Avaliação Psicológica: Definição, Histórico E Elaboração
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Sumário
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Junto a esses princípios éticos básicos, a(o) psicóloga(o) precisa ter ciência das demais
resoluções relacionadas à prática da avaliação psicológica, em especial a Resolução CFP nº
9/2018, em vigência, que estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no
exercício profissional da psicóloga e do psicólogo e regulamenta o Sistema de Avaliação de
Testes Psicológicos (Satepsi); a Resolução CFP nº 6/2019, que institui regras para a elaboração
de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional; além da
Resolução CFP nº 11/2018 e da Resolução nº 4/2020, que, entre outras condutas, abrangem
as relacionadas à prestação de serviço de Avaliação Psicológica on-line.
psicológica podem ser consultadas na Resolução CFP nº 18/2019, que trata da especialidade
em Avaliação Psicológica. A descrição das competências da especialista em Avaliação
Psicológica cabe a todas(os) as(os) psicólogas(os) que fazem avaliação psicológica,
independentemente de ter ou não o título nessa especialidade. As competências listadas na
Resolução CFP nº 18/2019 são essenciais para qualquer processo avaliativo realizado por
todas(os) as(os) psicólogas(os). Obter a especialidade é uma forma de demonstrar que a(o)
psicóloga(o) possui tais competências, aumentando a confiança da sociedade em relação ao
serviço prestado. Algumas competências específicas são importantes para que esse trabalho
seja bem fundamentado e realizado com qualidade e de maneira apropriada, tais como:
O processo de Avaliação Psicológica apresenta alguns passos essenciais para que seja
possível alcançar os resultados esperados, a saber:
h) garantir que o cliente seja realmente a pessoa que está realizando o teste e que
esteja em uma sala livre de distrações;
i) manter os mesmos padrões éticos de atendimento que nos serviços tradicionais de
avaliação psicológica;
j) dificuldades potenciais podem surgir ao realizar uma avaliação psicológica
remotamente e devem ser discutidas explicitamente com os avaliandos, que devem conhecer
as limitações com antecedência, sempre que possível; e
k) atentar para o nível de conhecimento dos clientes sobre tecnologia, pois este pode
interferir no desempenho real no teste psicológico.
Por fim, cabe à(ao) psicóloga(o) analisar criticamente os resultados obtidos, com o
intuito de verificar se realmente forneceram elementos seguros e suficientes para a tomada
de decisão nos vários contextos de sua atuação profissional.
A Resolução CFP nº 9/2018, em vigência, dispõe:
Art. 2º Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear
sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos
reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo
(fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a
procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação).
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De acordo com o art. 13 da Resolução CFP nº 6/2019 que institui regras para a
elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional,
os documentos resultantes da avaliação psicológica são o atestado psicológico e o laudo
psicológico.
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De acordo com o art. 13 da Resolução CFP nº 6/2019, que institui regras para a
elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional,
o laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de
subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Ainda, de acordo com
os incisos I a IV do referido artigo, trata-se de uma peça de natureza e valor técnico-científico
que contém narrativa detalhada, didática acessível e compreensível ao destinatário, do
processo avaliativo e raciocínio psicológico realizado em conformidade com os preceitos do
Código de Ética Profissional do Psicólogo.
A escrita do laudo psicológico deve basear-se no registro documental elaborado
pela(o) psicóloga(o), em conformidade com a Resolução CFP nº 1/2009 e na interpretação e
análise dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos
cientificamente para uso na prática profissional, conforme Resolução CFP nº 9/2018, em
vigência. Deve considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da(o)
profissional, fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e
recomendações, a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo e apresentar
os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação psicológica, limitando-se
a fornecer as informações necessárias e relacionadas à demanda e relatar: o
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a
evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico.
A escrita do laudo psicológico deve estruturar-se nos seguintes tópicos explicitados no
documento: a) identificação; b) descrição da demanda; c) procedimento; d) análise; e)
conclusão; f) referências.
