A Importância Dos Jogos No Desenvolvimento Infa

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Universidade Católica de Angola

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS


Curso de Psicologia

A IMPORTÂNCIA DE JOGOS NO DESENVOLVIMENTO


INFANTIL

Luanda, 2022
Projecto de pesquisa de grupo para obtenção de nota de
avaliação dos estudantes:

Maria José Cuenda, com ID nº 10 000 22741

Kétora Ventura Paulino, com ID nº 10 000 18937

Kengue Madaleno, com ID nº 10 000 23123

Weza Rossana Coelho, com ID nº 10 000 23635

Apresentado à Faculdade de Ciências Humanas, Curso de


Psicologia, para disciplina de Psicologia do
Desenvolvimento.

DOCENTE: Creusa Albino.

Luanda, 2022
Índice

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................4
1.1. Considerações Iniciais.............................................................................................4
1.2. Objectivos................................................................................................................5
CAPÍTULO I: O JOGO.........................................................................................................6
1. O jogo e o Ensino........................................................................................................8
CAPÍTULO II: A PERSPECTIVA DE PIAGET..................................................................9
CAPÍTULO III: A PERSPECTIVA DE VYGOTSKY.......................................................12
CAPÍTULO IV: A PERSPECTIVA DE WINNICOTT......................................................15
CAPÍTULO V: PERSPECTIVA DE FEURSTEIN.............................................................17
CAPÍTULO VI: PERSPECTIVA DE WALLON................................................................19
CAPÍTULO VII: O BRINCAR............................................................................................20
1. A importância do Brincar..........................................................................................23
CAPÍTULO VIII: COMO O GÊNERO INFLUENCIA NO BRINCAR............................25
CONCLUSÃO.....................................................................................................................26
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................26
INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais

Este trabalho foi desenvolvido para a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento,


ministrada pela Profª. Creusa Albino, para o curso de Psicologia.

Por ser uma disciplina que possibilita o conhecimento das características gerais de
uma faixa etária facilitando a observação e interpretação sobre as mudanças
comportamentais.

A escolha deste tema tem como objectivo oportunizar a compreensão do


significado e da importância das actividades lúdicas na Educação Infantil.

A ludicidade é considerada fundamental na Educação Infantil, pois os jogos,


brinquedos e brincadeiras contribuem de forma significativa para a construção de
conhecimento dos alunos, bem como, para a socialização com os colegas e professores.

Percebemos que “O desenvolvimento da criança e a relação com o brincar e o jogo


é de fundamental importância pois possibilita a compreensão das relações e entendimento
através do jogo e do que a criança quer nos dizer quando brinca. Essa atividade pode dar-
nos respostas quando a criança não se consegue expressar verbalmente ou por ser muito
pequena ou ainda quando por algum motivo ou algo muito marcante negativamente a
impede de se expressar verbalmente e o faz através do jogo. Por esse motivo ressalta-se da
importância do estudo de teorias de: Piaget, Vygotsky e Winnicott entre outros. Interessa-
nos as suas ideias e experiências sobre o assunto o que nos permite ter uma visão mais
ampla e clara sobre o tema e que poderá contribuir em nossas atividades” (Nardi, 2009).

Esses teóricos comentam que os jogos e brincadeiras são a base epistemológica da


educação, sendo indispensáveis no processo de ensino-aprendizagem infantil.

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1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivos Gerais:


 Mostrar a importância que a brincadeira e o jogo têm para o melhor
desenvolvimento da criança.

1.2.2. Objectivos Específicos:

 Explicar as perspectivas dos diversos autores como Piaget, Vygotsky, Winnicott,


Kihimoto, entre outros;

 Identificar a importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil;

 Mostrar como género influencia no brincar;

 Descrever a relação entre a brincadeira e o ensino.

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CAPÍTULO I: O JOGO

“A palavra Jogo vem do latim locu, significando gracejo, foi empregue no lugar de
ludu: brinquedo, divertimento, passatempo”.

Huizinga (1951) define o Jogo como um elemento da cultura, relacionado com os


aspectos sociais, considerando que não é apenas uma perspectiva psicológica, sociológica
ou antropológica. Segundo este autor, o jogo define-se como: uma acção ou uma
actividade voluntária, realizada segundo uma regra livremente consentida, mas imperativa,
desprovida de um fim em si, acompanhada por um sentimento de alegria e tensão e por
uma consciência de ser diferente do que se é na vida real.

Conforme diz em (Cleidianall, 2019) “O jogo é uma estratégia importante para o


desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. Por meio dele, é possível refletir sobre
a realidade, a cultura local e, ao mesmo tempo, questionar regras e papeis de cada um”.

Segundo Froebel, citado por Kishimoto (1994), no início do século XIX, o jogo era
inicialmente entendido como objecto e acção de brincar, caracterizado pela liberdade e
espontaneidade, passando a fazer parte da história da educação infantil.

“No pensamento grego, a etimologia da palavra jogo era associada ao jogo de crianças,
apresentando associado ao termo um carácter de infantilidade. Por esse motivo, tornou-se
necessário criarem-se novos termos, como competição ou passatempo, para referir o “jogo
de adultos”.

(Negrine, 1994) explica que a palavra jogo apresenta significados distintos uma vez
que pode ser entendida desde os movimentos que a criança realiza nos primeiros anos de
vida agitando os objetos que estão ao seu alcance, até as atividades mais ou menos
complexas.

Grande parte dos Filósofos, Antropólogos e Etólogos que buscam estabelecer as


características do jogo, concordam em defini-lo como uma actividade que possui uma
razão própria de ser e que contém, em si mesmo, um objectivo implícito. Os jogos
representam actividades livres que levam o jogador à acção, livre de qualquer
contingência.

