados separadamente.

7) Tipo com Vários Núcleos – Transformador de Corrente com vários enrolamentos


secundários isolados separadamente e montados cada um em seu núcleo, formando um
conjunto com um único enrolamento primário, cujas espiras enlaçam todos os
secundários.

2.2.1.4 – Classificação

Os TC´s classificam-se em dois tipos:

A) Para serviço de medição

Estes TC´s são enquadrados pela ABNT nas seguintes classes de exatidão:
- 0,3 – 0,6 – 1,2 – 3,0.

Os TC´s para serviço de medição devem apresentar erro de relação (FCR) e de


angulo de fase (β) mínimos dentro de cada classe para valores entre 10 a 100% da
corrente nominal. Estes erros são causados pela corrente de excitação, e o TC estará em
sua classe de exatidão se os pontos determinados pelos FCR e β estiverem dentro do
paralelogramos de exatidão de sua classe.

Figura A1 – limites da classe de exatidão 0,3 em TC para serviço de medição

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Figura A2 – limites da classe de exatidão 0,6 em TC para serviço de medição

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Figura A3 – limites da classe de exatidão 1,2 em TC para serviço de medição

O FCR é o fator que multiplicado pela relação nominal de transformação nos dá a


relação real de transformação, e é dado pela seguinte fórmula:

FCR = (I1/I2)/K = (I2 + Ie)/I2


Onde:

I1 – valor eficaz da corrente primária;


I2 – corrente secundária fluindo pela carga;
Ie – corrente de excitação referida ao secundário;
K – relação de espiras.

Já o Fator de Correção de Transformação (FCT) leva em conta o efeito combinado


do erro de relação e do ângulo de fase em medições de potência.

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A expressão que relaciona β, FCR e FCT é a seguinte:

β = 2600 (FCR – FCT)

Onde:

FCT – assume seus valores máximos e mínimos.

As classes 0,3 e 0,6 destinam-se a medidas de laboratório e faturamento, enquanto


que a classe 1,2 serve para os demais medidores. A classe de exatidão 3, por não Ter
limitação de angulo de fase, não deve ser usada em serviço de medição de potência de
energia.

Independente da aplicação a que se destina, o TC e os instrumentos a ele


conectados deverão Ter as mesmas classes de precisão.

B) TC´s para Serviço de proteção

Estes TC´s são enquadrados segundo a ABNT nas seguintes classes de exatidão:

- 5 e 10, enquanto que pela norma ANSI este valor é igual a 10. Consideramos que um
TC para proteção está dentro de sua classe de exatidão quando o seu erro de relação
percentual não for superior ao valor especificado, desde a corrente secundária nominal
até uma corrente igual a 20 vezes a nominal.

Segundo a ABNT eles são classificados em 2 tipos:

1) Tipo A (ANSI -> T): São todos os TC´s tipo enrolado, em que o fluxo de dispersão no
núcleo tem um efeito apreciável no erro de relação, e por isto este erro deve ser
determinado por teste. Possuem alta impedância secundária.

2) Tipo B (ANSI -> C): São todos os TC´s tipo bucha com enrolamento uniformemente
distribuído e aqueles em que o fluxo de dispersão tenha um efeito desprezível no erro
de relação de transformação, e desta forma este erro pode ser calculado. Possuem
baixa impedância secundária.

Os TC´s para proteção devem retratar fielmente as correntes de curto-circuito ou


defeito, e desta forma seu núcleo não deve saturar-se.

Além disso, são classificados na base do máximo valor eficaz da tensão que o
mesmo pode manter em seus terminais secundários sem que o erro de relação de
transformação ultrapasse o valor especificado quando está fornecendo à carga uma
corrente igual ao produto de sua corrente nominal pelo seu fator de sobrecorrente
nominal.

As tensões nominais normalizadas são:


- 10, 20, 50, 100, 200, 400 e 800 V.

2.2.1.5 – Características Nominais

As principais características nominais são:


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1) Correntes Nominais e Relações Nominais

As correntes primárias nominais e as relações nominais são padronizados por


norma. Pela ABNT, elas podem ser encontradas nas Tabelas 2, 3 e 4 da NBR 6856. As
relações nominais são baseadas na corrente nominal secundária de 5 Ampères.

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2) Níveis de Isolamento

É definido pela máxima tensão do circuito ao qual o TC vai ser conectado, sendo
também padronizados por norma, tabelas 5, 6 e 7 da NBR 6856.

