Despedida de Tétis-9
Despedida de Tétis-9
Despedida de Tétis-9
Os portugueses levam da ilha provisões e memórias dos tempos que passaram com as ninfas,
recordações que os acompanharão para sempre. Em mar sereno, com vento calmo, fazem a viagem de
regresso, até ao Tejo.
As estâncias finais d'Os Lusíadas são momentos em que o poeta reflete sobre o país que lhe era
contemporâneo e dirige conselhos ao rei D. Sebastião.
Estrofe 145
O poeta, que, por diversas vezes, ao longo do poema, convocou as ninfas para que estas o
inspirassem, vem agora afirmar que não precisa mais da sua inspiração. Tem a lira «Destemperada» e a
«voz enrouquecida», ou seja, não consegue mais continuar o seu canto, o seu poema. Este cansaço deve-se
não ao longo poema construído, mas à consciência de que está a cantar para uma «gente surda e
endurecida».
Constata, assim, tristemente, que a pátria não o protegerá, porque «está metida / No gosto da
cobiça e na rudeza / Düa austera, apagada e vil tristeza». Os portugueses do tempo de Camões são, assim,
apresentados como totalmente diferentes daqueles que o poeta louvou ao longo do poema, pois vivem
dominados pela cobiça e pela tristeza.
Estrofe 146
O poeta mostra não compreender por que razão a pátria (os portugueses do seu tempo) não encara,
com alegria e vontade de trabalhar, os desafios que vão surgindo.
Dirige-se a D. Sebastião, apelando a que este se rodeie de «vassalos excelentes», ou seja, de
portugueses que ainda sejam capazes de grandes sacrifícios e que não estejam dominados pela tristeza,
pela preguiça e pela cobiça.
Estrofes 154-56
• Adjetivação: «gente surda e endurecida» (est. 145), «humilde, baxo e rudo» (est. 154) - permite
caracterizar e destacar os traços que o poeta pretende associar à pessoa descrita.
• Imperativo: «Olhai» (est. 146) - marca a exortação feita pelo poeta ao rei D. Sebastião.
• Anáfora: «Pera servir-vos, braço às armas feito, / Pera cantar-vos, mente às Musas dada» (est. 155) -
está ao serviço da enumeração das características pessoais que o poeta oferece ao rei D, Sebastião.
• Apóstrofe: «Musa» (est. 145), «o Rei» (est. 146) - permitem indicar o interlocutor do poeta, a quem ele
se dirige em cada momento.
Fonte: MARQUES, Carla; SILVA, Inês: Letras & Companhia 9.º Ano. ASA