Para Held (1980), em qualquer ser humano, e mais ainda na criança, imaginação,
sensibilidade, inteligência não são funções que poderíamos facilmente envolver e dissociar.
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A criança, para se desenvolver de maneira equilibrada e harmoniosa, tem necessidade de
sonho, de imaginário. Tal como refere o autor, o jogo cria e enriquece o imaginário das
crianças e torna as tarefas, mais ou menos complicadas, num desafio a atingir. Assim
sendo, o jogo torna-se uma actividade com seriedade, na medida em que está sujeito a
regras e tem como finalidade um objectivo.

“Também estimula a psicomotricidade, favorecendo a concentração, a atenção, o


engajamento e a imaginação” ainda visto pela mesma fonte” (Cleidianall, 2019).

Huizinga (1951) considera que todos os jogos deverão estar sujeitos a regras.

O jogo é uma forma “inteligente” de criar nas crianças uma auto-disciplina e


sentido de cumprimento pelas regras propostas.

“Os jogos com regras exigem raciocínio e estratégia, além de impor limites que acabam
favorecendo as relações com outras crianças e adultos” (Cleidianall, 2019).

As crianças têm uma perfeita noção de que se infringirem as regras, poderão ser
penalizadas no jogo. Têm a liberdade de o fazer, mas, se o fizerem, terão de se
responsabilizar pelos seus actos.

O respeito e empenho na actividade de jogo é inclusivamente, um exercício de


cidadania porque também na sociedade em que vivemos, temos regras de conduta e leis
que se não as cumprirmos, teremos de ser responsabilizados pelos nossos actos.

Segundo o pensamento de Jacquin (1963), “compreender o jogo é compreender a


infância”, ou seja, a criança deverá jogar para que tenha uma infância saudável. Para
Vygotsky, citado por Kishimoto (1994), o jogo é um elemento de desenvolvimento da
acção criadora da criança.

O jogo é uma actividade que se caracteriza pela motivação, entre outros aspectos
importantíssimos, no desenvolvimento da criança. É considerado, por muitos autores,
como uma actividade importante no desenvolvimento do Homem, tanto de Crianças como
de Adultos. É uma actividade em que se pretende atingir um objectivo e em que se têm de
seguir regras, mais ou menos restritas.

Para Neto (1998), o jogo é uma das formas mais importantes do comportamento
humano, desde o nascimento até à morte, sendo essencial na formação da sobrevivência e
no processo de desenvolvimento do homem.
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O jogo apresenta uma grande importância no desenvolvimento infantil, sendo
essencial para um crescimento saudável. A fase da infância é uma etapa em que se faz uma
aprendizagem para a idade adulta, sendo o jogo essencial para que a fase adulta seja
atingida com autonomia, e com a vontade de aprender inerente ao jogo.

1. O jogo e o Ensino

O jogo tem um caráter de recurso de ensino, enquanto para a criança é uma atividade
do seu dia-a-dia. O trabalho do professor, nesse contexto, deve ser o de organizador da sala
de aula como espaço lúdico, selecionando jogos que facilitem o desenvolvimento
cognitivo, sócio afetivo e motor do aluno (Peres, 2004).

O jogo é uma metodologia de ensino que precisa ser planejada e utilizada de maneira
coerente para facilitar a transmissão de conhecimento. Por ter caráter lúdico proporciona
prazer e por ser educativo ensina regras.

O jogo apresenta sempre duas funções no ensino-aprendizagem. A primeira é lúdica,


onde a criança encontra o prazer e a satisfação no jogar, e a segunda é educativa, onde
através do jogo a criança é educada para a convivência social (Ribeiro, 2008).

O jogo proporciona um constante processo de desenvolvimento na criança, porque


estimula o raciocínio e a criatividade do aluno que muitas vezes satisfaz sua curiosidade
através das regras que o jogo possui.

O objetivo do jogo e oferecer oportunidade de satisfazer a curiosidade dos alunos


através de momentos de interação, diversão e raciocínio.

Segundo (Peres, 2004) utilizando o jogo à criança tem a oportunidade de satisfazer uma
série de necessidades, como de dominância e cooperação, que podem ser utilizadas como
recurso para a aprendizagem.

O jogo é um momento mágico e espontâneo de interação na vida dos alunos da


educação infantil que se divertem e aprendem através do raciocínio, da criatividade e da
espontaneidade proporcionada por ele.

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Ao utilizar o jogo como metodologia de ensino na educação infantil o professor
desenvolverá no aluno a criatividade, a socialização, a participação, a espontaneidade, as
regras, e as frustrações de maneira a aumentar sua autoestima quando adulto.

Outro recurso de suma importância para o desenvolvimento da criança, na educação


infantil, é a brincadeira, pois as mesmas despertam a curiosidade, desenvolvem a
concentração, a atenção, a motivação e a criatividade.

As brincadeiras fazem parte da infância, assim é algo natural na educação infantil,


porém assim como o repertório linguístico também é regional. As brincadeiras
proporcionam muitos benefícios, pois desenvolvem a cooperação, as regras, o respeito ao
próximo, as diferenças entre outros.

A criança quando brinca se desenvolve, assim aprende de forma significativa e sem


cobranças tornando o ensino qualidade.

CAPÍTULO II: A PERSPECTIVA DE PIAGET

“Jean Piaget (1896-1980), foi um psicólogo e filósofo suíço, conhecido pelo trabalho
pioneiro no campo da inteligência infantil. Nascido em Neuchâtel, na Suíça, Piaget passou
grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando o seu
processo de raciocínio” (Silva, 2012).

