Dossie - Cantigas de Amigo
Dossie - Cantigas de Amigo
Dossie - Cantigas de Amigo
E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai
Cantigas de amigo
Literatura Portuguesa Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e 2011-2012 ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E
ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por Escola Bsica Secundria do Cerco cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran que eu sospiro!E ai Deus, se verr
10. C e 10.D
cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por que el gran cuidado!e ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar de vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verr cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amigo!e por que eu sospiro!E ai Deus, se verr cedo!Se vistes meu amado!e por
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Em todas as sociedades a literatura oral anterior literatura escrita. A cultura oral , transmitida de gerao em gerao, comportava todos os conhecimentos que permitiam s pessoas compreender a vida e o mundo sua volta. Era uma cultura essencialmente pragmtica , mas onde havia tambm espao para a dimenso ldica e esttica . Faziam parte dela lendas , histrias mticas , narrativas versificadas , cantigas ... essa literatura oral que est na origem das literaturas europeias, propriamente ditas, que se comearam a constituir nos sculos XI e XII. Aconteceu assim na pennsula ibrica, com a poesia trovadoresca; na Frana, com a poesia provenal e as canes de gesta, entre outras. Que essas literaturas nacionais tenham comeado pela poesia fcil de entender, dada a sua origem oral. De facto, o verso, a rima, o ritmo facilitam a memorizao e eram utilizados at nas narrativas.
Poesia trovadoresca
A expresso "poesia trovadoresca" utilizada para designar as composies em verso produzidas na Pennsula Ibrica, entre os finais do sculo XII e meados do sculo XIV . Trata-se de um conjunto de cerca de 1600 cantigas de carter profano, a que poderemos acrescentar cerca de 400 poemas de contedo religioso. Esses poemas foram reunidos em cancioneiros diversos, tendo chegado at ns trs deles. O mais antigo, provavelmente uma cpia do sculo XIV, o chamado Cancioneiro da Ajuda. Conhecem-se outros dois, posteriores e mais completos, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Vaticana, ambos cpias feitas no sculo XVI, em Itlia, a partir de um manuscrito mais antigo. Apesar de escrita em galaico-portugus , no se trata de uma poesia estritamente portuguesa e galega, mas sim peninsular, uma vez que os cerca de 150 trovadores e jograis que as produziram eram oriundos de diversas regies da pennsula. Esses trovadores eram geralmente nobres, enquanto os jograis , que cantavam as cantigas nas feiras, romarias e at palcios, eram de origem popular. Nesses cancioneiros encontramos cantigas de amigo , em que o sujeito potico uma donzela que exprime os seus sentimentos amorosos pelo amado (amigo), e cantigas de amor , nas quais o poeta d expresso ao seu amor por uma dama. H tambm cantigas de escrnio e maldizer ; de carter satrico, como o nome indica, distinguindo-se pelo facto de as primeiras no nomearem diretamente a pessoa a que se referem, o que acontece no segundo grupo.