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Tabela 7 – Níveis de Isolamento para tensão máxima do equipamento
não inferior a 362 KV e não superior a 765 KV

3) Freqüência Nominal
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São normais as freqüências de 50 e 60 HZ, sendo esta última a utilizada no Brasil.

4) Carga Nominal

As cargas nominais são designadas pela ABNT por um símbolo formado pela letra
C seguida do número de VA´s correspondentes à corrente secundária nominal, variando
de C2,5 a C200.

Pela norma ANSI, são caracterizadas pelo símbolo B seguida de um número que
correspondente à carga em ohms, variando de B-01 a B-8,0.

5) Classe de Exatidão

A) TC´s para Medição: São enquadrados segundo a ABNT em uma das seguintes
classes de exatidão: 0,3 – 0,6 – 1,2 – 3,0 . Segundo a ANSI, as classes são 0,3 – 0,6 –
1,2. Considera-se que um TC está dentro de sua classe de exatidão quando os pontos
determinados pelo FCR e β estiverem dentro dos paralelogramos de exatidão, como já foi
explicado anteriormente.

B) TC´s para serviços de Proteção: Os TC´s para serviços de proteção devem ser
enquadrados nas classes 5 ou 10. Considera-se que um TC para proteção está dentro de
sua classe de exatidão quando o seu maior erro percentual não for maior que o
especificado desde uma corrente nominal até uma corrente 20 vezes a nominal.

ε = (Ie / Is) x 100%

Onde:

Is – corrente secundária;
Ie – corrente de excitação correspondente.

6) Fator Térmico Nominal

É o fator pelo qual se deve multiplicar a corrente primária nominal para se obter a
corerente primária máxima que um TC é capaz de conduzir em regime contínuo, sob
freqüência nominal e com a carga especificada, sem exceder os limites de elevação de
temperatura especificados.

Pela ABNT, os fatores térmicos nominais são: 1,0 – 1,2 – 1,3 – 1,5 – 2,0, enquanto
que pela ANSI os fatores são: 1,0 – 1,33 – 1,5 – 2,0 – 3,0 – 4,0.

7) Corrente Térmica nominal

É o valor da corrente primária simétrica que o TC pode suportar por 1 segundo com
o secundário curto-circuitado sem exceder os limites de temperatura especificados para a
sua classe de isolamento.

8) Corrente Dinâmica Nominal


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É o valor de crista da corrente primária que um TC é capaz de suportar durante o
primeiro meio ciclo com o secundário curto circuitado sem se danificar mecanicamente
devido às forças eletromagnéticas resultantes.

9) Tensão Secundária Nominal

É a tensão que aparece nos terminais da carga nominal imposta ao TC quando circula
uma corrente igual a 20 vezes a nominal sem que o erro da relação exceda ao valor
especificado.

2.2.2 – TRANSFORMADOR DE POTENCIAL – TP:

É um aparelho destinado a reduzir a tensão elevada no primário a valores


convenientes à medição e à proteção (no secundário), além de isolar os instrumentos das
tensões elevadas e perigosas.

É empregado para medir a tensão do circuito de Alta ou média tensão (V), a


energia ativa (KWH), a energia reativa (KVAR), para proteção, acionamento dos relés de
sobre e sub-tensão, freqüencímetro e medidor de fator de potência.

Os Tranformadores de Potencial (TP´s), não se distinguem, quanto ao


funcionamento dos transformadores de potência. A respectiva potência, porém, é
pequena, sendo construídos para terem um erro mínimo na relação de transformação e
no ângulo de fase.

É constituído por uma bobina primária com muitas espiras, um núcleo e uma
bobina secundária com menos espiras.

É importante que haja um isolamento adequado para a tensão primária.

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A queda de potencial, pela impedância, desde o regime em vazio até o regime da
plena carga, tem que ser muito pequena.

No dimensionamento do TP não há necessidade de se considerar uma série de


fatores como os analisados no caso dos TC´s, pois sua ligação em paralelo com a rede
faz com que as correntes de curto não tenham a mesma influência.

Do exposto acima, resulta além de uma construção onde menores precauções são
necessárias; o fato de que para fins de medição, a precisão deve ser mantida em todas as
leituras, dentro de certos limites. Esta condição é bem mais fácil de ser satisfeita no caso
de medição de tensão, pois sua faixa de variação é bem menor do que no caso da
medição de correntes. (observar que com a variação da carga, oscila conjuntamente a
corrente, o mesmo não acontece com a tensão, cuja variação é bem menor).