Piaget rejeita a visão de que as ideias são inatas, adquiridas sem esforço ou
transmitidas hereditariamente, dá importância ao caráter construtivo do desenvolvimento
cognitivo.

“Como também, considera, que o processo de desenvolvimento é influenciado por


fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento
dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos), aprendizagem social
(aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração
(processo de auto-regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de
reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido)” (Silva, 2012).

“Para compreender a teoria de Piaget é necessário que se tenha, alguns conceitos


chaves esclarecidos como o de Assimilação e Acomodação, sendo fundamental esses
conceitos para a compreensão de toda a sua teoria. Para o autor, as origens das

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manifestações lúdicas acompanham o desenvolvimento da inteligência vinculando-se aos
estágios do desenvolvimento cognitivo sendo cada ato de inteligência diferenciado pelo
equilíbrio entre assimilação e acomodação” (Silva, 2012).

Na assimilação, o sujeito incorpora objetos ou formas de pensamento, constituindo-se


as estruturas mentais organizadas.

Na acomodação, as estruturas mentais existentes reorganizam-se e incorporam novos


aspectos do ambiente externo, a estrutura se modifica em função do meio, de suas
variações.

Culminando com a adaptação intelectual que se constitui então em um "equilíbrio


progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar" (Piaget,
1972).

“Piaget caracteriza os jogos em três grandes tipos de estruturas: jogos de exercício,


simbólico e de regras, constituindo os jogos de “construção” a transição entre os três e as
condutas adaptadas” (Cleidianall, 2019).

O autor afirma que ao longo do desenvolvimento, cada etapa está relacionada a um


tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os indivíduos
identificando três grandes tipos de estruturas mentais que surgem sucessivamente na
evolução do brincar infantil. Assim classificou cada jogo correspondendo a um tipo de
estrutura metal.

 Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos): nesta fase a criança é egocêntrica


sendo que ela brinca sozinha ou com a mãe e sem utilização da noção de
regras.
Nela, ocorrem os jogos de exercício, que são, portanto, os primeiros a aparecer
e o que caracteriza o desenvolvimento pré-verbal ao qual tem início o jogo
simbólico.

Na criança, a atividade lúdica supera os esquemas reflexos e prolonga quase todas


as ações, com isso a noção do jogo de “exercício” pode ser, assim pós-exercício marginal,
tanto quanto pré-exercício.

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Sua finalidade é o próprio prazer do funcionamento, estes exercícios envolvem a
repetição sequencial de movimentos, por mero prazer, através de atividades motoras como
andar, correr, saltar e outras.

Predominam até os dois anos, mas acompanham o homem durante toda a fase
adulta.

 Pré-Operatório (dos 2 anos aos 5/6 anos): as crianças adquirem a noção da


existência de regras e começam a jogar com outras crianças jogos de faz-de-
conta.

Nesta fase ocorrem os chamados jogos simbólicos, onde o símbolo implica a


representação de um objeto ausente, (o jogo de faz-de-conta) visto ser comparação entre
um elemento dado e um elemento imaginado, (representação fictícia), porquanto essa
comparação consiste numa assimilação deformante. Ex: a criança que desloca uma caixa
imaginando ser um automóvel representa simbolicamente, este último pela primeira e
satisfaz-se com uma ficção, pois o vínculo entre o significante e o significado permanece
subjetivo.

A diferença entre o símbolo e o jogo de exercício existe um intermediário, que é o


símbolo em atos ou em movimentos sem representação.

 Operatório-concreto (dos 7 anos aos 11 anos): as crianças aprendem as regras


dos jogos e jogam em grupos. Esta é a fase dos jogos de regras como futebol,
damas, etc.

A terceira grande categoria é o jogo de regras. Ao invés do símbolo, o jogo de


regras supõe, necessariamente, relações sociais ou inter-individuais e tem início a partir
dos sete anos. A regra é imposta pelo grupo, de tal sorte que, sua violação representa uma
falta. Os jogos são transmitidos de geração em geração”. Ou seja, “O jogo com regras
marca a transição da atividade individual para a socializada”.

“Exercício, símbolo e regra, parecem ser as três fases sucessivas que caracteriza as
grandes classes de jogos, do ponto de vista de suas estruturas mentais. Essas fases
assimilam uma transformação interna na noção de símbolo, no sentido da representação
adaptada”.

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“O sistema dos signos permite a formação do pensamento racional, enquanto o
símbolo é um significante “motivador” que testemunha uma semelhança qualquer com o
seu significado”.

“Para Piaget a assimilação incorpora o objeto a esquemas já existentes que lhe dão
um significado por isso a representação implica um duplo jogo de assimilações e
acomodações atuais e passadas ao qual o equilíbrio entre elas envolve toda a primeira
infância”.

Na segunda fase, entre (4-7 anos) de idade ocorrem transformações simultâneas, no


jogo, na imitação e a representação das noções.

O pensamento egocêntrico caracteriza-se por suas contrações, ao invés de adaptar-


se a realidade, assimila á ação deformando as relações segundo o seu ponto de vista (é o
mundo do faz de conta) havendo por isso desequilíbrio entre assimilação e acomodação.

Aos sete, oito, anos o equilíbrio permanece mais estável havendo a reintegração e
imitação da inteligência real do jogo e aos onze, doze anos é que as últimas formas de jogo
simbólico é finalizado com o início da inteligência.

CAPÍTULO III: A PERSPECTIVA DE VYGOTSKY

“Lev Semenovich Vygotsky era de família judia, nascido na Rússia em 17 de


novembro de 1896. Em sua vida Vygotsky escreveu aproximadamente 200 trabalhos
científicos, de vários temas, desde a neuropsicologia, até a crítica literária”.