O item “Identificação” deve apresentar o título do documento (“Laudo Psicológico”),
além dos dados de identificação do beneficiário da avaliação psicológica (nome da pessoa ou
instituição atendida, nome do solicitante; finalidade do documento, nome da(o) autora(or) do
documento). No item “Descrição da demanda”, o autor deve descrever as informações sobre
o que motivou a busca pelo processo de trabalho prestado, indicando quem forneceu as
informações e as demandas que levaram à solicitação do documento. No item
“Procedimento”, o autor deve explicitar os recursos técnico-científicos utilizados no processo
de avaliação psicológica, especificando o referencial teórico metodológico que fundamentará
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Quais são as condições técnicas para que um teste psicológico tenha parecer favorável
do Conselho Federal de Psicologia (CFP)?
Para receber parecer favorável do CFP, o teste deve preencher os requisitos mínimos
indicados no Anexo I da Resolução CFP nº 9/2018, em vigência. Tais requisitos consideram a
necessidade de o manual do teste apresentar informações consistentes sobre a
fundamentação teórica, as características psicométricas e técnicas do teste psicológico.
Destaca-se também a justiça e proteção dos direitos humanos na avaliação psicológica, uma
vez que, conforme o art. 31, é vedado à(ao) psicóloga(o) realizar atividades que caracterizem
negligência, preconceito, exploração, violência, crueldade ou opressão. Entre os requisitos
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interpretação; e
i) lembrar que o uso do teste tem um papel de protagonismo em um processo de
Avaliação Psicológica e, embora relevante, ele não define este processo, é mais um dos
elementos que ajudam a compor o processo. Conforme disposto na Resolução CFP nº 9/2018,
em vigência, um processo de Avaliação Psicológica pode ser realizado com fontes
fundamentais e fontes complementares.
Os testes psicológicos podem ser aplicados de maneira diferente daquela que consta
em seu manual? (público-alvo, amostra, nível de escolaridade, forma de aplicação)
Não. O teste psicológico é um instrumento sistematizado para obtenção de
informação. Suas evidências de validade, precisão e normatização estão condicionadas a esta
administração padronizada. Assim, qualquer alteração na forma de aplicação, na
apresentação dos estímulos, na forma de interação, do controle do ambiente, bem como na
modificação do público-alvo, pode interferir na precisão de seus resultados.
A(O) psicóloga(o) que utiliza testes psicológicos como instrumento de trabalho deve
observar as informações contidas nos respectivos manuais e buscar informações adicionais
para maior qualificação no aspecto técnico operacional do uso do instrumento, sobre a
fundamentação teórica referente ao construto avaliado, sobre pesquisas recentes realizadas
com o teste, além de conhecimentos de Psicometria e Estatística.
A qualidade técnica do instrumento psicológico somente é garantida quando ele for
aplicado conforme as instruções dos respectivos manuais de aplicação. Por isso, se o teste for
aplicado diferentemente do que orienta o seu manual, não é possível garantir as qualidades
psicométricas. Dessa forma, configura-se uma falta de ética, conforme disposto no Código de
Ética Profissional do Psicólogo, art. 2º: é vedado: h) Interferir na validade e fidedignidade de
instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas.
Assim, só é permitido o uso do teste conforme o manual que a editora comercializa e que foi
analisado pelo CFP.
Embora a fundamentação teórica que subsidie a construção de um teste não tenha
um tempo de validade específico, seus estudos psicométricos possuem. Os estudos de
evidências de validade, estimativas de precisão e elaboração de normas interpretativas,
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conforme institui o art. 14 da Resolução CFP nº 9/2018, em vigência, precisam ser revisados
periodicamente a cada 15 anos. Caso a revisão não seja apresentada no prazo estabelecido, o
teste psicológico passará a ser considerado desfavorável para uso profissional.