Origem do lirismo trovadoresco
Ao longo dos anos tem-se discutido muito a questo da origem desta poesia, tendo sido propostas vrias explicaes, nenhuma delas aceite de forma unnime. Alguns insistiram na origem popular: estas cantigas mais no seriam do que a apropriao de formas e temas populares por parte dos poetas. Outros quiseram faz-las herdeiras da poesia em latim produzida por clrigos durante a Idade Mdia. Houve quem defendesse a sua dependncia de formas poticas morabes. Outros ainda pretenderam que ela teria surgido na pennsula por simples imitao da poesia provenal (sul da Frana). Qualquer destas teses, se tomada em exclusividade, radical e insuficiente para explicar o fenmeno. A posio mais consensual defende a ao combinada de todas essas influncias. Na verdade, a arte reflete sempre a sociedade que a produz, com a sua diversidade e as suas contradies. Mesmo quando uma influncia externa evidente, h sempre um processo de adaptao realidade local, que passa pela integrao de elementos autctones ou anteriormente absorvidos. No caso da poesia trovadoresca visvel a presena de duas tradies poticas que, de 2
As cantigas de amigo so uma das manifestaes da poesia trovadoresca. Tm em comum com as cantigas de amor o facto de a sua temtica ser amorosa , mas, enquanto nestas o sujeito potico o homem, naquelas a mulher que exprime os seus sentimentos para com o "amigo" . Do ponto de vista didtico, as cantigas de amigo tm uma vantagem suplementar: permitem distinguir com clareza o autor (ser real, com existncia emprica cronologicamente datvel) do sujeito potico (um ser de fico, que s existe verdadeiramente no poema). que, na formulao de Fernando Pessoa, "o poeta um fingidor". Isto , no devemos nunca confundir o poeta, ser de carne e osso, com o sujeito potico, uma espcie de ser de papel, que s no papel existe, tal como, no discurso narrativo, necessrio distinguir o "autor" do "narrador". Ora, nos primrdios da literatura portuguesa, exatamente nas cantigas de amigo, encontramos j essa distino feita com absoluta clareza. Assim, sabemos, sem margem para dvidas, que o trovador (ou jogral) Pero Viviaez comps a cantiga "Pois nossas madres vam a San Simion", na qual uma donzela exprime o seu desejo de exibir a sua graa e beleza na festa do santo.
Poesia tradicional e influncia provenal
Sabemos que as cantigas de amigo tm um carter tradicional, ou seja, constituem a apropriao literria de antigas cantigas populares por parte dos trovadores rendidos moda do trovar provenal. Na Idade Mdia, o termo "Provena" designava a regio do sul da Frana com frente para o Mediterrneo. O clima ameno, a equilibrada distribuio da propriedade, o comrcio florescente, propiciaram o aparecimento nessa regio de uma sociedade prspera, favorvel a uma cultura do prazer. Foi a que os membros da aristocracia encontraram condies para exprimirem atravs da poesia e da msica sentimentos requintados . A poesia perde aqui o carter didtico que a Igreja lhe havia atribudo e passa a ser utilizada como forma de alcanar o prazer esttico, de exprimir sentimentos mais humanos que divinos. A moda da poesia provenal espalhou-se pela Europa e chegou inclusive ao extremo da Pennsula Ibrica. que, nessas pocas remotas (sculos XI e XII) o isolamento no era absoluto. Havia j, entre as vrias regies, contactos bastante intensos, historicamente documentados, que faziam com que as novidades circulassem e se fizessem sentir a grande distncia. Vale a pena lembrar que a monarquia portuguesa tem a sua origem num fidalgo de alm Pirenus, D. Henrique de Borgonha, pai do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques; frequentemente a casa real portuguesa procurava noivas em Arago, regio oriental da Pennsula Ibrica, vizinha da Provena; Santiago de Compostela constitua na poca um dos principais centros de peregrinao, atraindo gentes de toda a Europa; a ordem religiosa de Cister, originria da Frana, implantou-se
Pois nossas madres van a San Simon de Val de Prados candeas queimar, ns, as meninhas, punhemos d'andar con nossas madres, e elas entn queimen candeas por ns e por si, e ns, meninhas, bailaremos i. Nossos amigos todos l irn por nos veer e andaremos ns bailand'ant'eles, fremosas, en cos, e nossas madres, pois que al van, queimen candeas por ns e por si, e ns, meninhas, bailaremos i. Nossos amigos irn por cousir como bailamos, e poden veer, bailar moas de mui bon parecer, e nossas madres, pois l queren ir, queimen candeas por ns e por si, e ns, meninhas, bailaremos i. Pero Viviaez
1. Caracteriza, fsica e psicologicamente, o sujeito de enunciao da cantiga. 2. Indica as razes que conduzem cada uma das personagens romaria. 3. As cantigas de amigo so, sob vrios aspetos, uma traduo potica da realidade. 3.1. O que h de intemporal na realidade que esta cantiga traduz? 4. Refere o tema da cantiga. 5. Indica os recursos estilsticos dominantes na cantiga. 6. Classifique esta cantiga, considerando quer o assunto quer a forma.