“Vygotsky (1984) não chegou a formular uma concepção estruturada sobre o


desenvolvimento humano, mas sim, reflexões e dados de pesquisas sobre os diversos
aspectos do desenvolvimento humano. Vygotsky (1984) apresenta estudos sobre o papel

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psicológico do jogo para o desenvolvimento da criança, sendo importante destacar que
aqui, a palavra “jogo” e “brincar” transitam com o mesmo significado”.

Em seus estudos, leva em consideração três aspectos importantes no desenvolvimento


humano:

1 – O desenvolvimento biológico ou evolutivo;

2 – Os processos sociais como origem para os processos psicológicos superiores;

3 – Os processos mentais que só podem ser entendidos através de mediadores como


sinais e compreensão dos instrumentos.

“Vygotsky enxerga a aprendizagem como um processo essencialmente social, o papel


da Educação passa a ser visto como essencial às aprendizagens do indivíduo, as práticas
educativas, tanto formais como informais, são de extrema importância para a organização
do desenvolvimento mental da criança” (Silva, 2012).

Vygotsky (1984) valoriza as experiências sociais da criança, aquilo que ela aprende em
suas experiências cotidianas com a sua família, com as pessoas com quem ela convive,
entende o conhecimento como adaptação e como construção individual.

Vygotsky (1984) considera três níveis importantes no desenvolvimento infantil:

 O nível de desenvolvimento real;


 O nível de desenvolvimento potencial;
 A zona de desenvolvimento proximal.
 Nível de desenvolvimento real, àquela aprendizagem que a criança já se apropriou
e possui o seu domínio, aquilo que elas conseguem fazer por si mesmas, sem
necessitar do auxílio do outro.
 O nível de desenvolvimento potencial representa tarefas que as crianças ainda não
são capazes de realizar sozinhas, necessitando da ajuda de outras pessoas, que lhe
darão pistas, instruções, demonstrações, assistência, mediando o seu processo de
aprendizagem. Esse nível tem como principal característica, a capacidade de
aprender com outros indivíduos.
 A zona de desenvolvimento proximal, representa simplesmente a distância entre o
nível de desenvolvimento real e potencial. É, na verdade, um espaço de domínio

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psicológico em transição, daquilo que hoje a criança é capaz de fazer somente com
a ajuda, para aquilo que conseguirá fazer sozinha.

Vygotsky afirma que nem sempre há satisfação nos jogos, e que quando estes têm
resultado desfavorável, ocorre desprazer e frustração.

Vygotsky, entende ou concebe o jogo como uma atividade prazerosa para as crianças;

 Existem muitas actividades que proporcionam à criança maiores experiências de


prazer;
 Há jogos em que o prazer está apenas para quem ganha ou tem um resultado
favorável, sendo por vezes desprovido de prazer.

Para ele, o prazer do jogo não está no resultado obtido, mas sim no prazer de actuar, o
prazer está centrado no prazer corporal, na comunicação e na socialização com
companheiros, portanto devendo ser analisado no seu processo e não apenas no resultado.

“Para Vygotsky o jogo nasce com a aparição do simbolismo, um mundo ilusório e


imaginário na criança, neste ponto sua teoria sobre o jogo da criança entra em oposição à
teoria de Piaget, que diz que o "jogo de exercício" antecede o jogo simbólico, uma vez que
a criança joga por um simples prazer funcional ou por uma tomada de consciência de suas
novas capacidades” (Silva, 2012).

“Para Vygotsky, o jogo da criança evolui do jogo de regras ocultas que são inerentes a
alguns jogos ao jogo de regras aparentes” (Silva, 2012).

“Na opinião de Vygotsky, a situação imaginária é uma característica que define o jogo
em geral. Vygotsky afirma não existe jogo sem regras, uma vez que a própria situação
imaginária contém por si mesma, certas regras de conduta” (Silva, 2012).

Vygotsky em oposição à teoria de Piaget o critica pela falta de estudos sérios


quanto à questão de aprendizado e desenvolvimento, e também de clareza teórica das
teorias do desenvolvimento aplicados na educação. Acredita que os processos de
desenvolvimento da criança são independentes do aprendizado. Considera o aprendizado
um processo externo e independente e que não se envolve ativamente no desenvolvimento
da criança.

Ex: dedução, compreensão, abstração, interpretação de causalidade, entre outros,


ocorrem por isso mesma sem influência de aprendizado.
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Para Vygotsky o desenvolvimento do “Ser” foi ocorrendo com a história e a
transição cultural da psicologia humana. Procura demonstrar as implicações psicológicas,
por ser o homem um ser participante ativo de sua própria existência. Pensa que a criança
em cada estágio de seu desenvolvimento adquire os meios para intervir de maneira
competente em seu mundo e em si mesma. Para isso sendo importante criar situações
estímulos auxiliares ou “artificiais” e que podem ser alteradas pela ação humana.
Estímulos artificiais, que podem ser considerados da cultura da criança como a linguagem
e também os estímulos produzidos pela própria criança como: o uso do próprio corpo, um
sabugo que vira boneco, o carrinho com uma caixa... tornando o brinquedo em um meio de
desenvolvimento cultural.

Piaget e Vygotsky são observadores do comportamento infantil e compartilham a


importância do organismo ativo. Vygotsky vai além pela sua visão dialética a qual o ser
tem a capacidade de raciocinar usa a lógica, argumenta e discute situações e tem também a
capacidade de se adaptar as diversas situações conforme o meio e o contexto cultural e
suas transformações. Diz que, os sistemas funcionais do adulto são formados pelas
experiências da criança em sua interação social achando essa mais importante que a teoria
Piagetiana.