Para identificar essas informações, entre no site do Satepsi (satepsi.cfp.org.br) e clique
no nome do teste psicológico que pretende utilizar. Você terá acesso às principais
informações sobre o teste, e estas constarão ao lado do “Prazo dos estudos de normatização”
e “Prazo dos estudos de validade”.
Existem testes que podem ser administrados no formato lápis e papel, testes que
podem ser administrados de forma informatizada (ou seja, por meio de computador) e testes
de aplicação on-line (ou seja, de acesso remoto ou a distância).
Para os casos de testes com aplicação informatizada, os estudos de equivalência entre
os testes respondidos em formato de lápis e papel e testes informatizados devem ser
submetidos para análise da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica do CFP, conforme
Resolução CFP nº 9/2018, em vigência. Assim, para a utilização de testes psicológicos por
meio de tecnologias de informação e da comunicação, é necessário verificar se o manual
aprovado constante no Satepsi prevê a aplicação informatizada. Cabe ao psicólogo o estudo
de cada teste para identificar a forma de aplicação recomendada.
Contudo, salientamos que o formato de aplicação informatizada (mediada por
computador) não se equivale à aplicação on-line (ou seja, de acesso remoto ou a distância).
Nesse sentido, para utilização de testes aprovados no Satepsi para aplicação informatizada,
cabe verificar também se este permite a forma remota (ou on-line) de aplicação. Compete
à(ao) psicóloga(o) a responsabilidade de todo processo de avaliação psicológica e a garantia
das condições adequadas da aplicação e respostas colhidas no processo de avaliação
psicológica e em acordo com a Resolução supracitada e Código de Ética Profissional do
Psicólogo.
De acordo com o art. 2º da Resolução CFP nº 9/2018, em vigência, só será permitida a
utilização dos testes psicológicos que foram aprovados pelo CFP e será considerada falta de
ética a utilização de instrumento que não esteja em condição de uso:
§ 1º Será considerada falta de ética, conforme disposto na alínea c do art. 1º e na
alínea “f” do art. 2º do Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo, a utilização de
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testes psicológicos com parecer desfavorável ou que constem na lista de Testes Psicológicos
Não Avaliados no site do SATEPSI, salvo para os casos de pesquisa na forma da legislação
vigente e de ensino com objetivo formativo e histórico na Psicologia.
§ 2º Na hipótese de dúvida acerca da classificação do instrumento (teste psicológico
ou instrumento não psicológico), ficam legitimados os Conselhos Regionais de Psicologia
(CRPs) a submeter o respectivo instrumento à Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica
(CCAP) do CFP para apreciação.
§ 3º A profissional psicologia e o profissional psicólogo poderão requerer ao CRP a
submissão do instrumento à apreciação da CCAP nos termos do parágrafo 2º.
Um teste psicológico tem por objetivo identificar, descrever, qualificar e mensurar
características psicológicas, por meio de procedimentos sistemáticos de observação e
descrição do comportamento humano, nas suas diversas formas de expressão,
fundamentados na ciência psicológica. Desse modo, a definição se um teste é psicológico ou
não é realizada pela Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica do CFP a partir da extensa
literatura científica psicológica.
Após a verificação em todas as listas do Satepsi, caso não conste da relação e, caso
haja dúvida se o instrumento é de avaliação ou mensuração de características psicológicas,
sugerimos que a(o) psicóloga(o) contate o Conselho Regional de Psicologia de seu estado e
solicite que seja enviado à análise do CFP. Ressaltamos que o CFP só poderá se posicionar
sobre o fato de um instrumento ser ou não privativo se este for encaminhado para análise e o
parecer for disponibilizado no Satepsi.
Caso se trate de instrumento não privativo, este pode ser utilizado de forma
complementar e secundária à avaliação, quando for necessário levantar informações sobre
outros aspectos relacionados ao contexto da avaliação psicológica, desde que também seja
fundamentado em literatura científica. Ou seja, o instrumento pode ser utilizado como fonte
secundária ou técnica de apoio, para auxiliar na interpretação, conforme o caso, desde que
esteja reconhecidamente fundamentado na ciência psicológica, na ética e na legislação
profissional.