Ondas do mar de vigo, se vistes meu amigo! E ai Deus, se verr cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verr cedo! Se vistes meu amigo! e por que eu sospiro! E ai Deus, se verr cedo! Se vistes meu amado! e por que el gran cuidado! e ai Deus, se verr cedo! Martin Codax
1. Identifica o sujeito de enunciao e o destinatrio desta cantiga. 2. Qual o estado sentimental do sujeito de enunciao? 2.1. Que causa lhe deu origem? 3. O sujeito de enunciao manifesta uma preocupao e um desejo. 3.1. Refere uma e outro, explicando quais os recursos lingusticos utilizados para os expressar. 4. Qual o papel das ondas do mar? 5. Indica os recursos estilsticos dominantes na cantiga. 6. Refere o tema da cantiga. 7. Explica os motivos que nos levam a inserir esta cantiga de amigo no tipo das barcarolas ou marinhas.
Em Lixboa sobre lo mar barcas novas mandei lavrar, ay mia senhor velida! Em Lisboa sobre lo lez barcas novas mandei fazer, ay mia senhor velida! Barcas novas mandei lavrar e no mar as mandei deitar, ay mia senhor velida! Barcas novas mandei fazer e no mar as mandei meter, ay mia senhor velida! Joo Zorro
Bailemos ns j todas tres, ai amigas, so aquestas avelaneiras frolidas e quem for velida como ns, velidas, se amigo amar, so aquestas avelaneiras frolidas verr bailar. Bailemos ns j todas tres, ai irmanas, so aqueste rarno destas avelanas, e quem for louana como ns, louanas, se amigo arnar, so aqueste rarno destas avelanas verr bailar. Por Deus, ai amigas, mentr' al non fazemos, so aquesto rarno frolido bailemos, e quen ben parecer, corno ns parecemos, se amigo amar, so aqueste ramo so' l que ns bailemos verr bailar. Airas Nunes
Ai flores, ai flores do verde pino, Se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u ? Ai flores, ai flores do verde ramo, Se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u ? Se sabedes novas do meu amigo, Aquel que mentiu do que ps comigo! Ai Deus, e u ? Se sabedes novas do meu amado, Aquel que mentiu do que mi jurado! Ai Deus, e u ? - Vs me perguntades polo voss' amigo, E eu ben vos digo que san e vivo. Ai Deus, e u ? - Vs me perguntades polo voss' amado, E eu ben vos digo que viv' e sano. Ai Deus, e u ? E eu ben vos digo que san' e vivo E seer vosc' ant' o prazo sado. Ai Deus, e u ? E eu ben vos digo que viv' e sano E seer voac' ant' o prazo passado. Ai Deus, e u ? D. Dinis 1. Indica o tema e o assunto desta composio. 2. Divide a composio em partes, justificando devidamente a sua resposta. 3. Caracteriza globalmente o sujeito potico. Justifique com expresses textuais. 4. Caracterizao objeto potico. 5. Explicao tipo de relacionamento existente entre o sujeito e o objeto poticos. 6. Explicita o valor do refro nesta composio e analise-o: a. quanto ao tipo de frase nele presente; b. quanto alternncia das formas verbais. 7. Deteta na composio tipos de paralelismo e explicitao seu valor estilstico-formal.
Paralelismo: Princpio estrutural fundamental da lrica galega-portuguesa, que resulta em diversos processo estilsticos: repetio de palavras, de estruturas sintticas e rtmicas e de conceitos. Na paralelstica de esquema tpico, em dsticos, o verso do segundo do primeiro dstico o primeiro verso do terceiro; o segundo do segundo dstico ser o primeiro do quarto, etc. Para obviar monotonia que pode resultar deste princpio rtmico, os trovadores trabalham a variao, dentro dos esquemas paralelsticos, a vrios nveis (substituio da palavra rimante por um sinnimo, por exemplo). Processo que documenta a ligao indissocivel entre a poesia e a msica.