Piaget coloca em destaque os estágios universais e com um suporte biológico


enquanto Vygotsky preocupa-se com as interações sociais em transformação e o biológico
do comportamento humano. Diz que: “O meio ambiente não se resume só a situação
objetiva a qual o organismo se encontra. O meio efetivo é produto de uma interação entre
características do organismo para experimentar a situação objeto”, não podendo existir um
esquema universal de desenvolvimento interno e externo para todas as crianças.

A criança projeta-se nas atividades adultas de sua cultura através do brinquedo e


ensaia papeis e valores (pai, mãe, irmãos, professores...), com o brinquedo a criança
antecipa o desenvolvimento adquirindo motivação e habilidades necessárias à sua
convivência social.

CAPÍTULO IV: A PERSPECTIVA DE WINNICOTT

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Winnicott também acredita na interação do adulto como exemplo para o bom
desenvolvimento da criança inclusive ressaltando a importância da boa mãe (aquela que
percebe modificações em seu filho e que lhe serve de exemplo).

Vygotsky acha pobre e incorreto definir o brinquedo como objeto de prazer para a
criança. Considera que há jogos que não são prazerosos e inclusive podem causar
desprazer. Diz também que o brincar da criança é o brinquedo sem ação, (pura
imaginação).

Para Winnicott, os bebés num primeiro momento como é sabido assim que nascem
tendem a usar o punho, e os dedos, em estimulação da zona erógena oral, para satisfação
dos instintos.

A primeira possessão: a natureza do objeto; a capacidade do bebe de reconhecer o


objeto como “não eu”; a localização do objeto fora, dentro, na fronteira; a capacidade de
criar, imaginar, inventar, originar, produzir um objeto de um tipo afetuoso de relação de
objeto.

Considera o objeto e fenômeno transacional a área intermediária entre a experiência


e erotismo oral, entre a atividade criativa primária e a projeção do que já foi introjetado, o
desconhecido primário de divida e reconhecimento desta.

O objeto transacional para Winnicott é muito importante para o desenvolvimento


saudável da criança e para o equilíbrio do ser. A criança geralmente usa como objeto
transacional um paninho, bico, franjas do travesseiro... Segundo as pesquisas do autor se
por algum motivo a criança não tiver o objeto transacional à criança mais tarde apresentará
algum tipo de distúrbio, desequilíbrio, por ser segundo “ele” o primeiro objeto fora do eu e
que contribui como um apoio, um afeto, uma segurança para a criança. Diz também que a
maternidade é muito importante na formação saudável do bebé, isto é que a “mãe” precisa
ter a sensibilidade de perceber se seu filho está bem.

Vygotsky opõem-se a biogenética da recapitulação não identificando o


desenvolvimento histórico da humanidade, com os estágios individuais de
desenvolvimento. Acha que as habilidades humanas não estão presentes no recém-nascido
e que só começam a partir dos três anos de idade. Este é uma ponte de divergência entre
Vygotsky e Piaget que acredita nos estágios de desenvolvimento e Winnicott que acredita
no objeto transacional como primeiro objeto não “eu”.

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Vygotsky acha que quando a criança imita no seu brincar o comportamento dos
mais velhos está gerando oportunidade de desenvolvimento intelectual. No começo as
brincadeiras são lembranças e reproduções de situações reais, após entra em jogo a
dinâmica da imaginação e do reconhecimento de regras implícitas que dirigem as
atividades reproduzidas em seu jogo, adquirindo um controle elementar do pensamento
abstrato.

Para Winnicott o desenvolvimento intelectual, cognitivo, e social dependem


essencialmente da relação da criança com o objeto transacional, que é o ponto culminante
do bom desenvolvimento do indivíduo e a partir deste: a brincadeira de imitar a (mãe,
irmãos, o pai, professor...), sendo estas também lembranças de como os adultos o tratavam
e tratam. O brincar contribui para o crescimento e a saúde, conduzindo aos
relacionamentos grupais e pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia.

Winnicott estudou com afinco o brincar na infância, e interpretou este ato como
uma liquidação de conflitos, e também como forma de comunicação.

O natural é brincar, se a criança não brinca, algo de patológico está ocorrendo e


precisa investigar.

Vygotsky e Winnicott referem-se a pontos de referência para o desenvolvimento


equilibrado do ser humano como: zona proximal e zona transacional que segundo suas
pesquisas seriam o que permite o desenvolvimento em equilíbrio. Falam também da
imitação e da referência do adulto, para a criança ao brincar, gerando oportunidade de
desenvolvimento intelectual ao acessar lembranças, ao usar a imaginação e ao usar regras,
o que irá contribuir na instrução escolar.

CAPÍTULO V: PERSPECTIVA DE FEURSTEIN

Reuven Feuerstein nascido em 21 de Agosto de 1921 em Botosan, Romênia, reside


em Israel desde 1994.

Criador da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE) e da teoria da


Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM), criou um Programa de Enriquecimento
Instrumental (PEI) onde qualificou a modificabilidade como cognitiva, mas não ignorou os

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aspectos afetivos, emocionais e motivacionais do comportamento humano. Feuerstein traz
em seu trabalho a ideia de que a inteligência é plástica e modificável podendo ser
desenvolvida. Segundo sua teoria, toda pessoa é capaz de aumentar seu potencial de
inteligência, independente de problemas que possa ter ou da idade.