Conforme art. 2º § 2º e § 3º da Resolução CFP nº 9/2018, em vigência:
§ 2º Na hipótese de dúvida acerca da classificação do instrumento (teste psicológico
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É possível utilizar testes psicológicos não avaliados ou não aprovados pelo Satepsi
como fontes complementares no processo de avaliação psicológica?
Não. Os testes psicológicos são fontes fundamentais de informação, de acordo com a
Resolução CFP nº 9/2018, em vigência. Instrumentos não avaliados e não aprovados pelo
Satepsi não podem ser usados nem como fonte fundamental nem como fonte complementar
de informação no processo de avaliação psicológica.
A utilização de cópias reprográficas ou originais com baixa qualidade de impressão e
reduções de testes não previstas pelos manuais são alguns dos fatores que comprometem a
validade dos testes e, por conclusão, os objetivos por que são utilizados. Dessa maneira, não é
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ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo
substituto.
§ 2º Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo responsável informará
ao Conselho Regional de Psicologia, que providenciará a destinação dos arquivos
confidenciais.
assim como a capacidade para perceber quando as ações no trânsito correspondem ou não a
decisões ou comportamentos adequados, sejam eles individuais ou na relação com a(o)
outra(o). Ainda, a(o) psicóloga(o) deverá obter informações a respeito do histórico da(o)
candidata(o) com relação a acidentes de trânsito e opiniões sobre cidadania e mobilidade
humana e urbana.
III – quanto aos traços de personalidade:
a) impulsividade adequada, não podendo estar exacerbada ou muito diminuída;
b) agressividade adequada, não podendo estar exacerbada ou muito diminuída;
c) ansiedade adequada, não podendo estar exacerbada ou muito diminuída.
A(O) psicóloga(o) na perícia psicológica para o trânsito deve planejar e decidir os
métodos, técnicas e instrumentos a serem empregados e utilizar as fontes fundamentais de
informação e, quando entender a necessidade de mais dados, das fontes complementares de
informação. No contexto do trânsito, a entrevista individual é obrigatória no processo pericial
e, sempre que solicitada pelo candidato, a entrevista devolutiva deve ser realizada
apresentando os resultados e possíveis encaminhamentos, se necessário.
O resultado deste processo pericial deve ser conclusivo, obedecendo às normas
vigentes do CONTRAN, sempre preservando a individualidade do candidato com informações
restritas à demanda. Atualmente os resultados da avaliação psicológica estabelecidos na
Resolução CONTRAN nº 927/2022, que atualizou e consolidou a Resolução nº 425/2012, são:
Finalizada essa fase, inicia-se a análise dos recursos administrativos interpostos. Nesta
etapa, as(os) psicólogas(os) envolvidas(os) no processo de avaliação não podem participar, já
que ela exige neutralidade da banca na decisão. Por isso, ela deve ser constituída numa banca
independente, denominada Banca Revisora. Essa banca tem o poder de avaliar todo o
processo que foi realizado, o material aplicado – quando necessário, além do recurso
interposto, tomando uma decisão de deferir ou indeferir o resultado. Retoma-se, então, o
papel da Banca Examinadora.
diferentes âmbitos:
raciocínio por meio do uso de testes psicológicos aprovados pelo Sistema de Avaliação de
Testes Psicológicos (Satepsi).
Cabe elucidar que o Código de Ética Profissional preconiza no item II de seus princípios
fundamentais que “O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida
das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Sob essa
perspectiva, pode-se dizer que a avaliação psicológica nesse contexto não deve ser um
mecanismo de patologização ou de adequação dos corpos em razão de sua capacidade
funcional. O compromisso da avaliação psicológica com os direitos humanos reforça que todo
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REFERÊNCIAS