Olhavam-se, viera com os outros, ficava depois de terem ido. Viam-se no mesmo espelho os dois. Uma alegria dolorosa calava-se. Os autocarros voltavam a ouvir-se para alm do parque. A medo prendiam os olhos a sorrir. Desapertavam os atacadores. Abriam os colarinhos. Perdiam-se no ardente tecido em redor do peito. Na raiz do sexo o sobressalto da primeira claridade nos estores. A mistura de sorte e de prazer a que chamamos o bem. Joaquim Manuel Magalhes (sc. XXI)
Levou-sa louana, levou-sa velida: vai lavar cabelos, na fontana fria. Leda dos amores, dos amores leda. levou-sa velida, Levou-sa louana: vai lavar cabelos, na fria fontana. Leda dos amores, dos amores leda. Vai lavar cabelos, na fontana fria: passou seu amigo, que lhi bem queria. Leda dos amores, dos amores leda.
Vai lavar cabelos, na fria fontana: passa seu amigo, que a muitamava. Leda dos amores, dos amores leda. Passa seu amigo, que lhi bem queria: o cervo do monte a augua volvia. Leda dos amores, dos amores leda. Passa seu amigo, que a muitamava: o cervo do monte volvia a augua. Leda dos amores, dos amores leda Pero Meogo
Sedia-m'eu na ermida de San Simion e cercaron-mi as ondas que grandes son: eu atendo'o meu amigo, eu atend'o meu amigo. Estando na ermida ant'o altar, cercaron-mi as ondas grandes do mar; eu atend'o meu amigo, eu atend'o meu amigo. E cercaron-mi as ondas que grandes son: nem hei i barqueiro nem remador; eu atend'o meu amigo, eu atend'o meu amigo. E cercaron-mi as ondas do alto mar; non hei i barqueiro nem sei remar; eu atend'o meu amigo, eu atend'o meu amigo. Non hei i barqueiro nem remador: morrerei eu, fremosa, no mar maior: eu atend'o meu amigo, eu atend'o meu amigo. Nem hei i barqueiro nem sei remar, e morrerei eu, fremosa, no alto mar: eu atend'0 meu amigo, eu atend'o meu amigo. Meendinho
Tpicos de anlise:
a temtica; A expressividade da cantiga, considerando: - os nveis fonolgico; morfossinttico e semntico. Contaminao do gnero lrico com o gnero dramtico Repetio de uma ideia completa ao longo das estrofes Importncia do refro
Numa primeira leitura, a mensagem desta cantiga, simples: uma formosa donzela aguarda na ermida de S. Simion, sita numa ilha escarpada da ria de Vigo regresso do seu amigo. Obcecada pela ideia desse regresso, alienada da realidade circundante, s se d conta de que nem o amigo vir, nem poder fugir dali quando as guas do mar a cercam e batem furiosamente nas rochas. S lhe resta esperar pela morte. Estar na ermida ser cercada pelas ondas verificar que no tem salvao prever a morte
MEDO: Das ondas do mar Das ondas da emoo De no poder escapar ao mpeto amoroso do amigo Da prpria paixo Da espera indefinidado amigo
Fostes, filha, eno bailar e rompestes i o brial: pois o namorado i ven, esta fonte seguide-a ben, pois o namorado i ven. Fostes ,filha, eno loir e rompestes i o vestir: poi-lo cervo i ven, esta fonte seguide-a ben, poi-lo cervo i ven. E rompestes i o brial, que fezestes ao meu pesar: poi-lo cervo i ven, esta fonte seguide-a ben, poi-lo cervo i ven. E rompestes i o vestir, que fezestes apesar de min: poi-lo cervo i ven, esta fonte seguide-a ben, poi-lo cervo i ven. Pero Meogo 1. Esta bailia associa vrias realidades. Explica-as, seguindo o percurso apresentado.