2.2.2.1 – Princípio de Funcionamento

Conforme já visto em transformadores de potência , a relação descrita


anteriormente, continua valendo, ou seja:

V1/V2 = I2/I1 = Ni/N2 = a

A tensão V2 no secundário será uma fração da tensão da rede V1, dependendo da


relação de transformação do TP. A tensão secundária nominal dos transformadores de
potencial é padronizada em 115V.

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2.2.2.2 – Características Nominais

São os seguintes os valores nominais que caracterizam basicamente um


transformador de potencial:

1) Tensão Primária Nominal

É aquela para o qual o TP foi projetado.

2) Tensão Secundária Nominal

É aquela padronizada por norma e tem valor fixo igual a 115 V.

3) Freqüência Nominal

É a freqüência nominal que um TP deve operar. As principais são 50 HZ, 60 HZ e


50/60 HZ.

No caso de dupla freqüência os transformadores de potencial devem satisfazer as


condições de temperatura, para estas duas freqüências, quando a potência nominal e a
carga nominal máxima forem as mesmas nas duas freqüências.

4) Carga Nominal

É a carga admitida no secundário do TP sem que o erro percentual ultrapasse os


valores estipulados para a sua classe de exatidão.

5) Classe de Exatidão Nominal

É o maior valor de erro percentual que o TP pode apresentar quando ligado a um


aparelho de medida em condições especificadas. São construídos, normalmente para a
classe de exatidão de 0,3 – 0,6 e 1,2.. Quanto a aplicação, segue os mesmos princípios
orientados para os TC´s.

6) Potência Térmica Nominal

É o valor da maior potência aparente que o TP pode fornecer em regime contínuo


sem que sejam excedidos os limites especificados de temperatura.

7) Tensão Suportável de impulso (TSI)

È a maior tensão em valor de pico que o TP pode suportar quando submetido a


uma frente de onda de impulso atmosférico de 1,2 x 50 μS.

8) Polaridade

Semelhantemente aos TC´s, é necessário que se identifiquem nos TP´s os


terminais de mesma polaridade. Logo, diz-se que o terminal secundário X1 tem a mesma
polaridade do terminal primário H1, num determinado instante, quando X1 e H1 são
positivos ou negativos, relativamente aos terminais X2 e H2, conforme se pode observar
na figura abaixo.

28
Normalmente os TP´s mantêm os terminais secundário e primário de mesma
polaridade adjacentes.

A ligação das bobinas dos medidores de energia nos terminais secundários de um


TP deve ser feita de tal modo que, se H1 corresponde ao terminal de entrada ligado ao
circuito primário, o terminal de entrada da bobina de potencial dos instrumentos deve ser
conectado ao terminal secundário X1.

9) Representação

O sinal de dois pontos ( : ) deve ser usado para representar relações nominais.
Exemplo: 120:1

O hífem ( – ) deve ser usado para separar relações nominais e tensões nominais
de enrolamento diferentes.
Exemplo: 13.800 – 115 , 120:1

O sinal ( x ) deve ser usado para separar tensões primárias nominais e relações
nominais de enrolamentos a serem ligados em série ou em paralelo.
Exemplo: 6.900 x 13.800 – 115 V , 60 x 120:1

A barra ( / ) deve ser usada para separar tensões primárias nominais e relações
nominais obtidas por meio de derivações, seja do enrolamento primário ou seja no
enrolamento secundário.
Exemplo: 6900 / 8050 – 115 V , 60 / 70:1

29
2.3 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Para a confecção desta apostila, as seguintes Bibliografias foram utilizadas:

1) Livro Instalações Elétricas Industriais (João Mamede Filho).

2) Livro Instalações Elétricas (Júlio Niskier / A. J. Macintyre).

3) Livro Instalações Elétricas (Hélio Creder).

4) Livro Máquinas Elétricas (Fitzgerald).

5) Livro Máquinas Elétricas e Transformadores (Irving Korsow).

6) Catálogos de Fabricantes (WEG, GE, SIEMENS, ETC.).

7) Apostilas de Máquinas Elétricas (UFRJ).

8) Apostilas Máquinas Elétricas (GE).

9) NBR5410 e outras Normas Importantes (ABNT).

10) Várias apostilas pessoais (MSA).

ELABORADOR:

Autor desconhecido

DÚVIDAS:

Rodrigo Ribeiro Rosa


Manutenção Elétrica - PNA-1
Chave: RTT2

30

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