Feuerstein (2004) apresenta importantes conceitos sobre as operações mentais que


ajudam na análise e compreensão da forma como a criança realiza determinadas tarefas ou
jogos que devem ser escolhidos pensando nestas operações mentais a serem trabalhadas:

 Funções cognitivas são processos mentais estruturais e complexos que quando


combinados fazem operar e organizar a estrutura cognitiva.
 Operação mental é o conjunto de ações interiorizada, organizadas e coordenadas,
pelas quais se elabora informação procedente das fontes internas e externas. Elas
são mobilizadas pelas funções cognitivas e o resultado final da combinação de uma
série de funções cognitivas, formam a operação mental.

Para ele a inteligência pode ser desenvolvida em um ambiente de aprendizagem


mediada, compreendida diferentemente da aprendizagem pela exposição direta do sujeito
ao objeto ou estímulo, ou seja, há a necessidade da intervenção de um mediador humano,
uma pessoa que trabalha interagindo com o aprendiz estimulando suas funções cognitivas,
organizando o pensamento e melhorando processos de aprendizagem.

Aqui o educador é peça-chave, ajudará a criança a interpretar a vida. O educador


transmitirá os valores, as motivações, as estratégias.

Para a abordagem da Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM), feuerstein


apresenta 3 critérios que não podem faltar:

1. Mediação de intencionalidade e reciprocidade: o conceito de intencionalidade


expressa a determinação do mediador de chegar ao mediando e ajudá-lo a
compreender o que está sendo aprendido, entende-se a consciência do interventor
humano em sua tarefa ante o mediado e o estímulo, ou seja, clareza de suas
intenções educativas. Não se ensina ou se estimula para o nada. Há sempre uma
intenção um objetivo, nenhum processo educativo pode ser realizado sem
objetivos.

2. Mediação de transcendência: Transcendência da realidade concreta da tarefa


aprendida para posterior aplicação em outras situações e contextos, ou seja, no
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processo de mediação o mediador deve conduzir o aprendiz para além do problema a
ser resolvido universalizando ou transcendendo as soluções adquiridas diante de uma
situação-problema imediata, para novas experiências e demandas, conduzindo-o a
pensar sobre a compreensão e aplicabilidade destes conceitos em outras situações de
sua realidade. O objetivo da transcendência é promover a aquisição de princípios,
conceitos ou estratégias que possam ser generalizados para outras situações

3. Mediação de significado: A significação é o processo pelo qual conhecimentos,


valores e crenças são transmitidos de uma geração para outra, e a construção de
significados ocorre quando o mediador trabalha com a elaboração de valores e códigos
culturais (linguagem). O mediador introduz problematizando, conceitos e significados, o
mediado compreenderá uma realidade dada a partir de sua leitura de mundo, que por sua
vez é elaborada por sentidos e significados que ele dá aos estímulos de sua realidade
objetiva.

CAPÍTULO VI: PERSPECTIVA DE WALLON

“Para Wallon (1989), o fator mais importante para a formação da personalidade é o


meio humano. Para o autor, a personalidade humana é um processo de construção
progressiva, onde se realiza a integração de duas funções principais:

• A afetividade, vinculada à sensibilidade interna e orientada pelo social;

• A inteligência, vinculada às sensibilidades externas, orientada para o mundo físico,


para a construção do objeto” (Silva, 2012).

Wallon enfoca a motricidade no desenvolvimento da criança, ressaltando o papel que


as aquisições motoras desempenham progressivamente para o desenvolvimento individual.
E de acordo com ele, é pelo corpo e pela sua projeção motora que a criança estabelece a
primeira comunicação (diálogo tônico) com o meio, apoio fundamental do
desenvolvimento da linguagem.

Wallon, ao classificar os jogos infantis, apresenta quatro categorias: Jogos funcionais;


Jogos de ficção; Jogos de aquisição e Jogos de fabricação.

19
 A) Jogos funcionais - São marcados pelo carácter simples de exploração do
corpo, através dos sentidos, tais como: mexer as mãos, balançar a cabeça com
ritmo, passar objetos de uma mão para outra, etc.
 b) Jogos de ficção - Actividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz-de-
conta, na presença da situação imaginária. Ela surge com o aparecimento da
representação e a criança assume papéis presentes no seu contexto social,
brincando de “imitar adultos”, “casinha”, “escolinha”, etc.
 c) Jogos de aquisição - Quando se vê uma criança concentrada, empenhando-se
em compreender objectos, pessoas, uma história, uma canção, se esforçando
em conhecer a totalidade do objecto observado, é chamada de jogo de
aquisição, onde se trabalha intensamente os significados que a cercam.
 d) Jogos de fabricação ou de construção - São jogos onde a criança se entretém
com actividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar objetos.
Quando a criança cria e improvisa o seu brinquedo: a boneca, os animais que
podem ser modelados, isto é, transforma matéria real em objetos dotados de
vida fictícia.

CAPÍTULO VII: O BRINCAR

“A brincadeira é uma atividade que a criança começa a realizar desde o seu


nascimento no âmbito familiar” (Kishimoto, 2002, p. 139) e continua com seus pares.
Inicialmente, ela não tem objetivo educativo ou de aprendizagem pré-definido. A maioria
dos autores afirma que a brincadeira é desenvolvida pela criança para seu prazer e
recreação, mas também permite a ela interagir com pais, adultos e outras crianças de
diferentes idades, bem como explorar o meio ambiente, conhecendo e explorando-o.

“Embora o brincar possa não parecer servir a um propósito óbvio, ele tem funções
importantes no momento e no longo prazo” diz (Bjorklund e Pellegrini, 2002; P.K. Smith,
2005b).