Bailar loir
Cervo fonte gua amiga Amigo
Namorado
namorada
experincia sexual
4. Num estudo diacrnico, estabelece algumas diferenas e semelhanas entre as bailias da poesia trovadoresca, que j estudaste, e o Cantar de Amigo de Jos Rgio (sc. XX)
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Cantar de Amigo beira do rio fui danar... Danando Me estava entretendo, Muito a ss comigo, Quando na outra margem, como se escondendo Para que eu no visse que me estava olhando, Por entre os salgueiros vi o meu amigo. Vi o meu amigo cujos olhos tristes Certo se alegravam De me ver danar, Fui largando as roupas que me embaraavam, Fui soltando as tranas... Olhos que me vistes, Doces olhos tristes, no no ireis contar! Que o amor lume bem eu sei... que logo Que vi meu amigo Por entre os salgueiros, Melhor eu danava, j no s comigo, Toda num quebranto, ao mesmo tempo em fogo, Melhor eu movia mos e ps ligeiros. Que Deus me perdoe, que aos seus olhos tristes Assim ofertava Minha formosura! Se no fora o rio que nos separava, Cruel com ns ambos, olhos que me vistes, Nem eu me mostrara to de mim segura... Jos Rgio
Os smbolos so uma constante na poesia trovadoresca, por isso deixo aqui uma sntese dos que ocorrem com mais frequncia nas cantigas de amigo: * a fonte origem da vida, da maternidade e da graa; as suas guas lmpidas podem indicar tambm a pureza da donzela; * igualmente a alva smbolo da inocncia, da pureza e da virgindade; * os cervos simbolizam a fecundidade, do ritmo do crescimento ou da virilidade (do amigo) e do ardor amoroso; no entanto, quando os cervos turvam a gua, pretende-se simbolizar a confuso e o aturdimento de esprito que os encontros amorosos provocam; * as flores podem remeter-nos para a delicadeza e feminilidade; * as ondas traduzem o tumulto interior; * as aves, com a beleza do seu canto, representam a seduo e o enamoramento que podem ressurgir em qualquer momento; * o vento tambm pode relacionar-se com as inquietaes ou representar a fecundidade... * a luz traduz o deslumbramento do amor e, tal como a luz nos pode cegar, tambm o amor nos pode impedir de ver as situaes com clarividncia e com sensatez; * a noite (longa, escura, silenciosa e misteriosa) representa as incertezas do amor... (cf. Dimenso Literria, V. Moreira e H. Pimenta, Porto Ed., 1997)
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Como vivo coitada, madre, por meu amigo, ca menviou mandado que se vai no ferido: e por el vivo coitada! Como vivo coitada, madre, por meu amado, ca menviou mandado que se vai no fossado: e por el vivo coitada! Ca menviou mandado que se vai no ferido, eu a Santa Ceclia de coraon o digo. e por el vivo coitada! Ca menviou mandado que se vai no fossado, eu a Santa Ceclia de coraon o falo: e por el vivo coitada! (Martim de Ginzo)
I 1. Classifica esta cantiga, tendo em conta o emissor. 2. Caracteriza a situao sentimental vivida pelo sujeito potico. 3. A quem revela o sujeito potico o seu estado de esprito ? 3.1 Com base no estudo de outras cantigas do mesmo tipo, mencione outros elementos que desempenhem a mesma funo. 4. Descreve a estrutura externa da cantiga e procede sua classificao formal. 5. Indica os valor semntico das palavras amigo , madre e coitada nesta cantiga e o uso vulgar que delas se fazem na atualidade. 6. Indica o valor expressivo da pontuao utilizada no refro da cantiga. 7. Refere a causa do desabafo do sujeito e o contexto histrico-social sugerido por esta cantiga.
