Ucrânia
As hostilidades deslocaram milhões de ucranianos que continuam a precisar do nosso apoio. Quase 3,7 milhões de pessoas foram deslocadas internamente e mais de 6,6 milhões de refugiados foram registrados globalmente... a já terrível situação humanitária deve piorar, pois as hostilidades não mostram sinais de diminuir e o inverno se aproxima.
Miroslav Jenča, secretário-geral assistente,
Departamento de Assuntos Políticos, em informe ao Conselho de Segurança
Fundo Humanitário para a Ucrânia
A situação da segurança na Ucrânia deteriorou-se, rapidamente, após o início da ofensiva militar da Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
A violência armada aumentou em pelo menos oito regiões do país incluindo Kyivska e a capital Kiev, além das regiões de Donetsk e Luhansk, no leste, que já estavam afetadas pelo conflito.
A escalada do conflito causou um aumento imediato das necessidades humanitárias à medida que gêneros essenciais e serviços são interrompidos e os civis fogem dos combates.
A ONU estima que 12 milhões de pessoas dentro da Ucrânia precisarão de assistência e proteção enquanto mais de 4 milhões de ucranianos, que fogem do país, também precisarão de assistência em nações vizinhas, nos próximos meses.
Em 1 de março, a ONU e seus parceiros humanitários lançaram um apelo-relâmpago, num valor de US$ 1,7 bilhão, para entrega imediata de ajuda às pessoas na Ucrânia e aos refugiados em países vizinhos.
Dentro da Ucrânia, o plano requer US$ 1,1 bilhão para financiar o aumento de necessidades humanitárias de mais de 6 milhões de pessoas atingidas pela ofensiva russa.
A quantia também apoiará os deslocados por operações militares nos próximos três meses.
Fora da Ucrânia, a ONU está pedindo US$ 551 milhões para assistir ucranianos que fugiram pelas fronteiras do país especialmente para a Polônia, Hungria, Romênia e Moldávia.
Informação sobre as Nações Unidas na Ucrânia podem ser acessadas aqui, em inglês.
Reportagem
Brasileiro, porta-voz do Ocha, relata drama de ucranianos evacuados de Mariupol
Um dos funcionários da ONU ajudando no processo é o brasileiro Saviano Abreu, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha.
De Zaporizhzhya, ele contou à ONU News o drama das pessoas que ficaram mais de dois meses sem ver a luz do dia.
“O principal impacto é exatamente o impacto psicológico na vida dessas pessoas. Estamos falando de pessoas que ficaram dentro de um bunker, de um refúgio subterrâneo por mais de dois meses.
Elas não puderam ter um acesso à água potável, de maneira adequada, por dois meses e muitas delas nos contaram que só comiam uma vez ao dia. E ainda por cima ter os barulhos, os estrondos das bombas, da guerra acontecendo, lá do lado de fora, sem exatamente saber o que estava acontecendo.
Elas saíram deste lugar e só então foram descobrir com detalhes o que tinha acontecido do lado de fora e descobrir que a cidade de Mariupol está completamente destruída.”
Segundo Saviano Abreu, a evacuação de áreas em conflito é uma decisão voluntária. Existem pessoas que optam por permanecer nessas regiões.
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António Guterres falou após aprovação da resolução da Assembleia Geral deplorando a ofensiva da Rússia à Ucrânia. A resolução foi votada após uma sessão especial de emergência sobre o tema realizada de 28 a fevereiro a 2 de março de 2022. Segundo ele, é um dever como secretário-geral defender essa resolução e ser guiado por ela. Para ele, a mensagem é bem clara: é preciso acabar com a violência na Ucrânia agora, silenciar as armas agora e abrir a porta para diálogo e diplomacia agora. Leia mais sobre a resolução aqui.
A situação humanitária na Ucrânia é o tema de uma reunião do Conselho de Segurança na tarde de segunda-feira (07). O encontro foi pedido pela Albânia e pelos Estados Unidos. É a segunda reunião em menos de três dias, a última foi sexta-feira, 4 de março, quando o órgão foi convocado após o ataque da Rússia à usina nuclear de Zaporizhzhya, considerada a maior instalação atômica da Europa.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alerta: as famílias na Ucrânia que estão nas zonas atingidas pelo conflito já estão tendo dificuldades para encontrar comida. A agência prevê que essa crise poderá ter consequências além das fronteiras.
Na capital da Ucrânia, Kyiv, já há relatos de escassez severa de comida e de água, enquanto em Kharkiv as equipes do PMA estão montando operações de ajuda.
O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que esta é a maior crise de refugiados da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 2 milhões de pessoas já cruzaram as fronteiras para fugir da violência desde o início da ofensiva russa contra o país em 24 de fevereiro.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Agência da ONU para Refugiados fizeram um alerta conjunto para o risco de crianças cruzando as fronteiras da Ucrânia sem a companhia dos pais ou parentes.
Destaque
Professora ucraniana refugiada diz à ONU News que teme nunca mais ver o marido
24 de fevereiro: era uma típica quinta-feira de Inverno em Kharkiv, no leste da Ucrânia. Nataliia Vladimirova estava dormindo quando foi acordada pelo marido.
O parceiro a avisa que os ataques da Rússia haviam começado. Naquele momento, a ex-professora universitária e auditora sequer sabe o que colocar nas malas.
A família de Nataliia, que prefere ser chamada de Natasha, não tem a menor ideia de quanto tempo o conflito irá durar. Sua preocupação inicial foi em levar o maior número possível de documentos e roupas para a filha Oleksandra, de apenas quatro anos.
Naquele mesmo dia, a família abandona o apartamento em Kharkiv – o marido tinha apenas a roupa do corpo, um traje esportivo.
Dúvidas e ceticismo permeavam as conversas de Natasha com o marido antes do ataque russo: ela havia até sugerido ao marido que comprassem passagens de avião para fugirem, antes mesmo da guerra. Mas ele não acreditava que a invasão russa pudesse de fato acontecer em pleno século 21.
De um momento para o outro, a vida do casal e da filha, tomou uma direção nunca antes pensada: o marido ficou na Ucrânia, enquanto Natasha e a menina Sasha conseguiram encontrar refúgio em Portugal. Foi em Lisboa, que a também fotógrafa contou a sua história para a ONU News. Mas até chegarem em terras lusas, a família passou por várias cidades.
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VÍDEOS