É importante que a criança esteja em um ambiente favorável para o seu


crescimento e a Educação Infantil permite essa possibilidade, fazendo com que a criança se
desenvolva de forma espontânea. Os estímulos motores e as habilidades não cognitivas ou
sócio emocionais, que podem e devem ser adquiridas na Educação Infantil, impacta a
aprendizagem e são cruciais no desenvolvimento e sucesso escolar de nossas crianças.
20
As chamadas habilidades não cognitivas ou características sócio emocionais –
como perseverança, autocontrole, extroversão, protagonismo, curiosidade e  trabalho em
equipe –, potencializadas no ambiente escolar, podem contribuir de forma decisiva para o
sucesso  escolar e futuro de nossas crianças e jovens.

Conforme citado em (Papalia & Feldman, Desenvolvimento Humano, 2013) “O


brincar é importante para o desenvolvimento saudável do corpo e do cérebro. Ele permite
que as crianças envolvam-se com o mundo à volta delas, usem sua imaginação, descubram
formas flexíveis de usar objetos e solucionar problemas e preparem-se para papéis
adultos”.

Os jogos desenvolvem as capacidades cognitivas, físicas e psicológicas. " Uma


criança que não sabe brincar, será um adulto que não saberá pensar" (Château, 1987).

Ainda na mesma fonte, observamos que “O brincar contribui para todos os


domínios do desenvolvimento. Por meio dele, as crianças estimulam os sentidos, exercitam
os músculos, coordenam a visão com o movimento, obtêm domínio sobre seus corpos,
tomam decisões e adquirem novas habilidades”.

Existem vários tipos de jogos que podem ser vivenciados na Educação Infantil,
sendo eles: jogos motores; jogos sensoriais; jogos criativos; jogos recreativos; jogos
simbólicos, jogos intelectivos; jogos sociais; jogos mentais; jogos esportivos; jogos
competitivos e jogos aquáticos. Dentre eles o mais significativo e estudado por Piaget é o
jogo simbólico, cujo é uma atividade própria para que a criança crie e imagine o seu
próprio mundo imaginário, no qual, a realidade e a fantasia se entrelaçam. Piaget (1978)
afirma que é através do uso da imaginação que a criança representa papéis,
comportamentos e situações, bem com compara um elemento dado a um elemento
imaginado, e uma imaginação fictícia, visto que essa comparação consiste em uma
assimilação deformante. O mesmo autor cita como exemplo de situação, uma criança que
deslocar uma caixa, imaginando ser simbolicamente um veículo, identificando que esse
veículo “entre o significante e o significado permanece inteiramente subjetivo” (PIAGET,
1978).

21
“Tratando-se dos estágios gerais da atividade representativa para Piaget há três
formas de pensamento representativo que são: a imitação, jogo simbólico e a representação
cognitiva, solidária entre si e que evoluem em função do equilíbrio progressivo da
assimilação e acomodação, (dois polos da adaptação) e que determina o desenvolvimento
sensório-motor” (Nardi, 2009).

Mostrar a muitos pais que prendem os filhos, não lhes permitindo brincar de correr,
saltar, rastejar e outras coisas mais, que esse tipo de brincadeira é extremamente saudável
para a criança, e que elas serão bastante úteis para o melhor desenvolvimento de seus
filhos. O mundo hoje está voltado para as tecnologias, para os jogos eletrônicos,
brinquedos motorizados e outros mais que chamam muito a atenção das crianças, mas o
que não deve acontecer é a abdicação das brincadeiras tradicionais, que são muito mais
favoráveis ao desenvolvimento infantil.

“As crianças precisam de muito tempo para brincadeiras exploratórias livres. Hoje,
muitos pais expõem crianças pequenas a vídeos e brinquedos com orientação acadêmica.
Essas atividades podem – ou não – ser valiosas em si, mas não se interferirem no brincar
dirigido à criança” (Ginsburg et al., 2007).

“Crianças de diferentes idades têm diferentes estilos de brincar, brincam de coisas


diferentes e passam quantidades de tempo diferentes em vários tipos de brincadeiras
“(Bjorklund e Pellegrini, 2002).

“As brincadeiras físicas, por exemplo, começam na primeira infância com


movimentos rítmicos aparentemente sem objetivo. À medida que as habilidades motoras
grossas se aprimoram, as crianças exercitam seus músculos correndo, pulando, saltando e
arremessando objetos. Ao final desse período e no início da terceira infância, brincadeiras
impetuosas envolvendo luta, chutes e perseguição tornam-se mais comuns, especialmente
entre meninos. Os pesquisadores classificam o brincar das crianças de várias formas. Um
sistema de classificação comum é por complexidade cognitiva. Outra classificação é
baseada na dimensão social do brincar”.

Smilansky definiu quatro níveis do brincar, estes apresentam níveis crescentes de


complexidade cognitiva. Nomeadamente: Jogo Funcional, Jogo Construtivo, Jogo
Dramático e Jogo com Regras.

22
Em (Papalia & Feldman, 2013, p. 296), vemos que os tipos de brincadeiras podem
ocorrer em qualquer idade, embora certos tipos de brincadeiras sejam mais comuns num
determinado período.

Ainda na mesma fonte observamos que o nível mais simples começa na primeira
infância, com o Jogo Funcional, também conhecido como Jogo Locomotor. Ele consiste na
prática repetitiva de movimentos musculares largos, como rolar uma bola.

O segundo nível é definido pelo Jogo Construtivo, também conhecido como Jogo
com Objectos. Estes Jogos são definidos pelo uso de objectos ou materiais para fazer
coisas.

Em (Papalia & Feldman, 2013, p. 297) podemos ver que no terceiro nível
encontramos o Jogo Dramático, conhecido como Jogo de Faz de Conta, Jogo de Fantasia
ou Jogo Imaginativo. Neste tipo de Jogo, envolve objetos, acções, ou papéis imaginários.