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Origem autctone: Norte da Pennsula Ibrica (Galiza e Minho) Feminino: uma donzela, uma dona virgo Autocaracterizao da donzela:
Caracterizao do sujeito:
Louana, velida, bom parecer, fremosa, fremosinha, corpo velido, corpo delgado, bela, jurada de amor, dona virgo, bem talhada, leda, loada
Caracterizao do Caracterizao direta e indireta. O amigo traidor, mentiroso, apaixonado, bom trovador, fiel, ... objeto: Relao eu/ natureza - Intimidade e comunho. - A natureza humanizada e solidariza-se com a donzela . - as aves tranquilizam na - a donzela confidencia as suas inquietaes s flores e s ondas Amor correspondido Amor no correspondido: TEMAS - Separao: infidelidade, cime, sofrimento - Proibio: da me, circunstncias poltico-sociais (guerras) Campo: fonte, rio, ermida, flores do verde pino , Cenrio Mar Casa Caractersticas lirismo feminino: os sentimentos, as emoes, as inquietaes que se gerais exprimem so sempre de mulher. ela quem expe a sua intimidade Ruralismo: o ambiente Predominantemente rural (ou martimo) Presena de animais simblicos Paralelismo Simplicidade (estrutura extremamente simples e repetitiva) Motivos muito simples Classificao formal Paralelsticas perfeitas Paralelsticas imperfeitas Cantigas de refro Tenes (cantigas dialogadas) Classificao temtica Bailadas ou bailias Albas ou alvoradas Cantigas de Romaria Barcarolas ou marimbas Pastorelas (as pastorelas so um gnero hbrido dado que colhem caractersticas das cantigas de amigo e das cantigas de amor.) Os sentimentos Coita de amor Saudade do amigo Tristeza pela ausncia do amigo Cime Alegria por se ter encontrado com o amigo Alegria por ir ver o amigo, ... Os confidentes A me As irms A amigas A natureza Sociedade rural - sculos XII XIII
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- Barcarolas ou marinhas so assim chamadas as cantigas de amigo que versam sobre assuntos referentes ao mar ou ao rio. Os temas so geralmente de grande singeleza. Afora um certo nmero em que a moa vai apenas banhar-se ao rio, ou da margem v o barco deslizar pelas guas, nas barcarolas ela geralmente se lamenta do amado, ou, durante a sua ausncia, pede s ondas notcias dele, ou ainda, ansiosa, vai esperar os navios que chegam para tornar a v-lo. - A bailia ou bailada versa, como o prprio nome indica, sobre dana, baile. Na realidade nada mais do , que a letra que acompanhava a melodia da dana. Dal a importncia , que nelas assume o aspeto musical. De regra, o tema cantado a alegria de viver e de amar, no que contrasta com o tom triste de outras variedades das cantigas de amigo. - Cantigas de Romaria : a donzela prope-se a ir a um santurio ou ermida, mas no se pense porm que tais cantigas reflitam piedade religiosa. Se em algumas este sentimento parece real - como naquelas em que a donzela vai ao santurio cumprir uma promessa ou pedir ao padroeiro que faa o amado voltar da guerra vivo e so , em outras a peregrinao mero pretexto para namorar ou para se divertir. - alba ou alvorada trata da lamentao dos amantes que, depois de passarem a noite juntos so obrigados a separarem-se. -A Pastorela ( semelhana da alba) de origem provenal e um gnero misto, entre a cantiga de amigo e a cantiga de amor. Originalmente, a pastorela a narrao de um encontro entre uma pastora e um cavaleiro, em que aps um breve dilogo, esta seduzida. Os trovadores peninsulares evitam, de regra, o dilogo e preferem a forma da pastora cantadeira, dando pastorela um colorido novo, ao gosto das cantigas de amigo. Da se contentarem por vezes com descrever apenas o solilquio da pastora, o seu suspirar pelo amado sem faz-lo participar diretamente da cena.
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