No Jogo Dramático exige a combinação de vários elementos como: a cognição, a


emoção, a linguagem e o comportamento sensório-motor. Ele é importante pois fortalece e
desenvolve as conexões cerebrais e posteriormente a capacidade para o pensamento
abstrato.

Conforme o livro de (Papalia & Feldman, 2013, p. 298), o Jogo Dramático vai até
os anos pré-escolares, onde aumenta na sua complexidade e frequência, dando então
origem aos Jogos Formais com Regras.

1. A importância do Brincar

Segundo (Corrêa & Bento), o brincar é importante, não porque é coisa de criança, mas
porque é a melhor forma de aproximar o mundo da fantasia do mundo real, que mesmo
com toda sua complexidade, se torna simples pelo olhar de uma criança.

Brincando a criança aprende regras, sentimentos como frustrações de perda e alegrias da


vitória assim descobre como lidar com os sentimentos sejam eles bons ou ruins.

Então, os jogos na Educação Infantil não são utilizados apenas para o divertimento,
entretenimento e lazer das crianças, mas também para que a criança supere suas
dificuldades, se relacionar com o mundo, seja autônoma e crítica, bem como, “desenvolva
23
a consciência corporal, aprenda a se conhecer, a conhecer as pessoas que estão a sua volta,
estabelecendo relações entre os sujeitos e os papéis que estes assumem” (VEIGA;
CASTELEINS, 2006).

Segundo (Dias, 2013) existem diversas razões importantes para destacar o brincar,
desde o prazer até a importância do desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da
criança.

Ao brincar a criança entra no mundo da imaginação, desenvolve a autonomia,


socializa-se ao meio ambiente que está inserido, desenvolve emoções de bem-estar e
descobre que as frustrações fazem parte do universo infantil.

O brincar contribui para a formação do indivíduo, através da imaginação, que


proporciona a aprendizagem, pois amplia a capacidade de percepção sobre si mesmo.

Segundo (Corrêa & Bento), brincando a criança aprende a lidar com o mundo,
formando sua identidade pessoal e autonomia, experimenta sentimentos bons como o
amor, e ruins como o medo e a insegurança, sentimentos esses presentes na vida cotidiana.

Souza (2015), esclarece que o brincar proporciona o prazer e a motivação pessoal


que dão origem às ações e explorações que realizam ao longo da brincadeira.

O brincar é importante, pois proporciona a aquisição de novos conhecimentos,


desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas
da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo.
(Maluf, 2008).

Ao brincar a criança forma sua identidade pessoal, e adquire conhecimentos através


dos sentimentos bons e ruins que serão aprendidos e trabalhados para sua vida adulta.

Brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é


coisa séria, porque na brincadeira, a criança se reequilibra, recicla suas emoções e sacia sua
necessidade de conhecer e reinventar a realidade (Lima, 2004).

24
CAPÍTULO VIII: COMO O GÊNERO INFLUENCIA NO
BRINCAR

“Embora a biologia (hormônios sexuais), a identificação de gênero e o reforço do


adulto pareçam influenciar as diferenças de gênero no brincar, a influência do grupo igual
pode ser mais poderosa” (Papalia & Feldman, O Desenvolvimento Humano, 2013).

Na fase pré-escolar geralmente acontece a Segregação do Gênero, que é a tendência


em escolher parceiros de brincadeira do próprio sexo. Isto porque “A tendência dos
meninos a serem mais ativos e fisicamente agressivos comparados com os estilos de
brincadeiras mais sustentadoras e afetuosas são prováveis contribuições para a segregação
de gênero”, citado em (Papalia & Feldman, O Desenvolvimento Humano, 2013).

“Independente do grupo cultural ao qual pertencem, os meninos tendem a participar


de brincadeiras mais exploradoras, e as meninas apreciam brincadeiras mais simbólicas e
de faz de conta”.

“O brinquedo de faz de conta dos meninos frequentemente envolve perigo ou


discórdia e papéis dominantes competitivos, como nas batalhas simuladas. Além disso, o
brinquedo dos meninos é mais fortemente estereotipado por gênero do que o das meninas
“(Bjorklund e Pellegrini, 2002). “Portanto, nos grupos de sexo misto, as brincadeiras
tendem a girar em torno de atividades tradicionalmente masculinas” (Fabes et al., 2003).
Assim, o jogo simbólico exerce um papel fundamental na vida da criança. Piaget
ressalta a importância desse papel quando afirma que ele é “indispensável ao seu equilíbrio
afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade cuja motivação não seja a
adaptação ao real senão, pelo contrário, a assimilação do real ao eu, sem coações nem
sanções” (PIAGET, 1978). O jogo é, então, uma atividade que transforma o real, sobre
assimilação quase ingênua às necessidades da criança, por causa dos seus interesses
afetivos e cognitivos (FONTANA; CRUZ) Por tais razões, o jogo contribui fortemente
para a construção do conhecimento infantil.

25
CONCLUSÃO

Pode-se dizer que o estudo das três teorias é muito importante para entendermos o
brincar e o jogo no desenvolvimento da criança. Cada um dos teóricos apresenta pontos
importantes do desenvolvimento da criança e que se unirmos os três saberes teremos uma
teoria mais completa sobre o desenvolvimento da criança.

“Koffka, diz que o desenvolvimento baseia-se em dois processos diferentes, as


relacionadas, e influentes, maturação que envolve o amadurecimento do sistema nervoso, e
aprendizado. Tenta-se assim superar os extremos das outras visões, combinando-as. O
novo desta terceira posição é que combina os dois pontos de vista, e isso indica que eles
não são opostos nem excludentes”. (Kaffka, citado por Vygotsky na p. 106 do livro: a
Formação Social da Mente “).

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